Jornalista/Radialista
RÚSSIA - Em meio a perdas brutais de equipamento blindado na Guerra da Ucrânia, o governo de Vladimir Putin decidiu enviar ao país invadido os primeiros T-14 Armata, o mais recente modelo de tanque russos.
Ao menos foi o que anunciou na terça (25) a agência estatal RIA-Novosti, citando informações extraoficiais do Kremlin. Na ritualística de comunicação russa, isso significa que é provável que os tanques tenham ido, embora o efeito tenda a ser mais simbólico.
A RIA não disse quantos tanques foram enviados, nem para onde, mas apenas que "eles ainda não participaram em operações de assalto direto", sendo empregados em "coordenação de combate". Também afirmou que eles foram equipados com proteção adicional em suas laterais.
O T-14 é, no papel, o mais avançado tanque de guerra do mundo. Como a sigla sugere, teve seu desenho finalizado em 2014, e, no ano seguinte, estreou na parada da principal data do calendário militar russo, o Dia da Vitória (na Segunda Guerra Mundial) em 9 de maio.
O modelo é revolucionário: em vez de posicionar os operadores do canhão na torre, ela é completamente automatizada. Os três tripulantes vão à frente, em um compartimento blindado separado do resto do maquinário.
Isso resolve um problema trágico do desenho do T-72, o venerando tanque que é o centro da força blindada russa. Para ter o famoso perfil baixo e tamanho reduzido, tornando-se um alvo menor, o blindado usa um sistema de municiamento automático, no qual até 40 projeteis ficam num carrossel embaixo da torre.
O resultado é que o comandante do veículo e o operador do canhão sentam sobre os explosivos, e as diversas torres explodidas para longe dos T-72 na Ucrânia são testemunho do que isso significa em batalha. Modelos mais novos, como o T-80 e o moderno T-90 aliviaram, não suprimiram a falha.
Em tanques ocidentais maiores e mais pesados, como o Leopard-2 que agora está na Ucrânia e o americano M1A2 Abrams, um quarto soldado na tripulação faz o municiamento dos projeteis.
O desenvolvimento do T-14 provou-se problemático. Nos ensaios de sua estreia em 2015, um dos tanques pifou e ficou travado no meio de uma avenida, mas as questões parecem ser maiores. A previsão inicial dos russos era de ter 2.300 dos modelos até 2025.
Oficialmente, apenas um lote de 40 seria entregue para ação neste ano, e o mais recente orçamento militar russo previa apenas 132 blindados. Mesmo que Moscou tenha mudado décadas de doutrina, deixando a ideia soviética de quantidade se sobrepor a qualidade, é pouco para o maior país do mundo e uma potência de natureza continental.
Segundo um especialista militar russo, que pede para não se identificar, os cerca de US$ 5 milhões (R$ 25 milhões) gastos para fazer um T-14 seriam melhor aplicados equipando com novas miras e blindagem adicional os tanques já existentes. Aparentemente, foi isso que o Ministério da Defesa optou por fazer.
Com efeito, o que se viu na invasão da Ucrânia em 2022 foram grandes quantidades de T-72, com níveis variados de modernização, seguidas por um contingente menor do poderoso T-80, que peca por usar uma turbina beberrona de combustível no motor.
Só mais para o fim do ano passado os T-90, mais modernos, foram vistos em ação, e em números menores. Já tanques retirados das antigas reservas soviéticas, relíquias como o T-62 e o T-64, foram avistados com certa frequência, em especial na retaguarda dos territórios ocupados no leste e sul do país.
O T-14, se chegar a ser usado em combate, não deverá fazer mais do que uma aparição simbólica pelos números envolvidos. Mas bastará ele abater um dos tanques de segunda mão enviados por países da Otan (aliança militar do Ocidente) que o golpe de propaganda estará dado.
Não é o suficiente, contudo. Levando em conta apenas avistamentos de tanques destruídos, capturados ou abandonados confirmados por georreferenciamento pela equipe do site holandês Oryx, os russos perderam 1.906 tanques na guerra até esta terça.
Isso corresponde a 56% de sua frota ativa pré-conflito, embora a conta seja imprecisa por desconsiderar reservas antigas enviadas à guerra e a produção de 2022 de novos veículos.
O número, de todo modo, impressiona. Do lado ucraniano, foram 490 perdas de uma frota de 987, mas houve diversas reposições: 230 T-72 poloneses e, agora, cerca de 40 dos 140 Leopard-2 alemães prometidos pelo Ocidente já chegaram, assim como 14 modelos Challenger-2 britânicos, que são considerados pouco práticos pelo peso excessivo.
A Otan treinou a tripulação dos novos tanques, e tudo indica que Kiev aguarda ter uma certa massa crítica para começar sua prometida contraofensiva, que parece se concentrar em Kherson (sul), onde as forças russas estão menos robustas.
por IGOR GIELOW / FOLHA de S.PAULO
ALEMANHA - A Terra quebrou recordes preocupantes por derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e aquecimento do oceano no último ano, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O relatório anual “Estado do clima global” da organização, que rastreia indicadores e impactos climáticos, citou um recorde para o conteúdo de calor oceânico em 2022. Cerca de 58% da superfície do oceano experimentou ao menos uma onda de calor marinho no último ano, disse a OMM.
O nível médio global do mar também atingiu um recorde em 2022; a OMM observou que a taxa de aumento médio do nível do mar globalmente dobrou entre a década de 1993 a 2002 e a década encerrada em 2022.
As geleiras também registraram perdas de massa acima da média no último ano, uma descoberta com apoio de um relatório da Agência Espacial Europeia, divulgado na quinta-feira. A ESA descobriu que a perda de gelo da Groenlândia e da Antártida atingiu um recorde e agora representa um quarto do aumento do nível do mar.
O oceano age como uma ferramenta de captação de calor do planeta, o que de alguma forma pode aliviar um pouco os aumentos da temperatura global, mas tem uma quantidade de efeitos em cadeia, incluindo a ameaça dos ecossistemas marinhos. Os custos das secas, inundações e das ondas de calor também são um fardo crescente para a população mundial.
“Enquanto a emissão de gases de efeito estufa continua a crescer e o clima continua a mudar, populações de todo o mundo continuam sendo gravemente afetadas pelo clima extremo e pelos eventos climáticos,” disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado.
“Por exemplo, em 2022, a seca constante na África Oriental, chuvas recordes no Paquistão e ondas de calor recordes na China e na Europa afetaram dezenas de milhões de pessoas, causaram insegurança alimentar, impulsionaram a migração em massa e custaram bilhões de dólares em perdas e danos.”
A organização também destacou que alguns dos impactos da mudança climática estão ocorrendo em eventos sazonais na natureza. Por exemplo, a data de floração completa das flores de cerejeira no Japão em 2021 foi 26 de março, a mais precoce registrada em mais de 1.200 anos.
O relatório da OMM segue uma avaliação sobre o estado das mudanças climáticas na Europa, publicado na quinta-feira pelo Copernicus Climate Change Service da União Europeia. Como os ciclos de retorno de uma terra seca provavelmente levarão a altas temperaturas novamente este ano, cientistas e responsáveis pela criação de políticas públicas estão se preparando para se adaptar à vida em um planeta mais quente. /BLOOMBERG
por Siobhan Wagner / ESTADÃO
EUA – O Twitter disse nesta terça-feira ter exigido que usuários retirassem mais de 6,5 milhões de conteúdos no primeiro semestre de 2022, antes que a plataforma de mídia social fosse adquirida pelo bilionário Elon Musk, um aumento de 29% em relação ao segundo semestre de 2021.
A companhia divulgou o número de remoções de conteúdo no mesmo dia em que a União Europeia disse que a plataforma estaria entre as 19 empresas de tecnologia sujeitas a novas regras que exigem que as empresas compartilhem dados com autoridades, façam mais para combater a desinformação e conduzam auditoria independente e externa.
O descumprimento das regras — algumas das regulamentações mais rígidas do mundo sobre plataformas online — pode resultar em multas de até 6% da receita global ou até mesmo na proibição de operar na UE, segundo o site da Comissão Europeia.
O comunicado do Twitter nesta terça-feira veio na forma de uma breve publicação no blog da empresa, que disse que daria uma atualização sobre o “caminho a seguir em relação a relatórios de transparência” ainda este ano.
A publicação de relatórios de transparência é um dos requisitos das novas regras da UE relacionadas à internet. O Twitter não divulgou o número de pedidos atendidos.
Reportagem de Sheila Dang em Dallas / REUTERS
WASHINGTON - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, alertou na terça-feira que o fracasso do Congresso norte-americano em aumentar o teto da dívida do governo, o que resultaria em um calote, desencadearia uma "catástrofe econômica" que elevaria os juros nos próximos anos.
Yellen, em comentários preparados para um evento em Washington com executivos de empresas da Califórnia, disse que um calote na dívida dos EUA resultaria em perda de empregos, ao mesmo tempo em que aumentaria os custos das famílias com hipotecas, empréstimos para automóveis e cartões de crédito.
Ela disse que é uma "responsabilidade básica" do Congresso aumentar ou suspender o limite de empréstimos de 31,4 trilhões de dólares, alertando que um calote ameaçaria o progresso econômico que os Estados Unidos fizeram desde a pandemia da Covid-19.
"Um calote em nossa dívida produziria uma catástrofe econômica e financeira", disse Yellen aos membros da Câmara Metropolitana de Comércio de Sacramento. "Uma inadimplência aumentaria o custo dos empréstimos para a perpetuidade. Os investimentos futuros se tornariam substancialmente mais caros."
Se o teto da dívida não for aumentado, as empresas norte-americanas enfrentarão a deterioração dos mercados de crédito, e o governo provavelmente não conseguirá cobrir pagamentos a famílias de militares e idosos que dependem da Seguridade Social, disse ela.
"O Congresso deve votar para aumentar ou suspender o limite da dívida. Deve fazê-lo sem condições. E não deve esperar até o último minuto."
Yellen disse aos parlamentares em janeiro que o governo só poderia pagar suas contas até o início de junho sem aumentar o limite, que o governo atingiu em janeiro.
Kevin McCarthy, líder da Câmara dos Deputados controlada pelos republicanos, apresentou na semana passada um plano que combinaria 4,5 trilhões de dólares em cortes de gastos com um aumento de 1,5 trilhão de dólares no teto da dívida, chamando-o de uma base para as negociações nas próximas semanas.
Por Andrea Shalal / REUTERS
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