População em situação de extrema carência cresceu 483% desde o ano de 2016
SÃO CARLOS/SP - O vereador Leandro Guerreiro protocolou na Câmara Municipal um projeto de indicação propondo o programa “São Carlos Amiga”, inspirado no exitoso modelo do município de Chapecó (SC). Segundo dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), a Capital da Tecnologia saltou de 74 para 431 moradores de rua. “Não podemos aceitar que uma cidade com universidades, empresas de altíssimo potencial industrial e recursos orçamentários expressivos continue falhando com os mais vulneráveis. São Carlos precisa de um planejamento estratégico que vá além do que está sendo oferecido atualmente pela Prefeitura”, complementou.
Examinando um minucioso relatório produzido pela Câmara de Vereadores de Joinville (SC), esse documento de indicação sugere a construção de um complexo com capacidade para acolher ao menos 100 cidadãos em condições de extremo desamparo social. Esse espaço contaria com alas separadas por gênero, refeitório, auditório, oficinas de capacitação profissional, horta comunitária e atividades terapêuticas. A estrutura proposta seria semelhante à unidade “Mão Amiga”, de Chapecó, que reintegrou 240 pessoas à comunidade e reduziu em 88% a população em situação de rua, no período de 2021 a 2025.
O esboço desse projeto também prevê o encaminhamento para o tratamento de dependência química, inclusive com internação involuntária nos casos permitidos por lei. Todas as ações seriam articuladas com instituições educacionais, profissionalizantes e religiosas, estimulando a recuperação psicológica e uma oferta de cursos técnicos voltados ao ingresso no mercado de trabalho. “Não basta tirar o cidadão das ruas; é preciso oferecer auxílio, tratamento e a oportunidade de um recomeço”, enfatizou o parlamentar.
Além da excelência na configuração física, o programa prevê um sistema de monitoramento com indicadores de reinserção, reincidência e amplo acompanhamento psicossocial. A ideia é garantir plena eficiência, mensurar a efetividade dos resultados e manter a transparência dos atendimentos e das taxas de reabilitação. “Além de ostentar o título de Capital da Tecnologia, precisamos nos transformar em referência nacional nas políticas de inclusão do cidadão mais carente”, salientou o edil.
Atualmente, a rede de acolhimento de São Carlos dispõe do Albergue Noturno (Casa de Passagem) e do Centro de Referência da População em Situação de Rua “Maria Marcondes Vilela” (Centro Pop), ambos coordenados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania (SMDSC). “Estamos com um modelo de assistência bem fragmentado, limitado a abrigos temporários e medidas emergenciais. Minha recomendação é transformar essa abordagem em uma política de Estado, intersetorial e contínua”, concluiu.
A Casa de Passagem oferece banho, jantar, pouso e café da manhã diariamente, no horário das 18h às 7h. Neste dispositivo, o cidadão pode permanecer por até três dias (exceto em caso de doenças), sendo que a SMDSC oferece passagens de ônibus gratuitas caso o acolhido deseje viajar para um município próximo.
Funcionando de segunda a sexta, das 8h às 17h, o Centro Pop conta com uma equipe interdisciplinar voltada ao fortalecimento das redes sociais de suporte, autonomia, participação, inclusão social e convivência comunitária e familiar das pessoas que buscam esse apoio.