fbpx

Acesse sua conta de usuário

Nome de usuário *
Senha *
Lembrar de mim
 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de doutorado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), convida pessoas que tenham útero - cisgênero, transgênero e não-binárias - para participarem de estudo que pretende desenvolver e validar instrumentos que avaliem o presenteísmo e a funcionalidade da cólica menstrual. A pesquisa é feita pelo doutorando Guilherme Tavares de Arruda, sob orientação de Mariana Arias Avila, docente do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar.
De acordo com o pesquisador, não existem instrumentos que avaliem presenteísmo e funcionalidade relacionados à cólica menstrual, especialmente para outras populações além da mulher cisgênero (que nasce com o sexo biológico feminino). O presenteísmo é ir ao trabalho ou escola, por exemplo, e ter o rendimento afetado devido a um problema de saúde, no caso do estudo a cólica menstrual. A funcionalidade está relacionada a realização de atividades e participação social. "Os instrumentos dessa pesquisa serão desenvolvidos para avaliar o quanto a cólica menstrual gera presenteísmo da pessoa e afeta negativamente a sua funcionalidade", aponta Guilherme Arruda.
Como a cólica menstrual é muito presente no cotidiano de pessoas que têm útero, a aplicação desses instrumentos pode auxiliar na avaliação mais abrangente e adequada da interferência da cólica menstrual sobre a vida dessas pessoas.
O pesquisador aponta que este é um estudo de desenvolvimento de instrumentos de avaliação em saúde e seu diferencial de destaque é que ele inclui também pessoas transgênero (que nasceram com o sexo biológico feminino e preservaram o útero, mas que estão em transição para outro gênero) e não-binárias (pessoas que não se identificam com o gênero binário feminino ou masculino, mas que possuem o útero preservado).
Para realizar a pesquisa, estão convidadas pessoas cisgênero, transgênero e não-binárias, entre 10 e 50 anos, que tiveram, ao menos, um episódio de cólica menstrual nos últimos três meses, para responderem perguntas sobre o tema. O questionário eletrônico pode ser acessado no link https://bit.ly/3XmNqMR até o final de junho de 2023. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFSCar (CAAE: 52928921.2.1001.5504).

Estudo traz para debate a língua como identidade e meio de respeito às diferentes formas de existir

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) investigou a construção do gênero neutro na Língua Portuguesa do Brasil, por meio de análises de textos escritos por linguistas profissionais (saber científico) e não linguistas (saber popular). Os resultados mostraram, de um lado, o controle religioso de discursos divergentes sobre a língua e, de outro, um posicionamento que vê na língua a possibilidade de representação e de luta por direitos.
O estudo foi realizado por Robert Moura, mestre em Linguística pela Universidade, em sua dissertação de mestrado, sob orientação de Roberto Baronas, docente no Departamento de Letras (DL) da Instituição.
A motivação surgiu no processo de descoberta de Moura no ambiente acadêmico, no qual se nomeou e falou de sua própria existência como pessoa trans não-binária. "Parte da comunidade LGBTQIAPN+, especialmente pessoas não-binárias (ou seja, que não se identificam como homens ou mulheres), buscam, na língua, formas mais concretas de representar suas existência e resistência. Isso passa por pensar em marcações de gênero que possam ir além de masculino e feminino", explica.
O material estudado foram textos, desde gramáticas e artigos científicos e de divulgação científica, até materiais jornalísticos e, também, publicados em blogs de coletivos LGBTQIAPN+.
A análise abrangeu, além de argumentos e contra-argumentos sobre a construção e a circulação do gênero neutro na Língua Portuguesa brasileira, as abordagens de seu uso à luz da Linguística Popular, por meio da teorização de Marie-Anne Paveau, docente de Ciências da Linguagem na Université Sorbonne Paris Nord (França).
"Cientistas, principalmente da Linguística Popular, validam a importância de saberes linguísticos de pessoas que não estudam a linguagem de um ponto de vista acadêmico. Neste caso, entendem que a língua é mais do que uma forma de se comunicar: constitui identidade, uma marca de existência e uma forma de resistência de pessoas socialmente menorizadas", registra Moura.
E complementa: "É no continuum entre o científico e o popular que detectamos divergências e concordâncias, que vão desde a validação dos conhecimentos de linguistas populares, até as propostas levantadas para a (re)formulação do aspecto linguístico marcador de gênero na Língua Portuguesa brasileira".
Em sua pesquisa, Moura identificou que o tema começou a ter popularidade em 2020 e, junto a ela, a emersão de movimentos contrários à linguagem neutra, especialmente de 2020 a 2022, com projetos de lei que tentam barrar seu uso. "São majoritariamente ligados a partidos políticos de direita e de cunho religioso, imbricando na ideia de homem e mulher como únicas possibilidades de existência. Reafirmam privilégios e invalidam as necessidades das pessoas que não são constituídas por características cis, heteronormativas, geralmente brancas e de classe média. Esses dados são importantes para pensarmos em como a sociedade age diante de inovações linguísticas, em especial as motivadas por grupos socialmente marginalizados", analisa.
Moura identificou, também, pessoas linguistas e não linguistas que lutam por identidade e veem a língua como uma das formas de reconhecimento e representação da comunidade LGBTIQAPN+ nos espaços sociais.

Neutra e inclusiva
Dentre as propostas populares que atualmente seguem em debate estão o uso de linguagem neutra e, também, de linguagem inclusiva.
A linguagem neutra envolve propostas que visam à inserção de novas formas para a marcação de gênero de pessoas não-binárias na língua, como "@", "x", "e" e "*" (menin@, meninx, menine, menin*). 
Já a inclusiva sugere o uso de formas linguísticas já existentes na Língua Portuguesa. "Em vez de falar ou escrever 'olá a todos', a saudação passa a ser 'olá a todas as pessoas'. Isso porque o 'todos' reforça o gênero masculino e, do ponto de vista da proposta inclusiva de gênero, junto a ele vem a posição de privilégio dos homens perante a sociedade", exemplifica.
Para Moura, trazer a temática para debate é importante para desmistificar o assunto e, sobretudo, construir uma sociedade mais inclusiva. "Diálogos são fundamentais para traçarmos caminhos mais justos e mais humanos. O gênero neutro na Linguística traz inclusão, e não destruição da Língua Portuguesa brasileira. É o saber lidar com as novas formas de existência", pontua.
E finaliza: "Desejo que outras pessoas negras, pobres, indígenas, pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+ possam ter a oportunidade de se encontrar na Ciência como eu - ela também é para todas as pessoas".
A dissertação de mestrado de Moura está disponível no Repositório Institucional da UFSCar (https://bit.ly/genero-neutro-ufscar). Reflexões sobre a pesquisa também podem ser conferidas em artigo de divulgação científica, divulgado na Roseta (https://www.roseta.org.br/2022/09/14/afinal-qual-a-diferenca-entre-linguagem-neutra-e-linguagem-inclusiva-de-genero/), uma publicação da Associação Brasileira de Linguística (Abralin).

 

Pesquisadora é enfermeira na UFSCar e a proposta é aplicar protocolo de atendimento a estudantes da Instituição

 

SÃO CARLOS/SP - Um estudo teve como objetivo analisar estratégias propostas de enfrentamento do sofrimento psíquico de estudantes universitários no contexto educacional. O trabalho é parte da pesquisa de mestrado realizada por Tatiane Machado Rodrigues, enfermeira do Departamento de Assuntos Comunitários e Estudantis do Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante o mestrado profissional em Enfermagem, realizado na Unesp-Botucatu.
O estudo analisou cerca de 30 artigos publicados entre 2015 e 2020 - em Inglês, Português e Espanhol - em diferentes bases de dados e verificou estratégias exitosas de detecção, monitoramento e avaliação do sofrimento psíquico em estudantes, aplicáveis em unidades de saúde e em instituições escolares, apontando diretrizes para possíveis intervenções de cuidado, promoção da saúde mental e qualidade de vida.
O sofrimento psíquico pode ser definido como um conjunto de mal-estares e dificuldades de conviver com a diversidade contraditória de significados existenciais, associado a dificuldades para estabelecer planos, definir o sentido da vida, ou ainda relacionando-se ao sentimento de impotência e de vazio interior. De acordo com a pesquisadora, os desafios de adaptação à vida universitária, associados às dificuldades emocionais, típicas dessa etapa do ciclo evolutivo, podem expor o jovem estudante ao estresse, aumentando sua vulnerabilidade ao sofrimento psíquico e desencadeando sintomas psicopatológicos que podem evoluir para transtornos mentais. Como consequências negativas desse sofrimento, no que se refere ao processo formativo, os relatos mais recorrentes são absenteísmo, solicitações de trancamento de matrículas e evasão escolar.
A partir disso, Tatiane Rodrigues aponta que, considerando a importância epidemiológica e educacional, é pertinente viabilizar recursos coletivos e individuais de cuidados apropriados à detecção precoce de queixas e sintomas em estudantes universitários. "Além disso, é importante prover o acompanhamento por profissionais de saúde nos casos detectados, visando favorecer ações terapêuticas imediatas, buscando minimizar o sofrimento e impedir suas consequências", afirma a pesquisadora.
Dentre os levantamentos feitos pelo estudo, Rodrigues destaca algumas estratégias que se mostraram exitosas, tais como: de Detecção do Sofrimento Psíquico; de Monitoramento e Avaliação do Sofrimento Psíquico; e de Prevenção do Sofrimento Psíquico.
No contexto geral do estudo, a pesquisa de mestrado de Tatiane Rodrigues teve como objetivo central construir um protocolo de organização de serviços para o enfrentamento do sofrimento psíquico de estudantes universitários. A partir das estratégias levantadas e demais dados destacados na sua pesquisa, Rodrigues aponta que "esse protocolo já está construído e será debatido, atualizado e colocado em prática no decorrer do próximo ano (2023), com o intuito de diminuir o sofrimento psíquico dos estudantes da UFSCar, em seus quatro campi".
O artigo foi publicado na Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social (REFACS) e a íntegra pode ser acessada neste link (https://bit.ly/3FM1GZ6).
Pesquisa, com participação de docente da UFSCar, mostra potencial para enfrentar esse importante desafio da saúde

 

SÃO CARLOS/SP - Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Global Brain Health Institute (GBHI) e da Escola de Psicologia da Trinity College Dublin descreveu como a tecnologia pode ajudar a detectar sinais precoces de declínio cognitivo em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, por exemplo. Uma das integrantes do grupo de pesquisa é Marcia Cominetti, docente do Departamento de Gerontologia (DGero) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e membro do GBHI, como Atlantic Fellow for Equity in Brain Health.
O declínio cognitivo refere-se à perda da capacidade de realizar atividades que estão diretamente relacionadas ao dia a dia e pode se manifestar por meio de dificuldades de memória, de atenção e de raciocínio lógico. Essa condição é mais comum em pessoas idosas e, nas próximas décadas, à medida que a proporção da população mundial com mais de 60 anos cresce rapidamente, as taxas de declínio cognitivo devido a doenças neurodegenerativas, como é o caso Alzheimer, se tornarão cada vez mais prevalentes.
De acordo com a professora da UFSCar, muitas doenças neurodegenerativas começam vários anos antes do aparecimento de sintomas claros, proporcionando uma oportunidade para identificar o declínio cognitivo quando o comprometimento é inexistente ou tem pouco impacto nas funções diárias do indivíduo. No entanto, os métodos de detecção atuais são invasivos, caros ou demorados e se tornam inadequados para o monitoramento longitudinal generalizado de pessoas assintomáticas.
Diante desse cenário, a atual pesquisa descreve maneiras pelas quais a tecnologia emergente pode ajudar a detectar os primeiros sinais de declínio cognitivo, mesmo os mais sutis, delineando estratégias escalonáveis, repetíveis e relativamente não invasivas que, se implantadas em larga escala, trarão benefícios individuais e sociais. 
Dentre as tecnologias destacadas no estudo internacional, estão a detecção do declínio cognitivo a partir de amostras de sangue periférico; o uso de smartphones para medições passivas discretas de fala, movimento motor fino e marcha; uso de versões "gamificadas" de tarefas cognitivas de laboratório padrão que poderá manter os usuários envolvidos em várias sessões de teste de processos cognitivos específicos; além da coleta de dados cerebrais de alta qualidade que pode ser feita pelos próprios usuários com aparelhos de eletroencefalografia portátil. 
Conforme relatam os pesquisadores, a detecção precoce do declínio cognitivo pode reduzir resultados adversos, como perda de autonomia e também diminuir os altos custos de saúde que ocorrem na década anterior ao diagnóstico formal. "Além disso, caso as terapias modificadoras da doença se tornem amplamente disponíveis para doenças neurodegenerativas, os sistemas de saúde exigirão medidas escalonáveis para identificar pacientes em um estágio inicial da doença", acrescentam os autores do trabalho.
Rob Whelan, professor da Trinity College Dublin e integrante do GBHI, ressalta que novos desenvolvimentos como esses são vitais, porque podemos potencialmente medir o desempenho cognitivo em um grande número de pessoas por um custo relativamente baixo. Além disso, métodos escalonáveis de detecção de declínio cognitivo precoce podem transformar a forma como identificamos doenças como o Alzheimer.
Marcia Cominetti, docente da UFSCar que integra o grupo de pesquisa, considera os levantamentos do estudo fundamentais e reforça a necessidade de garantir o acesso às tecnologias para toda a população. "Métodos como a identificação de biomarcadores sanguíneos associados ao declínio cognitivo têm grande potencial para enfrentar esse importante desafio de saúde. No entanto, será necessário garantir a equidade no acesso a essas novas tecnologias e abordar as complexas questões éticas geradas pelo diagnóstico precoce", conclui Cominetti.
O artigo "Desenvolvimentos em estratégias escalonáveis para detectar marcadores precoces de declínio cognitivo" foi elaborado a partir da pesquisa e publicado recentemente na Translational Psychiatry, acessível por este link (https://go.nature.com/3BsJfWK).

Novo biossensor desenvolvido por pesquisadores da USP de São Carlos e de outras instituições detecta através de mudança de cor o vírus mesmo em início da contaminação

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pessoa vai à farmácia, compra um pequeno tubo, abre a tampa e coloca um pouco de saliva no interior. Passados cinco minutos ela fica sabendo se contraiu - ou não - a COVID-19 graças a uma mudança de cor no interior do tubo.

Este poderá ser o cenário em um futuro muito próximo no que diz respeito a um novo e inovador teste para a COVID-19, que pode ser estendido para outros vírus, graças à criação de um novo biossensor desenvolvido por uma equipe de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e de várias outras instituições. Parte dos resultados desses estudos foi publicada na “ACS Applied Materials & Interfaces”.

Tendo como principal autora da publicação científica a pesquisadora Elsa Materón (IFSC/USP), este novo biossensor é constituído por nanopartículas de ouro recobertas com um anticorpo. Ao entrarem em contato com a proteína espícula (Spike) do vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, a dispersão com as nanopartículas muda de cor. Isso ocorre mesmo para concentrações baixas do vírus, ou seja, mesmo para os estágios iniciais da COVID-19, quando a carga viral ainda é pequena.

A mudança de cor acontece porque as nanopartículas recobertas com anticorpos se aglomeram em torno do vírus no tubo, obviamente se a saliva contiver o vírus. Para altas cargas virais, a mudança é facilmente visível, de vermelho para roxo, em apenas cinco minutos. Para pacientes com carga viral baixa, ou seja, que estejam no início da contaminação, a mudança de cor poderá ser quase imperceptível, podendo suscitar dúvidas devido à dificuldade de verificação. Essa dificuldade foi resolvida pelos pesquisadores, simplesmente fotografando o tubo com o biossensor usando um telefone celular. As fotos são processadas com um aplicativo (app) específico que permite determinar a carga viral, sendo que essa determinação é feita com uso de inteligência artificial para correlacionar imagens à carga viral.

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo N. Oliveira Jr., que também assina o estudo: “Este método é inovador na medida em que permite diagnosticar a COVID-19 sem usar instrumentos (apenas um telefone celular). É possível facilmente estender o método para outros vírus, bastando alterar o anticorpo”, pontua o pesquisador.

Além de servir para o diagnóstico de COVID-19, o biossensor pode ser usado para verificar se há contaminação de águas com o vírus SARS-CoV-2. Nos testes publicados no artigo científico, comprovou-se a determinação da carga viral em águas colocadas diretamente no tubo contendo as nanopartículas (biossensor), sem necessidade de pré-tratamento. Assim, a tecnologia desenvolvida permite um monitoramento rápido de contaminação ambiental, sem necessitar instrumentos ou operadores especializados para as análises.

As pesquisas continuam com testes em voluntários em hospitais de Brasília, cujos resultados são excelentes. Numa bateria de testes, o diagnóstico com o biossensor de nanopartículas teve acerto de 100% em comparação ao padrão de PCR (teste molecular denominado polymerase chain reaction). Este trabalho foi feito no âmbito do projeto da Rede Nanoimunoteste, coordenada pelo Prof. Ricardo Bentes de Azevedo, da Universidade de Brasília (UnB), tendo recebido também os apoios da CAPES, CNPq e FAPESP.

Colaboraram neste estudo as  seguintes instituições de pesquisa:

Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP); Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP); Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioanalítica (INCTBio - Campinas); Instituto de Física “Gleb Wataghin” (UNICAMP); Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Laboratório Nacional de Nanotecnologia para a Agricultura (EMBRAPA - Instrumentação); Instituto de Biologia (UNICAMP); Instituto Nacional do Câncer (RJ); Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), e Departamento de Física da Universidade del Valle, na Colômbia.

HOLANDA - Um estudo realizado em 18 países europeus mostra que quanto menos a população é escolarizada, maior é o risco de se morrer de câncer. O relatório foi divulgado na última segunda-feira (28) pela revista Lancet Regional Health Europe.

A pesquisa foi realizada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), agência da Organização Mundial da Saúde (OMC), com colaboração do Hospital Universitário Holandês Erasmus MC, além de uma dezena de outros organismos.

Foram analisados e comparados dados sobre o risco de morte por câncer segundo o nível de escolaridade em dezoito países europeus, no período de 1990 a 2015, e para toda a população dos 40 aos 79 anos. Isso representa aproximadamente 70% de todas as mortes por câncer na Europa.

O estudo oferece uma visão global não só das inequidades entre os países, mas também no interior de cada Estado. “Em toda a Europa, seja na República Tcheca, Finlândia, Espanha ou França, essas diferenças existem para todas as formas de câncer, principalmente os relacionados ao tabagismo e ao álcool, com o câncer de pulmão com maior incidência”, observa Salvatore Vaccarella, epidemiologista da IARC, que coordenou o estudo.

 

Alerta

A pesquisa traz o alerta de que reduzir as desigualdades socioeconômicas relativas ao câncer é uma prioridade para a agenda de saúde pública. O resultado sublinha que uma avaliação sistemática desses fatores em relação à incidência da doença em muitos países e ao longo do tempo na Europa ainda não está disponível.

 

 

RFI

BRASÍLIA/DF - O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passará por mudanças nos próximos anos. O exame terá que ser adequado ao novo ensino médio, que reformou o currículo dessa etapa de ensino. A previsão é que o novo modelo seja aplicado a partir de 2024. A Agência Brasil conversou com especialistas sobre o futuro do maior exame de ingresso no ensino superior do país.

“Nós temos uma mudança tão grande se aproximando e a escola precisa saber, sem sombra de dúvida, exatamente o que vai ser exigido dos seus estudantes. Isso é muito urgente”, diz o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais Chico Soares. “Isso é um tema que tem que ser tratado logo no início da nova gestão. Existem diferentes soluções, mas não temos solução que seja aceita por todos os atores desse debate”.

Soares é ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e é também ex-membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), onde foi um dos relatores da chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que define o mínimo que deve ser ensinado nas escolas em todas as etapas de ensino.

Em março deste ano, o Ministério da Educação (MEC) divulgou as principais mudanças que deverão ocorrer no Enem a partir de 2024. O exame passará a ter uma primeira prova voltada para conhecimentos previstos na BNCC e redação e uma segunda, voltada para a formação específica que os estudantes receberão no ensino médio.

As alterações estão previstas em parecer do CNE e foram discutidas também com vários atores, como o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que reúne os secretários estaduais de Educação, responsáveis pelas escolas públicas onde está matriculada a maior parte dos estudantes do ensino médio.  

Para Soares, esta é uma oportunidade de o país revisar o que é ou não necessário para o aprendizado nas escolas. “O Enem pauta o ensino médio. Se o Enem pautar bem, o nosso estudante vai estudar e aprender coisas que são mais relevantes para a vida dele”, diz.

Novo ensino médio

O novo ensino médio começou a ser aplicado este ano em todo o país. Nos novos currículos escolares, parte das aulas será comum a todos os estudantes do país e direcionada pela BNCC.

Na outra parte da formação, os próprios estudantes poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. As opções permitem ênfase em áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico. A oferta de itinerários vai depender da capacidade das redes de ensino e das escolas brasileiras.

No primeiro dia de prova do Enem, a ideia é que as questões sejam interdisciplinares, ou seja, abordem mais de uma área de conhecimento, e o principal foco seja em português e matemática. A prova de inglês também será integrada às demais áreas. Já a segunda etapa do exame será voltada para a formação específica que os estudantes receberão no ensino médio. De acordo com o MEC, na hora da inscrição, os candidatos poderão escolher entre responder questões de linguagens, ciências humanas e sociais aplicadas; matemática, ciências da natureza e suas tecnologias; matemática, ciências humanas e sociais aplicadas; ou ciências da natureza, ciências humanas e sociais aplicadas.

Próximos passos

Para que isso se torne realidade, segundo a socióloga e professora aposentada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Maria Helena Guimarães de Castro, algumas medidas do Inep são necessárias e urgentes, como a divulgação das matrizes que guiarão a elaboração das futuras provas. Maria Helena foi secretária executiva do MEC e presidente do CNE. Ela foi a relatora do parecer que propõe as mudanças necessárias para o novo Enem. 

“É muito importante divulgar as matrizes [do novo Enem] que vão seguir outra concepção de prova”, diz. “Para a segunda etapa da prova, o Inep precisará fazer uma publicação, com edital, para montar os itens por áreas que serão avaliadas. Para isso, vai precisar também das matrizes”, acrescenta. As provas do Enem seguem uma série de etapas até ficarem prontas. A organização para um próximo exame começa ainda no ano anterior à aplicação. A reentruturação do Enem demandará ainda mais planejamento.  

Segundo o parecer do CNE, é possível que o Enem passe a contar com questões dissertativas. Atualmente, o Enem é composto apenas por questões objetivas. A única parte subjetiva é a redação. Isso deverá constar nas matrizes elaboradas pelo Inep. 

Outras medidas apontadas como necessárias por Maria Helena são a criação e o fortalecimento do conselho de governança do novo Enem. “Como existe na maior parte dos países, com secretarias estaduais, escolas públicas, particulares, sob coordenação do Inep. Esse comitê deve acompanhar os trabalhos do Inep, dando transparência ao processo”, explica. O conselho chegou a ser formado, mas, segundo Maria Helena, ainda precisa ser de fato consolidado.

As mudanças do Enem foram citadas pelo Inep em coletiva de imprensa na segunda-feira (21), após a aplicação do Enem 2022. “A equipe do Inep hoje, já pensando na aplicação dos exames do futuro, está trabalhando na elaboração das matrizes do Enem de 2024, vinculado à BNCC. Claro que isso será aplicado em 2024, mas ainda este ano queremos publicar o cronograma do Enem 2023, para que as pessoas possam se programar com antecedência”, disse o presidente substituto do Inep, Carlos Moreno.

Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo, a expectativa é que a nova gestão do MEC acate o que já foi definido até aqui em relação ao novo Enem. “O Enem está bem maduro em termos de discussão, sobre a estrutura, sobre qual o modelo da avaliação. Agora, tem que fazer as questões, fazer os testes, tem ainda uma tarefa que é grande”, diz.

O secretário ressalta que o novo ensino médio tem aspectos muito diferentes do adotado nas escolas até hoje. “É uma completa novidade, então o novo Enem precisa estar alinhado a isso, uma vez que é a etapa subsequente, é a porta de entrada para o ensino superior. Não há como cursar o ensino médio querendo ir para o ensino superior sem passar pelo Enem e não dá para o Enem ser uma avaliação que se debruça sobre os conhecimentos que se teve no ensino médio.”

 

 

Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil

EUA - Os produtos usados para alisar o cabelo aumentam o risco de câncer de útero, revelou um novo estudo divulgado na segunda-feira (17).

As descobertas, publicadas no Journal of the National Cancer Institute, são especialmente relevantes para as mulheres negras, que representam a maioria dos usuários de produtos de alisamento nos Estados Unidos, e para as adeptas do chamado "alisamento brasileiro".

Cientistas elogiaram o estudo e pediram mais pesquisas para confirmar as descobertas.

As mulheres que usam esses produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente câncer de endométrio. Essa doença não deve ser confundida com câncer de colo do útero.

Associações semelhantes não foram encontradas em outros produtos capilares, como tinturas, descolorações, luzes ou permanentes.

"Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram um produto para alisar o cabelo terão desenvolvido câncer de útero aos 70 anos. Mas, para as usuárias frequentes, esse risco aumenta para 4,05%", estima em comunicado Alexandra White, principal autora do estudo.

"A duplicação dessa taxa é preocupante", acrescentou.

O câncer uterino representa cerca de 3% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos, mas é o mais comum do sistema reprodutor feminino. O prognóstico costuma ser bom se detectado a tempo, mas o tratamento geralmente envolve a remoção do útero, o que impossibilitaria a gravidez.

O estudo se baseia em dados de 33.500 mulheres americanas, acompanhadas por quase 11 anos.

Como as mulheres negras usam esses produtos com mais frequência e tendem a começar mais jovens, "esses resultados podem ser particularmente interessantes para elas", disse Che-Jung Chang, co-autora da pesquisa.

Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos para alisar o cabelo no ano passado se identificaram como negras.

 

- Alisamento brasileiro -

"O preocupante é que existem substâncias químicas nesses produtos que agem essencialmente como estrogênio no corpo", disse White. Essa ação interrompe os processos hormonais normais, e isso pode influenciar o risco de câncer.

A segunda possibilidade levantada é a de que alguns produtos tenham substâncias cancerígenas, como o formaldeído, para quebrar as ligações entre as proteínas da queratina do cabelo, alterando sua estrutura e alisando-o.

O tratamento de queratina conhecido como "alisamento brasileiro" era popular quando as mulheres se inscreveram neste estudo, entre 2003 e 2009. No entanto, seu uso diminuiu consideravelmente desde então.

Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos podem contribuir para o aumento do risco de câncer. Além do formaldeído, conhecido popularmente como formol, o estudo cita também parabenos, bisfenol A e metais.

Em comparação com outras categorias, os produtos para alisar o cabelo podem promover a absorção de substâncias químicas por meio de lesões ou queimaduras no couro cabeludo, ou através do uso de chapinhas, cujo calor decompõe as substâncias, aponta o estudo.

Outros estudos já estabeleceram uma ligação entre alisadores e um maior risco de câncer de mama.

 

 

AFP

 

SÃO CARLOS/SP - A aplicação da fotobiomodulação (luz terapêutica) em algumas partes do corpo já tem efeitos comprovados pela ciência na melhora da performance dos indivíduos durante a prática de exercícios físicos. Um novo equipamento na área de Fisioterapia usa a luz terapêutica no corpo inteiro e uma pesquisa de mestrado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) propõe uma avaliação inédita no Brasil, que pretende verificar se esse novo dispositivo melhora o desempenho muscular em homens saudáveis e treinados. O estudo é realizado por Giovanny Viegas dos Santos, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar, sob orientação de Cleber Ferraresi, docente do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da Instituição.
De acordo com Giovanny dos Santos, o objetivo do estudo é compreender se a fotobiomodulação de corpo inteiro é capaz de ter efeitos em análises de desempenho, como força muscular, resistência à fadiga e aumento da potência muscular em testes de agilidade. "Queremos entender se a luz de corpo inteiro também é capaz de melhorar essa análise, uma vez que quando ela é aplicada em partes menores do corpo - coxa, braço etc. - já há evidências da melhora do desempenho, aumentando o número de repetições e do tempo de execução em exercícios de força e resistência", explica o pesquisador.
O mestrando aponta que a expectativa da pesquisa é obter melhora da força muscular e resistência à fadiga nos testes máximos que serão realizados, além da melhora metabólica dos participantes. Ele esclarece que os resultados ajudarão os pesquisadores e clínicos, principalmente os fisioterapeutas, a entenderem se o dispositivo de corpo inteiro pode ser efetivo na população treinada e saudável. Ou seja, se um atleta amador ou de alto rendimento pode se beneficiar com essas novas tecnologias da fotobiomodulação. "Os resultados poderão elucidar os momentos corretos de aplicação. Para os pesquisadores, isso será um início de investigação, pois ainda, no País, somos os precursores dessa modalidade (aplicação de luz de corpo inteiro)", complementa o pesquisador sobre o ineditismo dessa pesquisa no Brasil com pessoas que são saudáveis e treinam com regularidade.

Voluntários
Para realizar o estudo, estão sendo convidados homens saudáveis, com idades entre 18 e 30 anos, que pratiquem treinamento muscular há, no mínimo, seis meses, sendo três vezes por semana. Os participantes farão três visitas, ao longo de duas semanas, à UFSCar para aplicação da fotobiomodulação de corpo inteiro e avaliação do desempenho muscular. Interessados devem entrar em contato com o pesquisador pelo e-mail giovannysantos@estudante.ufscar.br ou pelo telefone (14) 98137-1809. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 58833222.9.0000.5504).

BRASÍLIA/DF - A partir de hoje (1º), estudantes que contrataram o Financiamento Estudantil (Fies) na Caixa Econômica Federal poderão renegociar as dívidas. O banco lançou o aplicativo Fies Caixa, que permitirá o refinanciamento das parcelas em atraso com até 99% de desconto.

Além da renegociação de dívidas, o aplicativo permite a consulta aos principais dados do contrato e a geração de boletos. Por meio da plataforma, o estudante poderá verificar se seu contrato está apto para renegociação, simular as opções e aderir às condições mais adequadas ao seu perfil.

O aplicativo Fies Caixa está disponível para download a partir de hoje, para dispositivos móveis (smartphones e tablets) dos sistemas Android e iOS. Segundo a Caixa, cerca de 1,85 milhão de clientes poderão consultar os dados, dos quais 1,2 milhão poderão renegociar a dívida pelo aplicativo.

A renegociação poderá ser pedida até 31 de dezembro deste ano e seguirá as regras da Resolução 51/2022, publicada em julho e que permite o parcelamento dos débitos com descontos de 12% a 99%, dependendo do tempo de atraso.

Estudantes com as parcelas em dia poderão quitar o saldo restante do financiamento com 12% de desconto. Além do aplicativo da Caixa, os acordos poderão ser firmados no site do Fies.

Passo a passo

Ao abrir o aplicativo, o estudante deve escolher a opção Renegociação FIES e seguir os passos abaixo:

• Verificar se o contrato está apto para renegociação;
• Conferir os dados do contrato;
• Simular os tipos de renegociação disponíveis;
• Confirmar os dados da renegociação;
• Aceitar o termo aditivo e aderir à renegociação;
• Emitir o boleto de entrada.

A renegociação será efetivada somente após o pagamento da primeira parcela. O aplicativo fornece outros serviços. No campo Meu FIES, o estudante pode verificar um resumo dos dados do contrato. A opção Boleto permite a visualização e a geração do formulário das parcelas em aberto. No botão Perfil, aparecem os dados cadastrados no Fies.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

Nosso Facebook

Calendário de Notícias

« Maio 2024 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
    1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31    
Aviso de Privacidade

Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.