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SÃO PAULO/SP - Os últimos movimentos no tabuleiro eleitoral na disputa pela Prefeitura de São Paulo no pleito deste ano transformaram o confronto em um embate nacional que caminha para polarização entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual chefe do Poder Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois mais votados para presidente da República em 2022 voltarão a se encontrar nos palanques de Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

A busca pela polarização da disputa nacional em São Paulo foi vocalizada nesta terça-feira, 23, pelo presidente Lula. "É uma coisa muito especial. É uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente. Entre eu e a figura (em referência a Bolsonaro). E a gente vai disputar as eleições. Fiquei muito feliz de convencer a companheira Marta Suplicy (a se filiar para ser vice)", disse Lula ao programa "Bom Dia com Mário Kertész", da rádio Metrópole, da Bahia.

"Eu não vou me jogar para criar conflito. Eu tenho que saber que sou o presidente, que tenho que conversar com as pessoas, que eu tenho que fazer um jogo mais ou menos acertado para que eu não traga problema depois, quando terminar as eleições, no Congresso Nacional", completou o presidente.

Nunes rebateu rapidamente a fala do presidente. "Aqui em São Paulo não é ringue, aqui a preocupação é cuidar da cidade", reagiu, em entrevista à CNN, reforçando o que já apontou em outras ocasiões que a disputa seria entre ele e Boulos e não entre as figuras nacionais.

Um dia antes, Tarcísio de Freitas saiu em defesa da candidatura de Nunes, reforçando o apoio que ele próprio já havia declarado e a confirmação, por parte de Valdemar Costa Neto, de que Bolsonaro estará com o prefeito. "Isso com certeza vai ser decisivo para esses eleitores do (ex) presidente (Jair Bolsonaro) embarcarem nessa frente ampla. Então, a gente está bastante tranquilo em relação a isso", disse Tarcísio, em entrevista ao lado do prefeito. "O presidente (Bolsonaro) sempre teve apreço pelo Ricardo, sempre teve uma boa relação com o Ricardo e eu acho que está entendendo bastante o cenário eleitoral e as várias possibilidades."

A nacionalização evidenciada na última semana em São Paulo começou a ganhar corpo ainda em 2023. Um dos momentos marcantes desse cenário envolvendo a eleição municipal deste ano ocorreu na zona leste da capital paulista no dia 16 de dezembro último. Lula esteve em São Paulo e levou Boulos para um evento do Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional criado na primeira gestão do petista. O destaque do evento, no entanto, foi Boulos, que falou primeiro para o público sobre início de obras do empreendimento habitacional Copa do Povo. Moradia é uma das bandeiras de Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

Quatro dias depois, no dia 20 de dezembro, foi a vez do atual prefeito de São Paulo entregar apartamentos populares na Vila Olímpia, área nobre da cidade. "É muito fácil as pessoas dizerem que defendem a habitação, que defendem não sei o quê, e a entrega, zero. O importante é isso aqui, concretizar o sonho", declarou Nunes. Naquele momento, um dos temas em discussão do pleito de 2024 estava posto à mesa.

Enquanto se discutia a volta de Marta Suplicy (prefeita paulistana entre 2001 e 2004) para o PT, Nunes cobrou publicamente apoio do PL e de Jair Bolsonaro. Em um vídeo que circulou nos núcleos políticos desde a noite de 20 de dezembro, e publicado nas redes sociais do atual prefeito paulistano, Nunes disse que o ex-presidente sabia da responsabilidade que tem na união contra o que chamou de "extrema-esquerda".

Um dia depois, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, informou que Bolsonaro havia batido o martelo e decidido caminhar com Ricardo Nunes na disputa contra Boulos. A decisão frustrou o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), até então pré-candidato pelo partido com apoio de Bolsonaro. De lá pra cá, ele se recolheu e evitou declarações sobre a disputa.

Com o PL apalavrado com Nunes, Lula também se movimentou no tabuleiro eleitoral e conseguiu articular a saída de Marta do governo Nunes (ela era secretária de Relações Internacionais) para abraçar a campanha de Boulos.

Marta e Boulos se encontraram pela primeira vez e passaram ao menos três horas reunidos no apartamento da ex-prefeita no Jardim Paulista. Boulos classificou o encontro como "excelente" e disse que o principal desafio de ambos é reeditar uma frente democrática para derrotar o bolsonarismo em São Paulo.

"Essa é uma aliança que não vai olhar para o passado. Ela se constrói a partir de um compromisso de presente e de futuro. Agora, a confirmação da chapa depende do Partido dos Trabalhadores", disse Boulos na saída do encontro.

O PDT oficializou apoio a Boulos no dia 9 deste mês em um evento no diretório do partido na capital. Entre pedetistas havia sentimento de necessidade de criação de uma "frente ampla" em torno da candidatura do aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Nunes, que se aproximou de bolsonaristas.

 

Vice de Nunes e o engajamento de Bolsonaro

A partir de fevereiro, Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Nunes farão reuniões para escolha do vice na chapa do emedebista. Desde a "batida de martelo" em favor do atual prefeito da capital, aliados de Bolsonaro afirmaram ao Estadão que o ex-presidente terá papel decisório para a escolha do vice. Um dos cotados é Ricardo Nascimento de Mello Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar que foi diretor da Ceagesp na gestão Bolsonaro e comandante da Rota entre 2017 e 2019.

Bolsonaro tem falado pouco nas últimas semanas por causa do recesso que tirou com familiares. O engajamento do ex-presidente, no entanto, é esperado com força total a partir de fevereiro.

Sem Bolsonaro na linha de frente eleitoral até o momento, coube a Tarcísio de Freitas afagar o prefeito Nunes. O governador de São Paulo afirmou no dia 16 apoiar a candidatura de Ricardo Nunes. A declaração ocorreu em coletiva de imprensa depois de um evento do governo estadual para anunciar subsídio para compra de casas. Ao ser questionado se o eleitor pode entender que o governador paulista estará do lado de Nunes, Tarcísio respondeu: "O eleitor pode entender, sim".

Correndo por fora na disputa entre Nunes e Boulos, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) também espera que uma força nacional a ajude na campanha. Trata-se do vice-presidente Geraldo Alckmin. Após se reunir com integrantes do PSB em São Paulo na última sexta-feira, 19, o vice-presidente minimizou estar em um palanque separado do de Lula na campanha, e elogiou Tabata. Disse que ela é "preparadíssima" e que será uma honra apoiá-la pois é preciso mais mulheres para "melhorar e elevar a política brasileira". "Ficarei muito feliz com ela sendo candidata e de poder modestamente ajudá-la". Tabata retribuiu no mesmo dia: "Honra é poder aprender com Geraldo Alckmin, alguém que conhece os dilemas de São Paulo e do Brasil e que tanto fez pela nossa história política. Que alegria e que responsabilidade caminhar a seu lado!".

 

 

POR ESTADAO CONTEUDO

SÃO PAULO/SP - Após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), considerar como atípica a eleição para a Prefeitura de São Paulo deste ano, por, na sua visão, ser uma disputa entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O prefeito Ricardo Nunes (MDB) rebateu na tarde desta terça-feira, 23, a fala do petista e afirmou que o pleito na capital paulista "não é ringue".

"Aqui em São Paulo não é ringue, aqui a preocupação é cuidar da cidade", reagiu Ricardo Nunes, ele em entrevista à CNN.

A declaração de Lula ocorreu na terça-feira, 23, durante entrevista à Rádio Metrópole de Salvador (BA). Ele ainda disse que ficou feliz pelo retorno de Marta Suplicy ao Partido dos Trabalhadores (PT). Ela se filiará no próximo dia 2 de fevereiro para ser vice de deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Boulos confirmou presença, e há expectativa do comparecimento de Lula. Já Bolsonaro irá apoiar Ricardo Nunes.

"Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial. É uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente. Entre eu e a figura (em referência a Bolsonaro). E a gente vai disputar as eleições. Fiquei muito feliz de convencer a companheira Marta Suplicy (a se filiar para ser vice)", disse Lula ao programa "Bom Dia com Mário Kertész".

"Eu tenho que levar em conta que, se tiver dois candidatos da base do governo disputando eleição, eu tenho que dar um tratamento mais respeitoso", analisou.

No início deste mês, a ex-prefeita Marta Suplicy, que era secretária municipal de Relações Internacionais, deixou o cargo no governo de Nunes para retornar ao PT e formar aliança com o ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A volta de Marta ao PT com o intuito de ser vice de Boulos foi articulada pelo próprio Lula, de quem ela foi ministra.

 

Continuação das eleições 2022

Na entrevista à Rádio Metrópole de Salvador, Lula disse que as eleições municipais irão, de certa forma, ser uma continuidade da eleição presidencial de 2022. "A disputa é entre um governo que coloca o povo em primeiro lugar para tentar resolver os problemas dele e o governo das fake news", classificou.

Já em relação aos vereadores, Lula avaliou que o PT precisará levar em conta a importância de eleger vereador. "Um vereador em uma cidade faz a diferença para o partido naquela cidade", disse.

 

O apoio de Jair Bolsonaro

Na segunda-feira, 22, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) contou que Bolsonaro tem grande "apreço" por Nunes. "O presidente sempre teve apreço pelo Ricardo, sempre teve uma boa relação com o Ricardo e eu acho que está entendendo bastante o cenário eleitoral e as várias possibilidades", disse o chefe do Executivo paulista.

Nunes tem dito que a escolha de seu vice passará pelo crivo de Bolsonaro e de Tarcísio. Um dos cotados é Ricardo Nascimento de Mello Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar que foi diretor da Ceagesp na gestão Bolsonaro e comandante da Rota entre 2017 e 2019.

 

 

POR ESTADAO CONTEUDO

WASHINGTON - O governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou no domingo (21) a suspensão de sua campanha pela nomeação dos republicanos para a vaga do partido na disputa pela Presidência dos EUA. Visto inicialmente como a alternativa mais forte a Donald Trump, ele endossou o empresário contra a única candidata restante na corrida, Nikki Haley.

No caucus de Iowa, na última segunda (15), DeSantis ficou em segundo lugar, 30 pontos percentuais atrás de Trump, uma margem de vitória histórica para o empresário. Ante a expectativa de um desempenho ainda pior na primária de New Hampshire, que acontece nesta terça (23), e reconhecendo não haver um caminho para vitória, ele anunciou no X sua saída da corrida.

"Trump é superior ao atual presidente, Joe Biden. Isso está claro. Assinei um compromisso de apoiar o candidato republicano, e vou cumprir esse compromisso. Ele tem meu apoio porque não podemos voltar à velha guarda republicana do passado", disse no vídeo, ao justificar seu apoio ao líder da corrida.

A desistência do governador da Flórida logo no início das primárias marcam o fim de uma campanha em crise há meses. DeSantis não conseguiu crescer nas pesquisas de intenção de voto e viu doadores de campanha migrarem para a candidatura de Nikki Haley, em ascensão desde seu bom desempenho nos primeiros debates da corrida republicana.

Durante sua campanha, DeSantis buscou se apresentar como um conservador radical na linha de Trump, mas sem o caos que acompanha o ex-presidente. O objetivo da estratégia era atrair tanto a parcela do partido que resiste ao empresário, quanto aquela –numerosa– que tem simpatia por ele.

Andando nessa corda bamba, o governador da Flórida evitou atacar diretamente o líder das pesquisas, temendo perder o eleitorado que defende Trump. Esse é visto como seu principal erro de campanha.

Também não ajudou DeSantis a dificuldade de fazer campanha corpo a corpo. Piadas com a falta de tato social do republicano ao lidar com eleitores são frequentes na imprensa americana, nas redes sociais e em discursos de Trump.

O anúncio de sua desistência cria uma incógnita na campanha: para onde seus apoiadores migrarão, se para Trump, conforme recomendado pelo ex-candidato, ou para Haley. No primeiro caso, é o fim, na prática, das primárias republicanas. No segundo, uma chance de uma reviravolta.

 

 

POR FOLHAPRESS

TAIWAN - Uma delegação não oficial americana chegou a Taipé no domingo (14), segundo a imprensa local, gerando expectativa de uma eventual reação de Pequim. Em mídia social chinesa, tem havido pressão por uma resposta mais forte do país à eleição para presidente de Lai Ching-te, contrário à reunificação de Taiwan com a China.

"Assim como fizemos antes, o governo dos Estados Unidos pediu a ex-altos funcionários que viajassem em caráter privado, para transmitir as felicitações do povo americano pelas eleições e o nosso interesse na paz e estabilidade no estreito de Taiwan", registrou em nota a representação de Washington na ilha.

O ex-assessor de Segurança Nacional Stephen Hadley, ao chegar ao aeroporto da capital taiwanesa às 20h (horário de Taipé), evitou dar declarações. O ex-vice secretário de Estado James Steinberg, vindo de Singapura, chegaria mais tarde. Ambos têm reuniões marcadas para esta segunda com autoridades, possivelmente com Lai.

Quando a informação da viagem vazou, dois dias antes da votação de sábado, a porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Hua Chunying, criticou em mídia social "algumas autoridades dos EUA" por essa "falha em honrar compromissos com o governo chinês" e por "distorcer o princípio de uma China".

Hua questionou no domingo, após a eleição, a mensagem enviada a Taipé pelo Departamento de Estado americano, também de congratulação. "Os EUA precisam interromper as interações de natureza oficial com Taiwan", afirmou. De qualquer maneira, as críticas chinesas têm sido vistas como moderadas, até aqui.

A exceção foi o porta-voz do Ministério da Defesa, Zhang Xiaogang, que na véspera da votação afirmou que "o Exército de Libertação do Povo Chinês permanece em alerta máximo e tomará todas as medidas necessárias para esmagar qualquer plano separatista". O ministério ainda não se pronunciou, pós-eleição.

Nas redes sociais do país, parte dos comentários sobre a eleição estão sendo mais incisivos, com usuários defendendo rever a estratégia, diante da recusa crescente à reunificação. De maneira geral, houve contrariedade com o resultado, em que pese a votação dividida, que indica menos poder para o partido de Lai.

No WeChat, sob o enunciado "Ele agora está no poder, mas o que ele pode realmente fazer?", o influente perfil chinês Youlieryoumian, voltado para geopolítica, escreveu: "Nós não podemos, nem iremos, confiar o futuro de Taiwan ao vencedor de uma única eleição".

No Weibo, Hu Xijin, ex-editor-chefe e hoje colunista do Global Times, de Pequim, escreveu que "a reunificação militar é uma decisão de importância fundamental, e todos podemos falar nossas opiniões e dar ideias, mas essa questão não deve ser decidida no campo da opinião pública da internet, através da pressão".

"Não apoio o uso imediato ou precoce da força, como se somente esse apoio fosse patriótico", acrescentou, sobre a pressão online. "Apoiemos o Exército de Libertação Popular e seus preparativos para para uma luta militar no estreito de Taiwan, mantendo simultaneamente uma atitude coletiva firme e calma."

Na plataforma americana Substack, Wang Xiangwei, ex-editor-chefe e hoje colunista do South China Morning Post, buscou se contrapor aos "fogos de artifício retóricos", projetando conflito, que já começaram e devem ir até a posse, em maio. "Na realidade, Pequim e Washington devem manter sua calma", escreveu.

Ele acredita que no curto prazo a China vai continuar com ações de pressão sobre o governo da ilha, mas o que importa de fato é a postura dos EUA –e o único comentário expresso por Joe Biden sobre a eleição em Taiwan foi de que não apoia a independência, o que, segundo Wang, "é tranquilizador aos ouvidos das autoridades chinesas".

 

 

POR FOLHAPRESS

TAIWAN - No dia 13 de janeiro, neste sábado, os eleitores taiwaneses irão às urnas para eleger um novo presidente e um novo Parlamento – o Yuan Legislativo, como é conhecido o parlamento de Taiwan.

Tanto a China quanto os Estados Unidos estão acompanhando de perto as eleições taiwanesas. Os dois países mantêm interesses estratégicos vitais na ilha autogovernada.

O resultado poderá trazer importantes consequências para a natureza das relações da ilha com a China – e, com isso, elevar as tensões na região, afetando toda a economia mundial.

 

Mas por que a eleição em Taiwan é tão importante para o resto do mundo?

A maior parte dos equipamentos eletrônicos usados diariamente em todo o mundo – de telefones celulares a laptops, relógios e consoles de videogame – contém chips de computador fabricados em Taiwan.

Para dar um exemplo, uma única empresa taiwanesa – a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) – detém mais da metade do mercado mundial. Ela é chamada de indústria de "fundição", e produz microchips sob encomenda para empresas ou militares.

Essa indústria é gigantesca - foi avaliada em quase US$ 100 bilhões (cerca de R$ 490 bilhões) em 2021 - e é afetada pelas tensas relações da ilha com a China, que vê Taiwan como parte de seu território.

Embora a ilha se declare soberana, as Nações Unidas não reconhecem Taiwan como um país independente. Apenas 12 dos 196 países da ONU reconhecem Taiwan como país soberano. São 12 países de pouca projeção internacional, em sua maioria, arquipélagos ou ilhas do Pacífico e nações centro-americanas.

Há tempos, Washington vêm tentando, através de controles de exportação e outras medidas, restringir o acesso da China a tecnologia de chips. A intenção é evitar que Pequim alcance os avanços dos EUA e seus aliados, incluindo Taiwan, no setor de microchips.

A eventual tomada de Taiwan pela China poderia oferecer a Pequim maior grau de controle sobre uma das indústrias mais importantes do mundo.

A atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático (PPD, considerado separatista pela China), está deixando o poder após dois mandatos consecutivos, seguindo as limitações constitucionais. Três candidatos estão disputando sua sucessão.

Uma coalizão liderada pelo PPD espera manter a maioria entre as 113 cadeiras do Yuan Legislativo, que tem o poder de elaborar as leis, aprovar orçamentos, declarar guerra e resolver outros problemas de Estado.

 

O que desejam os taiwaneses?

Apesar das tensões entre a China e Taiwan, pesquisas de opinião indicam que a questão que mais preocupa os taiwaneses é a economia do país.

Uma pesquisa de 2023, financiado pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (que é um órgão oficial), concluiu que 34,2% dos participantes consideram que a economia é a preocupação mais urgente a ser abordada pelo próximo presidente. As relações entre a China e Taiwan vieram em um distante segundo lugar na pesquisa, com 18,1%.

Muitos taiwaneses estão insatisfeitas com os baixos salários (particularmente entre os jovens e o operariado), o alto custo de vida e o aumento dos custos de moradia.

A presidente Tsai Ing-wen prometeu "um país melhor para a geração mais jovem", durante sua campanha em 2015. Mas muitos eleitores consideram que ela não cumpriu sua promessa.

Os resultados das eleições locais de 2022 foram desfavoráveis para o PPD, levando Tsai a renunciar à liderança do partido. Muitos culpam o mau desempenho do governo para tentar melhorar o dia a dia das pessoas pelo fracasso eleitoral do partido naquele ano.

Cidadãos taiwaneses de pelo menos 20 anos de idade que moram na ilha de forma contínua há pelo menos seis meses são automaticamente qualificados para votar. Ao todo, são cerca de 19 milhões de eleitores; o índice de comparecimento às urnas nas últimas eleições foi de 75%.

 

O que deseja a China? E os Estados Unidos?

A ilha de Taiwan fica a cerca de 161 km do litoral do sudeste da China. Ela é autogovernada desde que o governo do Kuomintang (KMT, o Partido Nacionalista) perdeu a guerra civil contra o Partido Comunista e se retirou do continente para a ilha, em 1949.

Décadas depois, Taiwan se tornou uma democracia, com sua própria Constituição. A maioria da população considera que a ilha é diferente da China continental.

Mas o Partido Comunista da China considera que seu eventual controle sobre Taiwan é uma questão de segurança nacional.

O presidente chinês Xi Jinping declarou mais de uma vez a necessidade da "reunificação" – e não descartou a possibilidade de uso da força para atingir este objetivo.

Os Estados Unidos vêm afirmando repetidamente que estão preparados para impedir eventuais ações militares chinesas.

Taiwan faz parte de um grupo de países geograficamente próximos à China - que inclui aliados como Japão, Filipinas e Coreia do Sul – de grande importância para a política externa americana.

Se a China realmente retomar Taiwan, especialistas ocidentais sugerem que Pequim poderia ter mais liberdade para projetar seu poder na região Oeste do do Pacífico. Poderia até, dizem, ameaçar bases militares americanas em locais mais distantes, como Guam e o Havaí.

Mas Pequim insiste que suas intenções são puramente pacíficas.

Atualmente, as pesquisas de opinião demonstram que o candidato do PPD, Lai Ching-te, está um pouco à frente de Hou Yu-ih, do KMT. O terceiro candidato – Ko Wen-je, do PPT – vem mais atrás nas intenções de voto.

Por outro lado, a pressão chinesa está aumentando ao longo do último ano. Pequim vem frequentemente enviando navios e aviões militares na direção de Taiwan. Eles cruzam quase diariamente a linha intermediária do estreito que separa o continente da ilha.

 

Taiwan conseguiria se defender?

Boa parte do poderio militar chinês está focado em outras tarefas. Mesmo assim, em termos de contingente na ativa, por exemplo, o desequilíbrio entre os dois lados é gigantesco.

Em um eventual confronto militar, as forças armadas chinesas seriam imensamente superiores às de Taiwan. Mas isso não significa que a ilha não esteja bem armada, nem que ela esteja sozinha.

Mesmo depois de 1979, quando os Estados Unidos passaram a reconhecer diplomaticamente a China em vez de Taiwan, os americanos continuaram a vender armas para a ilha, com base na sua Lei de Relações com Taiwan.

Em julho de 2023, os Estados Unidos divulgaram um pacote de ajuda armamentista para Taiwan, que atingiu o valor de US$ 345 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão). E, pouco antes do final do ano, o Departamento de Estado americano aprovou vendas de equipamento militar no valor de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,47 bilhão), para ajudar a manter os sistemas de informações táticas de Taiwan.

Em maio de 2022, o presidente americano Joe Biden havia sido questionado se os Estados Unidos defenderiam Taiwan militarmente. Sua resposta foi "sim". A Casa Branca declarou posteriormente que Washington não alterou sua "política de uma única China".

Mas os gastos da China no setor de defesa são mais altos que os de qualquer país, exceto os Estados Unidos. E Pequim poderia fazer uso de uma enorme variedade de recursos, incluindo seu poderio naval, tecnologia de mísseis, sua força aérea e ataques cibernéticos.

 

Quem são os candidatos à presidência no momento?

Lai Ching-te, Partido Progressista Democrático (PPD)

Lai é médico e já ocupou quase todos os principais cargos políticos de Taiwan. É o vice-presidente da ilha desde 2020.

Também conhecido como William Lai, o candidato é o líder da coalizão Pan-Verde e apoia uma identidade taiwanesa forte e abrangente. Ele se opõe à reunificação com a China e é a favor de laços mais próximos com os Estados Unidos, em detrimento de Pequim.

A China considera Lai um "divisionista" linha-dura, "muito pior do que Tsai".

Mas, à medida que se aproxima o dia da votação, ele repete a cuidadosa máxima da presidente atual: "Taiwan já é independente e não precisa de mais declarações".

 

Hou You-yi, Kuomintang (KMT)

Hou é ex-policial. Em 2022, ele conquistou com facilidade a reeleição como prefeito de Nova Taipei (um subúrbio da capital taiwanesa). É considerado moderado e sua reputação é de ser eficiente.

Hou libera a coalizão Pan-Azul, que defende laços mais fortes com a China – ou até a sua possível unificação.

Recentemente, ele declarou que sua prioridade agora é manter o status quo, ou seja, não declarar a independência, nem buscar a unificação com a China.

 

Ko Wen-je – Partido do Povo de Taiwan (PPT)

Ko era cirurgião até 2014, quando disputou a prefeitura da capital taiwanesa, Taipei, como candidato independente.

Ele formou o Partido do Povo de Taiwan em 2019, como terceira opção para os eleitores insatisfeitos com o PPD e o KMT. A posição do PPT sobre as relações entre Taiwan e a China é ambígua.

O TPP e o KMT tentaram se aliar para a disputa das eleições, mas suas negociações fracassaram em novembro.

 

 

BBC NEWS

BRASÍLIA/DF - O Congresso Nacional avançou na aprovação do projeto que amplia o fundão eleitoral e as emendas parlamentares em 2024. Isso expande o poder dos partidos políticos, dos deputados e dos senadores em ano de eleição municipal.

A verba turbinada está prevista no Orçamento do próximo ano, cujo texto foi aprovado pela CMO (Comissão Mista de Orçamento) na noite desta quinta (21). Agora, o texto seguirá para análise em sessão conjunta do Congresso, marcada para essa sexta-feira (22).

Após uma disputa entre a Câmara dos Deputados e o Senado, o valor do fundo que financia as campanhas eleitorais foi fixado em quase R$ 5 bilhões, o que é praticamente o dobro do último pleito municipal, em 2020.

Até 2015, as grandes empresas, como bancos e empreiteiras, eram as principais responsáveis pelo financiamento dos candidatos. Naquele ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu a doação empresarial sob o argumento de que o poder econômico desequilibrava o jogo democrático.

A partir das eleições de 2018, foi então criado o fundo eleitoral, que usa dinheiro público para bancar as atividades de campanha dos candidatos.

Os presidentes de partidos e a cúpula da Câmara articularam para repetir o valor do fundão da eleição de 2022, que também foi de aproximadamente R$ 5 bilhões. Mas no ano passado, a corrida era para a Presidência da República, governos estaduais e cargos de deputado estadual, federal e senador.

Na avaliação de senadores, não haveria justificativa plausível para distribuir a candidatos a prefeitos e vereadores -que percorrem apenas seus municípios- o mesmo montante usado em uma corrida para presidente, governadores, senadores e deputados federais.

O relator do Orçamento de 2024 é o deputado Luiz Carlos Motta (SP), que é do PL e é próximo do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto. O partido de Jair Bolsonaro tem a meta de conquistar mais de 1.000 prefeituras no próximo ano e terá direito à maior fatia do fundão.

O Senado, porém, evitou um embate direto com a Câmara na votação desta quinta em relação ao valor para financiamento de campanha -a eleição municipal tem mais peso para os deputados.

A principal discussão na votação foi em torno da expansão das emendas parlamentares, aqueles recursos que deputados e senadores enviam para obras e projetos em seus redutos eleitorais e, com isso, colhem capital político.

O projeto aprovado prevê o patamar recorde de R$ 53 bilhões para emendas em 2024. Atualmente, no primeiro ano desse governo Lula (PT), foram reservados R$ 46,3 bilhões para atender aos parlamentares.

Além disso, há um cronograma para o Palácio do Planalto fazer alguns desses repasses. Essa medida é vista como uma forma de tirar poder da articulação política do Executivo.

"Na verdade, os investimentos do governo vão ser inferiores às emendas parlamentares", disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). "Os senhores tiraram R$ 17 bilhões do Executivo na mão grande", afirmou.

O petista se referia ao corte que foi feito no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e de outros projetos dos ministérios do governo Lula para que o Congresso conseguisse expandir as emendas. "O governo deveria ter mandado no Orçamento essas emendas e não mandou. Então a comissão teve que decidir de onde ia tirar", respondeu Motta.

O líder do governo na Comissão Mista de Orçamento, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), disse que o acordo costurado foi necessário para balancear as agendas de Lula e do Legislativo.

"É muito contraditório. A gente enfrenta dificuldades enormes. O governo tem um foco. O Parlamento tem outros focos que, muitas vezes, têm que ser equilibrados. É isso que estamos fazendo, avançamos naquilo que é essencial", declarou Zarattini.

Existem três tipos de emendas: as individuais (que todo deputado e senador têm direito), as de bancada (parlamentares de cada estado definem prioridades para a região), as de comissão (definida por integrantes dos colegiados do Congresso).

Líderes do Congresso admitem que as emendas de comissão vão funcionar como as extintas emendas de relator, que eram a principal moeda de troca nas negociações do governo Bolsonaro e do Legislativo. O mecanismo das emendas de relator, porém, foi derrubado pelo STF no fim do ano passado.

Em 2022, as emendas de comissão representaram apenas R$ 330 milhões. Para 2024, o Congresso prevê R$ 16,6 bilhões.

De olho nessa verba, partidos políticos travaram um embate nessa quinta em relação à divisão desse dinheiro entre as comissões da Câmara e do Senado. Isso atrasou a votação do Orçamento.

"Não temos a mínima condição de apoiar qualquer projeto com R$ 800 mil", reclamou o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que preside a comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Ele citou que a Comissão de Desenvolvimento Regional terá R$ 4,5 bilhões e a CCJ, de Constituição e Justiça, R$ 800 milhões -essa última é comandada por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), um dos campeões do envio de emendas no Congresso.

Auxiliares de Lula estão preocupados com as medidas aprovadas pelo Congresso, que reduzem ainda mais o poder do presidente nas negociações políticas com deputados e senadores.

Uma delas trata de impor a Lula um cronograma para que o governo libere o dinheiro de emendas para as obras e municípios escolhidos pelos parlamentares.

Isso reduzir a margem de manobra para acordos em momentos decisivos no plenário da Câmara e do Senado.

Hoje não existe uma previsão de quando a emenda será autorizada e, historicamente, os governos usam isso como moeda de troca em negociações com o Congresso. É comum haver um grande volume desses repasses às vésperas de votações de interesse do Palácio do Planalto.

Outra mudança aprovada no Orçamento enfraquece o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que cuida da articulação política.

O Congresso quer encurtar o caminho para o governo liberar algumas emendas parlamentares. Por isso, há a previsão de que os parlamentares informem diretamente a cada ministério qual será o projeto ou obra financiado com o dinheiro da emenda.

Atualmente, Padilha foi empoderado por Lula, que determinou que essa comunicação fosse concentrada na Secretaria de Relações Institucionais. O ministro então se encarrega de repassar os pedidos a cada pasta.

A demora nos repasses das emendas foi recorrente ao longo desse ano entre os líderes do centrão e outros partidos do Congresso.

 

 

POR FOLHAPRESS

RÚSSIA - O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou neste final de semana, que será candidato à reeleição nas eleições presidenciais de março de 2024 já que, segundo ele, “não havia outra opção”, e pode permanecer no poder pelo menos até 2030.

Putin, de 71 anos, foi eleito presidente da Rússia pela primeira vez em 2000 e venceu quatro eleições presidenciais. Entre 2008 e 2012 foi primeiro-ministro em um sistema político em que a oposição é quase inexistente, após anos de repressão.

O presidente fez o anúncio durante uma cerimônia de entrega de prêmios militares no Kremlin, que incluiu combatentes que participaram da ofensiva na Ucrânia, iniciada por Putin em fevereiro de 2022.

“Não escondo, tive posturas diferentes em momentos diferentes, mas este é um momento em que é preciso tomar uma decisão”, disse à margem da cerimônia.

“Vou concorrer à presidência”, disse Putin. “Hoje não havia outra opção”, acrescentou.

Um participante na cerimônia, Artiom Zhoga, combatente e membro do Parlamento russo local em Donetsk (uma cidade ocupada no leste da Ucrânia), saudou a notícia.

“Estamos muito felizes que o presidente tenha ouvido o nosso pedido e se candidatado”, disse Zhoga, citado pela agência de notícias estatal RIA Novosti. “A Rússia precisa disso”.

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– Sem adversários –

Nesta disputa, Putin não enfrenta nenhum adversário relevante e, segundo analistas, é provável que busque ampliar o seu poder para esconder as diferenças internas sobre a ofensiva na Ucrânia.

Cinco grandes partidos foram autorizados a apresentar um candidato para as eleições de 2024 sem recolher assinaturas, todos eles apoiadores do Kremlin e da operação na Ucrânia.

Vários grupos de direitos humanos afirmam que as eleições anteriores foram marcadas por irregularidades e que o trabalho dos observadores independentes provavelmente não será permitido.

A nova candidatura de Putin é possível graças a uma polêmica reforma constitucional aprovada em 2020.

Graças a esta emenda, Putin poderá concorrer em 2024 e, se vencer, poderá concorrer à reeleição em 2030, o que significa que pode permanecer no poder até 2036, quando completará 84 anos.

Depois de um 2022 difícil, marcado por reveses no front e por uma série de sanções ocidentais, a Rússia está em uma situação melhor devido ao fracasso da grande contraofensiva da Ucrânia, à erosão do apoio dos Estados Unidos e da Europa a Kiev e ao reajuste da economia nacional.

Quase todos os opositores de alto perfil, incluindo o ativista anticorrupção Alexei Navalny, foram presos ou forçados ao exílio. Além disso, qualquer crítica à operação contra a Ucrânia é duramente punida nos tribunais.

 

– “Uma paródia” –

Navalny cumpre atualmente uma pena de 19 anos de prisão por acusações que os seus apoiadores afirmam serem falsas.

Em um comunicado divulgado pela sua equipe na quinta-feira, Navalny encorajou os russos a votarem em “qualquer outro candidato” sem ser Putin e chamou a eleição de “farsa”.

Putin é um ex-agente da KGB soviética e entrou na política como prefeito de São Petersburgo. Em 1999 foi nomeado primeiro-ministro durante o governo de Boris Yeltsin, a quem mais tarde substituiu como presidente interino até sua primeira eleição, em 2000.

Ele ficou no poder por dois mandatos até 2008 e depois, como estava proibido de concorrer novamente, assumiu o cargo de primeiro-ministro durante o governo de Dmitri Medvedev.

Depois concorreu à chefia de Estado em 2012 e 2018. Ele desmantelou os avanços democráticos da década de 1990 e defendeu a nostalgia da União Soviética, com uma guinada conservadora.

Desde que chegou ao poder, defendeu uma maior influência geopolítica com a segunda guerra da Chechênia (1999-2009), a invasão da Geórgia (2008), a intervenção na Síria (2015) e a anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014.

A ofensiva da Rússia na Ucrânia em 2022 fez de Putin um pária entre as potências ocidentais, que adotaram uma onda de sanções sem precedentes, destinadas a cortar o financiamento para sua operação militar.

 

 

AFP

HAIA - Muçulmanos holandeses expressaram choque nesta quinta-feira com a vitória eleitoral do populista de extrema-direita Geert Wilders, que já havia defendido a proibição das mesquitas e do Alcorão na Holanda.

Wilders e o seu Partido da Liberdade (PVV) superaram todas as previsões na noite de quarta-feira e conquistaram 37 das 150 cadeiras no Parlamento holandês, bem à frente da coligação Trabalhista/Verde e dos conservadores do primeiro-ministro que encerra o mandato, Mark Rutte.

"Esses resultados eleitorais são chocantes para os muçulmanos holandeses. Não esperávamos que um partido deste tipo, com um programa que vai contra os princípios básicos do Estado de Direito, fosse tão grande", disse Muhsin Koktas, da organização muçulmana CMO.

Os muçulmanos representam cerca de 5% da população holandesa, de quase 18 milhões de pessoas.

"Foi um golpe que tenho de processar", disse à Reuters  Abdessamad Taheri, um trabalhador comunitário de 45 anos do bairro multiétnico de Schilderswijk, em Haia.

Mehdi Koc, um instalador de isolamento de 41 anos, disse que ficou chocado com a mudança para o PVV, enquanto Taheri disse que a votação enviou mensagens diferentes aos muçulmanos, embora a emoção esmagadora tenha sido de decepção.

"Em parte, a mensagem é que muitas pessoas são xenófobas e não querem estrangeiros ou muçulmanos. Mas outra mensagem é que as pessoas estão muito decepcionadas com os 13 anos de Rutte", disse.

 

 

 

Reportagem de Stephanie van den Berg e Bart Meijer / REUTERS

PARIS - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy disse a um tribunal de apelações de Paris nesta sexta-feira que é inocente de qualquer irregularidade, enquanto tenta anular uma condenação de 2021 por financiamento ilegal de campanha.

Sarkozy recebeu uma sentença de um ano de prisão em setembro de 2021, embora ela tenha sido suspensa enquanto ele apela da decisão.

"Contesto veementemente qualquer responsabilidade criminal", disse Sarkozy, que continua sendo uma figura influente entre os conservadores franceses, apesar de uma série de julgamentos e investigações.

"Eu nego ter tido conhecimento de qualquer fraude", disse ele aos juízes. "O que importa para mim é a verdade. Não consegui convencer até agora. Quero a verdade."

O ex-presidente, que ficou no cargo de 2007 a 2012, sempre negou as acusações de que seu partido conservador Les Républicains, então conhecido como UMP, trabalhou com a empresa de relações públicas Bygmalion para esconder o verdadeiro custo de sua candidatura à reeleição.

Sarkozy colocou a culpa em alguns membros de sua equipe de campanha: "Não escolhi nenhum fornecedor, não assinei nenhuma cotação, nenhuma fatura", disse ele aos juízes nesta sexta-feira, falando alto e fazendo gestos agitados com as mãos.

A França estabelece limites rígidos para os gastos de campanha. Os promotores alegam que a empresa colocou a UMP na fatura e não a campanha. Eles dizem que Sarkozy gastou 42,8 milhões de euros em campanha de 2012, quase o dobro do valor permitido.

 

 

Por Juliette Jabkhiro / REUTERS

BUENOS AIRES - Os eleitores argentinos estão irritados e com medo. O sentimento que predominar fará pender a balança da eleição presidencial do país no domingo e poderá remodelar seus laços diplomáticos e seu futuro econômico.

O país de cerca de 45 milhões de habitantes votará no segundo turno das eleições de 19 de novembro entre Sergio Massa, atual ministro da Economia do governo peronista, e o outsider libertário Javier Milei. As pesquisas de opinião indicam uma disputa acirrada e um eleitorado profundamente dividido.

Em Buenos Aires e em outros lugares, há uma fúria contra o governo, que não conseguiu conter uma inflação até 150% que levou dois quintos da população à pobreza. Isso enfraqueceu Massa e impulsionou a ascensão abrupta de seu rival de direita.

Por outro lado, há o medo de Milei, um ex-comentarista de TV de cabelos selvagens, cujo estilo agressivo levou alguns a compará-lo ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Ele sempre aparece em comícios empunhando uma motosserra, um símbolo de seus planos para cortar os gastos do Estado.

Os dois candidatos oferecem visões muito diferentes para o futuro do país, um importante exportador de soja, milho, carne bovina e lítio, o maior devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e um produtor crescente de petróleo e gás de xisto.

Milei é um crítico severo da China e de outros governos de esquerda que ele chama de "comunistas", incluindo o Brasil; ele quer dolarizar a economia argentina e fechar o banco central; e se opõe ao aborto.

Massa, um político de centro em um governo de esquerda, tem se apresentado como defensor de benefícios sociais e do bloco comercial regional Mercosul, mas carrega o peso do fracasso em estabilizar a economia.

"Estou me inclinando para Milei", disse Raquel Pampa, uma aposentada de 79 anos de Buenos Aires, acrescentando que estava cansada do que dizia ser a corrupção dos políticos tradicionais.

"O dinheiro não está indo para obras públicas ou para colocar comida na mesa dos aposentados ou trabalhadores que ganham uma ninharia -- está enchendo os bolsos dos políticos."

Massa, no entanto, conquistou alguns eleitores com suas críticas ao plano econômico de "motosserra" de Milei que, segundo ele, poderia afetar os subsídios da previdência social e aumentar o preço do transporte, das contas de energia e do sistema de saúde, atualmente subsidiados pelo Estado.

"Meu voto é para Sergio Massa porque, dos dois modelos que estão sendo debatidos agora, o dele é o que basicamente garante que eu continue vivo", disse Fernando Pedernera, de 51 anos, trabalhador do setor de mídia. Ele também criticou a companheira de chapa de Milei por defender a antiga ditadura militar da Argentina.

Líderes de esquerda no Brasil, México e Espanha manifestaram seu apoio a Massa, enquanto o autor peruano ganhador do Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa e ex-líderes de direita do Chile e da Colômbia apoiam Milei.

 

"NÃO É MINHA PRIMEIRA OPÇÃO"

Nem Massa nem Milei vão para o segundo turno com um apoio forte. Massa obteve 37% no primeiro turno, em outubro, enquanto Milei levou 30%, embora tenha conquistado o apoio de um importante bloco conservador para o segundo turno, o que poderia levá-lo à vitória se isso se traduzir em votos.

As pesquisas de opinião mostram os dois lado a lado, com algumas colocando Milei como favorito e outras prevendo a vitória de Massa. Muitos eleitores em todo o país não estão convencidos com nenhum dos dois.

"Neste domingo, já decidi que não vou votar em nenhum dos dois candidatos", disse Nicolás Troitino, de 31 anos, em Buenos Aires.

"Para mim, nenhum deles representa as esperanças que tenho para o futuro do país. Eles passam mais tempo brigando entre si do que resolvendo os problemas das pessoas."

Milei, um economista libertário que só entrou na política há cerca de dois anos, energizou um núcleo duro de apoio, especialmente entre os jovens, ao mesmo tempo em que atraiu alguns eleitores que buscam punir os peronistas pela crise econômica.

"Vou votar em Milei, não é minha primeira opção, mas é o que me resta", afirmou a estudante Valentina, de 21 anos, que não quis dar seu sobrenome.

Massa, nomeado como "superministro" no ano passado para tentar corrigir a economia, tem tido dificuldades até agora para mantê-la sob controle, com a inflação acelerando para o nível mais alto em 30 anos. As reservas líquidas de moeda estrangeira estão no vermelho.

No entanto, ele tem uma sólida experiência política -- ao contrário de Milei -- e é visto como alguém capaz de negociar em meio à divisão política, bem como com os poderosos sindicatos, empresas e investidores do país.

"Parece-me que, olhando para o futuro, ele é o único ator político que realmente tem o apoio de toda a arena de políticos, seja da oposição ou do partido governista", disse Gonzalo, de 31 anos, funcionário do Judiciário, que deu apenas seu primeiro nome.

O novo Congresso, já definido na votação do primeiro turno em outubro, será altamente fragmentado, sem que um único bloco tenha maioria, o que significa que quem vencer precisará obter o apoio de outras facções para aprovar leis.

 

 

Por Adam Jourdan e Horacio Soria / REUTERS

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