EUA - O ímpeto do presidente Donald Trump, que queria ver um acordo final para um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia fechado até quinta-feira (27), perdeu força. O americano diz agora que o "prazo final é quando acabar".
Se nas duas últimas vezes em que isso ocorreu o alvo do ultimato era Vladimir Putin, desta vez foi Volodimir Zelenski, a quem foi apresentado um plano russo-americano favorável à visão do Kremlin sobre o fim do conflito: perdas territoriais, neutralidade e limitações militares a Kiev.
Como reagiu com apoio de aliados europeus e modificou o rascunho para algo mais próximo das suas demandas, retirando termos draconianos e deixando discussões de mérito sobre reconhecimento de fronteiras para o futuro, Zelenski disse na terça (25) que estava pronto para finalizar o acordo no prazo.
Os russos descartaram as mudanças, o que foi reafirmado nesta quarta (26) pelo vice-chanceler Serguei Riabkov. "Não há possibilidade de qualquer concessão ou abandono de nossas abordagens aos pontos principais", afirmou em Moscou.
Voando para passar o feriado do Dia de Ação de Graças na Flórida, Trump disse a repórteres que não tinha um prazo final e que espera resultado das negociações de seu enviado para o conflito, Steve Witkoff. O Kremlin anunciou nesta quarta que ele deverá ser recebido por Putin só na semana que vem.
Witkoff entrou no centro das intrigas em torno do vaivém sobre o plano de paz, que foi elaborado em junho pelos russos e discutido com os americanos, que adotaram a maior parte de seus pontos, em outubro.
A agência Bloomberg divulgou na noite de quarta a transcrição de uma conversa de 14 de outubro entre Witkoff e o assessor presidencial russo Iuri Uchakov, um dos homens de Putin na negociação.
Nela, o americano sugere que a paz pode ser alcançada se Kiev entregassem a região de Donetsk e os russos topassem deixar algumas áreas já conquistadas. Além disso, ele aconselha o Kremlin a adular Trump, elogiando sua iniciativa pelo cessar-fogo na guerra em Gaza como modelos para um acordo.
O presidente americano deu de ombros ao vazamento, cujo conteúdo não foi negado por nenhum dos lados. "Ele tem de vende isso para a Ucrânia, ele tem de vende Ucrânia para a Rússia. Isso é o que um negociador faz", afirmou no Air Force One.
Uchakov demonstrou irritação, falando à TV estatal russa, com o vazamento, dizendo que ele visou atrapalhar as negociações. Uma segunda conversa, entre ele e o negociador russo Kirill Dmitriev, foi negada pelo último.
Nela, ambos discutem a conveniência acerca da paternidade do acordo de paz ser assumida pelos EUA, que poderiam mudar a proposta russa. Ao fim, foi o que ocorreu, com o secretário de Estado, Marco Rubio dizendo que o texto era americano apesar de sua origem em Moscou.
A fumaça, usada em Moscou para criticar o Ocidente, tende a se dispersar, mas ajuda a elevar a desconfiança de lado a lado. Uchakov disse que ligaria para Witkoff para cobrar o que vê como um vazamento americano devido a divergências internas.
Mas há resistência internas na linha-dura do Kremlin, liderada pelas Forças Armadas e serviços de segurança, contra um acordo -o que torna a hipótese de um grampo russo também factível.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, essa ala convenceu Putin de que a Rússia pode ganhar a guerra no campo de batalha, e a protelação de quaisquer acordos apenas favorece o Kremlin.
A versão revisada após um encontro entre americanos e ucranianos em Genebra, no domingo (23), já está segundo Uchakov em Moscou. "Há aspectos que podem ser positivos", disse.
Mas ela não foi analisada a fundo, afirmou o assessor, que também negou que isso tenha ocorrido nos nebulosos encontros de segunda (24) e terça em Abu Dhabi. Segundo sua versão, russos e ucranianos se reuniram, e só depois houve encontros separados com Dan Driscoll, o secretário do Exército que é o nome do vice J. D. Vance na negociação.
Na véspera, havia relatos desencontrados sobre o que ocorreu, mas o substrato parece ser apenas a extensão do prazo para a negociação e a continuidade dos combates.
Uchakov também criticou os líderes europeus "por se meterem" na negociação. Nesta quarta, a União Europeia promoveu uma reunião em que reafirmou o apoio a Kiev e à soberania do país invadido em 2022.
A chefe do braço executivo do bloco, Ursula von der Leyen, disse que Moscou ainda pensa como "em Ialta", em referência à cidade da Crimeia em que as potências que venceriam a Segunda Guerra Mundial dividiam suas esferas de influência em 1945.
por Folhapress
RÚSSIA - Crianças ucranianas sequestradas foram obrigadas a trabalhar em fábricas russas na produção de drones e equipamentos militares, de acordo com relatório do Laboratório de Pesquisa Humanitária da Universidade de Yale, divulgado pelo jornal britânico The Telegraph. O estudo identificou 210 instalações usadas pela Rússia para deportação, reeducação e adoção forçada de menores.
Um dos casos envolve o Centro Infantil Pan-Russo Mudança, na região de Krasnodar, onde mais de 300 crianças de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia foram levadas desde 2022. Lá, foram forçadas a auxiliar na construção de drones, detectores de minas e carregadores de fuzis.
O relatório também aponta que outras instalações, como o centro Jovem Patriota, em Moscou, foram criadas “com o objetivo explícito de reeducar menores vindos da Ucrânia e submetê-los a treinamento militar”.
Segundo Andriy Yermak, chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, “este relatório exige ação. Não apenas passaram por trauma e deslocamento, mas também foram submetidas a deportação sistemática, adoção ilegal e assimilação forçada”. Ele acrescentou: “Agora está claro que a Rússia planeja usar as próprias crianças da Ucrânia como uma arma contra nós e contra a Europa”.
Já a vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, reforçou: “Não pode restar nenhuma dúvida – essas vítimas inocentes e vulneráveis não apenas foram arrancadas de suas famílias, mas também forçadas à reeducação e militarização. Pelo bem da paz global, a Rússia deve devolver as crianças ucranianas para casa.”
por Notícias ao Minuto
UCRÂNIA - "É vital que a resposta a este ataque russo, tal como a outros ataques semelhantes, não seja o silêncio do mundo, mas uma ação concreta. Uma ação da América, que tem o poder de obrigar a Rússia à paz. Uma ação da Europa, que não tem outra escolha senão ser forte", escreveu Zelensky numa mensagem publicada nas redes sociais.
Segundo Zelensky, que insistiu na aplicação de novas sanções contra Moscou "para forçar a paz", a Rússia lançou, durante a noite passada, 315 'drones' contra a Ucrânia, entre os quais 250 aparelhos não tripulados 'kamikaze' 'Shahed', e sete mísseis.
Os bombardeamentos atingiram sobretudo as cidades de Kiev e Odessa.
"O de hoje foi um dos maiores ataques contra Kiev, Odessa, bem como contra as regiões de Dnipro e Chernihiv", afirmou Zelensky, explicando que os 'drones' e os mísseis, entre eles dois mísseis balísticos norte-coreanos, provocaram danos em edifícios residenciais e em infraestruturas urbanas.
Segundo o chefe de Estado ucraniano, uma maternidade em Odessa foi um dos alvos do ataque russo da noite passada, que causou vários mortos e pelo menos 13 feridos, embora os números estejam ainda por por serem confirmados, segundo reportou a agência espanhola EFE.
Já a agência Associated Press (AP) informou que os ataques provocaram dois mortos e 13 feridos, embora adiante que os números são provisórios.
Notícias ao Minuto Brasil
UCRÂNIA - No último fim de semana a Ucrânia realizou um grande e audacioso ataque às principais bases aéreas russas, deixando a imagem de Vladimir Putin arranhada perante o mundo, já que mostrou a fragilidade dos sistemas de proteção da Rússia. O serviço de segurança SBU da Ucrânia disse que atingiu quatro grandes bases aéreas russas, que abrigam em grande parte a frota de aviação de longo alcance do país.
O apresentador Vladimir Solovyov, um dos maiores apoiadores de Putin, cometou como o assunto está sendo tratado na Rússia e disse que a ação da Ucrânia é "motivo para um ataque nuclear".
Solovyov tem repetidamente enfatizado a questão das armas nucleares no discurso russo ao longo dos mais de três anos de guerra na Ucrânia, e levantou a ideia de um ataque nuclear aos países da OTAN. O apresentador também pediu que os soldados russos que filmaram as consequências dos ataques de domingo fossem executados, de acordo com uma tradução publicada pelo projeto Russian Media Monitor, dirigido pela jornalista Julia Davis.
Em uma declaração ameaçadora escrita para "todos os que estão preocupados e esperando por retaliação", Dmitry Medvedev , ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do conselho de segurança do país, disse na terça-feira: "Vocês precisam se preocupar".
"A retribuição é inevitável", acrescentou ele em uma publicação no aplicativo de mensagens Telegram.
Mais Tensão
O think tank Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), sediado nos EUA, disse que após a ação da Ucrânia, que Moscou aumentou seus ataques terrestres ao redor de Andriivka. A Rússia está "intensificando esforços para ampliar a linha de frente" no norte de Sumy, ao norte e nordeste da capital regional, acrescentou o think tank.
por Rafael Damas
UCRÂNIA - Pelo menos 25 pessoas ficaram feridas em ataques com drones russos contra as cidades ucranianas de Kiev, Mykolaiv e Nikopol na noite de quarta-feira (10), segundo informações divulgadas na quinta-feira pelos serviços de emergência da Ucrânia.
Em Mykolaiv, no sul do país, dez pessoas ficaram feridas depois que um drone atingiu um apartamento localizado em um prédio de cinco andares. Já na capital, Kiev, o prefeito Vitali Klitschko informou que três pessoas se feriram durante os bombardeios. A cidade foi alvo de múltiplas explosões, após os alarmes de ataque aéreo soarem por toda a madrugada. De acordo com autoridades locais, 16 dos 30 drones lançados contra Kiev foram derrubados pelas forças de defesa.
Em Nikopol, na região de Dnipropetrovsk, o governador Serhi Lisak afirmou que outras doze pessoas ficaram feridas em um ataque semelhante, também realizado com drones.
A Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou 145 drones em todo o território ucraniano durante a noite. Unidades de defesa conseguiram interceptar 85 deles.
Do lado russo, Moscou alegou ter abatido 42 drones ucranianos em regiões do sul e oeste da Rússia, também durante a madrugada.
POR NOTÍCIAS AO MINUTO
UCRÂNIA - O apresentador Luciano Huck viajou à Ucrânia para gravar o depoimento do presidente do país, Volodimir Zelenski, cujo conteúdo fará parte de um documentário.
Porém, segundo ele, aquela foi "uma das madrugadas mais tensas" de sua vida após presenciar um bombardeio.
"Nesta segunda (26), a Ucrânia sofreu o mais duro bombardeio desde o início da invasão russa. Eu estava lá, acomodado em um abrigo antiaéreo na capital, Kiev, enquanto tudo acontecia. Foi uma das madrugadas mais tensas da minha vida", contou ele em suas redes sociais.
Conforme relato de Huck, o que o levou ao país, além do projeto que deverá fazer parte em breve do catálogo do Globoplay, foi o desejo de conhecer a terra de seus antepassados, ver de perto as barbaridades da guerra e escutar com atenção as pessoas que vivem esse conflito.
"Poucas horas depois do ataque de mísseis e drones, eu tive o privilégio de conversar com o presidente Volodymyr Zelensky sobre sua vida, liderança, perspectivas de um acordo de paz e a relação com o Brasil", disse.
A Rússia de Vladimir Putin lançou na madrugada e na manhã de segunda o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde que lançou a invasão do país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022. Foram empregados, segundo Kiev, 236 mísseis e drones contra alvos em 15 regiões.
A conta é do presidente Zelenski, que gravou uma mensagem de vídeo. Segundo a Força Aérea de Kiev, foram abatidos 102 de 127 mísseis, além de 99 de 109 drones. Não há como confirmar isso de forma independente.
Antes, o recorde de emprego dessas armas pelos russos de uma só vez havia sido em dezembro passado, com 158 mísseis e drones. A ação envolveu 11 bombardeiros estratégicos Tu-95MS, ao menos um caça MiG-31K, além de lançamentos de terra e do mar Negro.
Foi usada quase toda a gama que Moscou tem despejado sobre a Ucrânia, uma média de 26 ataques diários desde o começo da guerra segundo Kiev divulgou na semana passada.
POR FOLHAPRESS
UCRÂNIA - O Parlamento da Ucrânia aprovou na terça (20) uma lei que mira banir a Igreja Ortodoxa Russa, maior denominação deste ramos do cristianismo no mundo, do país.
Com apoio de 265 dos 450 deputados, o texto proíbe que entidades religiosas associadas a países agressores continuem a operar na Ucrânia. É mais um passo de um cisma iniciado em 2019 e agravado pela invasão de Vladimir Putin do vizinho, três anos depois.
Ao longo da guerra, o governo de Volodimir Zelenski já havia denunciado a Igreja Ortodoxa da Ucrânia-Patriarcado de Moscou de ser uma base avançada para espiões russos e de divulgação de propaganda contra Kiev.
A reação de Moscou, tanto na igreja quanto no governo, foi a de chamar Zelenski, um judeu, de satanista e inimigo da fé. Agora, o presidente disse que a nova lei irá "fortalecer a independência espiritual" da Ucrânia.
Segundo pesquisa do Instituto de Economia de Kiev, em 2022 75% dos ucranianos se denominavam cristãos ortodoxos. Um minoria expressiva, de 8%, são católicos do rito grego e os restantes, divididos entre católicos romanos, judeus e outras religiões.
De 1686 a 2019, a Igreja Ortodoxa da Ucrânia era subordinada ao patriarca de Moscou. O atual ocupante da posição, Cirilo, é um importante aliado de Putin, a quem já chamou de "milagre de Deus". As relações entre Kremlin e a denominação são as mais intensas desde que os czares eram coroados pela mão dos líderes religiosos.
Quando era parte da União Soviética, a Ucrânia tinha também uma outra denominação, a Igreja Autocéfala Ortodoxa da Ucrânia, que sofria diversas perseguições. A liberdade do ocaso comunista de 1991 abriu caminho para um período de disputa.
A anexação da Crimeia em 2014, após um aliado de Putin ser expulso do poder em Kiev, e a guerra civil no leste do país levaram o governo em Kiev a patrocinar o ramo como o único legítimo do país.
Em janeiro de 2019, o Patriarcado de Constantinopla, considerado o centro do poder ortodoxo do mundo, reconheceu a nova igreja, gerando o maior cisma do mundo cristão desde a Reforma protestante do século 16.
Na prática, ficaram operando na Ucrânia a igreja ligada a Moscou e a nova denominação. Não há uma estimativa precisa de quantos fiéis cada uma tem, mas houve um processo de migração de comunidades: ao menos 1.100 paróquias mudaram para o novo Patriarcado de Kiev.
A guerra piorou as tensões, com a suspeita de que religiosos ligados a Moscou operavam como uma quinta-coluna dentro do país. "Esta é uma votação histórica. O Parlamento aprovou uma legislação que bane uma sucursal do país agressor na Ucrânia", escreveu no Telegram a deputada Irina Heraschenko, ligada a Zelenski.
O líder da igreja ligada a Moscou, metropolitano Klimenti, criticou a lei, dizendo que ela só visa o confisco de propriedade. Ele nega qualquer influência política do governo Putin na atuação de seus padres.
"A igreja vai continuar a viver como a igreja verdadeira, reconhecida pela vasta maioria dos fiéis", disse à TV Hromadske. A Igreja Ortodoxa Russa comanda cerca de 40% dos 300 milhões de aderentes a este ramo cristão no mundo, entre outras 14 denominações.
A guerra impactou a comunidade fora da Ucrânia. Cirilo rompeu com Bartolomeu, o patriarca de Constantinopla (nome antigo de Istambul, Turquia), que criticou a invasão russa. Apenas as igrejas da Sérvia, Bulgária e Síria mantiveram o apoio a Moscou.
Agora, os deputados ucranianos irão listar as paróquias que serão atingidas. Cada uma terá nove meses para decidir se quer fechar as portas ou migrar para a fé oficial de Kiev, uma medida que será denunciada como repressão religiosa na Rússia.
É mais uma dimensão da guerra. Putin já criticou Zelenski por perseguir religiosos ligados ao patriarcado moscovita, além de ter banido o ensino de língua russa em favor do ucraniano. Pouco menos de 20% da população do país é russa étnica, mas a proporção é majoritária na Crimeia e nas áreas ocupadas no leste e sul.
ZELENSKI DIZ QUE SITUAÇÃO É DIFÍCIL NO LESTE
No campo de batalha, a invasão ucraniana da região meridional russa de Kursk seguiu em banho-maria nesta terça, sem avanços significativos por parte das forças de Zelenski. Ao longo do fim de semana, elas destruíram três pontes para reter o apoio logístico dos militares russos na região, mas é incerto o fôlego que a surpreendente ofensiva ainda tem.
Ele é desafiado pelo avanço russo rumo a Pokrovsk, importante centro ferroviário em Donetsk (leste ucraniano). Nesta terça, Zelenski chamou a situação militar na cidade, que está sendo evacuada, de "difícil".
Do lado de Moscou, o ministro Andrei Belousov (Defesa) disse que está "cuidando pessoalmente" da invasão a Kursk, e que determinou a criação imediata de três grupos de Exército na região e em suas duas vizinhas, Belgorodo e Briansk.
As Forças Armadas de Kiev também divulgaram um balanço dos ataques aéreos russos desde a invasão de 24 de fevereiro de 2022. Foram, segundo os militares, 14 mil drones e 9.600 mísseis disparados contra o território ucraniano, ou uma média de 26 armamentos caindo sobre o país por dia.
POR FOLHAPRESS
KIEV - O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse nesta quarta-feira que o país está “pronto” para negociar com a Rússia.
A declaração foi dada durante uma visita do chanceler a Guangzhou, na China, e representa o segundo sinal de abertura de Kiev a Moscou em menos de 10 dias, em 15 de julho, o presidente Volodymyr Zelensky havia dito que a Rússia deveria participar de uma segunda conferência de paz.
– Estamos prontos para conversar com a Rússia em uma determinada fase, se Moscou estiver pronta a negociar em boa fé – afirmou Kuleba em um encontro com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi.
No entanto, o chanceler ponderou que ainda não enxerga “tal preparação” por parte do regime de Vladimir Putin. “A parte ucraniana está pronta a conduzir o diálogo com a Rússia, mas as negociações precisam ser racionais e substanciais para alcançar uma paz justa e duradoura”, salientou.
Questionado sobre o assunto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu que a abertura de Kuleba ao diálogo está “em sintonia” com a posição russa, porém cobrou “mais esclarecimentos” por parte de Kiev.
Guerra
A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura quase dois anos e meio e vive um momento de impasse, sem avanços significativos em nenhum dos lados. Zelensky disse em diversas ocasiões que só aceitaria negociar mediante a retirada total das tropas invasoras das áreas ocupadas, enquanto Putin exige que Kiev abra mão das regiões tomadas por Moscou.
Por Redação, com ANSA
AUSTRÁLIA - O governo australiano anunciou hoje um pacote de assistência militar para a Ucrânia no valor de aproximadamente 250 milhões de dólares australianos (925 milhões de reais para ajudar na resistência à invasão russa.
Esta ajuda, a maior contribuição individual da Austrália desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, inclui mísseis de defesa ar-terra e ar-ar, conforme declarado pelo ministro da Defesa australiano, Richard Marles, que está atualmente em Washington para a cúpula da NATO.
Além dos mísseis, a assistência australiana também envolve armamento antitanque, munições de artilharia, morteiros, canhões, armas leves e um carregamento de botas para as forças armadas ucranianas.
"O fornecimento de capacidades de defesa aérea avançada e munições de precisão ar-terra representa o maior pacote de apoio já oferecido pela Austrália à Ucrânia e contribuirá significativamente para os esforços para resolver o conflito em seus próprios termos", afirmou Marles.
Ele também condenou a invasão russa como "ilegal e imoral", um ataque ao direito internacional e à ordem baseada em regras, reafirmando o apoio da Austrália à NATO na defesa contra a agressão russa à Ucrânia.
Durante sua estadia em Washington, Marles se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com os membros do grupo IP4, composto por Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão, todos parceiros importantes da NATO na região estratégica do Indo-Pacífico.
Além disso, Marles assinou um memorando de entendimento para facilitar a entrega de um milhão de drones a Kiev, destacando que a Austrália já havia prometido 30 milhões de dólares australianos (111 milhões de reais) para esta causa.
A Austrália, juntamente com o Japão, é um dos maiores contribuintes não membros da NATO para a Ucrânia, tendo atribuído um total de 1,3 bilhão de dólares australianos (3,85 bilhões de reais), principalmente em assistência militar.
ALEMANHA - A maioria dos deputados do partido alemão de extrema direita AfD e uma formação de esquerda radical boicotaram, nesta terça-feira (11), o discurso no Parlamento do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que alertou sobre a retórica pró-russa na Europa.
O mandatário fez um discurso para os legisladores do Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento alemão. A bancada dos 77 deputados da AfD estava praticamente vazia e apenas quatro deles estiveram presentes.
"Nos negamos a escutar um orador com roupa de camuflagem", explicou em um comunicado a direção da legenda, afirmando que a "Ucrânia não necessita de um presidente de guerra, mas sim um presidente de paz".
Também abandonaram o hemiciclo os 10 deputados do partido de esquerda radical BSW, criado recentemente e de linha soberanista, com um discurso crítico à migração e à entrega de armas a Kiev.
Esse grupo disse querer enviar "um sinal de solidariedade a todos os ucranianos que querem um cessar-fogo imediato e uma solução negociada".
Para esses dois partidos, as eleições europeias de domingo foram um sucesso.
A AfD ficou em segundo lugar com cerca de 16% dos votos, atrás dos conservadores. O BSW superou os 6% e eclipsou o movimento histórico de extrema esquerda Die Linke (2,7%).
- "Perigoso para seus países" -
Em visita a Berlim para uma conferência internacional sobre a reconstrução da Ucrânia, Zelensky expressou sua preocupação com os bons resultados eleitorais das formações "com slogans radicais pró-russos".
É "perigoso para seus países", disse em uma coletiva de imprensa ao lado do chefe de Governo alemão, Olaf Scholz.
O presidente ucraniano pediu mais uma vez aos seus aliados que aumentem a ajuda em matéria de defesa aérea.
"É o terror inspirado pelos mísseis e as bombas o que ajuda as tropas russas a avançar no terreno", assegurou ante um grupo de altos responsáveis europeus.
"Enquanto não privarmos a Rússia da possibilidade de aterrorizar a Ucrânia, [o presidente russo Vladimir] Putin não terá nenhum interesse real em buscar uma paz justa", disse.
"A defesa aérea é a resposta", acrescentou.
Depois de Berlim, Zelensky participará da cúpula dos dirigentes do G7 na Itália e depois irá à Suíça para discursar na Conferência sobre a paz na Ucrânia, que ocorrerá no sábado e no domingo e contará com mais de 90 países e organizações. Rússia e China não estão entre elas.
Por sua vez, Scholz também instou os aliados ocidentais a fazerem mais para permitir que Kiev proteja suas infraestruturas vitais e civis.
"O que o Exército ucraniano mais necessita agora são munições e armas, sobretudo para a defesa antiaérea", insistiu o dirigente alemão, recordando que Berlim decidiu entregar recentemente um terceiro sistema de defesa antiaérea Patriot.
Scholz reafimou que não haverá "vitória militar nem uma paz ditada" por Putin.
"Promover essa conscientização é o que está em jogo na cúpula de paz que será realizada neste fim de semana na Suíça", comentou.
A segurança energética e a renovação da rede elétrica ucraniana também serão algumas das questões abordadas no encontro no país helvético.
Zelensky indicou na terça-feira que os bombardeios russos contra as infraestruturas energéticas do país reduziram à metade sua produção elétrica desde o inverno.
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