SÃO CARLOS/SP - O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) está iniciando uma chamada de pacientes – crianças e adolescentes com idades entre os 5 até 17 anos -, para tratamento de infecções de garganta repetitivas/recorrentes – amigdalites -, inserida em um projeto de pesquisa iniciado anteriormente com grupos de adultos portadores das mesmas condições.
O tratamento é bastante simples. Tendo em consideração que os pacientes deverão apresentar amigdalites crônicas ou recorrentes (infecção ou inflamação), o tratamento dura apenas três minutos, em uma única vez, conforme explica a pesquisadora do IFSC/USP, Drª Fernanda Carbinatto. “Vamos dar uma balinha de curcumina, que é o fotossensibilizador, para a criança chupar, e a seguir a garganta é iluminada por uma luz durante três minutos, sendo que ao longo de um mês faremos o devido acompanhamento”.
Esse projeto é coordenado pelo Prof. Dr. Vanderlei Bagnato, com colaboração das professoras, Dras. Esther Ferreira e Dra. Cristina Bruno, do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), contando-se também com a parceria da médica pediatra e pneumologista, Drª Renata Bagnato.
Isabela Santiago, pesquisadora, é enfermeira e mestranda no Programa da Biotecnologia da UFSCar. “Para participar deste tratamento, as crianças e adolescentes têm que ter já a amigdalite instalada ou uma dor de garganta vigente. É um tratamento para melhorar os sintomas da dor já instalada, para combater a inflamação e interromper a recorrência desses sintomas, que aparecem mais nas crianças e adolescentes”, sublinha a pesquisadora.
Importante salientar que as pesquisadoras conseguiram observar, em estudos anteriores, que a aplicação deste tratamento reduziu em até 80% os casos de remoção de amígdalas. Ou seja, aqueles pacientes que tinham amigdalite recorrente e que fizeram o tratamento, a recorrência diminuiu substancialmente, o que evitou a realização de cirurgia (amigdalectomia).
Segundo a Drª Fernanda Carbinatto, este tratamento não exclui, em hipótese alguma, a intervenção médica. “Se o médico prescrever um antibiótico, podemos sempre associar este tratamento, ou seja, ele não é incompatível com a administração de antibióticos, é um tratamento adicional”, enfatiza a pesquisadora.
A inscrição de pacientes inicia-se no próximo dia 19 deste mês de agosto, pelo telefone da Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) localizada na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) - (16) 3509-1351 – sendo que os tratamentos serão realizados no NAPID, em São Carlos, muito próximo à Estação Ferroviária.
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores da Universidade de Lausanne, na Suíça, em colaboração com cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), acabam de identificar um composto com potencial para se transformar no primeiro medicamento eficaz contra diversos vírus transmitidos por mosquitos e carrapatos — entre eles, os que causam dengue, zika, febre amarela e encefalite japonesa. A pesquisa foi publicada na revista científica internacional “Antiviral Research”.
O composto, chamado MMV1791425, foi testado em laboratório e demonstrou ser capaz de impedir a multiplicação desses vírus em diferentes tipos de células, inclusive em células humanas e de mosquitos. Além disso, a substância agiu com eficiência mesmo quando a infecção viral era intensa, o que é um fator essencial para o tratamento de doenças já em estágio avançado.
A preocupação com os chamados flavivírus, que incluem dengue, zika e febre amarela, é crescente. Essas doenças atingem milhões de pessoas todos os anos e, em muitos casos, podem causar complicações graves ou até levar à morte. Segundo a Organização Mundial da Saúde, só a febre amarela mata entre 29 mil e 60 mil pessoas por ano, somente na África.
O cenário se torna ainda mais preocupante com o avanço do aquecimento global, que tem ampliado a área de circulação dos mosquitos transmissores — como o Aedes aegypti — para regiões antes consideradas seguras, incluindo países europeus.
Apesar disso, ainda não existe nenhum remédio específico aprovado para tratar essas infecções. As opções disponíveis são basicamente de suporte, para aliviar sintomas como febre e dores no corpo, mas não combatem o vírus em si.
Diante da urgência, os cientistas adotaram uma estratégia que tem ganhado força: reaproveitar compostos que já foram estudados para outras doenças, como a malária. Isso acelera o processo, já que boa parte dos testes de segurança já foi feita.
Foi assim que chegaram ao MMV1791425, uma substância inicialmente pesquisada para combater o parasita da malária. Ao testá-la contra vírus como dengue e zika, os pesquisadores perceberam que ela bloqueava uma etapa crucial da infecção: a multiplicação do vírus dentro das células.
O mais interessante é que esse efeito se manteve mesmo em diferentes tipos de células, em várias espécies de vírus e até em células de mosquitos — o que abre a possibilidade, no futuro, de reduzir a transmissão diretamente nos vetores.
Segundo os pesquisadores, o composto MMV1791425 atua de forma distinta de outros medicamentos antivirais que vêm sendo estudados, já que em vez de bloquear uma enzima específica, ele interfere na interação entre duas proteínas do vírus que são fundamentais para que ele consiga se reproduzir.
Essa forma inovadora de ação também dificultaria o surgimento de vírus resistentes ao tratamento — um dos principais desafios enfrentados atualmente na área de antivirais.
Apesar dos resultados promissores, o composto ainda precisa passar por melhorias químicas para que possa ser utilizado em medicamentos. Além disso, são necessários testes em animais e, mais tarde, em humanos, para confirmar sua eficácia e segurança.
Mesmo assim, a descoberta é considerada um avanço importante. “Este composto pode ser a base para o desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos antivirais, com potencial de combater várias doenças ao mesmo tempo”, explica Valeria Cagno, uma das autoras do estudo.
O trabalho contou com a colaboração de instituições internacionais, incluindo a organização MMV (Medicines for Malaria Venture), da Suíça, e o Instituto de Física de Física São Carlos (IFSC/USP), onde parte dos experimentos foi conduzida. Desenvolvendo sua atividade como cientista no AI-driven Structure-enabled Antiviral Platform (ASAP), um dos centros NIH Antiviral Drug Discovery (AViDD) U19, e ainda como consultor para as organizações Medicines for Malaria Venture (MMV) e Drugs for Neglected Diseases Initiative (DNDi), o Dr. Andre Schutzer Godoy, um dos autores da pesquisa realizada nos laboratórios do IFSC/USP, considera que “Esse trabalho é um importante primeiro passo para identificação de medicamentos específicos contra arboviroses endêmicas das regiões tropicais”.
Em um mundo onde surtos de dengue e zika se tornam cada vez mais frequentes e preocupantes, a descoberta abre uma nova esperança para milhões de pessoas — especialmente nas regiões tropicais, como o Brasil, onde essas doenças são um problema de saúde pública.
Confira no link o artigo publicado - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/08/FLAVIVIRUS.pdf
SÃO CARLOS/SP - O Instituto de Física de São Carlos USP sediará um dos centros Temáticos apoiados pela FINEP, através da chamada pública MCTI / FINEP / FNDCT / Centros Temáticos 2023), instituído no corrente ano, com financiamento inicial de cerca de 12 milhões de reais e vigência até 2028. Sob coordenação do prof. Valtencir Zucolotto, o “Centro Nacional de Inovação em Nanotecnologia Aplicada ao Diagnóstico e Terapia do Câncer e Doenças Raras” surge através do trabalho e dos resultados obtidos no Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano-IFSC/USP), fundado em 2012. Participam do centro também os professores Osvaldo Novais de Oliveira Jr e Cleber Mendonça, dos grupos de Polímeros “Prof. Bernhard Gross” e do grupo de Fotônica/IFSC, respectivamente.
O novo Centro Temático FINEP tem como objetivo o desenvolvimento de novos sistemas de diagnóstico e de Terapias Avançadas utilizando Nanomedicina para aplicação em Câncer (especialmente em Glioblastoma e de pulmão) e doenças raras, incluindo a Atrofia Muscular Espinhal, AME. Na temática do câncer, em particular, os trabalhos baseiam-se na aplicação de novas nanopartículas desenvolvidas nos últimos anos pelo grupo GNano/USP, capazes de entregar fármacos antitumorais específicos e com alta especificidade, graças ao uso de sistemas biomiméticos - https://doi.org/10.1021/acsami.4c16837 .
O centro será mantido pelo IFSC/USP, com corpo docente e discente altamente integrado em atividades de pesquisa e extensão, incluindo colaborações externas, como pesquisadores do Hospital de Amor (Barretos), da FMUSP e ICESP (através da iniciativa C2PO/ICESP/USP), em São Paulo, bem como diversas instituições internacionais.
O uso da nanomedicina em doenças raras representa um novo paradigma terapêutico, especialmente para pacientes que até então tinham poucas ou nenhuma opção de tratamento. O Centro Nacional de Inovação em Nanotecnologia aplicada ao diagnóstico e terapia do câncer e doenças raras irá contribuir significativamente ao propor soluções de alta tecnologia, com segurança, personalização e potencial de escalar essas terapias futuramente para a prática clínica.
Dentre os objetivos do centro estão três áreas que se deve ter em consideração. A primeira, relacionada com nanomedicina teranóstica, cujo foco é desenvolver nanopartículas que unam diagnóstico e terapia, detectando tumores e, simultaneamente, eliminando células doentes. A segunda vertente são as nanovacinas e a imunoterapia, criando formulações de nanovacinas personalizadas, que “ensinam” o sistema imune a reconhecer e atacar células tumorais, particularmente em câncer e doenças raras. Por último, a nanotoxicologia, com a análise dos riscos e dos impactos das nanopartículas no organismo e meio ambiente, garantindo segurança nas aplicações clínicas.
Inúmeros projetos financiados pela FAPESP, dentre outras agências, justificam a importância da criação deste Centro em termos de inovação clínica e biotecnológica, motivo pelo qual em 2024 o GNano recebeu um dos prêmios “Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica”, pela tecnologia de nanomedicina desenvolvida para administração de medicamentos via nasal no tratamento do glioblastoma
Em resumo, o Centro Nacional de Inovação em Nanotecnologia aplicada ao diagnóstico e terapia do câncer e doenças raras representa uma força transformadora na luta contra o câncer e doenças raras, usando nanotecnologia avançada para criar soluções teranósticas, seguras e personalizadas, com impacto direto na medicina de precisão e inovação clínica no Brasil.
SÃO PAULO/SP - A produção de uma vacina contra o vírus zika avançou mais uma etapa: pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical (IMT), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo concluíram os testes em camundongos, em laboratório, e as respostas foram consideradas satisfatórias, com um imunizante seguro e eficiente.
Os testes foram realizados em camundongos geneticamente modificados – mais suscetíveis ao vírus zika –, e mostraram que a vacina induziu à produção de anticorpos que neutralizaram o vírus. O imunizante também não permitiu que a infecção prosperasse, levando a sintomas e lesões.
Os pesquisadores investigaram ainda os efeitos da infecção pelo vírus zika em diversos órgãos de camundongos, como rins, fígado, ovários, cérebro e testículos, com sucesso principalmente nos dois últimos.
O imunizante usa plataforma do tipo “partículas semelhantes ao vírus” (VLPs, da sigla em inglês de virus-like particles), uma opção em outros imunizantes, como aqueles para Hepatite B e para HPV. Com este tipo de produção a formulação dispensa substâncias que potencializem resposta imune, os adjuvantes.
A equipe também adotou uma estratégia de produção com biotecnologia, usando sistemas procarióticos, no caso bactérias, que permitem produção alta, embora demandem atenção com antitoxinas bacterianas.
A estratégia já havia sido usada pelo grupo na produção de uma vacina contra a covid-19.
Gustavo Cabral de Miranda, o médico que lidera o grupo de pesquisadores, esteve em Oxford entre 2014 e 2017 e participou da plataforma de desenvolvimento realizada pelo Instituto Jenner. Deste grupo saiu a base da tecnologia adaptada com a empresa AstraZeneca, um dos primeiros imunizantes ocidentais utilizados na pandemia de 2020.
"Lá estudamos o ChAdOx1 (um adenovírus de Chimpanzés alterado em laboratório) para aplicações em malária, zika, chikungunya, entre outras. E isso gerou tanto conhecimento da capacidade da tecnologia que, quando surgiu a pandemia, surgiu um financiamento muito grande e a tecnologia avançou de maneira muito rápida em direção às aplicações práticas", contou Miranda à Agência Brasil.
Ele explica que a tecnologia costuma ser dividida, basicamente, em dois componentes: a partícula carreadora (VLP), aquela que "chama a atenção" do sistema imune e é reconhecida por ele como um vírus, e o antígeno viral, responsável por estimular o sistema imune a produzir anticorpos específicos, que por sua vez impedirão a entrada do patógeno nas células.
A estrutura usada foi o antígeno EDIII, uma parte da proteína do envelope do vírus zika cuja função é se conectar a um receptor nas células humanas.
O grupo busca financiamento para as próximas fases de pesquisa, envolvendo populações humanas. Como isto envolve milhões de reais, é um processo demorado.
Enquanto isso, testam outras soluções, como vacinas de RNA mensageiro, além de diferentes estratégias heterólogas e homólogas de imunização. As pesquisas, até o momento, tiveram financiamento da agência estadual de pesquisas, a Fapesp.
"Toda e qualquer produção vacina é um processo não tão simples. Para montar uma planta, como a gente diz na ciência, montar uma fábrica de produção de vacina, sempre vai haver essa necessidade de buscar mudanças. Hoje o mais comum são fábricas de vacinas tradicionais. Então, naturalmente, o que tem mais chance de avançar são pesquisas com vacinas tradicionais", explica Miranda.
O pesquisador explica ainda que a tecnologia vem avançando. Segundo Miranda, fábricas capazes de trabalhar com outras plataformas de imunizantes abrem um leque enorme, em termos de tecnologia e de capacidade de resposta rápida, como ocorreu com a pandemia de Covid-19.
"Eu citei a vacina de adenovírus, enfim, esse é o nosso objetivo principal. O que desenvolvo é parte do processo tecnológico para que a gente possa ter condições de produzir as nossas vacinas aqui no Brasil. Se não for agora ou daqui a dez anos, mas que a gente precisa ter essa continuidade, seja curto, médio ou longo prazo."
AGÊNCIA BRASIL
SÃO CARLOS/SP - O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (GO-IFSC/USP) está iniciando uma chamada de pacientes diabéticos (Tipo-2) para um projeto de tratamento com ILIB (Intravascular Laser Radiation of Blood), ou seja, irradiação de laser de modo intravascular com o objetivo de atingir o sangue – processo não invasivo.
A aplicação é feita através de um fixador extracorpóreo que direciona a radiação de um laser com luz vermelha para a artéria radial, tendo como objetivo controlar mais acentuadamente o diabetes Tipo-2 e, com isso, melhorar a imunidade, a qualidade do sono e o controle da pressão arterial, combater doenças respiratórias, inflamatórias e doenças que causam alterações cardiovasculares, prevenir o envelhecimento intrínseco do corpo humano, protegendo o núcleo das células onde se encontra o DNA.
Esta chamada é dirigida a pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, com diabetes controlado, não sendo permitida a inclusão de pacientes com histórico oncológico, feridas abertas, fraturas, hematomas, infecções e amputados ou com deficiência bilateral dos membros inferiores.
Este tratamento experimental será executado pela pesquisadora do IFSC/USP, Kellen Gussi, sob a supervisão do docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, e com a coordenação do pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior. “A ILIB já é uma técnica muito antiga, feita através de punção na artéria radial, sendo que atualmente essa técnica é feita de forma indolor. Este projeto de pesquisa irá utilizar um equipamento desenvolvido no IFSC/USP, tendo em consideração que só poderão se inscrever pacientes que tenham seu diabetes perfeitamente controlado, sublinhando que todos eles deverão continuar a administração de insulina – se for o caso – e a sua medicação, atendendo a que este tratamento complementar não as substitui. Sublinhe-se que esta técnica de ILIB deverá melhorar a qualidade de vida dos pacientes Os pacientes que vivem com diabetes descontrolado, com valores de 300, 400 ou 500, deverão obrigatoriamente ser monitorados pelos médicos”, sublinha Kellen Gussi.
Este projeto de pesquisa acolherá até 80 pacientes, compreendendo dez sessões com a duração aproximada de 15 minutos cada uma, duas vezes por semana.
Os interessados em fazer parte desta pesquisa deverão contatar a Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) através do telefone (16) 3509-1351.)
SÃO PAULO/SP - Os interessados nos concursos públicos para o preenchimento de vagas nas Unidades de Ensino ou Órgãos de Administração da Universidade de São Paulo, na capital ou no interior, têm até as 12 horas do dia 8 de julho para fazer a inscrição exclusivamente pelo site da FUVEST
Estão disponíveis nos níveis superior, médio e fundamental, em diferentes especialidades, vagas de: Agente de Vigilância, Auxiliar de Manutenção, Educador, Enfermeiro, Engenheiro, Especialista em Laboratório, Médico Veterinário, Orientador de Arte Dramática, Técnico de Enfermagem, Técnico de Laboratório, Técnico de Manutenção de Obras e Terapeuta Ocupacional.
O valor da taxa de inscrição varia entre R$ 110,00 (cento e dez reais) e R$ 230,00 (duzentos e trinta reais), conforme critérios estabelecidos em edital. As funções serão exercidas sob regime de CLT com carga horária, horário de trabalho e remuneração de acordo com a vaga.
Mais informações sobre os concursos podem ser acessadas no próprio site da FUVEST, na aba Concursos.
SÃO CARLOS/SP - A última edição da revista “Forbes Brasil” inclui a lista anual designada “50 over 50 - 2025”, destacando cinquenta personalidades de nosso país, com mais de 50 anos, distribuídas por diversos sectores, e que ao longo dos anos, de suas carreiras, elevaram o nome do Brasil para além de suas fronteiras, prestigiando-o.
Da música ao cinema, do empreendedorismo às artes plásticas, da educação à medicina, nessa lista vamos encontrar um pesquisador que representa uma ciência brasileira que se destaca no país e no exterior.
Roberto Kalil Filho (cardiologista do InCOR), Christian Dunker (psicólogo), Jurema Werneck (Anistia Internacional do Brasil), Walter Salles (diretor de cinema), Zezé Motta e Débora Bloch (atrizes) e Francisco Gomes Neto (Embraer), são algumas das personalidades destacadas pela “Forbes Brasil” e, entre elas aparece o cientista são-carlense Vanderlei Salvador Bagnato. Tendo como seu reduto o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato considera que sua atuação é fruto do trabalho coletivo desenvolvido pelos colegas cientista do IFSC/USP e por todos quantos, de forma extraordinariamente competente, desempenham suas funções na Universidade de São Paulo (USP) e do país. (Acesse AQUI a lista da Forbes Brasil”)
O despertar para a ciência
Bagnato é fruto de uma classe média baixa, tendo sempre estudado em escolas públicas, com uma excelente base familiar e excelentes professores. Seu pai, entregue à profissão na sua oficina de fundo de quintal onde fazia cromação e niquelação, foi o primeiro mestre de Bagnato, com esse espaço de quintal servindo como um grande laboratório. “Todos aqueles produtos químicos que transformavam, através da eletricidade, peças enferrujadas em brilhantes, era fascinante. Trabalhei com meu pai até pouco antes de entrar para a faculdade. Apesar de não ter formação técnico-científica, ele era capaz de entender coisas do arco da velha”, recorda o pesquisador. Simultaneamente, Vanderlei Bagnato sempre considerou os seus professores de ciências e de matemática como verdadeiros heróis, já que eles permitiam que ele fizesse demonstrações em sala de aula, dentre outras ações. “Ganhei uma coleção de livros – BARSA - de meu pai, que pagou em prestações e aquilo mudou minha vida. Aos quinze anos comecei a participar do evento “Cientistas de Amanhã”, organizado pela extinta FUMBEC (a mesma que fez a coleção “Os Cientistas”, que também foi outro marco em minha vida e até hoje tenho a coleção completa). Para quem desejar, a motivação vem de todos os lados. Até hoje, todos ao meu redor me motivam para observar as coisas. A física, química, matemática, todos esses temas eram meu fascínio. Cursei Física no IFSC/USP e Engenharia de Materiais na UFSCar, simultaneamente e isso também foi um desafio que valeu a pena pois tive a chance de ter uma formação com o rigor da física e a aplicação da engenharia. Desde então, ficou claro para mim que só faz boa aplicação quem sabe fundamentos. Sempre fiz tudo com paixão e dedicação em minha vida... Nem observei a passagem de tantos anos”, comenta o cientista.
Orgulho no desempenho científico
Em seu trabalho diretamente relacionado com física atômica e molecular e em biofotônica (uso de luz e foto-efeitos em ciências da vida), o cientista do IFSC/USP considera que são vários os fatores pelos quais sente orgulho. Em primeiro lugar, por ter conseguido construir as primeiras armadilhas de átomos no MIT (EUA), enquanto aluno, e que levaram vários membros desse instituto a conquistarem o “Prêmio Nobel” através de desdobramentos importantes de seu trabalho nessa linha. Em segundo lugar, o fato de ter construído o primeiro relógio atômico brasileiro, que introduziu o país na metrologia científica de tempo e de frequência, tão importantes para navegação e telecomunicações e, mais recentemente, ter detectado, pela primeira vez, a turbulência quântica nos chamados condensados de Bose-Einstein. “Mas, as técnicas que desenvolvemos para o tratamento de câncer e controle microbiológico, inclusive, recentemente, com a demonstração da quebra da resistência bacteriana aos antibióticos, teve, sem dúvida, um grande impacto, pois afeta de forma direta milhões de pessoas e tem colocado nossos efeitos em evidência em todo o mundo. Tenho orgulho de tudo o que fiz até agora, de cada artigo e livro publicados e de cada aluno formado (são mais de 130 alunos de pós-graduação). Tudo isso me dá muito orgulho, pois é meu DNA científico se perpetuando. Cada vez que um ex-aluno é bem sucedido, cresço internamente um pouco mais. Ter recebido diversos prêmios e ter sido eleito para as principais academias de ciências do mundo é algo que orgulhosamente divido com todos meus alunos e pós-doutores”, destaca Vanderlei Bagnato.
O caminho continua
Para o Prof. Vanderlei Bagnato, um cientista não pode estar cansado de ser útil. “Incrivelmente, ainda interajo muito com o time do IFSC/USP onde, agora, teremos um grande centro com prédio próprio: é uma grande motivação. A grande demanda para novas técnicas óticas para a saúde (como elementos básicos nos grandes problemas desafiadores que vivemos), e a grande explosão das aplicações dos fenômenos quânticos em tecnologias de forma ainda mais direta, me coloca em posição especial para contribuir, pois estas são exatamente as minhas formações nessas duas grandes demandas. Sinto orgulho em dizer que os EUA me convidaram para construir, no estado do Texas, um laboratório semelhante ao que possuímos na USP de São Carlos. Isso é internacionalizar nossa ciência. Deixamos de ser filial para ser matriz e isso me dá um orgulho enorme”, finaliza o cientista são-carlense.
Confira, no link, a lista “50 over 50 - 2025” – https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/07/FORBES1.pdf
Confira no link a última edição da revista “Forbes Brasil” - https://forbes.com.br/
SÃO CARLOS/SP - Desenvolver tecnologias, buscar parcerias e atacar problemas de alta relevância, passou a ser uma das missões de grandes instituições de ensino e pesquisa em todo mundo. Além disso, essas instituições se preocupam atualmente em mostrar o que fazem não apenas para externalizar suas conquistas, mas também para compartilhar com outras que vivem as mesmas necessidades. É assim que nascem as grandes parcerias e viabilizações tecnológicas.
A VIVATEC é uma das maiores exibições de tecnologia e desenvolvimento da Europa, uma feira que ocorreu entre os dias 11 e 14 de junho na cidade de Paris, tendo contado com a participação de mais de sessenta países e acolhendo cerca de vinte e cinco mil visitantes, com a participação de importantes organizações científicas e instituições de pesquisa.
A Universidade de São Paulo (USP) apresentou-se junto com a FAPESP em um funcional stand onde foram apresentados projetos de grandes áreas de interesse, como saúde, energia renovável, mobilidade urbana, eletrônica e sensores, e meio ambiente. Dentre os projetos escolhidos para serem apresentados estiveram dois desenvolvidos pelo IFSC/USP e CEPOF: o primeiro, que consiste na quebra da resistência bacterina aos antibióticos e o tratamento da pneumonia resistente, utilizando ação fotodinâmica; e o segundo, consistindo no uso do mesmo princípio para evitar infecções durante o processo de intubação de pacientes em hospitais.
A exibição desses projetos foi feita no espaço de eventos, através de protótipos que explicaram os processos, sendo que as apresentações foram realizadas em um dos auditórios da feira. As tecnologias desenvolvidas foram extremamente bem recebidas, com visitação constante no stand de autoridades, delegações estrangeiras e empresas de diversos setores, especialmente de especialistas do Instituto Pasteur de Paris.
A técnica para tratamento de pneumonia, que já foi demonstrada em experimentos in vitro, pequenos animais e porcos, segue agora para uma experimentação com ovelhas através do desenvolvimento natural de pneumonia, que está sendo feita em colaboração com a Texas A&M University dos EUA.
Em linhas gerais, a técnica usa processos amplamente estudados pelos laboratórios de biofotônica do IFSC/USP e CEPOF, que consiste na ativação de drogas, com luz, que destroem microrganismos através da geração intensa de radicais livres. O processo começa através da inalação de uma substância fotossensível que carrega as moléculas para os pulmões, promovendo a absorção pelas colônias bacterianas. Em seguida, um sistema de lasers, desenvolvido em parceria com a empresa MMO de São Carlos através de um programa EMBRAPII, opera no infravermelho e realiza a iluminação externa no corpo, chegando dessa forma às diversas regiões infectadas, causando a eliminação parcial da infecção e promovendo a quebra da resistência aos antibióticos. Em seguida, a administração do antibiótico ajuda a eliminar totalmente a infecção.
Segundo o pesquisador responsável pela pesquisa, o docente do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato “A pesquisa é de grande relevância pois ataca um dos problemas mais sérios que temos, que é a eliminação de infecções que não respondem aos antibióticos. Já estamos realizando a eliminação das infecções de garganta com a mesma técnica, mas o desafio da pneumonia é especial por ser de alta complexidade“, explica o pesquisador.
O problema é de grande urgência e os diversos pesquisadores do CEPOF envolvidos na resolução deste problema - Vanderlei Bagnato, Cristina Kurachi, Kate Blanco e diversos alunos e pós-doutores - trabalham de forma intensa para se chegar rapidamente aos seres humanos e minimizar o crescimento dos milhares de mortes causadas pela pneumonia resistente em todo mundo. “O fato de tornarmos as bactérias susceptíveis novamente aos antibióticos é de extrema importância, pois temos, sim, excelentes antibióticos, apenas temos que eliminar os mecanismos criados pelas bactérias para não mais reagirem a eles, e isto já demonstramos” conclui Bagnato.
As propostas e novas tecnologias desenvolvidas pelo IFSC/USP e CEPOF sempre estão dentro dos grandes desafios que a ciência enfrenta hoje, para ter a relevância necessária em resolver grandes problemas.
SÃO CARLOS/SP - Já imaginou se uma substância natural pudesse fortalecer nossas células e impedir que vírus respiratórios — como os da gripe ou da COVID-19 — conseguissem nos infectar? Esse foi o foco de uma pesquisa brasileira que mergulhou nas propriedades de uma molécula chamada baicaleína, encontrada em uma planta usada há séculos pela medicina tradicional chinesa (Scutellaria baicalensis / Escutelária Chinesa / Huang Qin / Raiz Dourada). Embora seja um nome pouco conhecido do público, a baicaleína pode estar entre as futuras armas no combate a infecções virais.
Os pesquisadores mostraram que essa molécula tem a capacidade de interagir com as membranas celulares humanas e, dependendo do tipo de célula, reforçar suas defesas naturais. Segundo o pesquisador do FCL/UNESP, Pedro Henrique Benites Aoki e um dos autores do estudo “Isso pode representar um novo tipo de proteção contra vírus que atacam o sistema respiratório, como o coronavírus, o vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros”.
Um escudo invisível: como a baicaleína age nas nossas células
Todas as nossas células são envoltas por uma membrana — uma camada microscópica composta basicamente por gorduras (lipídios), que funciona como uma espécie de “parede inteligente”, controlando o que entra e sai. Quando um vírus ataca nosso corpo, ele precisa atravessar essa barreira para infectar a célula e, por isso, fortalecer essa estrutura é uma estratégia promissora para bloquear o início da infecção.
O estudo, publicado neste ano de 2025 na respeitada revista científica Langmuir (VER AQUI), investigou exatamente como a baicaleína interage com modelos de membranas celulares. Para isso, os cientistas utilizaram dois tipos diferentes de células humanas cultivadas em laboratório: as Células HEp-2, da região da faringe, que costumam ser altamente vulneráveis a infecções respiratórias, e as Células A375, da pele, que normalmente não são infectadas por vírus respiratórios.
E o que os pesquisadores descobriram foi surpreendente: Nas células HEp-2, a baicaleína ajudou a compactar e organizar melhor a membrana celular. Isso a torna mais rígida e resistente — dificultando a entrada de vírus. Já nas células A375, o efeito foi o contrário, ou seja, a membrana ficou mais fluida e desorganizada, sem efeitos protetores. Resumidamente, a baicaleína parece atuar de forma inteligente e seletiva, protegendo principalmente as células mais vulneráveis a infecções respiratórias.
Por que isso é um avanço importante?
Atualmente, a maioria dos medicamentos antivirais age, tentando impedir a sua replicação. Essa estratégia é eficaz, mas tem limitações, já que muitas vezes, quando os sintomas aparecem, o vírus já está bem instalado no organismo. Além disso, os vírus podem sofrer mutações e se tornar resistentes a esses medicamentos, como já aconteceu com várias variantes do SARS-CoV-2. A baicaleína traz uma proposta diferente, que é reforçar a defesa das células antes da infecção acontecer, tornando o corpo um terreno hostil para os vírus. Isso representa uma abordagem inovadora e complementar à medicina tradicional, podendo ser especialmente útil como forma de prevenção. Imagine um futuro em que pessoas com maior risco — como idosos, portadores de doenças respiratórias crônicas ou profissionais de saúde — possam tomar um suplemento com baicaleína para reduzir as chances de infecção em períodos de alta circulação viral. Parece promissor!
Outros benefícios da baicaleína
A baicaleína não é apenas antiviral. Ela também apresenta propriedades antioxidantes, que ajudam a combater o envelhecimento celular, e anti-inflamatórias, que reduzem processos inflamatórios crônicos associados a várias doenças. Isso significa que seu uso pode trazer benefícios amplos à saúde, especialmente em situações que envolvem estresse celular, infecções ou lesões. Em estudos anteriores, por exemplo, a baicaleína já demonstrou proteger os pulmões de danos causados por vírus e melhorar a sobrevivência de células infectadas — inclusive em testes com o coronavírus.
O que falta para virar um medicamento?
Apesar dos resultados promissores, a baicaleína ainda não está disponível como tratamento aprovado contra infecções virais, isso porque a ciência exige um processo rigoroso para transformar descobertas de laboratório em medicamentos seguros e eficazes.
Contudo, as próximas etapas incluem:
a)Testes em células vivas e tecidos reais, para confirmar os efeitos observados em modelos simplificados;
b)Estudos em animais para entender como a baicaleína se comporta no organismo — como é absorvido, distribuído, metabolizado e eliminado;
c)Ensaios clínicos em humanos para avaliar segurança, dose ideal, possíveis efeitos colaterais e, claro, sua real eficácia;
d)Desenvolvimento de formulações práticas, como cápsulas, sprays nasais ou inaladores, que garantam que a baicaleína chegue ao local desejado — principalmente aos pulmões e vias respiratórias.
Ciência e natureza: uma parceria com grande futuro
Esse estudo mostra como a união entre a sabedoria tradicional e a pesquisa científica moderna pode gerar soluções inovadoras. Muitas vezes, a natureza já oferece moléculas potentes — e o papel da ciência é compreender como elas funcionam e como os cientistas a podem usar da melhor forma. “Num mundo que ainda enfrenta os impactos das pandemias e o surgimento de novas variantes virais, buscar estratégias que fortaleçam o organismo e atuem preventivamente é mais urgente do que nunca”, conforme afirma o docente, pesquisador do IFSC/USP e coautor deste estudo, Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior.
A baicaleína urge como uma promessa nesse cenário e talvez, no futuro, essa molécula que hoje está nas raízes de uma planta ancestral possa estar nas farmácias, ajudando a proteger milhões de pessoas.
Bruna Alves Martins é a primeira autora deste estudo e faz parte do grupo Nanotec, coordenado pelo Prof. Dr. Pedro Henrique Benites Aoki. Ela realizou seu projeto de pesquisa de iniciação científica com bolsa Fapesp (2023/17301-5) durante a graduação em Engenharia Biotecnológica, investigando as interações moleculares do flavonoide baicaleína.
Ela segue investigando esse flavonoide agora no mestrado, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Materiais (POSMAT), com bolsa Fapesp (2025/00626-4).
Para conferir esta pesquisa, acesse - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/06/martins-et-al-2025-baicalein-interactions-with-lipid-membrane-models-implications-for-its-protective-role-against.pdf
SÃO CARLOS/SP - Com o intuito de ampliar seus estudos clínicos, o Grupo de Óptica do IFSC/USP (GO-IFSC/USP) estabeleceu recentemente uma parceria com o Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), em São Carlos.
Segundo o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, graças a essa parceria já se encontra em execução o projeto relacionado com a realização do tratamento experimental de fibrose pulmonar, usando tecnologias desenvolvidas no nosso Instituto, que foi devidamente aprovado pelo comitê de ética.
“Este projeto já foi iniciado junto à UNICEP através da participação da aluna de mestrado do IFSC/USP, Vanessa Garcia, bem como pela aluna de doutorado de nosso Instituto e docente da UNICEP, Profª Luciana Jamami Kawakami”, sublinha o pesquisador, que enfatiza o fato da coordenadora do curso de fisioterapia da UNICEP se ter mostrado bastante entusiasmada não só com esse projeto, como também com outros que foram já apresentados pelo Grupo de Óptica do IFSC/USP, dentre eles o projeto de tratamento para DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que se encontra prestes a iniciar.
Em reunião com a direção da UNICEP para apresentar os projetos, Antonio Aquino destacou o fato de que muitos dos artigos científicos publicados nos últimos anos pelo IFSC/USP tiveram a participação, como primeiros autores, de ex-alunos de graduação da UNICEP, o que poderá ser um incentivo para que outros cursos daquela Universidade fiquem abrangidos por esta parceria.
Toda a equipe é coordenada pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, o qual acompanha constantemente os avanços tecnológicos e metodológicos em relação aos trabalhos clínicos.
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