KIEV – As forças russas atingiram alvos no leste e no sul da Ucrânia com mísseis, drones e artilharia, disse o Estado-Maior da Ucrânia nesta segunda-feira, enquanto milhões permaneciam sem energia em temperaturas abaixo de zero após novos ataques a infraestruturas importantes.
Em uma onda de diplomacia no fim de semana, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, conversou com os líderes de Estados Unidos, França e Turquia antes das reuniões planejadas do Grupo dos Sete (G7) e da União Europeia na segunda-feira, que podem acordar novas sanções contra a Rússia.
Não há negociações de paz e não há fim à vista para o conflito mais mortífero na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, que Moscou descreve como uma “operação militar especial” e a Ucrânia e seus aliados chamam de ato de agressão não provocada.
A Rússia ainda não vê uma abordagem “construtiva” dos Estados Unidos sobre o conflito na Ucrânia, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Vershinin, segundo a agência de notícias RIA. Os dois países têm mantido uma série de contatos na Turquia.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse a Zelenskiy durante uma ligação no domingo que Washington estava priorizando os esforços para aumentar as defesas aéreas da Ucrânia, afirmou a Casa Branca. Zelenskiy disse que agradeceu a Biden pela ajuda “de defesa e financeira sem precedentes” que os EUA têm fornecido.
Na Ucrânia, o porto de Odessa, no Mar Negro, retomou nesta segunda-feira as operações que haviam sido suspensas depois que a Rússia usou drones fabricados no Irã no sábado para atingir duas instalações de energia. A energia elétrica está sendo restabelecida lentamente para cerca de 1,5 milhão de pessoas, disseram autoridades.
Zelenskiy disse que outras áreas que enfrentam condições “muito difíceis” com o fornecimento de energia incluem a capital Kiev e a região de Kiev e quatro regiões no oeste da Ucrânia e a região de Dnipropetrovsk no centro do país.
Não houve relatos de novos ataques ou apagões na segunda-feira.
Em sua atualização diária sobre a situação militar em todo o país, o Estado-Maior da Ucrânia disse que suas forças repeliram ataques russos a quatro assentamentos na região de Donetsk, no leste, e a oito assentamentos na região adjacente de Luhansk.
A Rússia manteve seus ataques contra Bakhmut, que agora está em ruínas, Avdiivka e Lyman, e lançou dois ataques com mísseis contra a infraestrutura civil em Kostyantynivka, todos na região de Donetsk – uma das quatro que Moscou afirma ter anexado da Ucrânia depois de ” referendos” considerados ilegais por Kiev.
Em outros lugares, as forças russas realizaram mais de 60 ataques de sistemas de foguetes visando a infraestrutura civil em Kherson, a cidade do sul libertada pelas forças ucranianas no mês passado, e tropas ucranianas baseadas lá, segundo o Estado-Maior.
A Rússia também bombardeou assentamentos ao longo da linha de frente de Zaporizhzhia, no centro-sul da Ucrânia, afirmam os militares da Ucrânia, enquanto as forças ucranianas atingiram pontos de controle russos, depósitos de munições e outros alvos.
A Reuters não pôde verificar de forma independente os relatos do campo de batalha.
Por Nick Starkov / REUTERS
DONETSK - As autoridades pró-russas na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, disseram nesta segunda-feira, 12, que cerca de 4.400 civis foram mortos pelas forças armadas ucranianas na região desde que a invasão russa começou em Fevereiro.
"Durante os 298 dias de escalada, 4.376 pessoas, incluindo 132 crianças, foram mortas. Nos territórios dentro das fronteiras estabelecidas antes do início da operação militar especial, foram feridos 2.247 civis e 153 menores", disse o Centro Conjunto de Controlo e Coordenação de Questões de Crimes de Guerra da Ucrânia.
No total, as autoridades pró-russas registaram 87 casos de violações dos direitos humanos, incluindo quatro contra menores, e alertaram para a presença de minas anti-pessoal. Observaram também que 9.000 edifícios residenciais foram danificados, bem como 2.143 instalações civis, incluindo 111 centros médicos, 431 estabelecimentos de ensino e 59 infra-estruturas "críticas".
"Neste momento é impossível estabelecer definitivamente os dados sobre danos e destruição de edifícios residenciais e infra-estruturas civis nos territórios libertados durante a operação militar especial", afirmou numa mensagem na sua conta Telegrama, antes de detalhar que as forças ucranianas realizaram mais de 13.250 ataques do exército ucraniano, "incluindo 12.944 com armas pesadas".
por Pedro Santos / NEWS 360
PERTO DE BAKHMUT – As forças russas bombardearam toda a linha de frente na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, disseram autoridades ucranianas, parte do que parece ser a ambição reduzida do Kremlin de assegurar apenas a maior parte do território que tem reivindicado.
Os combates mais violentos ocorreram perto das cidades de Bakhmut e Avdiivka, disse o governador da região, Pavlo Kyrylenko, em entrevista à televisão. Cinco civis foram mortos e dois feridos no dia anterior em partes de Donetsk controladas pela Ucrânia, disse ele nesta sexta-feira.
“Toda a linha de frente está sendo bombardeada”, declarou ele, acrescentando que as tropas russas também estão tentando avançar perto de Lyman, que foi recapturada pelas forças ucranianas em novembro, um dos vários reveses no campo de batalha sofridos pela Rússia nos últimos meses.
Em Bakhmut e em outras partes da região de Donetsk vizinhas à província de Luhansk, as forças ucranianas responderam com uma série de foguetes, disse uma testemunha da Reuters.
“Os russos intensificaram seus esforços em Donetsk e Luhansk”, disse o conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych em um post de vídeo.
“Eles estão agora em uma fase muito ativa de tentar conduzir operações ofensivas. Não estamos avançando para lugar nenhum, mas sim defendendo, destruindo a infantaria e o equipamento do inimigo onde quer que ele tente avançar.”
Em um relatório nesta sexta-feira, o Estado-Maior ucraniano disse que suas forças atacaram posições russas e pontos de concentração de tropas em pelo menos meia dúzia de cidades no sul da Ucrânia.
As perdas russas totalizaram cerca de 240 feridos, com três depósitos de munição e vários equipamentos militares destruídos, acrescentou.
A Reuters não conseguiu verificar os relatos do campo de batalha.
OBJETIVOS DE GUERRA MUDADOS?
O presidente Vladimir Putin deu declarações conflitantes sobre os objetivos da guerra, mas agora está claro que os objetivos incluem alguma expansão das fronteiras da Rússia. Isso contrasta com os comentários no início da “operação militar especial” da Rússia em fevereiro, quando ele disse que seus planos não incluíam a ocupação de terras ucranianas.
Putin repetiu nesta sexta-feira sua acusação de que o Ocidente está “explorando” a Ucrânia e usando seu povo como “bucha de canhão” em um conflito com a Rússia, e que o desejo do Ocidente de manter seu domínio global está aumentando os riscos de conflito.
“Eles deliberadamente multiplicam o caos e agravam a situação internacional”, disse Putin em uma mensagem de vídeo para uma cúpula de ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai e um grupo de ex-estados soviéticos.
O Kremlin afirmou na quinta-feira que estava decidido a garantir pelo menos a maior parte dos territórios no leste e no sul da Ucrânia, mas parecia desistir de tomar outras terras no oeste e nordeste que a Ucrânia recapturou.
A Rússia proclamou em outubro que havia anexado quatro províncias logo após realizar os chamados referendos que foram rejeitados como falsos e ilegais pela Ucrânia, o Ocidente e a maioria dos países nas Nações Unidas.
Por Vladyslav Smilianets / REUTERS
RÚSSIA - A guerra de Vladimir Putin na Ucrânia tem criado fatos inéditos na geopolítica e na economia global. Aqui vão três deles. O primeiro: uma guerra mundial não declarada, em que o Ocidente (leia-se Otan) dá dinheiro, treinamento e armamento para os ucranianos lutarem contra a poderosa Rússia. O segundo: um propósito de guerra nebuloso. Não está claro se o presidente russo quer incorporar o território vizinho, controlar o governo de Kiev ou supostamente libertar regiões de maioria russa, Donetsk e Luhansk, da opressão nazista (esse foi um dos argumentos para a invasão). O terceiro e mais recente fato: é o comprador que decide quanto pagar pelo petróleo da Rússia. Mais exatamente US$ 60 o barril. Desde a segunda-feira (5), esse é o teto que 27 países da União Europeia (UE), do G7 e da Austrália decidiram oferecer pelo óleo do país de Putin, segundo maior exportador mundial do combustível, atrás apenas da Arábia Saudita. O valor é bem abaixo do preço de mercado. Hoje, o tipo Brent é negociado acima de US$ 76.
O que isso significa? Na teoria, é mais uma arma financeira para estrangular a máquina de guerra da Rússia, pressionando o país a desistir da agressão ao vizinho. O governo russo, além de sofrer com sanções no comércio internacional, vai lucrar menos com sua principal fonte de receita. Por consequência, o presidente Putin terá menos dinheiro para gastar. Mas na prática não é bem assim. Os russos já rejeitaram a limitação do preço do petróleo e dizem que a estratégia militar contra a Ucrânia não será afetada. Segundo o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov, o país analisa suspender a venda de combustíveis para mercados que façam parte do boicote, priorizando nações como China e Índia. “Não aceitaremos o teto. Estamos avaliando como reagir a essa provocação.”
O problema é que a Rússia depende tanto do dinheiro do petróleo quanto o mundo depende do petróleo russo. A questão energética é fundamental para a Europa, dependente do combustível russo para abastecer carros, movimentar a indústria e até aquecer as casas durante o inverno. E o protagonismo da energia na guerra tem ficado evidente nas últimas semanas. Os mais recentes bombardeios russos contra as infraestruturas do setor de energia da Ucrânia deixaram milhões de famílias sem luz, água e calefação, em um momento de temperaturas baixas com a aproximação do inverno.
NEGOCIAÇÃO
A definição de um teto para o petróleo russo não foi capaz de barrar a guerra, mas movimentou as peças no tabuleiro da diplomacia. Na semana passada, Putin ligou para o chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, para reclamar do apoio financeiro e militar da Otan à Ucrânia. Segundo agências internacionais, o presidente russo teria reconhecido que o exército russo sofreu derrotas humilhantes em território ucraniano, com as maiores baixas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (e eleita a mulher mais poderosa do mundo em 2022 pela Forbes) também tem mantido firme a ideia de sustentar as retaliações financeiras aos russos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também entrou em cena. Ele afirmou que está disposto a conversar com Putin, mas condicionou a negociação a uma postura mais flexível do presidente russo e se houver disposição de acabar com a guerra e retirar as suas tropas da Ucrânia. No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reforçou que a Rússia rejeita as condições de Biden. “A operação militar vai continuar”, afirmou. Diante dos últimos acontecimentos, o petróleo entrou definitivamente para o centro da guerra, mas não há sinais de que o conflito irá esfriar.
por Jaqueline Mendes / ISTOÉ DINHEIRO
KIEV - Belarus, aliado da Rússia, disse na quarta-feira que está movendo tropas e equipamentos militares para neutralizar o que chamou de ameaça de terrorismo, em meio a sinais de que Moscou pode estar pressionando seu parceiro leal a abrir uma nova frente na guerra contra a Ucrânia.
O presidente Alexander Lukashenko, que contou com tropas russas para reprimir uma revolta popular há dois anos, permitiu que Belarus servisse de base para a invasão russa, mas até agora impediu que seu próprio Exército se juntasse a ela.
Mas nas últimas semanas houve sinais crescentes de envolvimento de Moscou em Belarus, culminando no sábado, quando o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, voou sem avisar para a capital Minsk. Ele e seu colega bielorrusso, Viktor Khrenin, assinaram emendas ao acordo de cooperação de segurança dos dois países, sem divulgar os novos termos.
Milhares de soldados russos foram deslocados para Belarus desde outubro, diz a Ucrânia, e as autoridades de Belarus têm falado cada vez mais sobre uma ameaça de "terrorismo" de guerrilheiros que operam do outro lado da fronteira. Lukashenko ordenou que seus militares compilassem informações sobre os reservistas até o final deste ano.
Na última ação, nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança de Belarus, citado pela agência de notícias estatal BelTA, disse que tropas e equipamentos estarão se deslocando no país nos próximos dois dias. O acesso a algumas estradas e conexões de transporte será restrito e haverá treinamento.
O órgão não deu detalhes sobre o número de tropas ou tipos de equipamento que serão deslocados, as estradas e conexões de transporte que serão fechadas ou sobre a natureza dos exercícios de treinamento. Moradores da capital, Minsk, disseram que não há sinais externos de atividade incomum por lá.
No passado, alguns diplomatas ocidentais se mostraram céticos sobre a entrada de Belarus na guerra, observando que o país tinha um Exército comparativamente pequeno e que Moscou teria receio de provocar uma oposição pública que enfraqueceria Lukashenko por pouco ganho.
Autoridades ucranianas também disseram que acham que a Rússia ainda não tem tropas suficientes em Belarus para atacar de lá, e a ação perto da fronteira pode ser uma isca.
O Instituto para o Estudo da Guerra disse este mês que acredita que Belarus está conduzindo uma "operação de informação destinada a fixar as forças ucranianas na fronteira".
Mas alguns analistas dizem que a onda de atividade nas últimas semanas também pode ser um sinal genuíno de que Belarus pode enviar tropas para a guerra.
Por Tom Balmforth / Reuters
UCRÂNIA - O envio de drones contra duas bases aéreas russas localizadas a centenas de quilômetros de sua fronteira representa uma importante vitória simbólica para a Ucrânia, que demonstra sua capacidade de contrariar a aparente superioridade armamentista de seu inimigo.
Moscou acusou na segunda-feira as forças ucranianas de atacar duas bases aéreas em seu território, afirmando que três soldados morreram e dois aviões sofreram danos leves.
Kiev não reivindicou o ataque na terça-feira (6), mas especialistas ocidentais disseram à AFP que a ação foi realizada por drones de reconhecimento dos anos 1970, de fabricação soviética.
Embora ainda existam incógnitas, os especialistas apontam que é uma operação limitada, mas muito eficaz em nível simbólico.
- Drones soviéticos -
Várias fontes mencionam drones de reconhecimento Tupolev TU-141 Strizh, aparelhos soviéticas capazes de voar a grandes altitudes. Nesse caso, "os drones teriam sido modificados para terem capacidade de bombardeio", agindo como um drone suicida que se autodestrói com o impacto, disse à AFP Vikram Mittal, professor da Academia Militar dos Estados Unidos em West Point.
"Não se trata de tecnologia sofisticada", afirmou à AFP Jean-Christophe Noël, especialista do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).
Mas os ucranianos poderiam ter adicionado uma carga explosiva e orientação por GPS, ou mesmo "orientação terminal por forças especiais ucranianas" em solo russo.
- Dois objetivos estratégicos -
De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, Kiev "tentou realizar ataques de drones projetados pelos soviéticos contra a base aérea de Diaghilevo na região de Ryazan e a base aérea de Engels na região de Saratov" (centro).
Moscou acusa o inimigo de tentar "inutilizar aviões russos de longo alcance", que são usados para ataques direcionados contra inúmeras infraestruturas de energia na Ucrânia.
- Profundidade dos ataques -
As bases atingidas estão localizadas a várias centenas de quilômetros da fronteira com a Ucrânia, e ainda mais longe do front.
Os ataques são uma resposta aos bombardeios russos no interior do território ucraniano.
Embora não tenham nada a ver com a letalidade e os alvos dos ataques russos (nenhum civil foi atingido e nenhuma infraestrutura crítica foi afetada), a Ucrânia demonstra uma significativa capacidade de ataque de longa distância.
"A capacidade da Ucrânia de atacar a essa distância é impressionante", disse o ex-general australiano Mick Ryan no Twitter.
Os ucranianos "podem ter tido a ajuda de terceiros para planejar a missão, mas não é uma certeza. Uma combinação de fontes abertas, conhecimento das falhas da rede de defesa russa e observação do solo pode ter sido suficiente", analisou.
- Fragilidade russa -
A maior vitória ucraniana foi o óbvio efeito surpresa e a incapacidade dos russos de contra-atacar antes que os drones se aproximassem de seus alvos.
"O que é realmente incrível é que esses drones conseguiram superar os sistemas de defesa russos terra-ar", disse Vikram Mittal.
Rob Lee, pesquisador do King's College de Londres, vê isso como um sinal muito desfavorável para Moscou.
"Se os radares russos e as defesas aéreas não puderem impedir um TU-141 voando a centenas [de quilômetros] de atingir a principal base aérea de seus bombardeiros estratégicos em uma situação de guerra, isso não é um bom presságio para sua capacidade de impedir um ataque massivo com mísseis de cruzeiro", explicou.
- Impacto simbólico -
"É um golpe psicológico" que "vai causar consternação numa opinião que se acreditava protegida da guerra", disse Ryan, curioso para ver "a reação da máquina de propaganda russa".
O Instituto Americano para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) observou nesta terça-feira uma abundância de críticas nas contas do Telegram de observadores militares russos.
KIEV - A Rússia lançou mísseis de longo alcance sobre a Ucrânia na segunda-feira, 05, matando duas pessoas, destruindo casas no sudeste e causando cortes de energia, mas Kiev disse que suas defesas aéreas limitaram os danos.
Sirenes de ataque aéreo soaram por todo o país, e homens, mulheres e crianças se amontoaram no metrô da capital para se proteger durante a mais recente onda de ataques com mísseis desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.
Moscou tem como alvo a rede elétrica da Ucrânia em intensas séries de ataques desde outubro, e a empresa estatal de energia Ukrenergo, que opera a rede elétrica nacional, disse que mais infraestrutura foi atingida nesta segunda-feira.
O primeiro-ministro Denys Shmyhal afirmou mais tarde que instalações de energia foram atingidas nas regiões de Kiev, Vinnytsia e Odessa, mas que o sistema de energia da Ucrânia ainda estava funcionando.
A Força Aérea disse que mais de 60 dos mais de 70 mísseis disparados contra a Ucrânia foram abatidos.
"Nossos caras são incríveis", escreveu Andriy Yermak, chefe da equipe presidencial ucraniana, no Telegram.
Kiev, uma cidade de cerca de 3 milhões de habitantes, parece ter escapado de danos graves, embora o governador da região de Kiev tenha dito que 40% dos moradores da região ficaram sem energia depois que uma infraestrutura não especificada foi atingida.
Depois que um alerta de ataque aéreo de uma hora terminou, Zelenskiy afirmou aos ucranianos que as defesas aéreas "derrubaram a maioria dos mísseis". Autoridades de Kiev disseram que nove em cada dez mísseis disparados contra a capital foram abatidos.
Reportagem de Pavel Polityuk, Max Hunder e Olena Harmash / REUTERS
UCRÂNIA - As autoridades ucranianas disseram na segunda-feira que as tropas russas mataram uma pessoa e feriram outras três na cidade de Krivói Rog, na região de Dnipropetrovsk.
"Noite trágica... Um morto, três feridos. Depois da meia-noite, os russos dispararam três foguetes em Krivói Rog. Visavam uma empresa industrial", anunciou Valentin Reznichenko, o governador de Dnipropetrovsk.
Reznichenko disse que a vítima fatal era um empregado da empresa visada pelo exército russo. Acrescentou que as equipas de salvamento tinham recuperado o corpo do trabalhador dos escombros da fábrica destruída.
Os feridos foram levados para um hospital local em condições moderadas, de acordo com as autoridades de saúde, como relatado pelo governador na sua conta do Telegrama.
Além disso, o distrito de Nikopol - também na região de Dnipropetrovsk, a cerca de 100 quilómetros de Kryvoi Rog - também foi descascado de um dia para o outro.
por Pedro Santos / NEWS 360
UCRÂNIA - O governo ucraniano redobrou nos últimos dias os seus apelos para um tribunal especial cuja principal tarefa seria julgar crimes cometidos com a Rússia, uma tarefa ambiciosa para a qual Kiev procura a ajuda dos seus principais aliados internacionais, enquanto se aguarda a definição de onde e como os julgamentos hipotéticos poderiam ser realizados.
O artigo 125 da Constituição da Ucrânia estabelece explicitamente que "não é permitido o estabelecimento de tribunais extraordinários e especiais", um legado do contexto pós-soviético em que se temia um sistema de justiça à la carte como na URSS.
No entanto, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, não hesita em apelar a um "tribunal especial" para julgar "todos os responsáveis por esta guerra criminosa", como salientou esta semana durante um discurso à nação em que apelou à cooperação de outros países europeus.
Os peritos não consideram esta exigência incompatível com o direito ucraniano, desde que o conceito de "internacional" seja acrescentado ao tribunal que Zelenski exige, de modo que, mesmo que pudesse ser constituído na Ucrânia, o faria dentro de um quadro fora do próprio sistema judicial ucraniano, nota o portal Just Security.
Zelenski recebeu um apoio chave da Presidente da Comissão Europeia Ursula Von der Leyen, que ao estabelecer uma série de medidas propôs a criação de um tribunal tão especial para que "os crimes horríveis da Rússia não fiquem impunes" e o regime de Vladimir Putin "pague" por eles.
Neste contexto, Bruxelas propõe que, "embora continuando a apoiar o Tribunal Penal Internacional", sejam feitos progressos no sentido da criação de um "tribunal especializado" apoiado pelas Nações Unidas para "investigar e julgar o crime de agressão da Rússia".
É precisamente neste crime de agressão que Zelenski também se concentra, consciente de que não é possível destacar Moscou para o início do próprio conflito sob a égide do TPI, um tribunal com o qual, no entanto, ele quer continuar a colaborar.
O Estatuto de Roma, que moldou o TPI, prevê a agressão como crime a ser processado, mas a sua definição não foi aprovada por todas as partes, o que a impede de exercer jurisdição sobre ela. Só seria possível se o país de origem do alegado agressor, neste caso a Rússia, aceitasse a jurisdição do tribunal.
O Gabinete do Procurador da República das TIC lançou a sua própria investigação sobre possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade, e Kiev tem promovido ativamente estas investigações. Não surpreendentemente, o governo ucraniano já decidiu submeter-se à jurisdição do tribunal de Haia em 2014, quando o conflito eclodiu no leste do país e a Rússia absorveu a península da Crimeia.
Um hipotético julgamento de Putin por crimes que recaem sob a jurisdição do TPI está longe de estar concluído, em qualquer caso, uma vez que dependeria de, no caso de ser acusado de crimes de guerra ou de crimes contra a humanidade e de ter um mandado de captura pendente, viajar para um país que coopera com a Haia, onde poderia ser detido.
O PAPEL DA ONU
Fontes da UE reconhecem que, para que as reivindicações de Von der Leyen sejam satisfeitas, o tribunal necessitará do "apoio político, financeiro e administrativo" das Nações Unidas, uma organização que, por outro lado, tem uma mão atada atrás das costas devido ao poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança, o principal órgão executivo.
Seria possível questionar o Secretário-Geral da ONU António Guterres e procurar legitimação na Assembleia Geral, onde todos os Estados membros estão representados e nenhum país tem o direito de veto. Nos últimos meses, a Ucrânia já obteve vários apoios diplomáticos sob a forma de resoluções na Assembleia.
O escritório de Guterres, por enquanto, prefere permanecer à margem. "Qualquer decisão para estabelecer este tribunal, com ou sem o envolvimento da ONU, cabe aos estados membros", disse o porta-voz principal Stéphane Dujarric numa conferência de imprensa esta semana.
O ICC também evita entrar no debate e um porta-voz consultado pela Europa Press afirmou que o órgão "está concentrado no cumprimento do seu próprio mandato". Contudo, acrescentou: "Saudamos qualquer esforço que traga mais justiça às vítimas, onde quer que seja.
A ONU já tem um precedente na criação de tribunais especiais, tal como o exigido pela Serra Leoa em 2000, com um pedido direto ao Secretário-Geral na altura, Kofi Annan, que levou a uma resolução do Conselho de Segurança que apelava a negociações para a criação deste mecanismo.
Três anos antes, o Camboja também pediu ajuda à ONU para julgar os líderes dos Khmers Vermelhos. Neste caso, a colaboração levou à criação de um tribunal cambojano com participação estrangeira e normas internacionais.
INÍCIO DOS CONTATOS
O governo ucraniano redobrou a sua ronda de contatos internacionais em busca do tribunal que procura, com reuniões nos principais países europeus e também em Washington. À frente deste grupo está Andriy Yermak, uma figura chave na presidência e um dos conselheiros de maior confiança de Zelenski.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros Dimitro Kuleba também levou a questão a reuniões da OTAN e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), das quais a Rússia continua a ser membro.
O governo francês, que já se declarou a favor da iniciativa e confirmou contatos com outros parceiros, espera "obter o mais amplo consenso possível no seio da comunidade internacional" no caso da Ucrânia, embora pareça claro que já foram estabelecidas posições.
As sucessivas resoluções da ONU nos últimos meses deixaram claro quais os aliados que a Rússia tem, quer através de apoio explícito, quer através de equidistância como a adoptada pela China, outro dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança.
Moscou deixa claro que não respeitará qualquer tribunal "ad hoc" criado para rever o que continua a definir como uma "operação especial", que continua a justificar com base em alegados riscos de segurança nacional. Tais esforços "não terão legitimidade, não os aceitaremos e condenamo-los", disse na quinta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
por Pedro Santos / NEWS 360
KIEV – As Forças Armadas da Ucrânia disseram nesta quinta-feira que a Rússia retirou algumas tropas de cidades na margem oposta do rio Dnipro à cidade de Kherson, o primeiro relato oficial ucraniano de uma retirada russa do que agora é a principal linha de frente no sul.
A declaração deu apenas detalhes limitados e não fez nenhuma menção de quaisquer forças ucranianas terem cruzado o Dnipro. As autoridades ucranianas também enfatizaram que a Rússia intensificou os bombardeios do outro lado do rio, desligando a energia novamente em Kherson, onde a eletricidade só começou a ser restaurada quase três semanas depois que as tropas russas deixaram a cidade e fugiram pelo rio.
Desde que a Rússia abandonou Kherson no mês passado, nove meses após a invasão da Ucrânia, o rio agora forma todo o trecho sul do front.
A Rússia já disse aos civis para deixarem as cidades dentro de 15 km do rio e retirou sua administração civil da cidade de Nova Kakhovka na margem. Autoridades ucranianas disseram anteriormente que a Rússia tinha retirado parte da artilharia perto do rio para posições mais seguras mais longe, mas até agora não havia dito que as forças russas estavam deixando cidades.
“Uma diminuição no número de soldados russos e equipamentos militares é observada no assentamento de Oleshky”, disseram os militares, referindo-se à cidade oposta à cidade de Kherson, do outro lado de uma ponte destruída sobre o rio Dnipro.
Segundo eles, a maioria das tropas russas na área é reservista mobilizada recentemente, sugerindo que as tropas profissionais mais bem treinadas de Moscou já haviam partido.
A Reuters não pôde confirmar o relato de forma independente.
Sirenes de ataque aéreo soaram novamente em toda a Ucrânia nesta quinta-feira e os moradores foram para abrigos, mas não houve relatos imediatos de grandes ataques com mísseis e o alerta foi suspenso.
Desde o início de outubro, a Rússia tem lançado grandes ataques com mísseis e drones quase semanais em toda a Ucrânia para interromper seu fornecimento de energia, água e aquecimento, o que Kiev e o Ocidente dizem ter a intenção de prejudicar civis, um crime de guerra.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, defendeu esses ataques, dizendo nesta quinta-feira que Moscou tinha como alvo a infraestrutura civil da Ucrânia para impedir que Kiev importe armas ocidentais. Ele não explicou como tais ataques poderiam atingir esse objetivo.
“Desativamos as instalações de energia (na Ucrânia) que permitem a você (Ocidente) lançar armas letais na Ucrânia para matar russos”, disse Lavrov.
Por Tom Balmforth / por Reuters
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