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Estudo da UFSCar aponta que Brasil tem o dobro da prevalência de diabetes em pessoas com mais de 50 anos em comparação com a Inglaterra

Escrito por  Nov 16, 2020

Pesquisa também alerta para a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da doença

 

SÃO CARLOS/SP - Um estudo desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou que o Brasil tem o dobro da prevalência de diabetes (diagnosticado e não diagnosticado) em pessoas acima dos 50 anos em comparação com a Inglaterra. A pesquisa utilizou uma amostra representativa de ingleses e brasileiros entre os anos de 2012 e 2015. O trabalho é fruto de um projeto de iniciação científica conduzido pela gerontóloga Eilane Souza Marques dos Santos e pela fisioterapeuta Roberta de Oliveira Máximo, sob orientação de Tiago da Silva Alexandre, docente do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar, e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp - Processo 2017/22820-0).
O diabetes está relacionado a um conjunto de complicações que comprometem a saúde e habilidades de autocuidado, principalmente em pessoas com mais de 50 anos. No entanto, duas outras condições também têm chamado a atenção da comunidade científica devido à sua relação com resultados adversos nessa população: o pré-diabetes (condição que antecede o diabetes) e o diabetes não diagnosticado (situação em que a pessoa tem o diabetes, mas desconhece). "Já se sabe que o pré-diabetes é um estado de alto risco para o desenvolvimento do diabetes mellitus e o diabetes não diagnosticado aumenta o risco de complicações devido ao descontrole dos níveis de glicose no sangue; assim é fundamental a implementação de políticas de saúde e realização de triagens para minimizar ou evitar os danos causados por essas condições", destaca Alexandre.
Baseada nessas evidências, a pesquisa comparou a prevalência e os fatores associados ao pré-diabetes, diabetes não diagnosticado e diabetes diagnosticado em amostra representativa de ingleses e brasileiros com 50 anos ou mais. Utilizando dados de estudos harmonizados sobre o envelhecimento, o projeto contou com 5.301 participantes do English Longitudinal Study of Ageing (Elsa) em 2012 e 1.595 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (Elsi) em 2015. 
Para o projeto, os indivíduos foram questionados sobre o conhecimento do diagnóstico médico de diabetes (sim ou não) e realizaram exames de sangue para confirmar o nível de hemoglobina glicada (HbA1c), sendo classificados em quatro grupos: não diabéticos - aqueles que apresentaram níveis normais de hemoglobina glicada (<5.7%) e não relataram diabetes; pré-diabéticos - aqueles que apresentaram níveis limítrofes de hemoglobina glicada (≥5.7% e <6.5%) e não relataram diabetes; diabéticos não diagnosticados - aqueles que apresentaram níveis alterados hemoglobina glicada (≥6.5%) e que não relataram diabetes; e diabéticos diagnosticados - aqueles que relataram diabetes, independente dos valores de hemoglobina glicada.
Os resultados apontaram que o Brasil e a Inglaterra apresentam diferenças nas prevalências e fatores associados a três condições de saúde, sendo que a Inglaterra possui maior prevalência de pessoas na condição limítrofe (pré-diabéticos) enquanto o Brasil possui maior prevalência de pessoas doentes, sejam eles diabéticos diagnosticados ou não diagnosticados. Em números, a prevalência de pré-diabetes, diabetes não diagnosticado e diabetes diagnosticado foi de respectivamente 48,6%, 3% e 9,6% na Inglaterra e 33%, 6% e 20% no Brasil.
Em relação aos fatores associados, os resultados indicaram que elementos-chave para o surgimento de doenças crônicas incluindo a obesidade abdominal, hipertrigliceridemia, tabagismo e sedentarismo foram comuns em ambos os países, embora a amostra inglesa tivesse mais condições adversas de saúde relacionadas aos três estados de diabetes, como por exemplo acidente vascular cerebral (AVC), doença cardiovascular, níveis baixos de HDL e hipertensão. "Contudo, o fato do Brasil concentrar o maior número de pessoas com diabetes, diagnosticado ou não, pode ser devido a mudanças de hábitos de vida e ao elevado consumo de alimentos com baixa qualidade nutricional e de alto valor energético, uma vez que o diabetes teve forte associação com o sedentarismo e com a obesidade", acrescenta o docente. 
Aliado a isso, existe o desafio da Atenção Primária à Saúde em lidar com a dupla carga de doenças (em que doenças infectocontagiosas coexistem com doenças crônicas não transmissíveis), exercendo efeitos negativos no estabelecimento de medidas preventivas voltadas ao diabetes tipo 2, com uma triagem menos oportuna do público mais velho e dificuldades no diagnóstico precoce e tratamento eficaz. 
De acordo com o orientador, a pesquisa oferece uma oportunidade valiosa para comparações entre os países e gera discussões importantes para aprimorar as estratégias voltadas à melhoria dos serviços de saúde. "Os resultados são particularmente relevantes, dado que o diabetes é uma doença crônica que pode desencadear outros problemas, sendo essencial para os gestores dos serviços de saúde, bem como para os usuários desse serviços, ou seja, para a comunidade como um todo, o reconhecimento dos fatores que podem levar ao aparecimento do pré-diabetes, diabetes não diagnosticado e diabetes diagnosticado", conclui ele.
A realização do estudo foi aprovada pelo London Multicentre Research Ethics Committee (MREC/01/2/91) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (certificado: 886-754). Recentemente, a pesquisa foi publicada na Public Health Nutrition (https://bit.ly/3pccS70)

Ivan Lucas

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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