SÃO CARLOS/SP - Cientistas do grupo de Pesquisa "Popularização das Ciências Biológicas e Discurso" (PopBio), do Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveram um estudo sobre as representações de gênero em dois filmes que têm paleontólogas como protagonistas: Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros (1993) e Ammonite (2020).
De acordo com Ilka de Oliveira Mota, coordenadora do PopBio e docente do Centro de Ciências da Natureza (CCN), "o estudo buscou compreender como as personagens femininas, inseridas em gêneros cinematográficos distintos, são representadas a partir de discursos feministas e das relações de classe". O grupo identificou que ambos os filmes expressam críticas ao gênero masculino e a certas convenções dos gêneros fílmicos, mas o fazem a partir de posicionamentos diferentes.
"Em Jurassic Park, vemos uma heroína paleontóloga empoderada, que se volta contra o sexismo de personagens masculinas. Além de ser uma mulher que pôde estudar e se realizar profissionalmente, ela não é mera espectadora dos homens e se envolve em ações de alto risco, que certo imaginário social considera masculinas", complementa a docente.
Ao mesmo tempo, este filme apresenta uma inversão nas atribuições tradicionalmente associadas aos gêneros: "o personagem masculino, também paleontólogo, salva e cuida de duas crianças, evitadas por ele no começo do filme. Ele acaba criando afeto por elas e faz um trabalho tradicionalmente atribuído à mulher, que é o cuidado das crianças", complementa Anna Paula Quadros Soares, graduada em Ciências Biológicas pela UFSCar, pesquisadora vinculada ao PopBio e também autora do artigo.
O grupo destaca que essas atribuições diferem das vistas em filmes de aventura mais convencionais, nos quais, segundo Soares, "o homem se envolve em atividades perigosas, enquanto as mulheres e crianças são cuidadas e protegidas pelo homem". Jurassic Park adota, assim, o discurso da igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, reivindicação básica do feminismo liberal ou burguês, que, apesar de sua importância, não dá conta de todos os problemas.
Por outro lado, Ammonite, cinebiografia da paleontóloga Mary Anning, explicita não apenas o preconceito de gênero, mas também a exploração de classe. "A condição de mulher pobre é usada para diminuir seu trabalho como cientista e pagar-lhe pouco. Ela descobre, limpa e cataloga fósseis, mas a glória vai para os cientistas homens burgueses", aponta Erich Lie Ginach, doutorando em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisador do PopBio e autor do artigo. Esses elementos são explicitados pelo filme, que, ao considerar não só as diferenças de gênero, mas também as de classe social, adota o viés do feminismo marxista.
Análise de discurso materialista como ferramenta de investigação
Para realizar a análise, o grupo utilizou o referencial da análise de discurso materialista, abordagem que, conforme Mota, relaciona o texto - seja um escrito, uma fala, um filme - aos seus discursos e ideologias constitutivas. "Os discursos são regulares, se repetem no texto. Reconhecidos os discursos, o analista deve investigar sua inserção na História e, para isso, ele se apoia em estudos específicos da formação social deles".
No caso deste estudo, esse apoio teórico foi encontrado na obra de Silvia Federici, pensadora e crítica da condição da mulher. Ela mostra que as diferenças de gênero e classe servem à exploração da mulher.
Para Soares, a pesquisa é "apenas uma pequena contribuição para o debate sobre gênero e cinema, mas deixa claros os dois principais discursos feministas e a relação entre opressão de gênero e opressão de classe".
O grupo reforça a importância e a urgência dessas reflexões com contexto atual, uma vez que quase não é abordado fora dos meios político e acadêmico. "Durante muito tempo e ainda hoje, o feminismo liberal domina os debates sobre a situação da mulher. É preciso ir além e mostrar que uma verdadeira emancipação da mulher e de outros gêneros exige a transformação profunda das relações sociais, no nosso caso, o fim da sociedade capitalista", finaliza Mota.
O resultado do estudo foi publicado recentemente na Revista de Estudos Culturais, da USP, no artigo intitulado "Representações de gênero nos filmes Jurassic Park e Ammonite". O texto pode ser acessado em https://revistas.usp.br/
Cesar Alves Ferragi, docente do Departamento de Geografia, Turismo e Humanidades do Campus Sorocaba, apresentou a pesquisa em evento nacional do Fórum de Empresas e Direitos LGBT
SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa desenvolvida por Cesar Alves Ferragi, docente do Departamento de Geografia, Turismo e Humanidades (DGTH) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Fundação da Associação Internacional de Turismo LGBTQ+ (IGLTA Foundation) e a Casa Cênica Produtora Artística, mapeou o perfil e identificou práticas de viagem de turistas LGBTI+ no Brasil. O estudo buscou compreender tendências de comportamento desse público, contribuindo para a construção de políticas e ações mais inclusivas no setor de turismo.
Conduzido entre maio e agosto de 2024, o levantamento resultou no "Relatório de Pesquisa sobre Turismo LGBTI+ no Brasil". A coleta de dados ocorreu presencialmente, durante a Feira Cultural da Diversidade LGBT+ da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, e também via formulário online, amplamente divulgado em redes sociais de instituições parceiras. No total, 405 pessoas responderam ao questionário.
Entre os principais resultados, destaca-se que a maior parte dos participantes está na faixa etária de 35 a 44 anos (30,1%), seguida pelo grupo de 25 a 34 anos (28,1%). A maioria se identifica como pessoa cisgênera (90%), sendo 61,5% homens e 28,6% mulheres. Pessoas trans representam 2,9% dos respondentes, enquanto outras identidades de gênero, como não-binária e fluida, somam cerca de 2,7%.
Em relação à orientação sexual, predominam os homossexuais (69,1%), seguidos por bissexuais (15,3%), heterossexuais (9,1%) e pansexuais (4,7%). Geograficamente, a maioria das respostas veio do estado de São Paulo (68,4%), seguido por Rio de Janeiro (5,2%) e Distrito Federal (4,2%). Essa concentração se explica pela aplicação presencial na capital paulista e pela divulgação online realizada, em sua maior parte, por instituições sediadas neste estado.
Quanto à escolaridade, 30,1% dos respondentes possuem Ensino Superior completo - o dobro da média brasileira, que está na casa dos 15% - e 26,9% alguma especialização.
Práticas turísticas do público LGBTI+ e desafios
Além do perfil sociodemográfico, a pesquisa revelou aspectos sobre as práticas turísticas desse público. A maioria declarou viajar prioritariamente a lazer (81,7%), sendo que 58,5% já priorizam destinos identificados como LGBTI+ friendly - ou seja, que oferecem maior segurança e acolhimento. Por outro lado, cerca de 37% relataram já ter deixado de viajar ou alterado os planos por receio de discriminação.
"As pessoas querem viajar relaxadas, podendo ser quem são", analisa Ferragi. Para ele, essa busca por autenticidade impacta diretamente na escolha dos destinos: "87% dos respondentes sinalizaram que segurança e acolhimento são fatores fundamentais na seleção dos destinos e meios de hospedagem".
Outro dado relevante é que 30% viajam com a família. "Quando acolhemos bem os viajantes LGBTI+, e também as famílias que os apoiam, promovemos um ambiente mais inclusivo e acolhedor - e isso é fundamental", afirma.
Além disso, 42,7% dos participantes afirmaram utilizar redes sociais e plataformas digitais específicas da comunidade LGBTI+ para buscar informações sobre destinos e acomodações. Experiências anteriores de discriminação influenciam diretamente o planejamento e a escolha de roteiros, o que, segundo o pesquisador, "reforça a importância de ambientes mais inclusivos, com políticas públicas e estratégias de marketing turístico que considerem as especificidades desse público".
Nesse sentido, Ferragi aponta lacunas identificadas pela pesquisa: "O que falta, segundo as respostas? Falta segurança; relaxamento; tranquilidade. Falta representatividade - as pessoas querem ver pessoas como elas trabalhando ali naquele hotel, no setor turístico. E falta também serviços e funcionários preparados para atender as pessoas LGBTI+".
A principal contribuição do estudo está em oferecer um panorama atualizado e empírico sobre o comportamento de turistas LGBTI+ no Brasil, um tema ainda pouco explorado academicamente no país. Embora de caráter exploratório, o levantamento fornece subsídios para agentes públicos e privados interessados na promoção de práticas de acolhimento, redução de barreiras e desenvolvimento de ações afirmativas no setor, com foco na promoção dos direitos humanos e no combate à discriminação.
"É papel da universidade contribuir com esse diálogo, construindo conhecimento para a sociedade. Ela precisa dialogar com as empresas, com a sociedade, e trazer educação laica, democrática, gratuita, com o acesso que precisamos", finaliza.
O estudo foi apresentado por Ferragi no Fórum de Empresas e Direitos LGBT, evento nacional que reúne representantes do setor público, privado e da sociedade civil para debater políticas e práticas inclusivas voltadas à comunidade LGBTI+. A participação do docente ocorreu no painel "A arte da hospitalidade: recebendo bem viajantes LGBTI+", que contou com mediação de Catarina Costa, embaixadora do Comitê LGBTI+ da Accor no Brasil.
A gravação completa do evento está disponível no canal do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e pode ser acessada no YouTube (youtube.com/watch?v=
SÃO CARLOS/SP - No dia 28 de maio, quarta-feira, será realizada uma audiência pública para discutir o Centro de Lazer e Esportes "Veraldo Sbampato" - conhecido como Parque do Bicão -, no município de São Carlos. A audiência foi convocada pelo Ministério Público Estadual e será acompanhada pelos pesquisadores do Centro de Estudos em Democracia Ambiental (CEDA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Na ocasião, serão abordados pontos relacionados às condições gerais de uso do Parque do Bicão, como segurança, lazer, cultura, calçadas, vegetação.
"O Ministério Público disparou uma consulta pública para que a população indicasse os problemas e soluções. Agora, o MP continuará consultando a população na audiência pública de escuta", explicou Celso Maran de Oliveira, professor do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) da UFSCar e coordenador do CEDA.
A audiência pública é aberta a toda população interessada. Também já está confirmada a presença de representantes do poder executivo municipal, membros do Fórum de Cidadãos Participantes (FCP) e integrantes dos Jovens Embaixadores Ambientais.
"O Bicão é o único parque na cidade com infraestrutura para proporcionar todos esses benefícios: benefícios ambientais (melhoria da qualidade do ar, regulação climática, biodiversidade, controle de enchentes); à saúde (promoção da atividade física, redução do estresse, qualidade de vida); sociais (espaço de convivência, inclusão e acessibilidade; educação ambiental); benefícios econômicos (valorização imobiliária, atração de turismo, redução de custos públicos), dentre outros", elenca Rosana Helena Segnini, integrante do FCP.
Na ocasião, também estarão presentes integrantes do CEDA/UFSCar. "O grupo tem colaborado com o Ministério Público desde a consulta pública e, agora, na audiência pública de escuta fez o tratamento dos dados oriundos da consulta, e estará na audiência para acompanhar a atuação cidadã como um todo, em especial o FCP. Em breve teremos outra audiência pública de escuta para tratar do Kartódromo", conta o professor da UFSCar.
Serviço
A audiência pública para tratar sobre o Parque do Bicão acontece no dia 28 de maio, quarta-feira, às 18h30, na Escola Estadual Elydia Benetti (R. Profª. Elidia Benetti, 690, bairro Jardim Boa Vista II, São Carlos).
Mais informações podem ser consultadas no perfil do FCP do Instagram (@
SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Pesquisa em Saúde do Idoso da UFSCar, tem o objetivo de desenvolver um novo instrumento de avaliação da cognição e aspectos motores em pessoas idosas que estão no estágio leve da doença de Alzheimer (DA). A pesquisa convida voluntários para testes e avaliações gratuitos na UFSCar e entregará relatório completo sobre a saúde mental e física dos participantes.
O estudo conta com a participação de pós-graduandos (mestrado e doutorado), orientados pelos professores Larissa Pires de Andrade e Robson Barcellos, dos departamentos de Fisioterapia e Engenharia Elétrica da UFSCar, respectivamente. De acordo com Lara do Nascimento Olimpio, pesquisadora da equipe, o estudo destaca a relevância do uso de testes físicos em pessoas idosas em estágio leve do Alzheimer, como uma estratégia para mensurar, de forma automatizada, o desempenho cognitivo e motor desses indivíduos."Considerando o comprometimento progressivo, irreversível e multifatorial decorrente do processo neurodegenerativo, o uso de tecnologias pode oferecer medidas mais válidas e confiáveis. Isso possibilita avanços no conhecimento sobre as condições cognitivas e motoras dessa população, contribuindo para o desenvolvimento de abordagens de prevenção e reabilitação mais precisas e fundamentadas no cuidado e acompanhamento clínico", descreve Nascimento.
Um diferencial a ser destacado do estudo é que o instrumento foi idealizado em um teste cognitivo consolidado que permite avaliar domínios cognitivos e motores de forma automatizada para além da capacidade de execução de duas atividades realizadas simultaneamente. Nascimento destaca também que é uma tecnologia de baixo custo e fácil transporte para diferentes cenários de atuação profissional.
No entanto, a pesquisadora reforça que esse novo instrumento está em desenvolvimento e passará por estudos de validação, reprodutibilidade e usabilidade. "Ele poderá ser um teste utilizado para outras pesquisas, bem como terá possibilidades de uso na clínica, futuramente tendo sua comercialização", explica.
Voluntários
Para desenvolver a pesquisa, estão sendo convidadas pessoas voluntárias, a partir de 60 anos, que tenham diagnóstico de Alzheimer em estágio leve e que consigam caminhar sem uso de algum suporte (bengala ou andador). É preciso que os participantes tenham exames de imagem, como tomografias e ressonâncias. Os voluntários passarão por testes presenciais na UFSCar, em três dias não consecutivos. Após o final dos testes, os participantes receberão relatório completo sobre sua saúde mental e física e desempenho nos testes propostos, elaborado por uma equipe multiprofissional.
As pessoas interessadas podem entrar em contato com a equipe de pesquisa pelos telefones: Lara - (16) 99287-5290; Renata - (19) 99242-4871; e laboratório - (16) 3351-8704. São 30 vagas disponíveis para novos participantes no estudo. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 83673324.4.0000.5504).
4ª Corrida Micológica reuniu participantes no entorno do Campus Lagoa do Sino para observar cogumelos e macrofungos e refletir sobre sua importância nos ecossistemas
SÃO CARLOS/SP - No dia 5 de abril, o Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realizou a quarta edição da Corrida Micológica, atividade de extensão voltada à popularização da micologia - ramo da biologia que estuda os fungos - e à valorização da biodiversidade local.
O evento ocorreu na mata ciliar do Rio Guareí, no bairro rural Guareí Velho, em Angatuba (SP), área do entorno do Campus. Apesar do nome, a Corrida Micológica não é uma competição de velocidade: a proposta é que os participantes caminhem por áreas naturais e busquem macrofungos - como cogumelos - que se destaquem por suas características. Os achados mais interessantes recebem premiações simbólicas.
Durante aproximadamente quatro horas, cerca de 35 pessoas participaram da caminhada, percorrendo áreas de pastagem e fragmentos de mata bem preservada, em floresta estacional semidecidual. Foram identificadas mais de 50 espécies de cogumelos e outros macrofungos. Participaram estudantes, docentes e técnico-administrativos do Campus Lagoa do Sino, integrantes da ONG Grupo EcoRoad e moradores de cidades do entorno, como Campina do Monte Alegre, Angatuba e Itapetininga, incluindo crianças.
A ação foi organizada por Larissa Trierveiler Pereira e Juliano Marcon Baltazar, docentes do Centro de Ciências da Natureza (CCN) e pesquisadores do Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic) da UFSCar, em parceria com a ONG Grupo EcoRoad e com o apoio do CCN.
Aula a céu aberto
Segundo Pereira, a Corrida Micológica busca aproximar as pessoas dos ecossistemas onde os fungos estão presentes. "É um evento lúdico, em que não há corrida de fato, mas os achados são premiados. Eu costumo dizer que é um dia de enamoramento, para despertar o olhar para esses organismos que muitas vezes passam despercebidos", afirma.
A docente destaca que os fungos são fundamentais para o equilíbrio ambiental, embora a maior parte da população não esteja familiarizada com suas funções. "No Brasil, cerca de 10 mil espécies de fungos já foram identificadas, mas a estimativa é que existam pelo menos 30 vezes mais esse número de espécies", explica.
Esses organismos atuam como decompositores primários, responsáveis por reciclar a matéria orgânica e devolver nutrientes ao solo, tornando-os disponíveis para as plantas. Além disso, são aliados na produção de alimentos, bebidas fermentadas e medicamentos - como os antibióticos -, desempenhando um papel essencial tanto nos ecossistemas quanto na vida humana. "O país, por ser megadiverso, abriga uma imensa funga, termo equivalente a fauna e flora para este grupo de organismos".
Pereira também ressalta o papel do evento na articulação entre universidade e sociedade. "A iniciativa integra estudantes e público externo de todas as idades. É uma forma de promover o conhecimento científico e, ao mesmo tempo, sensibilizar para a conservação da natureza", avalia.
Mudança de percepção
Participante da atividade, a estudante de Ciências Biológicas do Campus Lagoa do Sino da UFSCar, Miriã Gonçalves de Moraes, relatou o impacto da experiência em sua formação. "Nunca tinha parado para observar os fungos. Perceber suas cores, formas e características me despertou muita curiosidade. Um deles me chamou a atenção por parecer que estava 'sangrando'. Também foi muito enriquecedor ter professores por perto, sempre disponíveis para compartilhar seus conhecimentos ao esclarecer dúvidas. Foi como ter um glossário sobre os fungos ao lado", contou.
O "fungo que sangra", mencionado por Moraes, é o Hydnellum peckii. Ele solta um líquido vermelho espesso, parecido com sangue, o que chama bastante atenção visualmente. Apesar da aparência inusitada, é inofensivo e tem sido estudado por possíveis aplicações medicinais.
A aluna também destaca que o contato com a micologia trouxe uma mudança de percepção sobre a área. "Aprender sobre os fungos realmente abriu minha mente. Comecei a ter mais curiosidade sobre suas funções ecológicas e sobre a diversidade que existe ao meu redor. O que antes era invisível começou a saltar aos olhos, e isso mudou o meu cotidiano como estudante", relata.
A Corrida Micológica teve sua primeira edição em 2019 e a expectativa é que a próxima ocorra no início de 2026.
Mais informações sobre o evento e sobre outras ações do LEMic estão disponíveis em www.lemic.ufscar.br.
SÃO CARLOS/SP - Desde dezembro de 2024, a UFSCar está desenvolvendo um trabalho participativo de planejamento da implantação de seu novo campus, no município de São José do Rio Preto. Sob a coordenação de Danilo Giroldo, assessor especial da Reitoria, o grupo de trabalho GT-SJRP já realizou a caracterização do território, identificou alternativas locacionais para o funcionamento do campus, realizou reuniões com diferentes segmentos sociais do município e dialogou com os centros acadêmicos e entidades representativas da UFSCar.
Nesta sexta-feira, dia 25 de abril, o grupo apresenta o trabalho desenvolvido até o momento para a comunidade acadêmica e demais interessados em audiência pública que será realizada no Auditório da Reitoria da UFSCar, na área Sul do Campus São Carlos, às 14h30, com transmissão pelo canal da universidade no Youtube.
Essa ação compõe a primeira etapa do plano de trabalho aprovado pelo Conselho Universitário (ConsUni) em 13 de dezembro de 2024, que prevê a elaboração de um documento referência de criação do campus. O trabalho realizado pelo GT-SJRP será a base para a produção da proposta, que deve ser discutida novamente pelo ConsUni em maio de 2025.
"A participação da comunidade acadêmica nas audiências públicas é fundamental para o trabalho que estamos desenvolvendo. Temos uma grande expectativa em aprofundar o diálogo, no sentido de construir coletivamente um campus que reflita as capacidades, vocações e a cultura institucional da UFSCar, aliadas às demandas da sociedade e ao financiamento previsto. Por isso, convidamos todas as pessoas para participar, presencialmente, a partir da sala remota da reunião ou pelo Youtube, da audiência pública que será realizada a partir do campus São Carlos no dia 25 de abril, às 14:30", comenta Giroldo.
Audiência em São José do Rio Preto
Além do evento no Campus São Carlos, o trabalho foi apresentado em audiência realizada na Câmara Municipal de São José do Rio Preto na tarde desta quarta-feira, 23/04. O evento teve transmissão realizada pelo canal da Câmara e pode ser conferido neste link.
Reuniões com a comunidade da UFSCar
Entre os dias 18 de fevereiro e 9 de abril, a UFSCar realizou uma série de reuniões com a comunidade acadêmica, a fim de captar as diferentes percepções acerca do novo campus e dos levantamentos elaborados pelo GT-SJRP. O grupo se reuniu com os Centros de Educação e Ciências Humanas (CECH), Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET), Ciências em Gestão e Tecnologia (CCGT), Ciências Humanas e Biológicas (CCHB), Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS), Ciências Agrárias (CCA), Ciências da Natureza (CCN) e Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). No mesmo período, o GT também realizou encontros com estudantes, entidades representativas e unidades vinculadas à gestão, o que possibilitou um levantamento qualitativo de informações muito amplo e importante sobre os atuais desafios da educação superior e sobre o papel da UFSCar na região de São José do Rio Preto.
Levantamento inédito da SPDI visa qualificar decisões sobre investimentos, uso compartilhado de equipamentos e práticas sustentáveis na Universidade
SÃO CARLOS/SP - Um levantamento realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mapeou 468 laboratórios em funcionamento nos quatro campi - São Carlos, Araras, Sorocaba e Lagoa do Sino. A iniciativa, coordenada pela Secretaria Geral de Planejamento e Desenvolvimento Institucionais (SPDI), atende à demanda do Censo da Educação Superior 2024, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), mas vai além do aspecto obrigatório: consolida uma base de dados estruturada, que qualifica a gestão da infraestrutura universitária e fortalece o desenvolvimento articulado das ações de ensino, extensão e pesquisa.
O trabalho contou com a colaboração das Diretorias de Centro, Chefias de Departamento e Coordenações de Curso, além da equipe da SPDI. A coleta foi feita por meio de um formulário eletrônico padronizado, que também permitiu o registro de palavras-chave para facilitar buscas futuras. A partir das respostas, foram compiladas informações sobre localização, área física, finalidades de uso, áreas do conhecimento, equipamentos, manutenção, riscos, descarte de resíduos e possibilidade de uso compartilhado.
"O mapeamento não se limita ao atendimento de uma exigência legal. Ele atualiza e organiza informações que são estratégicas para a gestão da Universidade, permitindo identificar gargalos, oportunidades de usos mais eficientes da infraestrutura e caminhos para ampliar a integração entre áreas", afirma Rogério Fortunato Junior, Secretário Geral de Planejamento e Desenvolvimento Institucionais da UFSCar e coordenador do projeto.
Entre os resultados, destacam-se o aumento de 18% no número de laboratórios desde 2015; o uso variado dos espaços, com 85% voltados à pesquisa, 62% à extensão e 65% ao ensino; e a presença de equipamentos compartilhados em cerca de um terço das unidades. "Essas informações permitem o diagnóstico da infraestrutura, a orientação de investimentos, a prevenção de compras duplicadas, o incentivo ao compartilhamento e o suporte à elaboração de editais e convênios. Também possibilitam a análise de áreas de crescimento da Universidade, a identificação de espaços pouco utilizados ou com potencial de uso compartilhado, bem como o mapeamento de boas práticas em manutenção, segurança, descarte de resíduos e gestão ambiental", detalha Fortunato.
A base construída pela SPDI já foi disponibilizada às unidades acadêmicas, tanto em formato textual quanto em planilha, com filtros por área, centro, tipo de equipamento e palavra-chave. Essa estrutura permite integrar grupos de pesquisa, apoiar o planejamento de disciplinas, facilitar ações de extensão junto à sociedade e subsidiar editais, convênios e decisões sobre infraestrutura e governança.
Para manter a base atualizada, a próxima etapa será o desenvolvimento de uma plataforma digital pela Secretaria Geral de Informática (SIn), que estará integrada aos sistemas da UFSCar. "Essa plataforma permitirá a pesquisa e a atualização contínua dos dados, aprimorando a gestão universitária baseada em evidências e apoiando processos decisórios. Também contribuirá para fortalecer a gestão ambiental, garantir maior transparência institucional e assegurar a auditabilidade das informações", ressalta.
A SPDI conduziu o projeto com a colaboração dos servidores Antonio Carlos Lopes e Tatiana Bianchini Pinheiro, cuja atuação foi essencial em todas as etapas - da definição da metodologia à organização da base de dados e diagramação final do relatório. "Com esta ação, a UFSCar demonstra, mais uma vez, sua dedicação em fortalecer a infraestrutura pública, incentivar a administração eficaz e zelar pela qualidade no ensino, extensão e pesquisa e, acima de tudo, pela transparência", conclui o Secretário.
O relatório completo está disponível para consulta no site da SPDI, em bit.ly/spdi-laboratorios.
Spray com nanofibras curtas, licenciado por empresa-filha da Universidade, será produzido para uso em sistemas de filtragem
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram uma tecnologia de aplicação simples capaz de aumentar a eficiência de filtros em ambientes que exigem alto controle de qualidade do ar, como hospitais e veículos automotivos.
A invenção consiste em um spray que forma uma camada de nanofibras sobre o meio filtrante, ampliando a retenção de partículas microscópicas sem prejudicar o fluxo de ar. O projeto foi conduzido por Paulo Augusto Marques Chagas, durante seu pós-doutorado no Departamento de Engenharia Química (DEQ) da UFSCar, sob coordenação de Mônica Lopes Aguiar, docente do DEQ.
As nanofibras são produzidas por eletrofiação, técnica que transforma uma solução polimérica - à base de acetato de celulose, derivado natural da celulose - em fibras ultrafinas por meio de um campo elétrico. "O processo lembra um fio sendo puxado no ar", explica Chagas. A solução é colocada em uma seringa e, ao se aplicar uma diferença de potencial elétrico entre a agulha e uma superfície coletora, o líquido é esticado até formar fibras com diâmetro nanométrico - milhares de vezes mais finas que um fio de cabelo. "Essas fibras se acumulam de forma desordenada, formando um 'tecido não-tecido'. Depois, esse material é fragmentado em um equipamento semelhante a um liquidificador, gerando os componentes usados no spray", complementa o pesquisador.
A principal vantagem da formulação é a facilidade de aderência a diferentes superfícies, criando uma camada que melhora a retenção de partículas, sem exigir a troca do filtro original. "Além disso, elas podem ser funcionalizadas com compostos bactericidas ou antifúngicos, o que amplia seu potencial de uso em sistemas de ventilação de transporte coletivo e outros ambientes que exigem alta qualidade do ar", ressalta Aguiar.
Em testes laboratoriais, o spray demonstrou capacidade de capturar até 99% das partículas pequenas - incluindo poluentes e alguns vírus que filtros tradicionais não conseguem reter com eficiência. A tecnologia foi protegida por pedido de patente e licenciada para a InNano Tecnologia, empresa-filha da UFSCar fundada pelo próprio pesquisador, com apoio da Agência de Inovação (AIn) da Universidade.
Com o licenciamento já realizado, a InNano Tecnologia iniciará a produção em larga escala, atendendo empresas interessadas em aplicar as nanofibras curtas não só em filtros, embalagens e máscaras, mas também em sistemas avançados de liberação controlada de substâncias. "A expectativa é que a tecnologia contribua com estratégias de melhoria da qualidade do ar em diferentes contextos, combinando inovação, sustentabilidade e aplicabilidade prática", finaliza Chagas.
Empresas interessadas em aplicar a tecnologia em seus produtos ou processos podem entrar em contato com a AIn pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo telefone (16) 3351-9040.
Bolsas viabilizaram a abertura de novos programas de pós-graduação em diferentes áreas
SÃO CARLOS/SP - Nos últimos cinco anos (de 2021 até o começo de 2025), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) teve uma ampliação de 25% no número de bolsas de mestrado e doutorado concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em números absolutos, contabilizando as duas agências de fomento, foram 970 bolsas em 2021 e agora já são 1209, em 2025, para mestrado e doutorado.
Além disso, considerando a concessão de bolsas do CNPq via Programa Institucional de Bolsas de Pós-Graduação (PIBPG), partimos de zero em 2021 para 86 em 2025 - foram 20, em 2023; e 40, em 2024. O PIBPG é uma política pública estratégica de desenvolvimento científico e tecnológico do CNPq, instituído em 2022 com o objetivo de apoiar a formação de recursos humanos para a pesquisa por meio da concessão de bolsas de mestrado e doutorado no País em programas de pós-graduação stricto sensu acadêmicos, mediante seleção pública de Projetos Institucionais de Pesquisa.
"Neste ano estamos abrindo novos programas de pós-graduação e novos cursos de doutorado. Essa abertura de programas e cursos foi atendida com novas cotas de bolsas. O crescimento do quantitativo de bolsas ocorreu principalmente no doutorado, com os novos cursos de Imagem e Som, Gerontologia e Engenharia de Produção do Campus Sorocaba. No mestrado, tivemos a abertura do curso de Conservação e Sustentabilidade, em Lagoa do Sino, que também foi contemplado com bolsas", explica Rodrigo Constante Martins, Pró-Reitor de Pós-Graduação da UFSCar.
De acordo com ele, esse aumento significativo no número de bolsas é importante, justamente, para viabilizar a abertura e o funcionamento desses novos cursos. "Com isso, temos o incremento de novas áreas de formação em nossos cursos de doutorado, em diferentes campi", destaca. O crescimento das bolsas pode ser observado em outras instituições de Ensino Superior do País, em consonância com as políticas de ciência e tecnologia do Governo Federal.
Além das bolsas, a UFSCar tem tomado outras medidas no sentido do incentivo e do financiamento à pesquisa científica. "Temos estimulado a participação de grupos de pesquisa de diferentes áreas em grandes editais de fomento, situando nossa Instituição em redes nacionais e internacionais de pesquisa", destaca Martins.
Para a Reitora Ana Beatriz de Oliveira, "o aumento do número de bolsas concedidas à UFSCar é um reflexo do trabalho de fortalecimento da pós-graduação que temos realizado ao longo dos últimos anos. É muito importante que os pós-graduandos da nossa Instituição tenham cada vez mais condições de financiamento das suas pesquisas, pois isso impacta positivamente a permanência e também a produção de conhecimento na UFSCar".
SÃO CARLOS/SP - A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está com nove obras em andamento nos campi São Carlos, Sorocaba e Lagoa do Sino, viabilizadas por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). Os investimentos do Governo Federal somam R$ 46,2 milhões para a Universidade, além de R$ 23,88 milhões para quatro obras no Hospital Universitário (HU-UFSCar), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
"Até este momento, quatro obras já foram licitadas. No Campus São Carlos, a nova unidade do curso de Engenharia Mecânica está em fase final, com previsão de entrega ainda neste mês de abril. A estrutura deve ampliar as condições para ensino, extensão e pesquisa, com novos espaços e possibilidade de instalação de laboratórios", informa Edna Hércules Augusto, Pró-Reitora de Administração da UFSCar.
Também estão em andamento o prédio do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Ciclos de Vida e Saúde (Civisa), em São Carlos, unidade multidisciplinar da saúde; e o pórtico de entrada e a guarita, além de infraestrutura elétrica no Campus Lagoa do Sino, onde as intervenções estruturais já alcançam 30% de execução. "Para que o Campus Lagoa do Sino opere com segurança e capacidade ampliada, a nova rede elétrica é essencial. Essa etapa já está em andamento e deve ser concluída até julho", prevê Augusto.
Os demais projetos seguem em fase de elaboração para posterior licitação. Entre as propostas em desenvolvimento estão o prédio do curso de Tradutor-Intérprete de Língua de Sinais Português (TILSP), o novo prédio do Departamento de Artes e Comunicação (DAC), a segunda fase do prédio do Departamento de Medicina (DMed) - todos em São Carlos -; uma nova biblioteca e o acervo Raduan Nassar, em Lagoa do Sino; e a ampliação do Restaurante Universitário no Campus Sorocaba. "A permanência estudantil tem sido uma marca da nossa gestão. O funcionamento e a ampliação do Restaurante Universitário refletem essa preocupação com o bem-estar de toda a comunidade acadêmica", reforça a Pró-Reitora.
A execução das obras é acompanhada pela Secretaria Geral de Gestão do Espaço Físico (SEGEF) da UFSCar. "Desde a concepção até a entrega, nossa equipe acompanha todas as etapas, garantindo a qualidade e o cumprimento dos prazos. A previsão é de que todas as obras comecem em 2025 e sejam finalizadas até o fim de 2026", afirma Luciana Márcia Gonçalves, Secretária-Geral da SEGEF.
Processo de retomada, ampliação e perspectivas
A Reitora da UFSCar, Ana Beatriz de Oliveira, destaca o caráter estratégico desses investimentos: "Logo no início do governo do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Educação (MEC) retomou o debate sobre as universidades federais. Ficou evidente a urgência de recuperar a infraestrutura negligenciada há mais de uma década. O Novo PAC tem esse propósito: consolidar o que já existe e expandir com responsabilidade".
A UFSCar foi contemplada nas duas frentes: além das nove obras nos campi, a Universidade está no planejamento para implantação de um novo campus em São José do Rio Preto. "São investimentos que fortalecem o que já fazemos bem, ampliam nossa atuação nos territórios de inserção e consolidam o papel da UFSCar como protagonista regional, nacional e internacional. A infraestrutura é a base para seguirmos formando pessoas com qualidade, produzindo Ciência de impacto e contribuindo para as políticas públicas", afirma a Reitora.
Ela ressalta ainda que, embora robusto, o aporte de recursos não resolve todas as necessidades da Universidade. "Há mais de 10 anos não víamos um investimento federal dessa magnitude voltado à consolidação da infraestrutura universitária. Esse movimento atende a demandas antigas e represadas, mas sabemos que ainda há pautas em aberto, em negociação com o MEC, e esperamos, com o apoio da bancada paulista, retomar emendas parlamentares já em 2025", completa Oliveira.
As obras em andamento representam um avanço concreto na infraestrutura institucional da UFSCar, com impacto direto na vida acadêmica, administrativa e assistencial da Instituição. "Com a retomada e ampliação da estrutura física, a UFSCar reafirma seu compromisso com a excelência no ensino público, gratuito e de qualidade", finaliza a Reitora.
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