RÚSSIA - Líderes militares de alto escalão russos discutiram em meados de outubro como e quando poderiam usar armas nucleares no campo de batalha na Ucrânia, informaram duas autoridades dos Estados Unidos à rede americana CBS News.
O presidente russo, Vladimir Putin, não teria participado das conversas, no entanto.
A Casa Branca afirmou ter ficado "cada vez mais preocupada" nos últimos meses com o potencial uso de armas nucleares.
Mas enfatizou que os EUA não viram nenhum sinal de que a Rússia esteja se preparando para tal uso.
A declaração coincide com avaliações anteriores da inteligência ocidental de que Moscou não está movendo suas armas nucleares.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou o Ocidente de "deliberadamente dar uma dimensão maior ao tema", embora o momento das discussões do alto escalão militar russo, em meados de outubro, seja significativo.
No fim de setembro, Putin havia intensificado sua retórica nuclear e antiocidental, e chegou a falar sobre usar todos os meios à disposição para proteger a Rússia e as terras ucranianas ocupadas que ele havia anexado.
"Não é um blefe", ele acrescentou, acusando o Ocidente de fazer chantagem nuclear e se gabando das armas russas que eram mais modernas do que qualquer uma no arsenal da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Em resposta à notícia veiculada na imprensa americana de que a Rússia havia discutido o uso de armas nucleares, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, declarou: "Ficamos cada vez mais preocupados com a possibilidade, à medida que passam os meses".
Conforme a sorte da Rússia no campo de batalha diminuiu, suas ameaças nucleares parecem ter aumentado.
Moscou acusou a Ucrânia de preparar uma "bomba suja", que contém material radioativo, embora a Ucrânia e o Ocidente digam que a Rússia está apenas tentando criar um pretexto para culpar Kiev se tal dispositivo for usado.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, fez questão de entrar em contato com seus colegas nos EUA, Turquia e França para falar sobre o suposto complô ucraniano.
No entanto, quando o Ministério da Defesa da Rússia apresentou fotos para ilustrar suas descobertas, o governo da Eslovênia rapidamente identificou que as imagens haviam sido retiradas de sua Agência de Gerenciamento de Resíduos Radioativos e mostravam detectores de fumaça que datam de 2010.
Nas últimas semanas, a doutrina nuclear da Rússia tem sido alvo de uma análise minuciosa em relação às circunstâncias em que poderiam usar armas nucleares, em particular uma arma "tática" que poderia ser lançada no campo de batalha na Ucrânia.
Uma arma nuclear tática é para uso em combate, diferentemente das armas "estratégicas" maiores que são projetadas para causar destruição em massa.
Quando a Rússia realizou exercícios nucleares de rotina na semana passada, o cenário usado foi que o país estava retaliando ao ataque nuclear de um inimigo com uma arma estratégica de maior escala. Putin foi categórico que a doutrina nuclear da Rússia só permitia o uso defensivo de armas nucleares.
Mas na terça-feira, o vice-chefe do conselho de segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, destacou outro elemento da doutrina da Rússia — o uso nuclear no caso de uma ameaça existencial ao Estado. Ele ressaltou que os objetivos da guerra na Ucrânia eram recuperar todos os territórios que anteriormente pertenciam a eles, e isso por si só era uma ameaça existencial.
Medvedev pode não necessariamente ter influência sobre o presidente, mas seus comentários refletem a crença de Putin de que anexar formalmente grandes áreas do sul e do leste da Ucrânia fez delas território russo, mesmo que não sejam reconhecidas como parte da Rússia pela comunidade internacional.
Em comunicado divulgado na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia reiterou que Moscou tinha o direito de usar armas nucleares em resposta a "uma agressão com o uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo".
O secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, afirmou que haveria "graves consequências" se a Rússia usasse uma arma nuclear tática no campo de batalha na Ucrânia. E disse aos parlamentares que não especularia sobre quais armas poderiam ser.
Perguntado na semana passada pela BBC se negava categoricamente que a Rússia usaria armas nucleares na Ucrânia, o chefe do Serviço de Inteligência Estrangeiro do país (SVR), Sergei Naryshkin, disse estar muito preocupado com a retórica ocidental e acusou a liderança da Ucrânia de tentar adquirir armas nucleares.
- Este texto foi publicado em http://bbc.co.uk/portuguese/internacional-63484868
RÚSSIA - A Rússia lançou, na manhã de segunda-feira (31), um ataque maciço a instalações energéticas em várias regiões da Ucrânia, privando de água 80% dos habitantes da capital, Kiev, e deixando "centenas de localidades" sem eletricidade em diversas províncias do país.
O Exército detalhou no Telegram que foram lançados mais de 50 mísseis contra infraestruturas críticas do país e que 44 deles foram derrubados, dois dias depois de Moscou acusar Kiev de ter atacado com drones sua frota no Mar Negro.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse em seu discurso diário que tinha se reunido com o chanceler alemão, Olaf Scholz, a quem agradeceu as armas de defesa antiaérea que foram entregues. "Precisamos construir um escudo antiaéreo sobre a Ucrânia", tuitou Zelensky.
Após o encontro com o líder ucraniano, Scholz condenou os ataques russos contra a infraestrutura civil na Ucrânia. Também rechaçou as acusações da Rússia sobre a possibilidade de Kiev estar fabricando uma "bomba suja".
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesta segunda-feira que havia iniciado inspeções na Ucrânia como parte das "verificações independentes" diante das alegações russas.
O diretor da agência nuclear da ONU, o argentino Rafael Grossi, apresentará esta semana suas "conclusões iniciais [...] sobre os dois lugares" inspecionados, segundo um comunicado da AIEA.
- 'Ataque maciço' -
Em Kiev, foram ouvidas ao menos cinco explosões, segundo jornalistas da AFP.
"80% dos usuários não têm água", disse no Telegram o prefeito da cidade, Vitali Klitschko, e 350.000 lares estão sem eletricidade.
Por sua vez, o primeiro-ministro Denys Shmyhal disse que houve cortes de eletricidade em "centenas" de localidades de dez províncias ucranianas.
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, 12 países já se comprometeram a doar geradores e outros equipamentos para mitigar a falta de energia.
- 'A Rússia está lutando contra os civis' -
Mais de 100 pessoas faziam fila na manhã de hoje em um parque de Kiev para encher de água galões e garrafas, diante dos cortes de fornecimento provocados pelos bombardeios russos
Ataques similares atingiram infraestruturas em toda Ucrânia, incluindo em Lviv (oeste), Zaporizhzhia (sul) e Kharkiv (nordeste).
"Em vez de lutar no terreno militar, a Rússia está lutando contra os civis", criticou Kuleba.
Os bombardeios acontecem depois de a Rússia anunciar, no fim de semana, a suspensão de sua participação no acordo para exportar cereais ucranianos, que aliviou a crise alimentar mundial.
Na segunda-feira, o Kremlin advertiu que seria "perigoso" e "difícil" manter o acordo sem sua participação, já que não pode garantir a segurança de navegação para os navios de carga.
O exército russo exigiu "compromissos" da Ucrânia de não utilizar o corredor marítimo destinado à exportação de cereais com fins militares. Segundo Moscou, Kiev disparou contra sua frota na Crimeia a partir dessa área.
"Não se pode garantir a segurança nessa área até que a Ucrânia se comprometa a não usar esta via com fins militares", disse o Ministério da Defesa da Rússia no Telegram.
Para o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, essa solicitação "se assemelha a um castigo coletivo ou a uma extorsão coletiva".
O presidente russo, Vladimir Putin, insistiu em que "a Ucrânia deve garantir que não haverá ameaças para a segurança das embarcações civis".
- Acordo sobre grãos -
A saída da Rússia no sábado do acordo que permitia o envio dos grãos bloqueados em portos ucranianos desde o início da invasão russa caiu como um balde de água fria.
O acordo, assinado em julho entre Rússia e Ucrânia com mediação de Turquia e ONU, era essencial para preservar a segurança alimentar, especialmente de países pobres dependentes dos cereais ucranianos.
Apesar da decisão da Rússia de abandonar o pacto, dois navios carregados com grãos e outros produtos agrícolas zarparam dos portos ucranianos hoje, segundo um site de tráfego marítimo.
Doze embarcações aguardavam em portos ucranianos para sair hoje, enquanto outras quatro estariam se dirigindo para os mesmos, disse o Centro de Coordenação Conjunta (CCC), responsável por supervisionar em Istambul os navios destinados para a exportação dos cereais.
Nesse contexto de incerteza, os preços dos grãos subiram na manhã desta segunda.
Após uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente Zelensky garantiu que seu país está decidido a "continuar sendo um garantidor da segurança alimentar mundial" e a seguir com as exportações de grãos, em mensagem no Twitter.
RÚSSIA - O Ministério da Defesa da Rússia disse no domingo (30) que recuperou e analisou os destroços de drones que teriam sido usados para atacar navios de sua frota no mar Negro, e afirma que parte deles eram equipados com módulos de navegação canadenses.
A Rússia acusou o Reino Unido de fazer um ataque contra a base da Frota do Mar Negro na madrugada deste sábado (29). Além disso, afirma que forças britânicas organizaram as explosões que destruíram ramais do sistema de gasodutos Nord Stream, sob o mar Báltico, há um mês.
O Ministério da Defesa em Londres negou as acusações, classificando as alegações de "falsas em uma escala épica".
Autoridades russas afirmam que a frota do Mar Negro perto de Sebastopol foi atacada com 16 drones no início do sábado e que alguns deles eram equipados com módulos de navegação de fabricação canadense.
"De acordo com os resultados das informações recuperadas da memória do receptor de navegação, foi estabelecido que o lançamento dos drones aconteceu a partir da costa perto da cidade de Odessa", disse o ministério.
O órgão também afirma que os drones se moveram ao longo da zona de segurança no mar Negro que funciona como um corredor para escoar grãos antes de mudar de rumo para a base naval em Sebastopol, na região da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
Ainda segundo o ministério, um dos drones teria sido lançado de dentro da zona de segurança do próprio corredor de grãos, de "um navio civil fretado por Kiev ou por seus aliados ocidentais".
A Rússia afirma que repeliu o ataque, mas que os navios em questão estavam envolvidos na operação do corredor de grãos que usa o mar Negro como corredor para escoar produtos.
Alegando ser alvo de terrorismo, Moscou disse neste sábado (29) que irá suspender o acordo de exportação de grãos e fertilizantes ucranianos, vitais para a sobrevivência econômica de Kiev. A sua frota assegurava a passagem dos navios civis, antes bloqueados em seus portos, segundo acordo mediado pela Turquia e pela ONU em julho.
A ação permitiu que mais de 9.5 milhões de toneladas de grãos e outros alimentos fossem exportados da Ucrânia desde então. Sem esse estoque, especialistas alertam que o preço de alimentos pode voltar a subir no mundo e provocar fome.
Segundo informações do The New York Times, a Turquia fez contato com autoridades russas neste domingo para tratar da retomada do acordo.
Países e organizações internacionais continuaram a condenar a interrupção do acordo e alertar que seu fim tem como consequência o agravamento do quadro de fome mundial.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, adiou uma viagem para o encontro da Liga Árabe para se concentrar na questão, segundo informou o porta-voz Stephane Dujarric neste domingo. "O secretário segue comprometido em realizar contatos visando o fim da suspensão russa na sua participação do acordo."
A Otan também se manifestou pedindo que a Rússia reconsidere sua decisão e que renove urgentemente o acordo, "permitindo que a comida chegue àqueles que necessitam", disse Oana Lungescu, porta-voz da entidade.
No sábado, o gabinete do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, reagiu acusando a Rússia de "chantagem" e de ter "inventado ataques terroristas" em seu próprio território. A União Europeia pediu a volta do arranjo, que iria expirar em 19 de novembro.
Os Estados Unidos também reagiram, afirmando que a interrupção do acordo seria o equivalente a "transformar os alimentos em armas".
RÚSSIA - As exportações marítimas de grãos ucranianos ficou paralisadas neste domingo (30) depois que a Rússia suspendeu sua participação em um acordo que permitia essas entregas vitais para a segurança alimentar mundial, após denunciar um ataque com drones à sua frota na Crimeia.
O bloqueio da Rússia às exportações de grãos torna "impossível" que os navios de carga zarpem neste domingo, afirmou o governo ucraniano.
O acordo para desbloquear as entregas de grãos assinado por Rússia e Ucrânia com a mediação da Turquia e da ONU é fundamental para aliviar a crise alimentar mundial causada pelo conflito.
Um navio carregado com "grãos deveria deixar um porto ucraniano hoje", disse o ministro da Infraestrutura, Oleksander Kubrakov, no Twitter neste domingo. "Esses alimentos eram destinados aos etíopes, que estão à beira da fome. Mas devido ao bloqueio da Rússia ao 'corredor de grãos', a exportação é impossível", disse o ministro ucraniano.
Decisão indignante
A Rússia alegou que alguns dos drones usados para atacar sua frota no sábado tinham "módulos de navegação de fabricação canadense" e que os drones usaram uma "zona segura" do corredor de grãos. Também apontou que um dos dispositivos poderia ter sido lançado a partir de um navio civil.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou a decisão russa de "indignante" e seu secretário de Estado Antony Blinken afirmou que Moscou "está tentando transformar os alimentos em armas novamente".
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou estar "profundamente preocupado com a situação", disse sua porta-voz Stephane Dujarric.
Por sua vez, a União Europeia instou a Rússia a "reverter sua decisão".
O centro que coordena a logística do acordo afirmou em nota que não há tráfego previsto para este domingo. "Não foi alcançado um acordo no Centro de Coordenação Conjunta para a movimentação de embarcações de entrada e saída para 30 de outubro", disse.
Enquanto isso, o ministério da Defesa turco indicou que as inspeções em Istambul de navios com grãos ucranianos continuarão "hoje e amanhã".
Jogos da fome
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, estimou que a Rússia bloqueia "dois milhões de toneladas de grãos em 176 navios".
Também exigiu que Moscou acabe com "seus jogos da fome" e disse que as explosões estavam a mais de "220 quilômetros do corredor de grãos".
A Ucrânia e a ONU informaram anteriormente que o acordo ainda estava em vigor.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky chamou a decisão da Rússia de "uma intenção absolutamente transparente de retornar à ameaça de uma fome em larga escala na África e na Ásia".
Drones
A cidade de Sebastopol, na península ucraniana da Crimeia, que foi anexada pela Rússia, foi alvo de vários ataques nos últimos meses e é o centro de comando da frota russa no Mar Negro e um centro de coordenação das operações na Ucrânia.
A Rússia afirmou que "destruiu" nove drones aéreos e sete marítimos que atacaram o porto no início do sábado e acusou especialistas britânicos de ajudar na operação.
O Exército russo também acusou o Reino Unido de envolvimento nas explosões de setembro que causaram vazamentos dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico, construídos para transportar gás russo para a Europa.
O Reino Unido rejeitou as acusações, dizendo que o Ministério da Defesa russo recorre a "divulgar alegações falsas de dimensão épica".
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, afirmou no sábado que Moscou levaria esta questão, assim como os ataques de drones, ao Conselho de Segurança da ONU.
Ataque maciço
A autoridade pró-russa de Sebastopol, o governador Mikhail Razvojayev, afirmou que o ataque foi o "mais maciço" contra a península até agora no conflito.
Os ataques contra a Crimeia se multiplicaram nas últimas semanas, paralelamente ao avanço de uma contraofensiva ucraniana em direção à cidade de Kherson, próxima à península que serve de base de retaguarda para a operação militar russa.
A Ucrânia informou no sábado que na frente sul do país suas tropas "estão resistindo em suas posições e atacando o inimigo para criar condições para ações mais ofensivas".
As autoridades russas de ocupação de Kherson prometeram transformar a cidade em uma fortaleza, preparando-se para um ataque inevitável.
(Com informações da AFP)
RÚSSIA - A Rússia acusou na quinta-feira (27) a Ucrânia de se retirar das negociações de paz, em março, "obedecendo às ordens" dos Estados Unidos, após "um equilíbrio difícil ter sido alcançado" entre Kiev e Moscou, lamentou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, nesta quinta-feira (27).
"Na verdade, o texto estava pronto e então, de repente, o lado ucraniano desapareceu do radar, disse que não queria mais continuar as negociações", disse Peskov. Ele também declarou que o presidente Vladimir Putin considerou "óbvio" que "a rejeição de acordos já estabelecidos ocorreu claramente por ordem de Washington"."É totalmente óbvio", insistiu.
A imprensa pediu a Peskov que explicasse as declarações feitas no dia anterior, após um encontro entre Putin e o presidente de Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo. O líder africano disse que o chefe de Estado russo estava disposto a negociar com Kiev.
O porta-voz afirmou que a Rússia está "pronta para garantir seus interesses na mesa de negociações", mas acusou os ucranianos de dificultarem o diálogo. "Queremos um acordo, mas neste caso específico, estamos falando de uma total relutância por parte da Ucrânia", disse o porta-voz.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky descartou rapidamente a possibilidade de negociar com Moscou e denunciou uma "retórica preparada" com antecedência por Putin. No final de setembro, ele foi mais categórico e disse que não negociaria com a Rússia enquanto Putin for o presidente do país. As negociações entre Kiev e Moscou estão paralisadas desde março e ambas as partes se acusam pela impossibilidade de obter um acordo.
Drone ataca central na Crimeia
As autoridades designadas pela Rússia para a Crimeia, anexada por Moscou em 2014, afirmaram nesta quinta-feira que um drone atacou durante a noite uma central de energia elétrica na península, mas sem provocar danos significativos.
"Durante a noite houve um ataque com um VANT (veículo aéreo não tripulado) contra a central térmica de Balaklava", afirmou o governador de Sebastopol designado por Moscou, Mikhail Razvozhayev. "O transformador foi levemente danificado. Não há vítimas", acrescentou. O governador disse que não há ameaça para o fornecimento de energia e que "o incidente não afeta o abastecimento de Sebastopol, nem da península".
Razvozhayev explicou que o transformador que pegou fogo durante o suposto ataque "estava em manutenção e fora de operação". "Os trabalhadores da central conseguiram controlar o fogo", afirmou. O suposto ataque aconteceu em meio a uma contraofensiva das tropas ucranianas no sul do país. A Rússia respondeu nas últimas semanas com ataques contra a infraestrutura de energia elétrica da Ucrânia.
Controle nos celulares
As autoridades de ocupação russas de Zaporíjia também anunciaram, nesta quinta-feira (27),"controles aleatórios" nos telefones celulares dos moradores desta região do sul da Ucrânia, que Moscou afirma ter anexado e onde decretou lei marcial. O anúncio foi feito no Telegram por uma das autoridades de ocupação, Vladimir Rogov. O funcionário destacou que a polícia verificará, entre outras questões, se os habitantes leem "a propaganda do regime terrorista de Kiev", em referência ao governo ucraniano.
(Com informações da AFP)
RÚSSIA - A justiça militar russa abriu o primeiro processo criminal contra um reservista que se recusou a lutar na Ucrânia, revelou hoje o advogado de Direitos Humanos Pável Chíkov.
"Não vou a nenhuma Ucrânia, nem pretendo atirar em nenhum ucraniano", respondeu o réu ao comandante que o interrogava, segundo explicou o ativista na rede social Telegram.
Trata-se de um cidadão da região siberiana de Yakutia e os acontecimentos deram-se num quartel em Ulan-Ude, capital da região de Buryatia, na Rússia.
Posteriormente, e de acordo ainda com o seu depoimento citado pela agência Efe, os oficiais da unidade militar ameaçaram-no com represálias e com a abertura de um processo, o que o levou a que fugisse.
O fugitivo, um sargento, foi mobilizado em 23 de setembro e retirado da sua unidade militar cinco dias depois.
O reservista, que foi convocado no âmbito da mobilização parcial decretada pelo presidente, Vladimir Putin, pode ser condenado a vários anos de prisão.
Centenas de milhares de russos em idade militar deixaram a Rússia nas últimas semanas com medo de serem enviados para as linhas de frente na Ucrânia.
Além disso, muitos dos mobilizados e voluntários denunciaram a falta de equipamentos, as más condições da sua manutenção, bem como a falta de treino militar.
Lusa
UCRÂNIA - O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu na terça-feira (25) ajuda financeira à comunidade internacional para cobrir um futuro déficit orçamentário de 38 bilhões de dólares causado pela invasão russa, enquanto os combates continuavam no sul e no leste do país, especialmente em Bakhmut.
Em discurso gravado em vídeo, Zelensky pediu aos participantes de uma conferência sobre a reconstrução da Ucrânia em Berlim que tomassem "uma decisão para eliminar o rombo no déficit orçamentário ucraniano" até 2023. "É uma quantia muito importante, de 38 bilhões de dólares, são os salários dos professores, dos médicos, benefícios sociais, aposentadorias."
O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, disse que a reconstrução da Ucrânia será um "trabalho de gerações" que deveria começar imediatamente. "O que está em jogo é nada menos do que a criação de um novo Plano Marshall para o século XXI", afirmou.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também compareceu à reunião, chamou de "desconcertante" o alcance da destruição. "O Banco Mundial estima que o custo dos danos será de 350 bilhões de euros, e isso é mais do que um país ou uma união pode fornecer por conta própria. Precisamos de todos."
- Presidente alemão em Kiev -
A conferência em Berlim começou assim que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, chegou a Kiev para a sua primeira visita à Ucrânia. Ele disse que estava "ansioso pelo encontro" com Zelensky e "com o povo do norte do país", para onde se dirigiu a fim de "ter uma ideia da vida em meio à guerra", segundo o texto enviado por seu porta-voz, Cerstin Gammelin.
A visita de Steinmeier, inicialmente planejada para uma semana atrás, foi cancelada por motivos de segurança. Desde 10 de outubro, a capital ucraniana tem sido alvo de mísseis e drones russos de fabricação iraniana, que visam principalmente a infraestruturas de energia e já causaram uma dezena de mortes.
A série de atentados levou a operadora nacional Ukrenerho a impor "restrições ao consumo de energia em todas as regiões".
- Civis mortos em Bakhmut -
No terreno, após oito meses de conflito, os combates continuam intensos, principalmente em Bakhmut, na província de Donetsk, leste da Ucrânia, que o Exército russo tenta conquistar. Sete civis morreram e três ficaram feridos na cidade ontem, publicou o governador provincial, Pavlo Kyrylenko, no Telegram. Também foram encontrados três corpos de civis em duas localidades da província, informou.
Na terça-feira, em um bairro residencial de Bakhmut, havia manchas de sangue no chão, após o que os moradores descreveram como um ataque letal ocorrido no dia anterior.
"Aqui encontrei um corpo sem cabeça. Estou em choque", contou Serhiy, 58 anos, que preferiu não informar seu sobrenome. "Era um homem. Ele estava apenas andando na rua", acrescentou.
Pela manhã, muita fumaça emanava da cidade. "Houve avanços à noite, mas não podemos dar detalhes no momento, a situação é complicada", contou à AFP um soldado ucraniano envolvido na defesa do município.
No sul da Ucrânia, autoridades pró-Rússia na cidade de Melitopol, controlada pelas forças de Moscou, anunciaram que um carro-bomba explodiu perto de escritórios de veículos de comunicação locais, ferindo seis pessoas. Kiev não confirmou nem negou a responsabilidade de suas forças na explosão.
Na província de Kherson, sul da Ucrânia, diante do avanço das forças de Kiev, os civis continuavam sendo retirados nesta terça-feira, segundo autoridades pró-Rússia. "Até 24 de outubro, 22.367 habitantes haviam sido transferidos para a margem esquerda do rio Dnieper", informou a administração de ocupação, acrescentando que prevê que "cerca de 50.000 pessoas" deixarão a região "em um futuro próximo".
UCRÂNIA - Sete civis morreram e três ficaram feridos na segunda-feira (24) em Bakhmut, na região de Donetsk (leste de Ucrânia), cenário de intensos combates entre as forças ucranianas e o exército russo, informou o governador da região.
Além disso, os corpos de três civis mortos anteriormente foram encontrados em outras duas localidades da região, anunciou o governador, Pavlo Kyrylenko, no Telegram.
O exército ucraniano anunciou que as tropas russas avançaram contra Bakhmut, ao norte da região, e contra contra Adviivka, 50 km ao sul.
Na segunda-feira, as tropas ucranianas impediram ataques russos em quase 10 localidades, incluindo Bakhmut, nas regiões de Donetsk e Lugansk.
Em setembro, o exército ucraniano retomou milhares de quilômetros quadrados no nordeste e sul do país como parte de uma contraofensiva. Desde então, os combates se concentram em particular no leste do país, assim como ao redor da cidade de Kherson (sul).
IRÃ - O ministro das Relações Exteriores do Irã informou na segunda-feira (24) que Teerã não ficará "indiferente" caso se evidencie que a Rússia está usando drones de fabricação iraniana na Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse nesta segunda que a Rússia encomendou cerca de 2.000 drones ao Irã para dar apoio à invasão.
"Na guerra na Ucrânia [...] somos contra armar tanto a Rússia quanto a Ucrânia", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, em um vídeo publicado pela imprensa local.
"Não fornecemos à Rússia nenhuma arma ou drone para seu uso contra a Ucrânia", acrescentou, reiterando desmentidos anteriores, embora tenha admitido que os dois países têm vínculos de cooperação.
O chefe da diplomacia iraniana reafirmou o desejo de manter discussões diretas com a Ucrânia sobre o tema e disse tê-lo informado ao encarregado das Relações Exteriores da União Europeia (UE), Josep Borrell.
A Ucrânia e seus aliados ocidentais acusam Moscou reiteradamente de usar drones de fabricação iraniana em seus ataques contra a Ucrânia nas últimas semanas.
O Irã negou as acusações de ter entregue à Rússia armas para serem usadas na Ucrânia e a Rússia sustenta que os países ocidentais querem pressionar a república islâmica.
Mais cedo, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani, negou as acusações dos Estados Unidos de que há pessoal iraniano "no terreno na Crimeia" - uma península do sul da Ucrânia, anexada por Moscou em 2014 - para dar apoio técnico à Rússia.
"Rechaçamos firmemente estas informações", disse Kanani, afirmando que os Estados Unidos "buscam desviar a opinião pública do papel destrutivo que eles têm na guerra na Ucrânia, ao apoiar um lado do conflito e exportar grande número de armas e equipamentos à Ucrânia".
O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que "Teerã agora está diretamente envolvida no terreno e mediante o fornecimento de armas que estão afetando os civis e a infraestrutura civil na Ucrânia".
Kanani respondeu afirmando que seu país "não toma partido na guerra na Ucrânia".
"Não estamos exportando armas a nenhum lado do conflito para a guerra na Ucrânia", insistiu o porta-voz.
Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia impuseram sanções contra o Irã, acusando a república islâmica - como também fez o governo ucraniano - de vender drones que a Rússia está utilizando no conflito.
Em setembro, a Ucrânia decidiu reduzir significativamente suas relações com o Irã a partir do suposto fornecimento de armas de Teerã a Moscou.
RÚSSIA - A Rússia continua usando veículos aéreos não tripulados iranianos contra alvos em todo o território ucraniano, disse o Ministério da Defesa britânico nesta segunda-feira, 24.
A Rússia provavelmente está usando drones iranianos Shahed-136 para se infiltrar nas defesas aéreas ucranianas e como substituto para armas de precisão de longo alcance fabricadas na Rússia que estão se tornando cada vez mais escassas, afirmou o ministério em sua atualização no Twitter.
Os esforços ucranianos para conter os drones têm sido bem-sucedidos, disse o ministério.
Reportagem de Rittik Biswas / REUTERS
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