MUNDO - A proposta do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, de despejar US $ 1,9 trilhão em uma economia conturbada pode lançar as bases para um aumento nos empregos e gastos que muitos economistas dizem ser necessários para evitar danos de longo prazo de uma recessão pandêmica recorde.
Os analistas já começaram a marcar suas previsões para o crescimento econômico este ano, depois que as eleições da semana passada na Geórgia entregaram o controle de ambas as casas do Congresso aos democratas.
Muitos, porém, haviam feito um lápis em pacotes menores, mais na linha do estímulo de US $ 892 bilhões aprovado em dezembro.
Gastar muito com a implantação de vacinas, testes e para fortalecer os governos estaduais e locais na linha de frente desses esforços poderia ajudar a acabar com a crise de saúde do país, que continua na raiz da crise econômica.
O pacote proposto pelo próximo governo democrata fornece ajuda direcionada que, segundo os economistas, proporciona o impulso econômico mais eficaz, incluindo um aumento do atual benefício semanal extra para os desempregados, de US $ 300 para US $ 400.
Também direcionaria US $ 170 bilhões para a reabertura de escolas, cujo fechamento em muitas partes do país obrigou milhões de trabalhadores, principalmente mulheres, a deixar seus empregos.
E colocaria US $ 1.400 extras nas mãos da maioria dos americanos - dinheiro que pode ser gasto com aluguel ou comida para quem precisa, ou economizado para gastar em viagens ou jantar fora no final do ano, quando a distribuição mais ampla da vacina permitir a vida cotidiana para voltar mais perto do normal.
Os novos gastos chegam em um momento crítico para a maior economia do mundo. O ressurgimento do COVID-19 no inverno reverteu um mercado de trabalho parcialmente recuperado no mês passado, com os empregadores eliminando 140.000 empregos, especialmente cargos de baixa renda em restaurantes, bares e outras indústrias de serviços de alto contato.
Ao todo, o novo pacote, que ainda deve ser votado pelo Congresso, elevaria para US $ 5,2 trilhões o estímulo fiscal total entregue à economia dos EUA desde o início da crise, equivalente a cerca de um quarto da produção econômica anual dos EUA.
Isso é um estímulo suficiente para a economia recuperar todo o declínio da recessão COVID-19 até o terceiro trimestre deste ano, estima o economista da Moody's Ryan Sweet. Mas, acrescenta, “a recuperação do mercado de trabalho vai demorar mais tempo”.
O plano de Biden será bem-vindo no Federal Reserve, onde alguns funcionários estavam preocupados no final do ano passado com uma resposta fiscal cada vez menor à crise. Em seus últimos dias como presidente, o republicano Donald Trump dedicou a maior parte de sua energia a um esforço fracassado para contestar os resultados da eleição de novembro e não se engajou amplamente no pacote de ajuda menor que foi aprovado pouco antes do final do ano.
No início da quinta-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, observou que os gastos iniciais e vigorosos do governo ajudaram a salvar a economia de um destino muito mais terrível.
E estava claro que o Fed não responderia aos gastos adicionais do governo como fez aos cortes de impostos sob Trump, apertando lentamente a política monetária.
“Agora não é hora de falar sobre saída”, disse Powell, referindo-se à política monetária super fácil do Fed, que inclui um programa maciço de compra de títulos e taxas de juros que devem permanecer próximas de zero por anos.
Naquela época, a economia estava há anos no que se revelaria uma expansão recorde e, com o mercado de trabalho em alta, o estímulo extra foi visto como um superaquecimento potencial da economia.
Não agora, com 10,7 milhões e crescendo sem trabalho e uma taxa de desemprego de 6,7%, quase o dobro do nível pré-pandemia.
O Fed se comprometeu a manter as taxas de juros em seu nível atual próximo a zero até que a inflação alcance e esteja a caminho de ultrapassar 2%, e a economia alcance o pleno emprego.
O enorme estímulo adicional em face de um Fed quiescente levanta o fantasma para alguns de que um boom econômico no final deste ano poderia elevar os preços de forma desconfortável ou sobrecarregar os preços dos ativos.
“Não sei se entendemos completamente todos os impactos de injetar tanto dinheiro na economia quando uma parte significativa da economia ainda está reprimida pela pandemia”, disse o professor de economia da Universidade de Oregon, Tim Duy.
*Reportagem de Howard Schneider e Ann Saphir; Edição de Daniel Wallis / REUTERS
BRASÍLIA/DF - Cerca de 3,4 milhões de beneficiários do auxílio emergencial e do auxílio emergencial extensão nascidos em julho poderão sacar a última parcela do benefício a partir desta sexta-feira (15). Eles poderão sacar ou transferir os recursos da conta poupança social digital. Foram creditados cerca de R$ 2,4 bilhões para esse público nos ciclos 5 e 6 de pagamentos.
Desse total, cerca R$ 2,2 bilhões são referentes às parcelas do auxílio emergencial extensão e o restante, cerca de R$ 200 milhões, às parcelas do auxílio emergencial.
O dinheiro havia sido depositado na conta poupança digital em 2 de dezembro para os beneficiários do ciclo 5 e em 21 de dezembro para os beneficiários do ciclo 6. Até agora, os recursos podiam ser movimentados apenas por meio do aplicativo Caixa Tem, que permite o pagamento de boletos, de contas de água, luz e telefone, compras com o cartão virtual de débito pela internet e compras em estabelecimentos parceiros por meio de maquininhas com código QR (versão avançada do código de barras).
Para realizar o saque em espécie, é necessário fazer o login no Caixa Tem, selecionar a opção “saque sem cartão” e “gerar código de saque”. Depois, o trabalhador deve inserir a senha para visualizar o código de saque na tela do celular, com validade de uma hora. O código deve ser utilizado nos caixas eletrônicos da Caixa, nas unidades lotéricas ou nos correspondentes Caixa Aqui.
Os saques em dinheiro podem ser feitos nas lotéricas, correspondentes Caixa Aqui ou nas agências.
*Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil
MANAUS/AM - A japonesa Sony, uma das maiores empresas de eletroeletrônicos do mundo, acaba de anunciar que vai fechar a sua fábrica em Manaus. Em comunicado enviado a varejistas, a empresa afirmou que encerrará as atividades industriais em março de 2021.
As vendas de TVs, equipamentos de áudio e câmeras fotográficas serão interrompidas em meados de 2021. No comunicado, a empresa afirma que adotou essa atitude “considerando o ambiente recente de mercado e a tendência esperada para os negócios.”
A empresa afirmou ainda que a “decisão visa fortalecer a estrutura e a sustentabilidade de seus negócios, para responder às rápidas mudanças no ambiente externo.” E prossegue ressaltando que manterá os serviços de garantia e assistência técnica.
Um varejista que confirmou ter recebido o comunicado afirmou que a Sony deve manter o escritório para cuidar do Play Station e a distribuição seguirá via distribuidor e no varejo. “Competir aqui com volume pequeno não é fácil e eles já vinham reduzindo o volume há bastante tempo”, diz esse varejista sobre a operação de TVs, equipamentos de áudio e câmeras fotográficas.
Essa não é a primeira empresa de eletroeletrônicos que deixa de fabricar no País. Há casos emblemáticos como os da Sharp, Philips, Gradiente e outras que não conseguiram manter suas operações com o tamanho do custo Brasil e, evidentemente, com a concorrência que vem de fora.
É difícil bater de frente com as marcas coreanas e chinesas, que produzem em larga escala e têm preços muito mais baratos.
A Sony ressaltou no comunicado que as operações de games, soluções profissionais, music e pictures entertainment continuarão funcionando no País.
*Por: ISTOÉ DINHEIRO
MUNDO - A Costa Rica recebeu em 2020 pouco mais de um milhão de turistas estrangeiros, o que representa um terço da média dos anos anteriores, devido ao impacto da pandemia de covid-19, informou o governo na quarta-feira (13).
Dados migratórios divulgados pelo Instituto Costarriquenho de Turismo (ICT) destacam que a chegada de visitantes estrangeiros teve uma recuperação gradativa a partir de agosto, quando o país passou a abrir suas fronteiras após o fechamento total de março, momento em que apareceram os primeiros casos de coronavírus.
O turismo é um dos motores da economia costarriquenha, que contribui com cerca de 10% do PIB e gerava 600 mil empregos diretos e indiretos antes da pandemia.
“As incertezas e restrições derivadas da pandemia causaram o colapso do turismo mundial e o país recebeu um terço dos turistas que normalmente caminham pela Costa Rica”, disse o ministro do Turismo, Gustavo Segura, em comunicado.
Dados da instituição indicam que 71 mil visitantes estrangeiros entraram na Costa Rica em dezembro, quase o dobro de novembro, quando começa a alta temporada.
Para acelerar a entrada, o país eliminou a exigência de teste negativo de covid-19 em outubro e, em 1º de novembro, abriu totalmente suas fronteiras, eliminando as últimas restrições para os países mais atingidos pela pandemia.
Segura especificou que o aumento no número de visitantes ocorreu principalmente dos Estados Unidos e em menor medida da Europa, onde ainda existem limitações de mobilidade devido à disseminação da covid-19.
O país de 5 milhões de habitantes mantém um alto nível de contágio da covid-19. Desde o início da pandemia, já foram 181.093 casos e 2.367 mortes.
*Por: AFP
SÃO PAULO/SP - O aumento da alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para venda de veículos usados no estado de São Paulo pode provocar fechamento de lojas e demissões, dizem as entidades que representam o setor.
“Isso é desemprego, fechamento de lojas, tudo o que o país não precisa”, afirmou o diretor executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Marcelo Franciulli, em entrevista coletiva da entidade junto com outras organizações que representam a cadeia de venda e produção de veículos.
A partir de sexta-feira (15), as revendedoras deverão pagar alíquota de 5,5% sobre o valor de venda dos veículos usados. O valor atual é de 1,8%. Em abril, a alíquota deverá ser reajustada para 3,9%.
No caso de veículos novos, o imposto passa de 12% para 13,3%.
Segundo o governo de São Paulo, a medida é necessária para reequilibrar o orçamento devido às perdas de arrecadação com a pandemia do novo coronavírus. “O objetivo do ajuste fiscal é proporcionar ao Estado recursos para fazer frente às perdas causadas pela pandemia”, diz nota divulgada pelo governo estadual.
“A medida, garantida pela Constituição, é necessária. O governo de São Paulo segue aberto ao diálogo e tem realizado reuniões com os representantes dos diversos setores”, acrescenta o comunicado.
Para Franciulli, a alíquota reduzida para a venda de veículos usados não é um benefício ou renúncia fiscal, mas uma medida para ajustar os impostos do setor. “O setor quer pagar impostos, mas pagar de forma justa. Nós desconhecemos outro tipo de bem usado que paga imposto”, disse.
Franciulli destacou ainda que a margem de lucro das concessionárias com a venda de usados fica em torno de 8% a 10% e estaria fortemente comprometida com o reajuste do ICMS. Ele lembrou ainda que os usados são importantes nas negociações de veículos novos, sendo usados para a compra dos novos. “O concessionário autorizado, sem os veículos usados, não fecha as contas. O usado hoje é fundamental”, ressaltou.
Participaram também do encontro virtual com jornalistas representantes da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo); da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa); da Associação Comercial de São Paulo; do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo; da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores.
Os empresários buscam formas de sensibilizar o governo de São Paulo para reverter o reajuste.
*Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
MUNDO - O governo da Argentina afirmou nesta terça-feira que decidiu substituir o limite diário de 30 mil toneladas para as exportações de milho por um monitoramento do saldo exportável, visando chegar à safra sem tensões, com compromisso do setor privado.
A medida foi anunciada após uma reunião do ministro da Agricultura do país, Luis Basterra, com representantes da cadeia do milho.
Em 30 de dezembro, a Argentina --terceira maior exportadora de milho do mundo--, chegou a suspender temporariamente o registro de novas exportações do cereal com data de embarque até fevereiro, para garantir o abastecimento doméstico.
Nesta semana, porém, o governo já havia levantado a suspensão, considerando o mal-estar gerado pela medida entre produtores, que deram início a uma greve comercial.
*Reportagem de Walter Bianchi e Maximilian Heath / REUTERS
BRASÍLIA/DF - Depois da inflação dos alimentos, no segundo semestre, o brasileiro enfrentou uma nova pressão sobre os preços no fim de 2020. O gás de cozinha encerrou o ano passado com alta de 9,24%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta 3ª feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa mais que o dobro da inflação de 4,52% registrada no ano passado.
Usado principalmente pelas famílias mais pobres, que vivem em domicílios com menos estrutura, o gás de cozinha terminou em alta na comparação com outros tipos de derivados de petróleo. O gás encanado, usado pelas famílias de maior renda, terminou 2020 com recuo de 1,29%. O gás veicular fechou o ano passado com alta de 1,66%.
Atualmente, o preço do botijão de 13 quilogramas (kg) custa entre R$ 59,99 e R$ 105, com preço médio de R$ 75,04, segundo o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No início da pandemia de covid-19, o preço médio estava em R$ 69.
Em vigor desde 2019, a política atual de preços do gás de cozinha prevê reajustes sem periodicidade definida. O preço está atrelado a dois componentes: dólar e cotação internacional do petróleo. Em 2017, o botijão inicialmente foi reajustado mensalmente, mas passou a ter o preço revisado a cada três meses, numa política que vigorou até o fim de 2018.
Embora seja controlado nas refinarias, o preço do gás de cozinha é liberado no varejo. Somente nos últimos 40 dias, a Petrobras promoveu dois aumentos no gás liquefeito de petróleo (GLP): de 5% no início de dezembro e 6% no último dia 6.
A alta no preço do botijão de gás reflete-se no consumo das famílias. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, que tem divulgado relatórios semanais com o consumo de energia e de combustíveis desde o início da pandemia, o consumo do botijão de 13 kg caiu 20% na última semana de dezembro em relação ao mesmo período do ano anterior. A demanda pelo botijão de mais de 13 kg, usado por indústrias, academias, comércio e condomínios, caiu ainda mais: 32,5%.
Professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin afirma que a redução de demanda pelo GLP é insuficiente para fazer os preços retornarem ao normal. Apesar dos esforços, ele diz que o consumidor tem poder limitado para controlar o preço do gás, diferentemente do que ocorre com alguns alimentos.
“O preço do gás de cozinha é determinado por variantes externas, como o dólar e a cotação do petróleo. O petróleo recuperou-se no fim do ano passado depois de experimentar uma queda considerável de preço no início da pandemia. O dólar está atrelado a fatores internacionais e a expectativas sobre a economia brasileira”, explica.
Outro fator que dificulta o controle dos preços do gás, explica o professor, é a dificuldade em trocar o GLP por outros produtos. Para escaparem do gás mais caro, as famílias de baixa renda estão recorrendo ao carvão vegetal ou à lenha. As famílias de classe média podem substituir o gás por fogões elétricos e, caso usem o botijão para aquecer a água, podem recorrer à energia solar, mas esses investimentos são caros e exigem tempo.
“O gás de cozinha é um produto com baixa elasticidade de demanda. Trata-se de um bem essencial, que não pode ser substituído facilmente”, diz o professor.
Como sugestão para conter a alta do gás, o presidente Jair Bolsonaro, defendeu há dois dias a realização de estudos para ampliar o número de engarrafadoras, empresas especializadas em encher botijões vazios.
“No Brasil existem poucas engarrafadoras. O botijão anda centenas de quilômetros para ser enchido e, depois, mais uma centena até o consumidor. Com dezenas de centrais nos estados e mais empresas, essa verdadeira viagem do botijão deixaria de existir, teríamos mais competição e o preço cairia”, postou Bolsonaro na rede social Twitter.
Para o Ministério da Economia, duas medidas para liberalizar o mercado de gás natural podem se refletir em preços mais baixos para o consumidor doméstico. Isso porque o GLP contém cerca de 20% de gás natural. A primeira é a votação do novo marco regulatório do gás, aprovado pelo Senado no fim do ano passado e que voltou para a Câmara. A segunda é a privatização de até oito refinarias da Petrobras, o que, segundo a equipe econômica, estimulará a competição e deverá gerar preços menores.
Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
SÃO PAULO/SP - Com alta de 1,35% em dezembro, em boa parte puxada pela conta de luz mais cara, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação do País, fechou 2020 com avanço de 4,52%, o maior desde 2016. O resultado, informado nesta terça-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 4,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. No ano marcado pela covid-19, os preços dos alimentos deram o tom.
O resultado também ficou acima do esperado por analistas do mercado. Segundo o Relatório de Mercado Focus, divulgado na segunda-feira, 11, pelo BC, a projeção era de alta de 4,37% no IPCA do ano passado. E a mais recente pesquisa do Projeções Broadcast apontava que a inflação de 2020 ficaria em 4,38%.
Quando a pandemia se abateu sobre a economia, provocando a recessão global, o IPCA chegou a registrar taxas negativas. Com as atividades paradas, os preços, especialmente de serviços, despencaram nos primeiros meses de isolamento social. Todas as previsões apontavam, na época, para um IPCA abaixo da meta do BC no ano passado.
O cenário virou a partir de meados do ano. Com a concentração da demanda em itens básicos e a alta do dólar, os alimentos para consumo no domicílio começaram a encarecer rapidamente. Fecharam 2020 com alta de 14,09%, a maior desde 2002, quando foi de 19,47%.
A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de adotar bandeira vermelha – uma taxa extra na conta de luz para compensar o maior uso de usinas térmicas, mais caras – em dezembro era o que faltava para o IPCA de 2020 extrapolar a meta.
A taxa adicional no custo da eletricidade foi anunciada no início de dezembro e, portanto, já estava na conta dos economistas antes do anúncio do IPCA de dezembro.
Desde que o encarecimento dos alimentos entrou no radar em meados de 2020, economistas vêm apontando para o caráter temporário da alta. Mesmo que a inflação de alimentos venha se prolongando – o que afeta, sobretudo, as famílias mais pobres –, esse caráter temporário segue no cenário dos analistas. O mesmo vale para a conta de luz, já que a taxa adicional da Aneel se deve ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas por falta de chuvas.
Tanto que, para 2021, as projeções apontam para um IPCA anual de 3,30%, diante de uma meta do BC mais baixa que a deste ano, de 3,75%, com a mesma margem de 1,5 ponto. Com as projeções apontando para perto da meta, uma reação do BC, com alta da taxa básica de juros – a Selic, hoje em 2,0% ao ano – para conter a demanda, não deverá ser acelerada por causa da leitura final do IPCA do ano passado.
Para Alexandre Lohmann, economista da consultoria GO Associados, embora não faltem motivos para a inflação continuar elevada nos próximos meses, “muito dificilmente o IPCA vai ficar fora do intervalo” de tolerância da meta do BC em 2021.
“Podemos ir novamente para 4,0%, e se esse cenário se realizar, o BC deve começar a subir juros aos poucos, para mostrar que se preocupa com a inflação”, afirmou Lohmann.
Para outros economistas, como Daniel Karp, do banco Santander, a economia fraca e a recuperação gradual na taxa de desemprego devem formar um cenário incapaz de produzir grande pressão inflacionária. Por isso, a estimativa do Santander é que o IPCA termine 2021 em 3,0%, com menos necessidade ainda de reação por parte do BC.
“Nossa projeção para Selic é de 2,50% até o fim do ano, com duas altas de 0,25 pp no fim do ano, na penúltima e na última reunião. É um número mais baixo que a expectativa de mercado, mas está ancorado na nossa visão para a inflação. Mesmo em 2022 entendemos que a ociosidade da economia ainda vai estar grande”, afirmou Karp.
*Por: Daniela Amorim, Vinicius Neder e Gregory Prudenciano / ESTADÃO
MUNDO - A Volkswagen fará o recall de 56.000 de seus modelos de golfe mais vendidos para consertar problemas de software que afetam o sistema de infoentretenimento e a câmera de ré, disse a empresa alemã na terça-feira.
A correção afeta os veículos da mais recente série Golf 8, feitos até julho de 2020, disse um porta-voz. Ele acrescentou que o recall não é obrigatório, mas é uma “medida de serviço voluntário”.
A Volkswagen teve que adiar o lançamento do Golf 8 devido a problemas de software no ano passado.
Suas ações caíram 1,6% em 1012 GMT, tornando-se o maior perdedor percentual no índice DAX da Alemanha.
*Reportagem de Jan Schwartz; / REUTERS
Para Entidade, autonomia do Executivo sobre benefícios fiscais é inconstitucional; Federação também pede reabertura de plano de parcelamento do tributo
SÃO PAULO/SP - A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio do seu Conselho de Assuntos Tributários (CAT), enviou um ofício ao governador João Doria, ao secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, e a deputados estaduais pedindo reconsideração das medidas tributárias tomadas no ano passado que impactaram no Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).
Pelas novas regras, o Poder Executivo tem autonomia para renovar e reduzir benefícios fiscais do ICMS – o que antes dependia da aprovação legislativa. No caso do ICMS, o imposto mais relevante para os comerciantes paulistas, a Lei 17.293/2020 compreende que qualquer alíquota inferior a 18% pode ser considerada benefício fiscal, e dá ao Executivo a possibilidade de modificá-la. O plano é gerar uma transferência de R$ 10 bilhões do setor privado e dos colaboradores paulistas para o Estado por meio da arrecadação tributária.
No mesmo dia da aprovação da lei, o governo estadual ainda editou quatro decretos modificando trechos do regulamento do ICMS também com o objetivo de aumentar a sua carga tributária.
No entendimento da FecomercioSP, as novas regras são inconstitucionais: elas violam tanto o sistema de controle previsto na constituição estadual sobre a tributação quanto o princípio de legalidade tributária, que exige que qualquer alteração nos impostos seja feita por meio de apresentação e tramitação de projeto de lei. Sendo assim, as medidas constituem clara violação à separação de poderes.
Além disso, o aumento do ICMS pode ter um efeito perverso sobre a economia paulista. Vindo de um ano cujas projeção de perdas foram de cerca de 4%, ou R$ 28 bilhões em relação ao que foi vendido no ano passado, o varejo pode reagir à medida encerrando mais de 300 mil postos de trabalho e perdendo 60 mil empresas em todo o Estado. São dados que mostram que a situação do consumo e das empresas, apenas considerando o setor varejista, não abre espaço para mais aumento nos tributos.
Parcelamento do ICMS
Em outro pedido direcionado ao governador e ao secretário, a FecomercioSP também pede a reabertura do Programa Especial de Parcelamento (PEP) para o ICMS, além da dispensa de juros e multas de débitos em aberto a partir de março.
Para a Entidade, essa decisão seria benéfica para um setor que entrou em 2021 com cenário econômico incerto e, além disso, com estruturas debilitadas, estoques inadequados, endividamento elevado, quadro de funcionários reduzido e dificuldades em fechar o caixa.
Segundo dados da Federação, em 80 dias de fechamento do comércio (de 24 de março a 11 de junho do ano passado), o varejo paulista perdeu quase R$ 10,3 bilhões, ou 4,4% de todo o faturamento esperado para 2020. O prejuízo diário foi de aproximadamente R$ 125 milhões.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do PIB brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.
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