SÃO CARLOS/SP - Um estudo conduzido por Mauro Santos, da Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), e José Fernando Fontanari, do Instituto de Física de São Carlos (USP), lança luz sobre um dos temas mais urgentes da biologia contemporânea: a capacidade das espécies de resistirem ao aumento das temperaturas. Publicado no “Journal of Thermal Biology”, o trabalho aponta falhas em análises estatísticas usadas há décadas e propõe um modelo mais preciso para entender quais animais estão realmente em risco diante do aquecimento global.
O foco dos pesquisadores é a hipótese da compensação entre tolerância e plasticidade térmica — a ideia de que espécies altamente tolerantes ao calor têm menos capacidade de se adaptar a temperaturas ainda mais altas. Isso cria uma “armadilha evolutiva”, ou seja, animais que já vivem perto de seu limite fisiológico podem não ter margem para resistir a um clima cada vez mais quente.
Espécies sob pressão térmica ao redor do mundo
Essa vulnerabilidade já é observada em várias regiões do planeta, especialmente nas zonas tropicais e costeiras.
Recifes de coral do Pacífico e do Caribe, por exemplo, têm sofrido com sucessivos episódios de branqueamento devido ao aumento da temperatura da água, levando à morte de colônias inteiras.
Em florestas tropicais da Amazônia e do Sudeste Asiático, anfíbios e insetos sensíveis ao calor enfrentam dificuldades para sobreviver quando pequenas variações de temperatura desorganizam seus ciclos reprodutivos e metabólicos.
Em áreas áridas da Austrália e do norte da África, répteis como lagartos e escorpiões já operam no limite térmico — e estudos mostram que, em dias de calor extremo, eles precisam restringir sua atividade, o que reduz alimentação e reprodução.
Até em ambientes montanhosos da América do Sul e da Europa, espécies adaptadas ao frio, como borboletas alpinas e anfíbios andinos, estão sendo forçadas a subir para altitudes mais elevadas, onde há menos alimento e espaço.
Esses exemplos demonstram que o fenômeno estudado pelos autores — a limitação da capacidade de adaptação térmica — não é apenas teórico, mas já afeta ecossistemas inteiros.
Um novo olhar estatístico sobre o problema
Segundo os pesquisadores, parte das conclusões anteriores sobre o tema pode ter sido distorcida por erros estatísticos. Muitos estudos usaram métodos que criam correlações “espúrias” — associações matemáticas que não refletem uma relação biológica real. Isso levou à falsa impressão de que algumas espécies conseguiriam se ajustar facilmente ao calor.
Para corrigir esse viés, os pesquisadores autores do estudo desenvolveram um novo modelo estatístico capaz de distinguir resultados artificiais de evidências reais de limitação adaptativa. Ao reanalisar dados de experimentos com lagartos tropicais — entre eles o Lampropholis coggeri, da Austrália —, eles mostraram que a hipótese da compensação é válida: espécies que já suportam altas temperaturas têm, de fato, menor capacidade de se aclimatar a novos aumentos térmicos.
Impactos para a conservação
O estudo reforça que erros de interpretação podem comprometer políticas de conservação. Se cientistas subestimam a vulnerabilidade de determinadas espécies, programas de proteção podem falhar. “Sem uma base estatística sólida, corremos o risco de superestimar a resiliência das espécies e subestimar as ameaças reais impostas pelo clima em transformação”, alertam os autores nesse estudo.
Ao oferecer um método mais confiável, o trabalho abre caminho para previsões mais realistas sobre a resposta da biodiversidade ao aquecimento global. Em um momento em que ondas de calor já se tornam mais longas e intensas em todas as regiões do planeta, compreender com precisão os limites térmicos das espécies é essencial para evitar perdas irreversíveis na vida selvagem.
Acesse o artigo científico publicado no “Journal of Thermal Biology”, em - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/11/1-s2.0-S0306456525002050-main-fontanari.pdf
SÃO CARLOS/SP - O Vaticano recebeu entre os dias 27 de outubro e 1º de novembro passado o “Jubileu do Mundo da Educação”, um encontro organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, cuja abertura foi feita pelo Papa Leão XIV.
Reunindo mais de vinte mil participantes oriundos de 124 países, incluindo estudantes, educadores, administradores e representantes de organizações educacionais globais, este evento integrou o “Ano Jubilar 2025” dentro da Igreja Católica. Este evento contou com uma sessão especial dedicada aos estudantes, onde o Papa Leão XIV encorajou os jovens a viverem com propósito e paixão, invocando o exemplo de São Pier Giorgio Frassati, tendo-os exortado a se tornarem “porta-vozes da verdade e pacificadores” e a participarem ativamente na construção de uma sociedade melhor por meio da educação. O Papa também reafirmou a importância do Pacto Global para a Educação, um projeto iniciado pelo Papa Francisco para promover a fraternidade universal e a colaboração na educação.
A Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano, sob a liderança do Cardeal Peter Turkson, desempenhou um papel fundamental na programação científica e intelectual do Jubileu, ao organizar sessões que exploraram a interseção entre ciência, ética e educação, enfatizando a necessidade de o conhecimento servir à humanidade e promover a paz. Nesse contexto, cabe aqui sublinhar a palestra proferida pelo docente e pesquisador do IFSC/USP e membro da Academia, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato.
“A Necessidade da Educação Científica para o Futuro da Sociedade”
Em seu discurso durante este “Jubileu do Mundo da Educação” no Vaticano, o Prof. Vanderlei Bagnato enfatizou o papel indispensável da educação científica na construção do futuro da sociedade. Dirigindo-se a uma plateia global de educadores, estudantes e formuladores de políticas, o pesquisador do IFSC/USP destacou que a ciência não é meramente um corpo de conhecimento, mas uma forma de pensar, uma ferramenta essencial para compreender o mundo e solucionar seus desafios mais urgentes. “A educação científica é a base sobre a qual construímos a inovação, a sustentabilidade e a paz. Ela capacita os indivíduos a fazer perguntas, buscar evidências e tomar decisões informadas. Em um mundo cada vez mais impulsionado pela tecnologia e pelos dados, o letramento científico não é mais opcional, é uma necessidade cívica.”
Em sua palestra, o Prof. Vanderlei Bagnato fez um apelo por um renovado compromisso com a integração da ciência em todos os níveis de ensino, da educação infantil ao ensino superior. Ele enfatizou que a ciência deve ser ensinada não apenas como uma disciplina técnica, mas também como um empreendimento humano, profundamente conectado à ética, à criatividade e à responsabilidade social.
Abordou ainda a crescente lacuna entre o avanço científico e a compreensão pública, alertando que a desinformação e a desconfiança na ciência podem minar as sociedades democráticas e a cooperação global. “Devemos garantir que o ensino de ciências seja inclusivo, acessível e inspirador, para que cada jovem possa se ver como um potencial colaborador para o empreendimento científico”, acrescentou o cientista são-carlense, que rematou o seu discurso com um apelo para que educadores, instituições e governos colaborem para fomentar uma cultura de curiosidade e pensamento crítico. “O futuro da sociedade depende da nossa capacidade de educar mentes que sejam não apenas conhecedoras, mas sábias, capazes de usar a ciência para servir a humanidade e proteger o nosso planeta”, destacou Bagnato.
SÃO CARLOS/SP - Cerca de trinta alunos do “Colégio Equipe” (SP), acompanhados por professores dessa instituição de ensino, visitaram o IFSC/USP no dia 17 de outubro, tendo participado em duas aulas que foram ministradas pelos docentes e pesquisadores de nosso Instituto – Profs. Luiz Antônio de Oliveira Nunes (Grupo de Espectroscopia de Sólidos) e Reynaldo Daniel Pinto (Grupo de Física Computacional e Instrumentação Aplicada).
A luz que revela a matéria e as ondas rádio
Na aula intitulada “Luz que revela a matéria: como as ondas eletromagnéticas ajudam a descobrir a composição química da matéria”, o Prof. Luiz Antônio começou por explicar aos jovens estudantes que por trás de um simples feixe luminoso existe uma poderosa ferramenta de investigação científica: as ondas eletromagnéticas. Elas são usadas para revelar a composição química de gases presentes em estrelas distantes até a pureza de um medicamento ou a autenticidade de uma obra de arte.
Em sua aula, o docente do IFSC/USP explicou como as ondas eletromagnéticas, que incluem a luz visível, o infravermelho, os raios X e as micro-ondas — interagem de maneiras diferentes com cada tipo de átomo ou molécula. Foi explicado aos alunos do “Colégio Equipe” que o uso das ondas eletromagnéticas na ciência é, portanto, uma prova de como a luz vai muito além do que nossos olhos podem ver. Ela se transforma em uma linguagem que os cientistas aprenderam a decifrar — uma linguagem que revela a estrutura íntima da matéria e expande nosso conhecimento sobre o universo e sobre nós mesmos.
Outro tema abordado pelo docente foi as ondas de rádio.
Quando se pensa em ondas de rádio, a primeira imagem que vem na
na mente é a de antenas transmitindo música ou notícias. Mas, na ciência, essas mesmas ondas são muito mais do que um meio de comunicação: elas são ferramentas poderosas para investigar a estrutura e a composição química da matéria. “As ondas de rádio fazem parte do espectro eletromagnético, ocupando a faixa de baixa energia e grandes comprimentos de onda (de metros a milímetros). Mesmo com pouca energia, elas podem interagir com núcleos atômicos e moléculas, revelando informações preciosas sobre ligações químicas, estados energéticos e ambientes magnéticos”, sublinhou o docente aos jovens.
A aventura multidisciplinar da Neurociência
Já o Prof. Reynaldo Daniel Pinto destacou perante os jovens alunos o tema “A aventura multidisciplinar da Neurociência”, tendo iniciado sua aula explicando a forma como a ciência contemporânea realizou progressos significativos na compreensão de muitos órgãos e sistemas do corpo humano. Contudo, o docente enfatizou que, entretanto, o funcionamento do sistema nervoso, e em especial o do cérebro, permanece um imenso desafio e, em muitos casos, ainda beira o inescrutável. “Por um lado, compreendemos muito bem o funcionamento das células individuais que compõem o sistema nervoso, os neurônios, graças a um modelo elétrico desenvolvido em 1950. Por outro lado, o cérebro humano é uma rede formada por aproximadamente 90 bilhões desses neurônios, que trocam informações entre si, através de uns 100 trilhões de conexões chamadas “sinapses”. Além do problema numérico, mesmo a rede neural mais simples, formada por apenas dois neurônios conectados mutuamente, já apresenta comportamento complexo”, salientou o pesquisador.
Nesta aula, o Prof. Reynaldo convidou os estudantes a fazerem um breve passeio sobre a evolução das primeiras formas de vida até os dias atuais, sob o ponto de vista da Neurociência, para poderem entender quais as dificuldades envolvidas. O docente aproveitou para discutir a evolução científica experimental da eletricidade, a sua relação com os organismos vivos e seus desdobramentos multidisciplinares, tendo mostrado alguns experimentos com técnicas simples, muito antigas, que produzem efeitos surpreendentes e que ainda são fundamentais para abordar o funcionamento do sistema nervoso. Por último, foram apresentadas as ideias da “Neuroetologia”, que se dedica ao estudo de comportamentos naturais especializados, controlados pelo sistema nervoso dos animais.
Todos os assuntos foram abordados pelo Prof. Reynaldo com ênfase em aplicações tecnológicas atuais e em desenvolvimento, como as neuropróteses, que ligam dispositivos eletrônicos simples ao sistema nervoso, as interfaces cérebro-máquina, que controlam dispositivos computacionais externos a partir da atividade neural, visando restaurar ou aprimorar funções cognitivas, motoras ou sensoriais, e até conectar o sistema nervoso diretamente às redes de computadores, como a internet.
Um dia muito especial
O Prof. Rafael de Oliveira Chiachiri, um dos docentes que acompanhou os alunos do “Colégio Equipe”, sublinhou a forma como o grupo foi recebido no IFSC/USP. “Deu para perceber que os professores responsáveis por dar essas duas aulas se prepararam muito bem para acolher o grupo, com apresentações muito especiais sobre as pesquisas que ambos fazem e sobre os resultados que já obtiveram. Os alunos estão aproveitando bastante, inclusive duas alunas nossas que estão fazendo um trabalho na feira de ciências, exatamente relacionado com o espectro de luz, um dos temas que estão sendo apresentados”, sublinha o docente.
Laura Cunha (14), aluna do 9º ano do “Colégio Equipe” confessou que o que estava assistindo era meio confuso. “É difícil... Na escola ainda não chegamos a este nível de conhecimento, mas achei bastante interessante. O mais difícil para mim foi a parte relacionada com as ondas de rádio e as equações que foram apresentadas”. A intenção da jovem é ingressar na universidade, mas ainda sem saber que futuro irá seguir.
Artur Meireles de Andrade (14), também frequenta o 9º ano no Colégio. “Gostei bastante de ambas as aulas, embora, como os restantes colegas, esteja muito cansado da viagem até aqui, já que acordei muito cedo. Gostei muito da aula do Prof. Reynaldo, já que ela é muito prática, com muitos exemplos e experimentos, e tem a ver com a profissão que quero seguir no futuro – Biólogo”, pontua o jovem.
Para o IFSC/USP, fica registrada mais uma experiência enriquecedora com a visita destes jovens alunos do “Colégio Equipe, de São Paulo.
SÃO CARLOS/SP - O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) está realizando, a partir de hoje, uma chamada de pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) para o início de um tratamento inovador. O projeto é focado em um tratamento que utiliza laser e outras novas tecnologias através de uma parceria entre pesquisadores do IFSC/USP e da UNICEP.
A DPOC é uma doença pulmonar obstrutiva crônica, caracterizada por uma diminuição no fluxo aéreo, passagem de ar, tendo como consequência inúmeras alterações respiratórias, funcionais e de qualidade de vida. Dentre os sintomas, os mais comuns são a falta de ar, presença de tosse crônica, chiado no peito, produção excessiva de muco e dificuldades para a realização de esforços.
Segundo a pesquisadora responsável por este tratamento - Luciana Kawakami Jamami, docente do Departamento de Fisioterapia Respiratória na UNICEP e pesquisadora doutoranda do IFSC/USP - “Com o passar do tempo, os pacientes podem até apresentar limitações na realização das atividades do dia a dia, atividades rotineiras. Na maioria das vezes, os pacientes adquirem esta enfermidade devido à inalação de partículas tóxicas, sendo que o principal motivo é o cigarro. Então, pessoas que tenham fumado por muitos anos começam a ter a DPOC como diagnóstico médico”, salienta a docente, que enfatiza, também, problemas causados por inalação de partículas químicas relacionadas com a poluição ambiental ou em espaços industriais.
Sendo o primeiro modelo de abordagem no mundo para essa enfermidade, o tratamento será feito do Departamento de Fisioterapia da UNICEP (São Carlos), utilizando laser e ultrassom, bem como exercícios físicos e respiratórios duas vezes na semana, ao longo de cinco semanas, num total de dez sessões, sendo que cada sessão durará entre 50 a 60 minutos. “Os pacientes deverão ter um diagnóstico médico comprovado de DPOC e os tratamentos serão um misto de aplicação sistêmica – laser e ultrassom associados a exercícios respiratórios. Pacientes com histórico de câncer, trombose venosa profunda, acidentes vasculares cerebrais (AVC), declínio cognitivo, ou portadores de próteses metálicas, do tipo marca-passo, estarão impedidos de participar desta pesquisa.
Este é o segundo projeto que se realiza na UNICEP no âmbito da parceria com o IFSC/USP, sendo que o primeiro - já finalizado – foi sobre fibrose pulmonar, sendo que o mesmo está sendo preparado para a parte escrita, com a informação dos resultados.
Para o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, responsável pelas pesquisas feitas no Instituto e que envolvem tratamentos similares “Esta é a segunda pesquisa que realizamos em parceria com a UNICEP, que deriva do sucesso obtido no primeiro projeto-piloto que congregou um total de 14 pacientes com resultados realmente expressivos e que em breve iremos informar os detalhes. Foram dois meses de intervenção com a participação de docentes e fisioterapeutas da UNICEP, que são, simultaneamente, alunos de mestrado e doutorado do IFSC/USP, algo que se repete agora com o tratamento da DPOC”, enfatiza o pesquisador.
Os interessados em fazer parte desta pesquisa relativa ao tratamento de DPOC deverão obter mais informações e fazer a inscrição na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC) pelo telefone (16) 3509-1351.
SÃO CARLOS/SP - O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (GO-IFSC/USP) está iniciando uma chamada de pacientes diabéticos (Tipo-2) para um projeto de tratamento com ILIB (Intravascular Laser Radiation of Blood), ou seja, irradiação de laser de modo intravascular com o objetivo de atingir o sangue – processo não invasivo.
A aplicação é feita através de um fixador extracorpóreo que direciona a radiação de um laser com luz vermelha para a artéria radial, tendo como objetivo controlar mais acentuadamente o diabetes Tipo-2 e, com isso, melhorar a imunidade, a qualidade do sono e o controle da pressão arterial, combater doenças respiratórias, inflamatórias e doenças que causam alterações cardiovasculares, prevenir o envelhecimento intrínseco do corpo humano, protegendo o núcleo das células onde se encontra o DNA.
Esta chamada é dirigida a pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, com diabetes controlado, não sendo permitida a inclusão de pacientes com histórico oncológico, feridas abertas, fraturas, hematomas, infecções e amputados ou com deficiência bilateral dos membros inferiores.
Este tratamento experimental será executado pela pesquisadora do IFSC/USP, Kellen Gussi, sob a supervisão do docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, e com a coordenação do pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior. “A ILIB já é uma técnica muito antiga, feita através de punção na artéria radial, sendo que atualmente essa técnica é feita de forma indolor. Este projeto de pesquisa irá utilizar um equipamento desenvolvido no IFSC/USP, tendo em consideração que só poderão se inscrever pacientes que tenham seu diabetes perfeitamente controlado, sublinhando que todos eles deverão continuar a administração de insulina – se for o caso – e a sua medicação, atendendo a que este tratamento complementar não as substitui. Sublinhe-se que esta técnica de ILIB deverá melhorar a qualidade de vida dos pacientes Os pacientes que vivem com diabetes descontrolado, com valores de 300, 400 ou 500, deverão obrigatoriamente ser monitorados pelos médicos”, sublinha Kellen Gussi.
Este projeto de pesquisa acolherá até 80 pacientes, compreendendo dez sessões com a duração aproximada de 15 minutos cada uma, duas vezes por semana.
Os interessados em fazer parte desta pesquisa deverão contatar a Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) através do telefone (16) 3509-1351.)
SÃO CARLOS/SP - Desenvolver tecnologias, buscar parcerias e atacar problemas de alta relevância, passou a ser uma das missões de grandes instituições de ensino e pesquisa em todo mundo. Além disso, essas instituições se preocupam atualmente em mostrar o que fazem não apenas para externalizar suas conquistas, mas também para compartilhar com outras que vivem as mesmas necessidades. É assim que nascem as grandes parcerias e viabilizações tecnológicas.
A VIVATEC é uma das maiores exibições de tecnologia e desenvolvimento da Europa, uma feira que ocorreu entre os dias 11 e 14 de junho na cidade de Paris, tendo contado com a participação de mais de sessenta países e acolhendo cerca de vinte e cinco mil visitantes, com a participação de importantes organizações científicas e instituições de pesquisa.
A Universidade de São Paulo (USP) apresentou-se junto com a FAPESP em um funcional stand onde foram apresentados projetos de grandes áreas de interesse, como saúde, energia renovável, mobilidade urbana, eletrônica e sensores, e meio ambiente. Dentre os projetos escolhidos para serem apresentados estiveram dois desenvolvidos pelo IFSC/USP e CEPOF: o primeiro, que consiste na quebra da resistência bacterina aos antibióticos e o tratamento da pneumonia resistente, utilizando ação fotodinâmica; e o segundo, consistindo no uso do mesmo princípio para evitar infecções durante o processo de intubação de pacientes em hospitais.
A exibição desses projetos foi feita no espaço de eventos, através de protótipos que explicaram os processos, sendo que as apresentações foram realizadas em um dos auditórios da feira. As tecnologias desenvolvidas foram extremamente bem recebidas, com visitação constante no stand de autoridades, delegações estrangeiras e empresas de diversos setores, especialmente de especialistas do Instituto Pasteur de Paris.
A técnica para tratamento de pneumonia, que já foi demonstrada em experimentos in vitro, pequenos animais e porcos, segue agora para uma experimentação com ovelhas através do desenvolvimento natural de pneumonia, que está sendo feita em colaboração com a Texas A&M University dos EUA.
Em linhas gerais, a técnica usa processos amplamente estudados pelos laboratórios de biofotônica do IFSC/USP e CEPOF, que consiste na ativação de drogas, com luz, que destroem microrganismos através da geração intensa de radicais livres. O processo começa através da inalação de uma substância fotossensível que carrega as moléculas para os pulmões, promovendo a absorção pelas colônias bacterianas. Em seguida, um sistema de lasers, desenvolvido em parceria com a empresa MMO de São Carlos através de um programa EMBRAPII, opera no infravermelho e realiza a iluminação externa no corpo, chegando dessa forma às diversas regiões infectadas, causando a eliminação parcial da infecção e promovendo a quebra da resistência aos antibióticos. Em seguida, a administração do antibiótico ajuda a eliminar totalmente a infecção.
Segundo o pesquisador responsável pela pesquisa, o docente do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato “A pesquisa é de grande relevância pois ataca um dos problemas mais sérios que temos, que é a eliminação de infecções que não respondem aos antibióticos. Já estamos realizando a eliminação das infecções de garganta com a mesma técnica, mas o desafio da pneumonia é especial por ser de alta complexidade“, explica o pesquisador.
O problema é de grande urgência e os diversos pesquisadores do CEPOF envolvidos na resolução deste problema - Vanderlei Bagnato, Cristina Kurachi, Kate Blanco e diversos alunos e pós-doutores - trabalham de forma intensa para se chegar rapidamente aos seres humanos e minimizar o crescimento dos milhares de mortes causadas pela pneumonia resistente em todo mundo. “O fato de tornarmos as bactérias susceptíveis novamente aos antibióticos é de extrema importância, pois temos, sim, excelentes antibióticos, apenas temos que eliminar os mecanismos criados pelas bactérias para não mais reagirem a eles, e isto já demonstramos” conclui Bagnato.
As propostas e novas tecnologias desenvolvidas pelo IFSC/USP e CEPOF sempre estão dentro dos grandes desafios que a ciência enfrenta hoje, para ter a relevância necessária em resolver grandes problemas.
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores do IFSC/USP, juntamente com colegas de outras universidades brasileiras e da A&M Texas University (EUA), desenvolveram uma nova forma de combater o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, cujo trabalho foi publicado recentemente na revista científica “Pharmaceutics”
A inovação está no uso de um ingrediente natural muito conhecido – a cúrcuma (ou curcumina, seu princípio ativo) -, que é introduzida numa microcápsula e depositada na água onde se encontram as larvas do vetor. Uma vez ingerida pelas larvas do Aedes aegypti, as microcápsulas liberam a curcumina no trato digestório da larva e, quando ativada pela luz solar, produz espécies tóxicas com capacidade de aniquilá-las de forma eficaz.
Há muitos anos, o combate ao Aedes aegypti depende do uso de inseticidas químicos e da eliminação de criadouros em águas paradas. No entanto, os mosquitos têm se tornado resistentes a muitos produtos, o que dificulta o controle das doenças.
Além disso, esses inseticidas costumam prejudicar o meio ambiente, afetando outros seres vivos que não têm relação com o mosquito.
Como a tecnologia ativada por luz funciona
A proposta dos pesquisadores foi aproveitar o poder da luz combinado com a cúrcuma, sendo que, dessa forma, desenvolveram uma espécie de “ração” feita com curcumina encapsulada (incorporada dentro de pequenas cápsulas feitas de ingredientes naturais, como amido e D-manitol), que é colocada na água onde as larvas do mosquito costumam se desenvolver. Esta espécie de ração é ingerida pela larva e distribuída ao longo do seu intestino. A exposição da curcumina à luz produz uma reação que gera radicais (de oxigênio, por exemplo) altamente reativos, ou seja, esses comprimidos liberam substâncias que provocam danos irreversíveis na parede do intestino, levando-as à morte, mas sem afetar o ambiente ou animais.
A curcumina, por si só, se autodestrói pelo mesmo processo e, por isso, não é muito estável na água e perde a eficácia rapidamente. Por isso, os cientistas protegeram o ingrediente dentro de microcápsulas, que são como pequenas bolhas feitas de amido, manitol e pectina — todos materiais seguros para o meio ambiente -, sendo que essa proteção permite que a curcumina resista mais tempo na água, seja absorvida de forma gradual e mantenha sua capacidade de agir sob a luz quando ingerida pela larva.
Quanto aos resultados obtidos nesta pesquisa, os mais importantes foram que a microcápsula se mostrou mais eficiente (chamado FCT2), tendo sido capaz de matar as larvas com uma dose muito menor do que a curcumina usada de forma simples. Essa microcápsula manteve seu efeito por até vinte e sete dias, mesmo sob exposição à luz — algo inédito nesse tipo de aplicação. Com isso, as larvas absorveram bem o produto, que se espalhou por seus corpos, como mostrado em imagens feitas com microscópios especiais, sendo que os testes também mostraram que as microcápsulas são estáveis ao calor e à luz, o que as torna ideais para uso em diferentes condições climáticas.
A importância da pesquisa
Esta tecnologia pode ser uma alternativa mais segura, eficaz e duradoura para combater as larvas do mosquito da dengue, já que ela não usa substâncias tóxicas, não contamina a água, evita o desenvolvimento de resistência nos mosquitos e pode ser usada de forma simples, apenas colocando as microcápsulas na água parada.
O estudo mostrou que é possível transformar um ingrediente natural, como a cúrcuma, em uma poderosa ferramenta no combate do vetor de doenças graves.
A união da ciência com soluções sustentáveis abre caminho para métodos de controle do mosquito que protegem a saúde das pessoas sem agredir o meio ambiente.
Esta pesquisa contou com os apoios da FAPESP e da EMBRAPII, sublinhando-se o fato de que as microcápsulas serão fabricadas por uma startup sediada em São Carlos.
Assinam este trabalho os pesquisadores: Matheus Garbuio, Larissa Marila de Souza, Lucas Danilo Dias, Jean Carlos Ferreira Machado, Natalia Mayumi Inada, Hernane da Silva Barud, Edgar Aparecido Sanches, Francisco Eduardo Gontijo Guimarães, Ana Paula da Silva, Alessandra Ramos Lima e Vanderlei Salvador Bagnato.
Confira no link o artigo científico publicado sobre esta pesquisa – https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/05/pharmaceutics-17-00496.pdf
DESCALVADO/SP - Um ano após ter sido implementado o “Programa Vem Saber –Módulo Descalvado” na EE José Ferreira da Silva, naquela cidade, com a duração de três anos, através da inauguração da revitalização do Auditório da Biblioteca Comunitária de Descalvado, localizada na citada escola - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/ifsc-usp-implanta-programa-vem-saber-na-cidade-de-descalvado-uma-parceria-que-envolve-varios-atores/ -, o passado dia 19 de maio do corrente ano – “Dia do Físico - ficou marcado pela inauguração do “Laboratório de Física Vem Saber USP” naquele estabelecimento de ensino. Dessa forma, toda a infraestrutura (biblioteca e escola) se consolida para disponibilizar espaços dedicados a ações direcionadas às áreas de ciência e tecnologia, bem como à própria comunidade de Descalvado.
Este projeto da Universidade de São Paulo, liderado pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), iniciado há vinte e cinco anos e desde então coordenado pelo docente Prof. Dr. Antonio Carlos Hernandes, tem o foco de motivar e convidar os alunos do Ensino Médio das escolas do Estado de São Paulo a visitarem o Campus USP de São Carlos, observarem como ocorre a vida dos universitários, incentivando-os a prosseguirem seus estudos rumo ao ensino superior, numa viagem através de um processo de transformação social. Até o presente momento, já participaram deste projeto cerca de duzentos mil alunos oriundos de escolas do Estado de São Paulo. Com o “Vem Saber – Módulo Descalvado”, o programa saiu de dentro da USP pela primeira vez e começou a entrar nas escolas para um contato mais próximo, mais intimista, mas com os mesmos objetivos iniciais, sendo que a EE José Ferreira da Silva iniciou essa jornada em 2024.
Ampliação das oportunidades para alunos, professores e gestores
A inauguração do “Laboratório de Física Vem Saber – USP”, que oferece cerca de quarenta experimentos dedicados a dez temas diferentes, reafirma o compromisso assumido pelo programa através de uma parceria sólida estabelecida em 2024 não só com a EE José Ferreira da Silva, mas com um vasto grupo de atores, onde se contam a Prefeitura Municipal de Descalvado, por intermédio da Secretaria de Educação e Cultura, Diretoria de Ensino da Região de São Carlos, cujos representantes marcaram presença nesta inauguração, bem como os agentes econômicos locais.
Coube ao coordenador do programa, Prof. Antonio Carlos Hernandes, acompanhado pelo diretor da escola, Prof. Waldir Paganotto, recepcionar os convidados e, de uma forma resumida, partilhar a história do projeto e sublinhar as diversas atividades que entretanto já foram desenvolvidas com diversos grupos de estudantes, inclusive com a criação, no passado dia 7 de maio, de uma nova turma composta integralmente por meninas da primeira série do ensino médio e que desenvolverão suas atividades no novo laboratório da escola. Integradas no denominado “Projeto Atena”, financiado pelo CNPq e tendo o “Programa Vem Saber” como parceiro, as jovens alunas serão beneficiadas por este projeto que irá oferecer bolsas de estudo na modalidade de Pré-Iniciação Científica.
Sendo esta escola um centro gerador de conhecimento, cujos resultados já são visíveis, o Prof. Antonio Carlos Hernandes sublinhou que o “Programa Vem Saber” poderá, eventualmente, avançar para além dos três anos inicialmente previstos, por forma a que o projeto possa integrar as comemorações dos 195 anos da cidade de Descalvado, aniversário esse que acontecerá em 2030. “Existe o intuito do projeto implementado aqui ser um centro irradiador de conhecimento, abrangendo não só os alunos como professores e a comunidade. Descalvado é uma das poucas cidades que tem uma biblioteca muito bem organizada e agregada a uma escola, o que, certamente, beneficia a comunidade através de várias ações, e a EE José Ferreira da Silva é um exemplo, sublinhando-se aqui o fato de ela ter obtido uma das melhores posições na Competição USP de Conhecimentos e Oportunidades (CUCO)”, enfatizou Hernandes.
A presença do poder público de Descalvado e do IFSC/USP
Este evento contou com a presença de diversos convidados, entre os quais destacamos o Educador Prof. Herbert João Alexandre, que ao longo dos últimos anos tem colaborado na coordenação do “Programa Vem Saber”, a Dirigente Regional de Ensino, Profª Debora Gonzalez Costa Blanco, o diretor do Instituto de Física de São Carlos, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, o Presidente da Comissão de Cultura e Extensão do Campus USP de São Carlos, Prof. Guilherme Sipahi, e ainda uma forte presença de representantes dos órgãos legislativo e executivo de Descalvado – Drª Vanisse Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal, que esteve acompanhada pelas vereadoras Michelli Longo e Jake Bronini, do Prefeito, Luis Guilherme Panone e da Secretária Municipal de Educação, Alessandra Paganotto.
Em seu discurso, o diretor do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, agradeceu o empenho e o trabalho desenvolvido pelo Prof. Antonio Carlos Hernandes e sua equipe ao longo dos anos na formação de jovens alunos, tendo salientado, a esse respeito. “Hoje, o mundo é muito mais complicado do que era há vinte ou trinta anos, já que ele está completamente dependente da tecnologia. Antigamente, se faltava energia por algumas horas o impacto era muito baixo, comparativamente com os tempos atuais: se hoje faltar a energia por uma hora entramos num caos por causa da internet, que domina tudo. Assim, hoje e da mesma forma, a evolução da formação de um aluno é muito mais complexa do que era antigamente, o que exige a aplicação de novos mecanismos, de novas abordagens. A abordagem que o “Programa Vem Saber” tem usado é, por isso, extremamente eficiente, já que trata a educação de uma forma integrada para que os alunos aprendam diferentes conceitos que aliam a teoria à experimentação, através das linguagens mais importantes e que são as que geram conhecimento – artística, idioma e matemática -, sendo que este projeto traz essas linguagens”, enfatizou o docente.
No final de seu discurso, o diretor do IFSC/USP destacou que a educação é o único caminho que existe para se poder alcançar uma sociedade mais igualitária, com melhor qualidade de vida e mais inclusiva, sendo que para o orador é um grande orgulho para o IFSC/USP e para a USP poderem contribuir com este projeto na cidade de Descalvado.
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) estão iniciando uma chamada de pacientes voluntários portadores de fibrose pulmonar para início de um novo tratamento à base de ultrassom com laser terapêutico, um método que se iniciou há alguns anos com os tratamentos das consequências da fibromialgia.
O que é fibrose pulmonar
A fibrose pulmonar é o resultado de um processo inflamatório crônico que leva à formação de tecido cicatricial (fibrose) nos pulmões. Esse tecido substitui o tecido saudável, tornando os pulmões menos elásticos e mais rígidos. Como resultado, a respiração se torna mais difícil porque os pulmões não conseguem se expandir e contrair como deveriam.
Diferente de infecções respiratórias comuns, a fibrose pulmonar não tem uma causa única e pode estar associada a vários fatores, como, por exemplo, doenças autoimunes, exposição a substâncias tóxicas em ambientes fechados, como poeira de sílica, amianto e mofo, infecções pulmonares de repetição, tabagismo, uso de certos medicamentos, como alguns quimioterápicos e antibióticos e ainda causas genéticas.
Os sintomas da doença são: falta de ar progressiva, que começa aos poucos e vai piorando com o tempo, tosse seca e persistente, fadiga constante e perda de peso e fraqueza, porque o corpo começa a gastar mais energia para compensar a baixa oxigenação.
A fisioterapeuta e pesquisadora do IFSC/USP, Vanessa Garcia, que será a responsável pela realização deste novo tratamento, acompanhou ao longo do tempo a ação da utilização de um equipamento desenvolvido no Instituto de Física e que auxiliou – e muito – a tratar indivíduos com sequelas pós-COVID, com resultados muito bons na melhora de parâmetros respiratórios, funcionais, regularização do sono, regeneração tecidual, redução da inflamação e alívio da dor, tendo agora aberto uma oportunidade para testar o tratamento da fibrose pulmonar.
Como funciona o tratamento
Segundo Vanessa Garcia, este tratamento é completamente indolor e bastante fácil de aplicar. “Este tratamento experimental inclui uma avaliação da parte respiratória de cada paciente através de determinados exercícios físicos, seguindo-se a aplicação do tratamento com ultrassom e laser nas palmas das mãos”, explica a fisioterapeuta.
Esta é uma chamada destinada a um grupo de apenas vinte pacientes, sem restrição de idades e que não tenham histórico oncológico e de cirurgias recentes, compreenderá dez sessões, duas vezes por semana, com uma duração total de cinco semanas, sendo que cada sessão demorará uma hora.
Informações e inscrições para este tratamento poderão ser feitas através do telefone da Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos – (16) 3509-1351, sendo que os procedimentos serão realizados a partir do dia 22 de abril na Clínica de Fisioterapia instalada na UNICEP, em São Carlos.
Este estudo é supervisionado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, com coordenação do pesquisador do mesmo Instituto, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Jr.
O vigor e a capacidade de transformar o conhecimento em riqueza e soluções
SÃO CARLOS/SP - O envolvimento com a ciência é fundamental para o desenvolvimento da sociedade moderna. Nas ciências estão as soluções para os problemas mais relevantes de uma sociedade. Imagine o quanto o entendimento científico tem ajudado na melhoria da vida do ser humano através dos diversos tratamentos e remédios que estão sendo constantemente desenvolvidos.
A ciência é tão importante, que os atuais confrontos entre nações muitas vezes se dão pela competição científica, sendo que junto com ela vem o desenvolvimento tecnológico. Com o avanço da ciência, tudo o que cotidianamente acontece ao nosso redor passa a ter um melhor entendimento e, com o seu domínio, surgem novas formas de lidar com os problemas. É dessa forma que nascem as tecnologias, que advêm do acúmulo de conhecimento promovido pela ciência. E, quando o conhecimento atinge uma maturidade que pode se tornar em aplicação definitiva na solução de problemas, ou criando formas de se fazer mais eficientemente aquilo que fazíamos antes, nasce a tecnologia.
É natural pensarmos que aqueles que trabalharam duro no desenvolvimento de ideias para o aparecimento de novas tecnologias tenham algum direito quando tais ideias viram produtos e rendem dividendos comerciais: para garantir tais direitos é que existem as patentes.
Patente é um documento que demonstra que determinados princípios colocados juntos - e de uma forma especifica - podem gerar um novo aparelho ou equipamento, ou um procedimento inédito. Um documento de patente é como uma carta de direito aos criadores originais de um certo equipamento, ou aplicação.
O cientista que avança o conhecimento, cada vez conquistando mais e ampliando o entendimento das coisas, tem grande valor para a humanidade. Quando pessoas são capazes de usar certos conhecimentos para torná-los aplicáveis a uma situação específica, é a partir daí que cabe uma patente ou propriedade intelectual, sendo que o ambiente científico é o local propicio para a evolução de ideias e conhecimentos para patentes.
Cientistas capazes de conjugarem o avanço do conhecimento com aplicações sólidas e relevantes, são aqueles que movimentam, além do progresso da ciência, o progresso da tecnologia. O progresso tecnológico, geralmente demonstrado pelas patentes obtidas, é que de fato faz a ciência ser incorporada no dia a dia das pessoas e que acabam tendo grandes impactos econômicos e sociais. As patentes mostram o vigor e a capacidade de se transformar o conhecimento em riqueza e soluções. Certamente, dentro da USP temos diversos laboratórios e pesquisadores que conhecem este panorama e trabalham na direção de avançar o conhecimento e transformá-lo em benefícios diversos.
O Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) do IFSC/USP é certamente um desses casos. Sua pujança e capacidade em transformar ciências em aplicações é demonstrado pelo elevado número de patentes que o grupo já depositou no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) - o guardião das patentes brasileiras. O CEPOF conquistou agora a marca de 104 patentes depositadas, o que demonstra um elevado teor de ciências, mas, mais importante, uma elevada capacidade de transformar o conhecimento gerado em produtos e riquezas.
Segundo um dos pesquisadores líderes do grupo, o Prof. DR. Vanderlei Salvador Bagnato “Nossa preocupação maior é avançar o conhecimento e produzir gente competente, mas estamos sempre em estado de alerta para aproveitar as boas ideias e o conhecimento em aplicativos uteis para a sociedade e para o fortalecimento da economia do país”. Continuando, Bagnato afirma “Não temos apenas as patentes, temos orgulho em dizer que ajudamos a colocar de mais de quarenta produtos no mercado e que hoje geram empregos e movem a economia. Somos grandes consumidores de recursos públicos para gerar conhecimento, mas somos também grandes contribuidores de geração de recursos através de nossos desenvolvimentos”, pontua o pesquisador. Segundo o advogado de patentes, Dr. Márcio Loretti, colaborador do grupo “Estamos sempre trabalhando junto aos pesquisadores, técnicos e alunos, para poder ajudar na transformação de ideias e transformar provas de princípios em patentes”. Marcio, se dedica grande parte do tempo a discutir e ajudar os pesquisadores com a elaboração das patentes dentro dos padrões necessários. “Ter um profissional ajudando todo o tempo nos coloca em situação melhor para alcançarmos estes números de patentes tão significativos” diz Bagnato.
As patentes giram em torno de diversos temas, sempre estando direta ou indiretamente relacionadas com a ótica e seus aplicativos.
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