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ESPANHA - O partido de ultradireita espanhol Vox perdeu força nas eleições de domingo (23). Ainda que o resultado do pleito siga indefinido, a legenda deve perder 19 assentos no Parlamento.

O Vox chegou pela primeira vez ao Parlamento após as eleições de 2019, quando obteve 15,21% dos votos e conquistou 52 assentos. No pleito deste ano, com 98,75% das urnas apuradas, o percentual de votos na legenda havia caído para 12,39%, suficientes para garantir 33 cadeiras. Ainda assim, o partido deverá seguir com a terceira maior bancada do Parlamento.

Conhecido por suas posições anti-imigração e anti-direitos LGBTQIA+, o Vox tinha a chance de chegar ao poder na Espanha como parceiro minoritário em uma coalizão com o Partido Popular (PP), de direita. O PP foi a legenda que recebeu mais votos neste domingo, com 32,96% dos votos e 136 assentos.

Com 172 assentos somados até aqui, PP e Vox ficam aquém dos 176 necessários para formar maioria. Tampouco está claro se o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que obteve 122 cadeiras, conseguirá formar uma coalizão de esquerda com partidos menores.

Caso nenhum dos blocos consiga negociar uma maioria no Parlamento, novas eleições-gerais deverão ser convocadas.

No domingo (23), o líder do Vox, Santiago Abascal, lamentou que o bloco de direita tenha sido incapaz de conquistar a maioria dos assentos. "Passamos a campanha inteira alertando sobre o perigo de alguma pesquisa claramente manipulada", afirmou.

O Vox esperava repetir o bom desempenho que teve nas eleições regionais de maio, quando passou a governar dez cidades grandes do país em aliança com o PP. Seus membros lutam contra o aborto e a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

O certo é que o Vox já está causando arrepios nas esquerdas das comunidades autônomas (o equivalente a estados) que passou a governar ao lado do PP. Na cidade de Valdemorillo, próxima a Madrid, uma peça baseada em "Orlando", de Virginia Woolf, foi cancelada porque as autoridades consideraram inapropriado a presença de um homem que se converte em mulher, de acordo com a companhia de teatro responsável pela montagem.

Em outra cidade, a prefeitura retirou do cinema o desenho "Lightyear" porque ele exibia um beijo entre duas mulheres. Em reação, alguns artistas espanhóis lançaram o movimento #StopCensura.

O Vox nasceu há dez anos, fundado por egressos do PP insatisfeitos com o conservadorismo "relativo" de seu partido de origem. Sua criação remete a quando a Espanha era um país bipartidarista PP e PSOE se alternaram no poder por décadas até que, por volta de 2010, os nanicos começaram a ganhar força.

Nesse contexto, o Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco, que reinou no país entre 1939 e 1975. Seus membros lutam contra o aborto ou a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

 

 

FOLHA de S.PAULO

ESPANHA - Se pedirem a um espanhol que avalie a situação econômica de seu país, certamente ele dirá que a economia vai mal, apesar de alguns indicadores mostrarem o contrário. Por que existe essa dissonância entre percepção e dados?

Com o Produto Interno Bruto (PIB) em alta e a inflação e o desemprego em baixa, os institutos e especialistas consultados pela BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) avaliam de forma positiva a situação da economia espanhola em termos gerais.

No entanto, na recente pesquisa de junho do Centro de Investigação Sociológica (CIS) de Espanha, 43,1% dos cidadãos qualificaram a situação econômica geral como “ruim” e 13,8% como “muito ruim”.

Essa discrepância entre a percepção e a realidade está sendo ampliada durante a campanha para as eleições gerais neste domingo (23/7), em que diferentes partidos políticos manipulam os números a seu favor, destacando os indicadores que lhes são mais convenientes.

Enquanto o presidente do governo e líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, afirma que a economia espanhola “está andando como se fosse uma moto", o presidente do conservador Partido Popular (PP) e líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, diz que o país "está estagnado."

A economia é um tema central no pleito. Segundo as sondagens, o direitista PP passaria a ser o partido mais votado, seguido do governista PSOE. Quem chegar em terceiro pode ser decisivo para o resultado da eleição: o Vox de extrema-direita — que tudo indica que governaria com o PP — ou a recém-lançada coalizão de esquerda espanhola Sumar — que se tornaria parceira do PSOE em um governo de coalizão.

 

Verdades absolutas

“Cada um vê o que lhe convém. Um diz que estamos crescendo muito rápido e o outro diz que sim, mas que caímos ainda mais rápido (durante a pandemia) ”, explica à BBC News Mundo Javier Quesada, especialista do Instituto Valenciano de Pesquisas Econômicas (IVIE).

“Enquanto um fala em PIB (o conjunto das riquezas da economia), outro fala em PIB per capita (essa riqueza dividida pela população do país). Isso faz parte do jogo."

“Não há dúvida de que, se a economia vai bem, isso é bom para que os que estão no poder consigam renovar o mandato. E que quem quer chegar ao poder tem que procurar fazer com que a população perceba a necessidade de mudar”, diz.

“Isso significa que a opinião pública neste momento está altamente contaminada por notícias favoráveis ​​ou desfavoráveis.”

A mesma opinião é compartilhada por Martí Parellada, professor de economia da Universidade de Barcelona e presidente do Instituto de Economia de Barcelona (IEB). Ele explica que, para entender a visão negativa que os espanhóis têm da economia, é preciso levar em consideração “a batalha eleitoral” em jogo.

"Logicamente, se a alternativa ao atual governo usar como argumento substancial contra o governo que a situação econômica está ruim, provavelmente isso acabará afetando as pesquisas de opinião dos espanhóis", disse Parellada à BBC News Mundo.

 

O crescimento da economia espanhola

Em 2022, a Espanha registou um crescimento do PIB de 5,5% — o sétimo maior da União Europeia, segundo dados do Eurostat (Escritório Europeu de Estatística), à frente de outras grandes economias europeias como a Holanda (4,3% ), Itália (3,7%), França (2,5%) e Alemanha (1,8%).

Da mesma forma, o Banco da Espanha melhorou sua previsão para este ano e estimou que o PIB crescerá a uma taxa de 2,3%, enquanto a inflação continuará moderada e fechará 2023 em uma média de 3,2%, ante 8,4% registrados em 2022.

“Na minha opinião, não acho que a situação da economia espanhola possa ser avaliada de outra forma que não seja positiva. Os indicadores são bons sob qualquer ponto de vista”, avalia Parellada, embora reconheça que há problemas de produtividade e renda per capita abaixo da média da União Europeia.

A pujança das exportações, o dinamismo do emprego e a flexibilização dos preços da energia são algumas das principais razões para a melhoria das previsões do Banco de Espanha.

“O momento atual da economia espanhola é muito positivo. Mas também é verdade que se colocarmos num contexto mais geral a médio prazo, a economia espanhola foi a última a recuperar a queda do PIB sofrida durante a covid”, analisa Omar Rachedi, professor associado do Departamento de Economia, Finanças e Contabilidade na Escola Superior de Administração e Gestão de Empresas (ESADE).

A essa lenta recuperação se soma a elevada dívida pública espanhola, que voltou a bater um novo recorde histórico em maio, ultrapassando os 1,54 biliões de euros devido ao enorme impacto da pandemia na economia. Esse é um dos pontos fracos da economia espanhola.

 

Inflação

A inflação fechou junho em 1,9%. O número é inferior aos de França (5,3%) e Alemanha (6,8%). No entanto, a inflação de alimentos continua acima dos 10%, pesando muito no orçamento das famílias.

"Quando você vai ao supermercado, tende a levar mais em conta a variação de preços de um produto que talvez compre com mais frequência ou que seja mais importante para você, portanto, embora talvez apenas alguns produtos subam, a sua sensação é de aumento generalizado da inflação, embora isso não seja verdade”, explica Rachedi à BBC Mundo.

Para entender por que a sociedade percebe que as coisas estão piores do que dizem os indicadores macro, é preciso olhar para o micro. O que as pessoas percebem não é o quanto o PIB cresceu, mas sim o preço da gasolina, os produtos da cesta de compras ou a conta de luz.

“Se você olhar os dados macroeconômicos, parece que está tudo bem. Empregos foram gerados, a inflação está diminuindo, tudo isso é favorável. Agora, se você conversar com as pessoas, elas podem ter uma percepção diferente”, diz Quesada.

“A vida ficou muito cara e o que as pessoas percebem mais diretamente é como a comida ficou mais cara. As pessoas veem que está cada vez mais difícil chegar ao final do mês porque a inflação corrói as melhorias salariais que ocorreram, mas elas ficam atrás do crescimento dos preços."

A inflação é um dos principais temores da população e o principal inimigo dos governos.

“Os dados macroeconômicos são muito bons, sim, mas existe uma palavra mágica, que se chama inflação. A inflação que continua alta em toda a Europa e que está matando os governos. Essa é uma lição que a história da Europa nos dá”, explica Cristina Monge, cientista política e professora da Universidade de Zaragoza, à BBC Mundo.

“Você pode ter ótimos dados macro, mas vê que seu empréstimo imobiliário subiu 200 euros por mês ou que vai ao supermercado e que o dinheiro não compra tanto como antes. Portanto, a percepção em microeconomia não é a mesma que em macroeconomia”, aponta o especialista.

 

Narrativa

O caso da percepção negativa da economia não é exclusivo da Espanha. De acordo com uma pesquisa publicada recentemente pelo Pew Research Center, a maioria dos adultos em 18 dos 24 países pesquisados ​​classificou a situação econômica em seus países como “ruim”.

Na Espanha, 72% dos pesquisados ​​o avaliaram negativamente, dentro da média do estudo em que apenas México, Índia, Indonésia e Holanda registraram uma maioria que o descreveu como "boa”.

“Você pode ter um crescimento concentrado em algumas parcelas da população, então nem todos podem se beneficiar desse crescimento”, diz Rachedi. "Os dados de emprego e parte da política fiscal me fazem pensar que, de maneira geral, a situação não é tão negativa quanto percebida pela população."

“Essa discrepância não é apenas algo que acontece na Espanha. Exatamente o mesmo debate existe agora nos Estados Unidos, onde novamente há níveis recordes de emprego, mas as pessoas continuam tendo a ideia de que há quase uma recessão e uma crise que continua sendo anunciada e nunca aparece.”

Em sua opinião, essa discrepância pode ser, em parte, um legado dos últimos 20 anos de crescimento, em que parte da população se beneficiou de uma renda maior. Mas também se deve, em parte, ao que o Prêmio Nobel Robert J. Shiller chamou de "narrativa econômica".

"Uma narrativa econômica é uma história contagiante que tem o potencial de mudar a forma como as pessoas tomam decisões econômicas." Essa teoria explica como a história pode moldar nossa percepção da realidade e, na opinião de Rachedi, pode ser o que está acontecendo na Espanha.

“Se a mesma história se repetir, pode ter um efeito muito importante na população, principalmente em um momento como agora em que as redes sociais são tão importantes”, aponta.

“Acho que também em parte pelas características dessa recuperação com crescimento do PIB que também vem com inflação alta. Por exemplo, isso é muito interessante quando se observa a forte correlação nos EUA entre as pesquisas favoráveis ​​ao presidente e o preço da gasolina. Aí você vê como cada vez que o preço da gasolina sobe, há uma queda no apoio ao presidente.”

Nas eleições deste domingo na Espanha, veremos qual das "narrativas econômicas" mais convenceu os eleitores ou se a percepção de muitos cidadãos de que é cada vez mais difícil sobreviver é motivo suficiente para mudar o governo.

 

 

por Almudena de Cabo - BBC News Mundo

VENEZUELA - Os candidatos que querem disputar a eleição presidencial venezuelana pela oposição no próximo ano concordaram em um debate na quarta-feira (12) que devem apresentar uma frente unida contra o partido do governo, e trabalhar para impulsionar a economia atraindo investimentos privados.

O debate, o primeiro entre candidatos da oposição desde 2011, ocorreu enquanto eles aguardam uma decisão da mais alta corte do país que poderia suspender a disputa de 22 de outubro.

O candidato independente para 2024, Luis Ratti — que muitos na oposição dizem ter laços com o partido socialista no poder — pediu ao Supremo Tribunal de Justiça na segunda-feira (10) para impedir a eleição primária por alegações não especificadas de irregularidades.

A oposição da Venezuela, frequentemente dividida, tenta retirar do poder o presidente Nicolás Maduro, que governa o país desde 2013.

Embora a última eleição em 2018 tenha sido amplamente condenada como fraudulenta, especialmente pelos Estados Unidos, a oposição até agora não conseguiu derrubar Maduro.

Três dos mais destacados entre os 14 candidatos da oposição, Maria Corina Machado, Henrique Capriles e Freddy Superlano, já foram impedidos de ocupar cargos públicos.

A primária deve dar à oposição uma liderança clara e uma unidade mais forte, disseram os oito candidatos que participaram do debate, organizado por grupos não-governamentais e realizado na Universidade Católica Andrés Bello.

"Precisamos de uma liderança que não hesite, que confronte, que não se curve diante das ameaças", disse Machado, uma ex-parlamentar de 55 anos que lidera as pesquisas para as primárias.

"Esta não é uma eleição convencional", disse Superlano, que alertou que qualquer um dos candidatos pode ser banido. "Precisamos de uma liderança que leve a luta até o fim."

No entanto, houve discordância sobre como escolher um substituto se o candidato favorito for impedido de concorrer.

Capriles, que disputou a Presidência duas vezes, não participou. Ele disse na segunda-feira que o país precisa que a oposição seja unida, não expondo suas diferenças em público.

 

 

 

Por Reuters

MÉXICO - A senadora de origem indígena Xóchitl Gálvez abalou a política mexicana com sua candidatura às eleições presidenciais de 2024. Sua irrupção incomoda o partido governista de esquerda e fortalece a possibilidade de que, pela primeira vez, uma mulher governe o país.

Gálvez, que aos seis anos vendia doces em sua terra natal, Tepatepec (centro), como ajuda para a família, inscreveu-se esta semana para concorrer à candidatura da oposição, que definhava diante da popularidade avassaladora do presidente Andrés Manuel López Obrador (68% de acordo com uma média de pesquisas).

Dona de uma empresa de tecnologia, essa engenheira da computação de 60 anos, desafiadora, enfrenta o partido Morena que, segundo as pesquisas, avança confortavelmente para liderar a segunda maior economia da América Latina por mais seis anos, independentemente de quem for o candidato.

Se vencer a indicação, a senadora do conservador Partido Ação Nacional (PAN) poderá disputar o poder com a ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, que lidera as preferências para ser a porta-estandarte da esquerda. Uma batalha sem precedentes neste país de machismo arraigado e graves problemas de violência de gênero.

De pai otomí (povo ancestral do centro do México) e mãe mestiça, Gálvez confessa que quer enfrentar Sheinbaum pela presidência, argumentando que sabe "mais deste país do que ela" e tem "os conhecimentos necessários".

"Não é qualquer mulher" que pode governar o México, respondeu Sheinbaum, uma física de 61 anos, acrescentando aos ataques verbais de López Obrador contra a senadora.

No passado, Gálvez concorreu a cargos pelo partido esquerdista PRD, que também incluía López Obrador. Embora ela agora esteja alinhada com o conservadorismo, seu perfil é o de uma liberal, defensora do aborto, dos direitos LGBTQIA+ e até dos programas sociais do presidente, que seu partido rejeita.

Com 13% dos votos, Gálvez segue empatada com o veterano deputado Santiago Creel, também do PAN, segundo pesquisa do jornal El Financiero. O vencedor sairá de uma pesquisa e será anunciado no dia 3 de setembro, nove meses antes das eleições.

Sua carreira política começou em 2000, quando o presidente conservador Vicente Fox (2000-2006) lhe confiou a política para os povos indígenas.

Antes disso, dirigiu uma fundação de apoio a crianças e mulheres indígenas, sendo selecionada em 1999 entre as 100 líderes do futuro no Fórum Econômico Mundial de Davos.

Entre 2015 e 2018 foi prefeita de um distrito da Cidade do México e despontava como candidata ao governo da capital. Naquela época, em 2012, uma de suas irmãs foi acusada de sequestro e permanece na prisão sem sentença, embora Gálvez tenha negado qualquer responsabilidade.

"Não sou a candidata confortável dos partidos (...) sigo as minhas próprias convicções", "ninguém me controla, nem o meu marido" e "não pertenço a nenhuma oligarquia" são algumas das frases que repete para assinalar a sua independência.

 

 

AFP

VENEZUELA - A Controladoria-Geral da Venezuela, órgão de controle fiscal do governo de Nicolás Maduro, tornou inelegível, no fim do mês passado, a ex-deputada María Corina Machado, pré-candidata da oposição às eleições presidenciais do ano que vem.

Já se tornou uma tradição: sempre que aparece um opositor com alguma chance de desafiar sua permanência no poder, Maduro põe para funcionar sua formidável máquina autoritária para inviabilizar a ousadia. Assim, a eleição venezuelana não passa de uma farsa, encenada apenas para dar verniz de legitimidade à tirania chavista.

A inelegibilidade de María Corina, a voz mais radical da oposição venezuelana, deu-se sob o argumento de que houve irregularidades em seu mandato como deputada. Não houve processo, nem administrativo nem judicial, no qual lhe fosse garantido amplo direito de defesa. O que se viu foi apenas a determinação de um órgão fiscal do Executivo.

Quinze dias antes, todos os integrantes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), responsável por organizar as eleições primárias da oposição, renunciaram, sem maiores explicações. A rigor, o CNE está desfeito sem haver clareza sobre sua renovação a tempo de supervisionar a escolha do candidato de oposição.

Sem o comando do CNE, a Plataforma Unitária, composta pelos partidos de oposição, declarou-se empenhada em realizar as primárias de qualquer maneira. Não é preciso ser catedrático em política bolivariana para entender a tática de Maduro de deslegitimar o resultado das primárias – ainda mais se o nome escolhido for considerado inelegível por seu regime – ou de competir contra um opositor de menor envergadura.

Por ter se dado num regime de exceção, a condenação a María Corina nada teve de excepcional. Nos últimos anos, três outros expoentes da oposição foram declarados inelegíveis: Henrique Capriles, Freddy Superlano e Juan Guaidó, hoje autoexilado nos Estados Unidos. O histórico de eleições no país desde a ascensão de Maduro ao poder, há dez anos, reduz a expectativa, já bastante diminuta, de que o pleito de 2024 não seja eivado de fraudes. Inúmeros exemplos dessas práticas foram observados na reeleição de Maduro, em 2018, por organismos internacionais e pelo Observatório Eleitoral Venezuelano.

A arquitetura autoritária construída por Hugo Chávez, reforçada por seu pupilo Maduro, favorece esse cenário, tornando a fraude uma consequência natural. Há tempos o Legislativo, o Judiciário e a imprensa perderam sua autonomia para se tornarem braços do regime. Já o aparato de repressão do Estado, inclusive as milícias paramilitares, certamente estará ativo ao longo do processo eleitoral, como já se viu em todas as votações anteriores sob o chavismo.

Ou seja, nada de novo na Venezuela chavista. Não há contorcionismo retórico nem teoria da relatividade imoral que impeçam o mundo de ver o que só fanáticos ou desonestos dizem não enxergar: que a “democracia” venezuelana não existe senão como fachada para a tirania de Maduro, cuja máquina ditatorial é programada para matar, no nascedouro, qualquer chance de a oposição desafiar seu poder.

 

 

por Notas & Informações

ESTADÃO

BUENOS AIRES - A corrida eleitoral na Argentina está se estreitando em uma disputa de dois concorrentes, antes das eleições primárias de 13 de agosto, com a escolha de um candidato de centro pela coalizão peronista governista neutralizando parte da ameaça do libertário de extrema direita Javier Milei.

As pesquisas mostram os dois principais candidatos do bloco de oposição conservadora, a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich e o prefeito de Buenos Aires Horacio Larreta, logo à frente do candidato da coalizão governista, o ministro da Economia, Sergio Massa.

Isso comprimiu Milei, um economista de extrema direita que prometeu dolarizar a economia e fechar o banco central, buscando explorar a raiva do eleitor com inflação acima de 100%, reservas em moeda estrangeira secando e 40% de pobreza.

"Estamos vendo uma tendência constante, embora gradual, de se tornar uma corrida polarizada entre as duas principais coalizões", disse Marina Acosta, da empresa de pesquisas Analogias.

A pesquisa de 28 a 30 de junho com 2.569 entrevistados mostrou que 32,7% dos eleitores apoiam Bullrich-Larreta juntos, 28,3% apoiam Massa e 4% o candidato peronista Juan Grabois. O partido de Milei tem 17,8%, e 12,7% ainda estão indecisos.

“A parcela de indecisos diminuiu e o espaço ocupado pela ultradireita encolheu”, disse Acosta.

Os mercados e investidores da Argentina saudaram a candidatura de Massa, um pragmático moderado dentro do bloco peronista, o que afastou a facção mais esquerdista da coalizão.

Mas Massa enfrenta uma batalha difícil contra os conservadores nas eleições de outubro, que irão para o segundo turno se nenhum candidato conseguir mais de 50%. O bloco de oposição escolherá entre Bullrich e Larreta nas primárias de agosto.

 

 

Por Nicolás Misculin / REUTERS

WASHINGTON - O governador da Flórida, Ron DeSantis, buscaria eliminar os Departamentos de Energia, Comércio e Educação, bem como o serviço interno de receita, se fosse eleito presidente dos Estados Unidos, sugeriu ele em entrevista à televisão na quarta-feira.

Quando questionado pela apresentadora da Fox News Martha MacCallum se cortaria alguma agência enquanto estivesse no cargo, ele citou Educação, Comércio e Energia. "E assim, se o Congresso trabalhar comigo para fazer isso, seremos capazes de reduzir o tamanho e o escopo do governo."

Alguns republicanos de alto escalão pediram que esses departamentos fossem eliminados no passado. O Departamento de Educação, em particular, tem sido alvo dos conservadores, e o ex-presidente Donald Trump também pediu sua abolição.

O apoio de DeSantis pela eliminação de importantes agências federais no início das primárias presidenciais republicanas destaca a ênfase que sua campanha coloca na redução radical da burocracia federal.

Ele frequentemente acusa amplos setores do governo de viés político contra os conservadores e prometeu reformas de pessoal caso seja eleito. Ele já havia se manifestado a favor do fim do serviço interno de receita.

O governador da Flórida está atrás de Trump nas pesquisas de opinião pública, mas seu nível de apoio é maior do que o do restante do grupo republicano. Cerca de 43% dos republicanos apoiaram Trump em uma pesquisa Reuters/Ipsos de 9 a 12 de junho, em comparação com 22% apoiando DeSantis.

 

 

Por Gram Slattery / REUTERS

GUATEMALA - A ex-primeira-dama Sandra Torres, 67, e Bernardo Arévalo, 64, filho do ex-presidente Juan José Arévalo, disputarão o segundo turno na Guatemala em 20 de agosto, indicam resultados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral do país. Com quase 90% das urnas apuradas, ela recebeu 15,1% dos votos válidos nas eleições presidenciais realizadas neste domingo (25), enquanto ele ficou com 12,2%.

A nação mais populosa da América Central, com 18 milhões de habitantes, não escapa da ameaça autoritária que vivem seus vizinhos e teve quatro candidatos excluídos da corrida, num contexto de perseguição judicial e exílio de opositores e jornalistas.

A participação de Arévalo no segundo turno foi uma surpresa, já que o candidato estava em oitavo lugar na última pesquisa antes do pleito. Sua campanha foi impulsionada pelas redes sociais e pelo voto jovem.

Até agora, o terceiro lugar ficou para o advogado Manuel Conde, com 7,8% dos votos válidos.

Em entrevista coletiva nesta segunda, Torres se mostrou otimista. "Estamos felizes", disse ela. "Vamos vencer, seja contra quem for." Arévalo afirmou que os resultados refletem o apoio que ele recebeu durante a campanha. "Não viemos para ganhar as pesquisas. Viemos para ganhar as eleições", afirmou. "Nosso profundo e total agradecimento às pessoas que nos deram seu voto de confiança."

Considerando os votos totais, porém, nenhum candidato superou os votos nulos e brancos, conforme era esperado. Até a madrugada, esses grupos somaram 24,4%, contra 13% registrados quatro anos atrás, e a participação foi de 59,9% dos eleitores, contra 62% no pleito passado, numa campanha permeada pelo aumento da descrença nas instituições.

O dia foi majoritariamente pacífico, segundo observadores nacionais e internacionais, mas alguns acontecimentos tensos marcaram a votação, que terminou com 31 detidos e 208 denúncias ao Ministério Público. Os mais graves ocorreram na cidade de San José del Golfo, a 30 km da capital, que teve que suspender as eleições após tumultos e ameaças a agentes eleitorais.

O presidente Alejandro Giammattei prometeu, após votar, que iniciará o processo de transição o mais rápido possível. "Esperamos que [o próximo presidente] siga o caminho que foi traçado em direção à recuperação econômica do país. E que continue a estimular os investimentos estrangeiros", declarou ele à imprensa local.

Os principais candidatos excluídos da corrida foram o empresário Carlos Pineda, que ganhou popularidade no TikTok e estava em primeiro lugar nas pesquisas, e Thelma Cabrera, a única indígena num país em que metade da população se identifica como tal. A Justiça entendeu que suas chapas cometeram ilegalidades, em decisões muito questionadas.

É a segunda vez que Sandra Torres, do partido Unidade Nacional da Esperança, vai ao segundo turno. Em 2019, ela conseguiu angariar o maior número de eleitores na primeira votação, mas então perdeu para o atual presidente, Alejandro Giammattei. Logo depois, ela foi presa por suspeitas de financiamento ilegal do seu partido, em processo arquivado no ano passado, quando o promotor já estava exilado.

Torres ganhou protagonismo como primeira-dama enquanto seu marido, Álvaro Colom, exerceu o cargo de 2008 de 2011 pela sigla fundada por ambos. Então começou sua odisseia à cadeira presidencial —que lhe custou o divórcio por questões constitucionais—, durante a qual ela se afastou da social-democracia em direção ao conservadorismo.

A política é vista como alguém que pode dar continuidade ao atual governo, já que seu partido, de maioria no Congresso, tendia a se alinhar a ele nas votações. "Ela pode manter essa aliança ou romper e retomar pontos que defendia quando era primeira-dama, como os programas sociais que a fizeram se vincular a Lula e a Dilma no Brasil", afirma o sociólogo Marcel Arévalo, da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais).

Já Bernardo Arévalo, do partido de esquerda Movimiento Semilla, tem uma plataforma anti-corrupção e busca se distanciar da política partidária. O candidato é filho de Juan José Arévalo, que foi o primeiro presidente democraticamente eleito no país após a queda do ditador Jorge Ubico, em 1945.

O sociólogo da Flacso comenta que a presença de Arévalo no segundo turno "é uma surpresa, mas reflete o cansaço do eleitorado em relação aos atores políticos que têm destruído as instituições democráticas, que foram fragilmente construídas após a transição para a democracia em 1985 e a assinatura do acordo de paz em 1996".

Para o especialista, no entanto, o caminho até o segundo turno deve ser complicado. "É difícil prever quem será o vencedor e quais estratégias serão usadas pelos derrotados até agora. O percurso pode incluir violência e várias manobras para resgatar e afirmar sua impunidade."

O país tem o quinto pior índice de percepção da corrupção da América Latina, segundo a ONG Transparência Internacional, e vive num sistema democrático que alguns analistas definem como híbrido.

A perda de independência dos Poderes e a perseguição judicial a opositores são apontadas como as faces mais visíveis da guinada autoritária. Estimam-se que há mais de 30 juristas e 20 jornalistas em autoexílio, além de ativistas. O caso mais emblemático é o de José Rubén Zamora, jornalista condenado a seis anos de prisão na semana passada.

Além desses temas, o novo presidente terá que lidar com uma sociedade ainda muito rural (48% não vivem em cidades), que tem acesso insuficiente a estradas, água e energia e uma alta mortalidade e desnutrição infantil. Os homicídios também voltaram a subir nos últimos dois anos, após uma década de queda.

Essas condições, somadas à falta de emprego e à alta informalidade pioradas pela pandemia, fazem com que os jovens mais da metade da população tem menos de 30 anos queiram sair do país em busca de melhores condições de vida, principalmente para os Estados Unidos. Os migrantes equivalem a 17% da população e as remessas que eles enviam a parentes, a 20% do PIB (Produto Interno Bruto).

 

 

por JÚLIA BARBON / FOLHA de S.PAULO

WASHINGTON - O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence buscará a indicação do Partido Republicano para disputar a Presidência dos EUA em 2024, de acordo com um documento apresentado nesta segunda-feira à Comissão Eleitoral Federal (FEC).

A Reuters não conseguiu autenticar imediatamente o registro no site da FEC.

Pence, de 63 anos, anunciará sua campanha com um vídeo e um discurso na quarta-feira no Estado de Iowa, três fontes familiarizadas com a situação disseram à Reuters na semana passada.

A entrada de Pence o coloca contra o favorito Donald Trump, a quem ele já apoiou lealmente, mas se recusou a defender quando o ex-presidente tentou anular os resultados das eleições de 2020.

Um convicto conservador, ex-congressista e ex-governador de Indiana, Pence tem se distanciado cada vez mais de Trump, dizendo que o encorajamento do ex-presidente com os manifestantes que atacaram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 colocou ele e sua família em perigo.

Pence se junta a um crescente campo de candidatos republicanos, que inclui Trump, o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, o senador Tim Scott e a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley. O governador de Dakota do Norte, Doug Burgum, também planeja entrar na disputa na quarta-feira, de acordo com uma pessoa familiarizada com os planos de Burgum.

O número de candidatos que disputam a indicação preocupa muitos oponentes de Trump dentro do partido, que temem que o voto anti-Trump possa ser dividido, o que entregaria a indicação do partido ao ex-presidente.

 

 

 

Por Katharine Jackson / REUTERS

ANCARA - O candidato da oposição nas eleições presidenciais da Turquia, Kemal Kilicdaroglu, disse neste domingo (28), na cidade turca de Ancara, que continuará a liderar sua luta, depois que os primeiros resultados mostraram que ele perdeu, como ele mesmo definiu, "a eleição mais injusta em anos". Kemal Kilicdaroglu disputava o pleito com o atual presidente turco, Tayyip Erdogan.

Kilicdaroglu declarou que os resultados do segundo turno das eleições, realizado neste domingo, mostraram a vontade do povo de mudar um governo autoritário. Kemal Kilicdaroglu afirmou ainda que está triste com os "problemas" que aguardam a Turquia.

Do outro lado, o presidente Tayyip Erdogan reivindicou a vitória na eleição presidencial, mesmo sem ter sido divulgado o resultado final oficialmente. Dirigindo-se aos apoiadores, Erdogan disse que os eleitores lhe deram a responsabilidade de governar por mais cinco anos, além dos 20 anos em que se esteve do poder. "O único vencedor é a Turquia", comemorou Erdogan, em Istambul.

Segundo o Alto Conselho Eleitoral, Erdogan venceu com 52,16% dos votos válidos. E a oposição obteve 47,84%. Até o momento, 99,85% dos votos foram apurados.

Durante a campanha, Erdogan, líder do Partido AK, de raízes islamistas, apelou aos eleitores com uma retórica nacionalista e conservadora. 

Em 14 de maio, no primeiro turno do pleito, que incluiu eleições parlamentares, o partido AK foi o mais votado em dez das 11 províncias atingidas pelos terremotos, ajudando-o a garantir uma maioria parlamentar junto a seus aliados. 

Neste momento, apoiadores de Erdogan reunidos do lado de fora de sua residência em Istambul entoaram gritos de "Allahu Akbar", ou "Deus é o Maior". 

Felicitações de lideranças

Pelas redes sociais, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimentou o líder turco Tayyip Erdogan pela reeleição. “Cumprimento @RTErdogan pela reeleição como presidente da Turquia. Desejo um bom mandato, de muito trabalho para o melhor do povo turco. E conte com a parceria do Brasil na cooperação global pela paz e no combate à pobreza e desenvolvimento do mundo”. 

O presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou Tayyip Erdogan depois que o turco reivindicou vitória nas eleições presidenciais da Turquia, neste domingo. 

Putin disse que o resultado das urnas evidencia o apreço do povo turco pelo trabalho e pela política externa independente de Erdogan. "A vitória eleitoral foi um resultado natural de seu trabalho altruísta como chefe da República da Turquia, uma clara evidência do apoio do povo turco aos seus esforços para fortalecer a soberania do Estado e conduzir uma política externa independente", disse Putin.

"Apreciamos muito sua contribuição pessoal para o fortalecimento das relações russo-turcas e a cooperação mutuamente benéfica em várias áreas", completou Putin.

 

*Com informações da Reuters

 

 

Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil*

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