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SÃO CARLOS/SP - Um grupo de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), da Embrapa Instrumentação e do Instituto Federal de São Paulo, de Araraquara, desenvolveu uma nova língua eletrônica capaz de identificar metais pesados na água de forma rápida, precisa e de baixo custo. A língua eletrônica foi produzida com polissulfetos, que são polímeros ricos em enxofre, obtidos por um processo sustentável chamado vulcanização inversa.

O estudo, publicado no “Journal of Applied Polymer Science”, demonstra que a língua consegue distinguir metais tóxicos como mercúrio (Hg²⁺), prata (Ag⁺) e ferro (Fe³⁺), mesmo em concentrações extremamente baixas — no caso do mercúrio, até 1 nanomol (uma bilionésima parte de um mol). A precisão do sistema ultrapassa 99% quando técnicas de aprendizado de máquina são usadas para analisar os sinais elétricos gerados pela interação dos metais com o material.

Segundo os pesquisadores, o diferencial da tecnologia está no uso do enxofre, um resíduo abundante na indústria petroquímica, transformado em material sólido e estável por meio da vulcanização inversa. Esse processo não utiliza solventes, não gera subprodutos tóxicos e segue os princípios da química verde.

"A afinidade dos polissulfetos por metais pesados, especialmente o mercúrio, é o que os torna tão eficazes", explicou o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior. "Os domínios de enxofre atuam como múltiplos pontos de ancoragem, ligando-se seletivamente aos íons tóxicos. Além disso, ao usar uma matriz de sensores e aprendizado de máquina, podemos analisar misturas complexas em amostras do mundo real, como água da torneira, com alta confiabilidade", salienta o pesquisador.

A língua eletrônica funciona de modo semelhante ao paladar humano, combinando diferentes sensores, que interagem de maneira distinta com as amostras líquidas, para criar um “padrão de sabor” característico de cada substância. No experimento, três tipos de polissulfetos foram testados e as medições foram feitas por espectroscopia de impedância, técnica que avalia como o material responde a correntes elétricas em diferentes frequências.

O sistema mostrou alto desempenho mesmo em amostras reais de água da torneira e manteve sua eficiência na presença de outros íons, como chumbo, cobre e zinco — contaminantes comuns em águas poluídas.

Perigos dos metais pesados

Os metais pesados estão entre os poluentes mais perigosos do planeta por não serem biodegradáveis e se acumularem no corpo e no ambiente. Mesmo em pequenas quantidades, podem causar sérios danos à saúde:

*Mercúrio (Hg²⁺): extremamente tóxico, afeta o sistema nervoso central, os rins e o fígado. A exposição prolongada pode provocar problemas neurológicos graves, como tremores, perda de memória e, em casos severos, a doença de Minamata, associada à contaminação por mercúrio em peixes.

*Prata (Ag⁺): embora tenha uso industrial e medicinal, pode se acumular nos tecidos e causar argiria, condição que mancha permanentemente a pele. Em doses altas, é tóxica para células e órgãos vitais.

*Ferro (Fe³⁺): essencial para o organismo, mas em excesso provoca sobrecarga de ferro, levando a hemochromatose, danos hepáticos, alterações cardíacas e até doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer.

Outros metais, como chumbo, cádmio, cobre e cromo, também são altamente tóxicos, podendo causar câncer, anemia, problemas renais e malformações congênitas.

Esses contaminantes podem atingir a água por meio de atividades industriais, mineração, descarte inadequado de resíduos e uso de agrotóxicos.

Tecnologia sustentável a favor do meio ambiente

Além de sua alta precisão, a nova língua eletrônica se destaca por ser simples de fabricar e de baixo custo, o que a torna promissora para uso em monitoramento ambiental e controle da qualidade da água em regiões afetadas por poluição. "O cerne da nossa inovação é o uso de polissulfetos, que são sintetizados num processo simples e sustentável chamado 'vulcanização inversa'", pontua a pesquisadora Dra. Stella do Valle, autora principal do artigo. "Este método transforma o excesso de enxofre do refino de petróleo em materiais funcionais e de alto valor. Estamos dando um novo propósito 'verde' a um resíduo industrial", concluiu.

 O avanço reforça o papel da ciência brasileira na busca por soluções sustentáveis e acessíveis para problemas ambientais complexos, oferecendo uma alternativa eficiente no combate à contaminação por metais pesados.

Além dos pesquisadores Osvaldo Novais de Oliveira Junior e Stella F. Valle, assinam este estudo: Andrey Coatrini Soares (IFSC/USP), Mario Popolin Neto (IFSP/Araraquara), Cauê Ribeiro e Luiz Henrique Capparelli Mattoso (Embrapa Instrumentação).

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Confira no link a seguir o artigo científico original publicado no “Journal of Applied Polymer Science” - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/11/J-of-Applied-Polymer-Sci-2025-Valle-Polysulfides-From-Inverse-Vulcanization-Used-in-Electronic-Tongues-for-Heavy-chu.pdf

SÃO CARLOS/SP - Um estudo conduzido por Mauro Santos, da Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), e José Fernando Fontanari, do Instituto de Física de São Carlos (USP), lança luz sobre um dos temas mais urgentes da biologia contemporânea: a capacidade das espécies de resistirem ao aumento das temperaturas. Publicado no “Journal of Thermal Biology”, o trabalho aponta falhas em análises estatísticas usadas há décadas e propõe um modelo mais preciso para entender quais animais estão realmente em risco diante do aquecimento global.

O foco dos pesquisadores é a hipótese da compensação entre tolerância e plasticidade térmica — a ideia de que espécies altamente tolerantes ao calor têm menos capacidade de se adaptar a temperaturas ainda mais altas. Isso cria uma “armadilha evolutiva”, ou seja, animais que já vivem perto de seu limite fisiológico podem não ter margem para resistir a um clima cada vez mais quente.

Espécies sob pressão térmica ao redor do mundo

Essa vulnerabilidade já é observada em várias regiões do planeta, especialmente nas zonas tropicais e costeiras.

Recifes de coral do Pacífico e do Caribe, por exemplo, têm sofrido com sucessivos episódios de branqueamento devido ao aumento da temperatura da água, levando à morte de colônias inteiras.

Em florestas tropicais da Amazônia e do Sudeste Asiático, anfíbios e insetos sensíveis ao calor enfrentam dificuldades para sobreviver quando pequenas variações de temperatura desorganizam seus ciclos reprodutivos e metabólicos.

Em áreas áridas da Austrália e do norte da África, répteis como lagartos e escorpiões já operam no limite térmico — e estudos mostram que, em dias de calor extremo, eles precisam restringir sua atividade, o que reduz alimentação e reprodução.

Até em ambientes montanhosos da América do Sul e da Europa, espécies adaptadas ao frio, como borboletas alpinas e anfíbios andinos, estão sendo forçadas a subir para altitudes mais elevadas, onde há menos alimento e espaço.

Esses exemplos demonstram que o fenômeno estudado pelos autores — a limitação da capacidade de adaptação térmica — não é apenas teórico, mas já afeta ecossistemas inteiros.

Um novo olhar estatístico sobre o problema

Segundo os pesquisadores, parte das conclusões anteriores sobre o tema pode ter sido distorcida por erros estatísticos. Muitos estudos usaram métodos que criam correlações “espúrias” — associações matemáticas que não refletem uma relação biológica real. Isso levou à falsa impressão de que algumas espécies conseguiriam se ajustar facilmente ao calor.

Para corrigir esse viés, os pesquisadores autores do estudo desenvolveram um novo modelo estatístico capaz de distinguir resultados artificiais de evidências reais de limitação adaptativa. Ao reanalisar dados de experimentos com lagartos tropicais — entre eles o Lampropholis coggeri, da Austrália —, eles mostraram que a hipótese da compensação é válida: espécies que já suportam altas temperaturas têm, de fato, menor capacidade de se aclimatar a novos aumentos térmicos.

Impactos para a conservação

O estudo reforça que erros de interpretação podem comprometer políticas de conservação. Se cientistas subestimam a vulnerabilidade de determinadas espécies, programas de proteção podem falhar. “Sem uma base estatística sólida, corremos o risco de superestimar a resiliência das espécies e subestimar as ameaças reais impostas pelo clima em transformação”, alertam os autores nesse estudo.

Ao oferecer um método mais confiável, o trabalho abre caminho para previsões mais realistas sobre a resposta da biodiversidade ao aquecimento global. Em um momento em que ondas de calor já se tornam mais longas e intensas em todas as regiões do planeta, compreender com precisão os limites térmicos das espécies é essencial para evitar perdas irreversíveis na vida selvagem.

Acesse o artigo científico publicado no “Journal of Thermal Biology”, em - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/11/1-s2.0-S0306456525002050-main-fontanari.pdf

SÃO CARLOS/SP - Gabriel Maia Brito (19), aluno do segundo ano do Curso de Bacharelado em Física do IFSC/USP, orientado pelo Prof. Dr. Lucas Pascotti Valem (ICMC/USP), conquistou no final de setembro último, no “SIBGRAPI-2025”, realizado em Salvador (BA), o prêmio para o “best-paper” da trilha “Main Track”.

O “SIBGRAPI-2025” é um congresso internacional promovido anualmente pelo Grupo de Interesse Especial em Computação Gráfica e Processamento de Imagens (Cegrapi) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), e que inclui a Conferência sobre Gráficos, Padrões e Imagens. Organizado pela Universidade SENAI CIMATEC, esta conferência é realizada em conjunto com outros dois grandes eventos: “SBGames 2025 – Simpósio de Jogos Digitais e Entretenimento Digital”, e “SVR 2025 – Simpósio de Realidade Virtual e Aumentada”.

Gabriel e seu orientador solicitaram à USP uma bolsa do Programa de Novos Docentes para o desenvolvimento de um projeto de GCN AI – uma espécie de IA que faz a classificação de imagens com o uso de grafos -, de forma a que o aluno participasse do evento e pudesse concorrer. Após o desenvolvimento do projeto, o aluno e seu orientador enviaram o artigo para avaliação, tendo o mesmo sido aceito de imediato. Com os apoios do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), o jovem aluno viajou para Salvador e apresentou o seu trabalho de forma oral. “Foi muito bom. Por causa do avanço da tecnologia, onde é utilizada uma quantidade bastante grande de imagens, existe a necessidade de classificá-las, e foi sobre isso que o meu projeto abordou. Por exemplo, se pegarmos em uma flor, o sistema identifica qual a espécie que essa flor pertence. O nosso projeto utiliza um método diferente, que é o método de grafos. Ele consegue, a partir do grafo, pegar as informações do contexto geral da imagem - não só de comparação de duas imagens -, e aí você consegue obter muito mais informação, com melhores resultados”, pontua Gabriel.

O projeto de Gabriel Maia Brito poderá ser aplicado em inúmeras situações, entre elas a biologia e a medicina. “Por exemplo, na área de medicina, podemos identificar na imagem de um pulmão qualquer tipo de doença e fazer uma classificação para obter um diagnóstico, ou apenas para ver se a pessoa tem ou não um pulmão saudável, etc.. Este projeto pode fazer isso tudo, atendendo a que ele utiliza uma base de dados rotulados menor. Sendo uma IA “semi-supervisionada”, o nosso projeto precisa só de 10% de imagens rotuladas, algo que é extremamente eficaz pois demora menos tempo para “ensinar” a máquina e menos custoso financeiramente”, finaliza o aluno.

Gabriel Maia Brito acredita que seu futuro será seguir a área de computação na área acadêmica e científica, mas só com o tempo irá consolidar essa ideia.

(Dom Luiz Carlos Dias)

O tema “fé e ciência” foi abordado no auditório da Cúria Diocesana de São Carlos, repleto de seleta plateia que acorreu ao local para prestigiar e ouvir com atenção o professor Vanderlei Bagnato, filho desta terra, o qual articula de modo harmônico essas duas realidades em seu labor científico, testemunhando que não há incompatibilidade entre elas.

Corrobora essa afirmação o fato de o professor Vanderlei integrar a Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano. Ele foi escolhido para o cargo em 27 de setembro de 2012, quando recebeu uma comunicação que o surpreendeu e alegrou. Como relata, por ter confundido o envelope vindo do Vaticano com alguma propaganda, acabou sabendo de sua nomeação assistindo ao noticiário na televisão, em rede nacional. Até hoje se pergunta sobre o motivo dessa escolha e pelos meios que seu nome chegou à direção da Igreja Católica. Entretanto, as escolhas de Deus têm algo de insondável, mas sempre nos mergulham em seu amor infinito.

Com seu aceite, passou a integrar a academia mais antiga do gênero no mundo, criada em 1603, que já foi presidida por Carlos Chagas entre 1972 e 1988. A Pontifícia Academia das Ciências é composta por alguns dos mais renomados cientistas do mundo, pertencentes a diferentes credos, que nela encontram um ambiente de diálogo aberto, respeito e seriedade. Seus membros são exortados pela Igreja a desenvolver as ciências com a orientação fundamental de beneficiar a humanidade.

Segundo relato do professor Bagnato, atualmente a Academia é composta por cerca de 80 membros, dos quais apenas dois são católicos, e mais de 30 foram contemplados com o Prêmio Nobel, o que atesta sua relevância para o meio científico. Ele ressalta a importância da instituição para a reflexão e o debate de temas que se situam na fronteira entre fé e ciência. Foi a partir de contribuições dessa entidade que o Papa Francisco afirmou que as teorias do Big Bang e da evolução das espécies não são contrárias à fé cristã nem à Sagrada Escritura, encerrando oficialmente, no âmbito da Igreja, duas antigas polêmicas.

Assim, a Academia coopera para coibir obscurantismos e negacionismos que tendem a inquietar o espírito humano. A Igreja reconhece a ciência, quando direcionada ao bem comum, como uma grande fonte de esperança, e sua missão nesse âmbito de promover a harmonia entre o conhecimento científico e a vivência da espiritualidade cristã — como ensinam documentos pontifícios, entre eles a Fides et Ratio de São João Paulo II (1998), que afirma: “A fé e a razão são como duas asas com as quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade..

A integração entre fé e razão, entretanto, tem raízes profundas na tradição cristã. Santo Agostinho já afirmava: “Compreende para crer, crê para compreender”, enquanto Santo Tomás de Aquino defendia que “A graça não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa”

Esses pensadores expressam bem a síntese entre razão e fé que inspirou o florescimento intelectual cristão e a preservação do saber nos mosteiros medievais, responsáveis por guardar e transmitir o conhecimento das eras antigas, evitando sua perda e garantindo o progresso do conhecimento no Ocidente.

A Igreja é chamada a integrar fé e razão porque é “especialista em humanidade”. Ela participa “das alegrias e esperanças, das tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem”. Os Evangelhos testemunham Jesus Cristo encontrando pessoas e libertando-as de situações que atentam contra o projeto de vida em abundância desejado pelo Pai para todos (Cf. Jo 10,10). O caminho da evangelização é, portanto, o caminho da humanidade.

Encerro agradecendo ao professor Vanderlei Bagnato pelas inúmeras contribuições decorrentes de seu empenho sério e ético em suas pesquisas. Desejo-lhe ainda mais êxitos em seus projetos, todos com grande potencial para beneficiar o ser humano, e louvo seu testemunho de fé em uma área onde muitos descartam a presença de Deus e o cultivo da espiritualidade. Por sua trajetória, angariou o respeito da comunidade científica, o reconhecimento e a admiração da sociedade por suas posturas éticas, além de um imenso carinho de sua cidade e da Diocese de São Carlos.

Que Deus o abençoe em seus trabalhos e caminhos, sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima.

SÃO CARLOS/SP - O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) apresentou oficialmente no dia 23 do corrente mês o projeto “PROTEMA”, uma iniciativa que visa construir, dentro do próprio Instituto, um setor exclusivo para a confecção de próteses externas, personalizadas, desenvolvidas a partir de escaneamento 3D, IA e impressão aditiva, para mulheres que foram sujeitas a mastectomia - retirada cirúrgica do(s) seio(s) – na sequência de câncer de mama.

A proposta alia alta precisão e baixo custo para democratizar o acesso a soluções estéticas e funcionais, proporcionando conforto anatômico e aparência natural, fortalecendo a autoestima e a reintegração social de mulheres que optaram ou não puderam realizar a reconstrução cirúrgica após a cirurgia de câncer de mama.

Neste evento de apresentação do “PROTEMA” estiveram presentes o diretor do IFSC/USP, Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, o Chefe do Departamento de Física e Ciência dos Materiais (IFSC/USP), Prof. Dr. Valtencir Zucolotto, o mastologista da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), Dr. João Gilberto Bartolotti, a artista plástica Vilma Kano, fundadora da ONG que leva o seu nome e que desde 2012 se dedica a apoiar e a desenvolver a autoestima de pacientes na rede pública de São Paulo, a Srª Maria Assunção, representando a “ONG - Rede Feminina São-Carlense de Combate ao Câncer”, o Dr. Julino Rodrigues, CEO e cofundador da “Vox e Gov” e, ainda o coordenador do projeto PROTEMA, Prof. Dr. Odemir Martinez Bruno (IFSC/USP).

Esta iniciativa do IFSC/USP busca desenvolver uma solução inovadora para melhorar a qualidade de vida de mulheres na pós-mastectomia, oferecendo este recurso que vai além da reabilitação física, tendo também em atenção o acolhimento emocional, a autoestima e a reinserção social.

Ao unir o conhecimento científico e o avanço tecnológico, o “PROTEMA” reforça o compromisso da saúde contemporânea com uma abordagem personalizada, inclusiva e centrada na paciente, transformando o modo como o cuidado é pensado e oferecido.

Saiba mais sobre o projeto “PROTEMA”, acessando o link - https://www.protema.tec.br/#visao-geral

SÃO CARLOS/SP - Um estudo recente publicado na revista Photochemistry and Photobiology propõe uma estratégia inovadora para combater um dos maiores desafios das unidades de terapia intensiva: as infecções associadas ao uso de tubos endotraqueais. A pesquisa, conduzida por Gabriel Grube dos Santos, Kate Cristina Blanco, Amanda Cristina Zangirolami, Maria Luiza Ferreira Vicente e Vanderlei Salvador Bagnato, pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e da Texas A&M University, demonstra que a terapia fotodinâmica — método que combina luz e uma substância ativadora — pode impedir a formação e a propagação de fungos em dispositivos médicos.

O trabalho foca especialmente na Candida albicans, um fungo que forma biofilmes resistentes sobre materiais hospitalares, como os tubos usados em intubações. Esses biofilmes são colônias organizadas de microrganismos que aderem a superfícies e se tornam quase imunes a antibióticos e antifúngicos, favorecendo complicações respiratórias graves, incluindo a pneumonia associada à ventilação mecânica (VAP).

Para enfrentar o problema, os pesquisadores revestiram tubos endotraqueais com curcumina — composto extraído do açafrão-da-terra, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes — e aplicaram luz azul de 455 nanômetros. O resultado foi impressionante: a combinação reduziu em até 98,3% a formação de biofilmes fúngicos, prevenindo a migração das células para os pulmões. As análises por microscopia confocal mostraram ainda que a luz, ao ativar a curcumina, danificou a matriz extracelular dos fungos, levando à morte e ao desprendimento das células.

A pesquisa sugere que o tratamento periódico com luz — aplicado em intervalos de quatro horas — é especialmente eficaz para impedir que os fungos atinjam o estágio maduro dos biofilmes, quando se tornam mais resistentes. Além disso, o estudo destaca que a curcumina pode exercer efeito protetor mesmo antes da irradiação, dificultando a adesão inicial dos microrganismos à superfície dos tubos.

Os resultados abrem caminho para o desenvolvimento de dispositivos médicos “inteligentes”, capazes de combater infecções de forma contínua e sem o uso de antibióticos, o que ajudaria a reduzir a resistência microbiana e os custos hospitalares. Segundo os autores, o próximo passo será testar a durabilidade do método e sua aplicação em ambientes clínicos reais.

A descoberta representa um avanço significativo na interface entre física, engenharia biomédica e medicina, mostrando que a luz — aliada à ciência dos materiais e a compostos naturais — pode se tornar uma poderosa ferramenta na prevenção de infecções hospitalares.

O estudo “Photodynamic therapy as a potential approach for preventing fungal spread associated with the use of endotracheal tubes” foi financiado pela FAPESP e CAPES, com apoio do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF), alocado no IFSC/USP.

Confira o estudo em - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/10/Photochem-Photobiology-2024-Santos-Photodynamic-therapy-as-a-potential-approach-for-preventing-fungal-spread-KATE.pdf

IBATÉ/SP - Os alunos da Escola Vera Trinta Pulcinelli participaram de uma visita guiada à Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, em uma atividade voltada ao incentivo à ciência e à aproximação de crianças e jovens do ambiente acadêmico.

A visita foi organizada pela Secretaria de Educação e a proposta faz parte de ações que visam despertar a curiosidade científica, estimular o pensamento crítico e mostrar a importância da ciência no cotidiano, promovendo uma vivência prática e inspiradora para os estudantes.

Durante a visita, os alunos percorreram o campus da USP e participaram de experimentos nos laboratórios do Instituto de Química de São Carlos.
As atividades foram acompanhadas por graduandos e pesquisadores, que conduziram também uma roda de conversa sobre ciência e a rotina de um cientista, proporcionando um diálogo acessível e motivador.

De acordo com os organizadores, iniciativas como essa fortalecem o interesse dos estudantes por trajetórias acadêmicas e profissionais nas áreas científicas, além de contribuir para a formação de uma geração mais crítica e engajada com o conhecimento e a inovação.

A secretária municipal de Educação, Rosângela Oliveira (Nova), destacou a importância da atividade para o desenvolvimento dos alunos. “Proporcionar esse contato direto com o ambiente universitário é uma forma de mostrar às nossas crianças e jovens que a ciência está ao alcance de todos”, afirmou.

IFSC/USP abriu as portas de seus laboratórios à sociedade são-carlense

 

SÃO CARLOS/SP - A terceira edição da iniciativa “Casa Aberta IFSC/USP – A ciência ao alcance da sociedade”, traduzida em um convite feito para que a sociedade visitasse os laboratórios de Física Moderna do Instituto de Física de São Carlos nos dias 06 e 09 de outubro do corrente ano, teve como resultado um êxito bastante grande, com muito público interessado em ver os mais diversos experimentos e dialogar com técnicos, alunos e cientistas, principalmente com a presença de jovens alunos do ensino médio

Muitos quiseram saber como é a vida de um cientista e o que se faz num laboratório de Física Moderna para observar os principais experimentos que desvendaram o mundo atômico e levaram à criação da Física Quântica; experimentos esses que mostram o comportamento dos átomos, elétrons, das partículas de luz – chamadas fótons – e o laser, entre muitos outros. Tudo isto nas comemorações que estão acontecendo durante o “Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica”, assinalado em 2025 sob a égide da UNESCO.

Alunos e professores entusiasmados

Alunos do ensino médio da E.E Professora Maria Ramos, de São Carlos, estiveram presentes no primeiro dia do evento e Francisco de Lima Paschoalino, aluno do 2º ano, considerou que não existem muitas oportunidades para conhecer e observar experimentos. “Acho que está sendo uma boa oportunidade para os alunos conhecerem a Universidade de São Paulo e talvez, também, até encontrarem um interesse maior pela Física, sendo que a área de Física Nuclear é a que mais me interessa, já pretendo seguir essa carreira”, sublinhou o jovem.

Nícolas de Lima Tanan, é também aluno do 2º ano na mesma escola e considerou um evento muito interessante, já, segundo ele, é algo que se vê e por isso se torna atrativo. “A gente consegue ver muitas coisas e não ficamos só na teoria, mas mergulhamos um pouco na prática. Eu diria que o que mais me chamou a atenção foi a Física Nuclear; muito interessante”, pontuou o jovem aluno.

Para a aluna do 2º ano, Pietra Gonçalves de Oliveira, também aluna do 2º na E.E Maria Ramos, a visita aos laboratórios foi bastante interessante. “Como estamos no ensino médio, ainda mais no segundo ano, esta visita traz uma oportunidade para conhecermos o Instituto de Física. Aqui vemos experimentos que a gente não costuma ver na escola e que acrescenta muito à matéria que acabamos vendo no ensino médio. Muito interessante, também, o que o pessoal faz aqui no Instituto”, pontua a jovem, acrescentando que a iniciativa abre mais uma janela para que possa interpretar melhor os conceitos da física que, de forma teórica, se aprendem em sala de aula. “O que mais me chamou a atenção foi a diversidade de tudo o que existe aqui. Os materiais são muito elaborados, bem planejados, achei bem legal”, concluiu a jovem

Coube ao professor Fabrício Hender Inoue, docente da E.E. Maria Ramos, acompanhar os alunos nesta visita ao IFSC/USP, algo que para ele representa a oferta de uma visão muito importante para os alunos conhecerem como realmente acontece a produção científica, a questão laboratorial. “Importante para eles observarem as pessoas que aqui trabalham, colocando a mão na massa, vamos dizer assim, na Física, transmitindo a eles a ideia que essa área do conhecimento não é somente aquilo que é a parte teórica, os exercícios, as questões e as equações. Eles precisam ver que aqui faz-se ciência, que eles têm aqui a parte laboratorial e que podem observar como são feitos os estudos, a verificação de alguns conceitos, de algumas teorias, o desenvolvimento da tecnologia”, sublinha o Prof. Inoue.

Para o docente, é fundamental aliar a teoria à prática, de forma a que os alunos possam ver como essa sinergia funciona. “A maior parte das vezes os jovens estão dentro da sala de aula, observando a parte teórica, as equações e tudo mais, e não conseguem contextualizar onde tudo isso é utilizado. Então, fazendo essa ligação com a prática, eles conseguem visualizar a contextualização e como que é produzida a ciência, de fato”.

Outra particularidade assinalada pelo Prof. Inoue é o fato dos alunos poderem observar a universidade e como o trabalho que é feito dentro dela é sério. “Então, despertar nos alunos esse olhar mais científico, de olhar o fato de que tudo o que os cientistas fazem aqui, em qualquer momento, tem um porquê. Por que essas coisas acontecem? Como é que a gente vai chegar nisso? Você tem um problema, você tem uma situação e você quer descobrir como chegar lá, como o cientista desvenda esses desafios. Então o aluno descobre que realmente a Universidade é bacana. Alguns podem pensar que “a universidade não é pra mim”. Mas, de repente, quando observam que aqui, na cidade de São Carlos e no IFSC/USP, onde se fazem grandes trabalhos, principalmente nessa parte dos laboratórios de física, eles começam a falar que a física é legal”, complementa o docente

Leandro de Oliveira, técnico dos Laboratórios de Ensino (LEF) do IFSC/USP e um dos colaboradores mais importantes desta iniciativa, sente um prazer em participar desse evento, dada a importância que é de abrir as portas à comunidade, dando a conhecer um Instituto que é bancado pelos próprios cidadãos através de seus impostos. “É importante as pessoas conhecerem e terem esse contato com a Universidade, quebrando um tabú que ainda persiste: de fato, não é impossível entrar na melhor Universidade da América Latina. “É muito gratificante, a gente tem filhos da idade deles e, como pais torcemos muito para que eles entrem numa universidade de ponta, como é a USP. Então, eu imagino a mesma coisa, os pais dessas crianças, desses adolescentes, estão na torcida para que seus filhos entrem, nesse mundo, e nós fazemos parte desse processo e deste evento “Casa Aberta”. É uma honra muito gratificante”, sublinha Leandro de Oliveira.

A participação dos pais e encarregados de educação

Principalmente no segundo dia deste evento (09/10), a participação dos pais, acompanhando seus filhos, foi o grande destaque. Cristiano Ferrari, operador de máquina de usinagem, acompanhou sua filha nesta visita, salientando que era uma iniciativa importante. “Estes jovens estão no início da carreira estudantil e é importante que tenham um verdadeiro conhecimento do que é a Universidade, algo que talvez possa servir de incentivo para eles”, pontua Cristiano, que destacou que o que mais chamou a atenção dele foi a disposição que o Instituto de Física de São Carlos mostrou para levar essa iniciativa até os jovens estudantes. “Eu conheço um pouco a Universidade e não são todos os departamentos que fazem isto, e o Instituto tem uma tradição de fazer este tipo de eventos já há muitos anos. E, agora que minha filha está na idade de começar a decidir alguma coisa, estou aproveitando para ela poder conhecer e participar. E, é um momento muito especial, com toda certeza, porque é o despertar também do próprio aluno para uma profissão; e não só do próprio aluno, como também do munícipe, que sequer imagina o que o Instituto de Física de São Carlos hoje produz em termos de ciência e tecnologia”.

Gustavo Ass Netto, engenheiro de produção, acompanhou seus filhos Miguel e Tomás na visita e não escondeu a sua satisfação. “Eu acho excelente, porque a gente já vai fomentando nos jovens, nas crianças, esse desenvolvimento intelectual para vermos o que elas querem para o seu futuro, o que elas vão desenvolver dentro da sociedade; não só para si mesmas, não só para terem uma profissão e um ganho próprio, mas também para contribuírem para o desenvolvimento da sociedade e das próximas gerações. O que assisti aqui é uma forma inteligente de juntar a teoria com a prática, que, no meu ver, é a melhor forma de conhecimento. Então, nisso, o jovem vai se desenvolvendo, vai melhorando, como eu disse, ele vai chegar no mercado de trabalho já tendo uma visão ampla daquilo que ele quer ser perante a sociedade. Meus filhos adoraram!”

Missão cumprida

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Sebastião Pratavieira, que coordenou a iniciativa junto com outros professores, o evento foi um grande sucesso, já que a população atendeu o convite do IFSC/USP, cruzou as portas dos laboratórios para conhecer as pesquisas que são feitas no Instituto e os alunos que trabalham nos laboratórios. “Esta é uma atividade que não utiliza um professor, um pesquisador já formado para conversar com a população…São os nossos alunos, aqui da graduação, que estão começando a praticar, a explicar ciência. Então, são dois motivos importantes para os nossos alunos aprenderem já a transmitir esse conhecimento, principalmente neste evento com tanta gente presente – de crianças com idades entre os cinco e seis anos, até senhores com mais setenta anos”, destaca o pesquisador.

“Eu agradeço as escolas, tanto a Maria Ramos quanto a Marivaldo Degan, aqui de São Carlos, que vieram, atendendo o nosso convite e a gente fica muito feliz com esse evento. Sentimos que nossa missão está cumprida ao ver a população aderindo a esta iniciativa, pessoas das mais variadas profissões, com vários níveis de escolaridade, muitos alunos, algo que nos entusiasma a seguir em frente, até porque estamos só na terceira edição da “Casa Aberta IFSC/USP – A ciência ao alcance da sociedade”. Também agradeço a equipe de jornalismo e diretoria do IFSC/USP; a equipe do LEF, a prefeitura campus USP São Carlos, nossos alunos da disciplina de Lab. Avançado de Física e todo público que compareceu.”conclui o docente.

Atendendo ao sucesso alcançado, tudo indica que esta iniciativa possa ocorrer com mais frequência.

Quem participou na “Casa Aberta IFSC/USP – A ciência ao alcance da sociedade” se mostrou bastante interessada nos conceitos que foram transmitidos pelos alunos de graduação do Instituto, principalmente os alunos das escolas públicas, que através dessa experiência certamente se sentiram motivados a prosseguir seus estudo rumo à Universidade.

Confira alguns vídeos e fotos do evento:

https://www.ifsc.usp.br/lavfis/casaaberta_out_2025/

https://www.youtube.com/watch?v=9wwPdFFAdGc

SÃO CARLOS/SP - O Teatro Virtual de Imersão, com inauguração marcada para o dia 10 de outubro, com a presença do Reitor da USP, Prof. Carlos Gilberto Carlotti Junior e da Vice-Reitora, Profª Maria Arminda do Nascimento Arruda, dentre diversas outras autoridades, corresponde a um anseio de mais de uma década do Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP (CDCC) que ora se concretiza e que contou com o apoio de todas as unidades do campus e, em especial, com o valioso auxílio do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

O Teatro Virtual de Imersão é uma sala de projeção especial, cujo conteúdo a ser exibido não é projetado numa tela plana - como em uma sala de cinema comum -, mas em uma superfície semiesférica - um domo - que proporciona à plateia uma sensação de imersão no conteúdo mostrado. 

Quando o Teatro Virtual é usado com conteúdo astronômico, ele é mais conhecido como planetário, equipamento de divulgação científica utilizado em todo o mundo e que completou cem anos em 2025. Os planetários inicialmente exibiam apenas o céu noturno, com os movimentos característicos da Esfera Celeste, com a inserção de planetas com seus movimentos e brilhos característicos. Com a tecnologia associada à era digital, o planetário foi além da Astronomia e pode exibir conteúdos das mais diversas áreas do conhecimento.

Sendo um anexo do Observatório Dietrich Schiel, do setor de Astronomia do CDCC, na Área-1 do Campus USP de São Carlos, a ênfase será, claro, na Astronomia. 

No entanto, desde o projeto inicial, esse equipamento foi pensado como "multiusuário", o que significa que se pode pensá-lo como um instrumento do Campus ou mesmo de outros campi e até de universidades parceiras, para ser usado das mais diversas formas: desde o auxílio pedagógico em uma aula que necessite de visualização em três dimensões, passando por uma simulação de um resultado de pesquisa avançada, ou mesmo fazer uma apresentação artística tendo como fundo um céu estrelado ou com temática "espacial".

O Teatro Virtual de Imersão conta com um projetor cuja luminosidade atinge 10 mil lumens e tem resolução de 4k. A projeção se dá em uma tela inflável de forma côncava e semiesférica com 10 metros de diâmetro. Possui 44 poltronas com reclinações variadas, dispostas em arcos com fileiras: as que ficam à frente reclinam mais do que aquelas que se localizam nas fileiras de trás. A disposição das poltronas segue o modelo moderno, ou seja, não ficam voltadas para o centro da sala. O patamar onde ficam as poltronas é elevado, de forma a termos o horizonte da projeção próximo do público, o que proporciona maior sensação de imersão. A plateia dispõe de uma poltrona para pessoas obesas e pode receber até dois cadeirantes por sessão. O equipamento de projeção se alia a um sistema de som 5.1 para permitir que a imersão seja, também, sonora. 

O Observatório Dietrich Schiel aguarda, a partir do próximo dia 10 de outubro, o início das atividades do Teatro Virtual, quando passará a oferecer sessões de cúpula para o público escolar durante a semana e para o público espontâneo aos finais de semana. Será uma continuidade e uma ampliação das atividades que o Observatório vem conduzindo nesses quase quarenta anos de existência. 

Em 2026, serão comemorados os 40 anos da fundação do Observatório, pelo que o Teatro Virtual/Planetário vem como um presente de aniversário e uma oportunidade para que o CDCC/Observatório continue a oferecer uma opção de lazer e de divulgação científica de qualidade à comunidade local.

SÃO CARLOS/SP - Você já parou para pensar de onde vem a energia que acende a luz da sua casa, carrega o celular ou movimenta o motor de um carro? Tudo isso é possível graças a um fenômeno descoberto no século XIX por Michael Faraday: a chamada Lei de Faraday, que explica como o movimento de campos magnéticos pode gerar eletricidade.

Embora seja a base de tecnologias essenciais, como geradores, motores, transformadores, carregadores sem fio e até fogões de indução, essa lei costuma ser difícil de entender em sala de aula. Afinal, como visualizar algo que não podemos ver a olho nu, como o campo magnético ou a corrente elétrica?

Foi pensando nisso que pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) desenvolveram uma solução criativa e acessível: um aparelho simples, baseado em um pequeno chip chamado ESP32, capaz de mostrar em tempo real como a eletricidade nasce a partir da variação de um campo magnético.

A ciência na tela do computador

No experimento, os alunos acompanham os dados diretamente no Excel, um programa usado no dia a dia de muitas escolas e até mesmo em casa. À medida que o teste acontece, surgem gráficos que mostram como uma bobina (um enrolado de fio condutor) influencia a outra. Assim, fica claro: quando a corrente elétrica de uma bobina muda, o campo magnético também muda — e isso faz com que apareça eletricidade na segunda bobina.

De forma simples, os estudantes podem “ver a lei de Faraday em ação”, algo que antes ficava restrito a fórmulas no quadro e explicações abstratas.

Para os alunos mais novos, essa proposta tem um efeito imediato: desperta curiosidade e motivação. Ao verem a ciência acontecendo diante dos olhos, muitos passam a se interessar mais por física e tecnologia. Isso ajuda a combater a ideia de que essas matérias são difíceis ou inacessíveis.

Além disso, a experiência incentiva a aprendizagem ativa. Em vez de apenas decorar fórmulas, os jovens participam do processo, testam hipóteses, analisam resultados e entendem como a teoria se conecta ao mundo real. Esse tipo de aprendizado fortalece o raciocínio lógico, a criatividade e até a capacidade de resolver problemas no dia a dia.

Benefícios também para as escolas

Para as escolas, o experimento traz vantagens práticas. O sistema é barato, portátil e fácil de implementar, não exige laboratórios sofisticados nem equipamentos caros. Assim, instituições com menos recursos também podem oferecer aos alunos atividades experimentais de qualidade.

Outro ponto positivo é a integração com diferentes disciplinas. Professores de física, matemática e até tecnologia da informação podem usar o mesmo recurso para trabalhar conceitos de forma conjunta, dentro da proposta de ensino conhecida como STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Com isso, as escolas conseguem enriquecer suas aulas, modernizar o ensino e preparar melhor os estudantes para os desafios do futuro, incentivando vocações científicas e tecnológicas desde cedo.

Para os professores, a maior conquista está em transformar um conteúdo considerado complicado em algo palpável e intuitivo. Ao invés de apenas decorar conceitos, os alunos interagem com o fenômeno, enxergam os resultados na tela e entendem, de maneira prática, por que a eletricidade funciona daquele jeito.

O projeto, apoiado por agências como CAPES, FAPESP e CNPq, mostra que não é preciso equipamentos caros ou complexos para despertar o interesse dos jovens pela ciência. Com criatividade e ferramentas acessíveis, é possível transformar a forma de ensinar, aproximando a física do cotidiano e ajudando a formar uma nova geração de alunos mais curiosos, críticos e preparados para o mundo.

Assinam este artigo, publicado na revista científica internacional “Physics Education”: Bruno Trebbi, Jéssica F. M. dos Santos, Antenor Petrilli e Luiz Antonio de Oliveira Nunes.

 

Confira o artigo científico relativo a este estudo no link a seguir - https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1361-6552/ae03fe

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