PEQUIM - As chuvas que afetaram Pequim nos últimos dias, com inundações letais, foram as mais intensas em 140 anos, desde o início dos registros das tempestades na China, onde as operações de resgate foram intensificadas nesta quarta-feira.
As chuvas torrenciais, que registraram queda considerável nesta quarta-feira, começaram a cair sobre a região de Pequim no sábado. Em apenas 40 horas, a cidade acumulou o índice pluviométrico esperado para todo o mês de julho.
"O índice máximo de chuvas registrado por uma estação da cidade durante esta tempestade foi de 744,8 milímetros, o mais intenso em 140 anos", afirmou o Serviço Meteorológico de Pequim.
O recorde anterior era de 609 milímetros em 1891, de acordo com o organismo.
A tempestade Doksuri, que chegou a ser classificada como um supertufão, atingiu o território chinês do sul para o norte, depois de provocar muitos estragos nas Filipinas na semana passada.
Na terça-feira, o canal estatal CCTV anunciou que as tempestades provocaram pelo menos 11 mortos e deixaram 13 desaparecidos em Pequim.
Na província vizinha de Hebei, onde quase 800.000 pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, nove pessoas morreram e seis estavam desaparecidas.
No distrito de Fangshan, em Pequim, perto do limite com Hebei, correspondentes da AFP observaram um parque completamente inundado. Toneladas de resíduos, arrastados pela água, estavam acumuladas perto de uma ponte.
- Limpeza e resgate -
A situação é crítica em Zhuozhou, município de Hebei, com grandes áreas inundadas. O canal estatal CCTV exibiu imagens ao vivo dos resgates de moradores bloqueados.
As inundações provocaram a interrupção do fornecimento de água e energia elétrica em vários pontos de Zhuozhou.
A imprensa estatal alertou na semana passada que 130 milhões de habitantes seriam afetados pelas chuvas extremas no norte do país.
De acordo com um balanço atualizado, quase 127.000 pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas em Pequim (com 22 milhões de habitantes) e 847.000 em Hebei (74 milhões de habitantes).
Apesar da situação difícil, as autoridades da capital chinesa suspenderam o alerta vermelho para inundações nesta quarta-feira, depois que o "fluxo na maioria dos rios voltou a ficar abaixo do sinal de alarme", informou a agência estatal de notícias Xinhua.
A atenção se volta agora para a operação de resgate: centenas de socorristas da Cruz Vermelha foram enviados às áreas mais afetadas para limpar as áreas afetadas e ajudar as vítimas, segundo a Xinhua.
O presidente Xi Jinping pediu na terça-feira "todos os esforços possíveis" para evitar mais mortes e resgatar as pessoas desaparecidas ou bloqueadas.
Durante uma visita ao distrito de Mentougou, um dos mais afetados na capital, o vice-primeiro-ministro Zhang Guoqing disse que "a prioridade é salvar vidas, lutar contra o tempo para encontrar os desaparecidos ou bloqueados".
A China vive um ano de fenômenos meteorológicos extremos, com tempestades e recordes de temperatura no verão (hemisfério norte). Os cientistas afirmam que a mudança climática aumenta a frequência e intensidade dos eventos.
O país está em alerta para a chegada de um tufão, o sexto do ano, que se aproxima do território chinês pela costa leste.
PARIS - Todos os anos, os incêndios florestais na Europa são mais violentos e se estendem por um período mais longo, como na ilha grega de Rodes, onde desencadearam uma operação de evacuação de turistas sem precedentes.
Em 2018, 117.356 hectares, mais de dez vezes a área de Paris, viraram fumaça na União Europeia. Em 2019 foram 295.835, em 2020 chegaram a 339.824 e em 2021 subiram para 470.359.
No ano passado, em 2022, mais de 785 mil hectares foram destruídos, segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis) e do programa europeu de mudanças climáticas Copernicus.
O ano de 2017, no entanto, continua sendo o mais devastador na UE desde a criação do Effis (no ano 2000), com 988.087 hectares de vegetação destruídos. Estes são os maiores incêndios recentes:
- 2023: Incêndios na região de Estremadura, Espanha -
No final de maio, quando o verão ainda não havia chegado, uma área de quase 12 mil hectares (mais que a de Barcelona) já estava reduzida a cinzas na região da Estremadura, no oeste da Espanha.
Além da acentuada falta de chuvas, a temperatura atingiu um recorde absoluto para o mês de abril na Espanha continental (38,8 ºC).
- 2022, pinheiros queimados em Gironde (França) -
Grandes incêndios devoraram 30 mil hectares de florestas em La Teste-de-Buch e na região de Landiras e Hostens, no sudoeste da França, no verão. No total, houve cerca de 600 incêndios e 48.000 pessoas tiveram que ser retiradas.
A Espanha foi afetada no ano por quase 500 incêndios e mais de 300.000 hectares queimados (mais do que a área do Luxemburgo), segundo o Effis.
- 2021, incêndios na Grécia e Itália -
No início de agosto, a Grécia registrou temperaturas escaldantes. Em duas semanas, mais de 46.000 hectares de florestas viraram fumaça na ilha de Evia, 80 quilômetros a leste de Atenas.
Juntamente com os incêndios no Peloponeso e nos arredores da capital, um total de mais de 100.000 hectares queimou durante um verão. Centenas de casas, florestas de pinheiros e olivais foram queimados, assim como centenas de animais.
Paralelamente, uma onda de calor causada pelo anticiclone "Lúcifer" afetou toda a Itália. Na Calábria e na Sicília houve centenas de incêndios. Mais de 150.000 hectares foram destruídos na península ao longo do ano.
- 2017, ano sombrio em Portugal -
No dia 17 de junho, em meio a uma intensa onda de calor, ocorreu um gigantesco incêndio florestal em Pedrógão Grande, na região de Leiria, no centro de Portugal. As chamas, alimentadas por ventos muito fortes, arrasaram cerca de 24.000 hectares de serras de pinheiros e eucaliptos durante cinco dias.
Foi o incêndio mais mortal da história de Portugal, com 63 mortos, a maioria pessoas que ficaram presas em seus veículos quando tentaram fugir.
Após uma nova onda de incêndios em meados de outubro, o número de mortos em incêndios florestais subiu para um total de 117 naquele ano.
- 2010, incêndios em Moscou -
Em julho e agosto, mais de um milhão de hectares foram devastados por incêndios na região de Ryazan (200 km a sudeste de Moscou), na própria Moscou e em Nizhny Novgorod, além da república da Mordóvia.
A capital russa estava coberta de fumaça. No total, cerca de 60 pessoas morreram e quase 200 cidades foram destruídas.
VIETNÃ - Aproximadamente 250.000 pessoas foram evacuadas, na segunda-feira (17), no sul da China e no Vietnã, onde diversos voos foram cancelados, devido à chegada de um ciclone, de acordo com as autoridades locais.
A administração meteorológica chinesa afirmou que o ciclone Talim tocou o solo no litoral da província de Guangdong às 22h20 locais (10h20 no horário de Brasília), com ventos de até 136,8 km/h.
Segundo essa mesma agência, chuvas torrenciais atingiram o litoral de Guangdong até Hainan nesta segunda à noite.
Foi emitido um alerta laranja, o segundo mais alto em uma escala de quatro.
A tempestade deveria perder força na manhã de terça-feira e "se enfraquecer e se dissipar no norte do Vietnã" na quarta-feira.
Aproximadamente 230.000 pessoas foram retiradas em Guangdong antes da chegada do Talim, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua.
As transações financeiras na Bolsa de Hong Kong, um dos centros financeiros mais importantes do mundo, foram suspensas.
A maioria dos ônibus não circulava pela cidade a partir da tarde e mais de 1.000 passageiros foram afetados pelos cancelamentos e atrasos nos voos, segundo a autoridade aeroportuária de Hong Kong.
Os dois aeroportos da ilha de Hainan cancelaram todos os seus voos.
Pediu-se aos navios que rodeavam a ilha que retornassem rapidamente ao porto, já que se esperam ondas de até 6 metros de altura nas próximas horas.
Centenas de trens em Guangdong e Hainan foram cancelados, de acordo com o China Daily, que citou operadores locais.
No Vietnã, as autoridades se preparavam para retirar 30.000 pessoas das províncias de Quang Ninh e Hai Phong, que seriam as mais afetadas a partir de segunda à tarde.
O ciclone "poderia ser um dos mais importantes no golfo de Tonkin nos últimos anos", segundo o órgão vietnamita encarregado das catástrofes.
Segundo os cientistas, espera-se que os ciclones se tornem cada vez mais fortes devido ao aquecimento global.
por AFP
BIG ISLAND - Os mistérios de Big Island, a maior ilha do Havaí, começam logo na descida do avião. Da janelinha, avistamos a pista de aterrissagem cercada por rochas vulcânicas gigantes. E já em terra firme, desembarcamos no charmoso aeroporto da cidade de Kona, praticamente construído ao ar livre.
A ilha no Pacífico parece mesmo um mundo à parte. A quase 4 mil quilômetros da Califórnia, o voo de Los Angeles leva cinco horas. Aqui, pouco se escuta "thank you" ou "hello". É "mahalo" e "aloha". Os locais também veneram Pele e isso não tem nada a ver com futebol. Pele é a deusa dos vulcões e está, neste exato momento, em plena atividade.
Uma erupção no cume do Kilauea começou antes do nascer do sol numa quarta-feira de junho, no dia 3, após pequenos terremotos abaixo do vulcão. Um lago de mais de 120 hectares de lava derretida foi formado, e jatos jorravam a centenas de metros de distância.
Mas ninguém saiu às pressas da ilha, muito pelo contrário. Milhares de pessoas foram correndo para ver a erupção no Parque Nacional dos Vulcões, uma das atrações mais populares do Havaí. E, segundo funcionários do parque, não tem problema nenhum.
O parque tem espaços com vistas espetaculares para o fenômeno, mesmo com o lago de lava formado numa área de acesso proibido aos turistas.
"É seguro ver a erupção dos pontos de parada ao longo da trilha Crater Rim", diz Jessica Ferracane, assessora do parque. "Toda a lava está confinada a uma cratera apenas. Só pedimos aos visitantes para ficar fora das áreas fechadas. Gases vulcânicos, penhascos, rachaduras na terra são alguns dos perigos associados aos vulcões."
Aberto 24 horas, o parque sugere visitas depois das 21h e antes das 5h para evitar as multidões e estacionamentos lotados.
Ninguém sabe ao certo quanto tempo irá durar o espetáculo. A última erupção semelhante durou de janeiro a março deste ano. "Mas também tivemos um lago de lava entre 2008 e 2018", disse Ferracane. "Não saber a duração faz parte da maravilha e do mistério de se viver em um dos vulcões mais ativos do planeta."
Mesmo sem erupção à vista, vale muito a pena visitar o parque. Afinal, quem não quer atravessar um lago de lava solidificado no fundo de uma cratera, a Kilauea Iki? A cratera é uma depressão de 120 metros que também faz parte do vulcão Kilauea, o mesmo que cospe lava no momento, mas através de outra cratera, a Halmemaʻumaʻu.
Ferracane diz que "há muito pouco risco" na trilha de Kilauea Iki ("iki" é pequeno em havaiano), já que os vulcões do Havaí são os mais monitorados e estudados do mundo.
Para descer até sua lava solidificada, resultado de uma erupção em 1959, é preciso atravessar uma floresta tropical exuberante, repleta de samambaias e passarinhos, como os nativos de plumagem vermelha iiwi e apapane. Já na base da depressão, onde fica o lago solidificado, flores vermelhas chamadas ohia, endêmicas da ilha, praticamente brilham no cenário árido de rochas pretas vulcânicas.
Esse clima desértico acompanha toda viagem pela Big Island, com estradas cortando campos de rochas vulcânicas e montanhas manchadas por rios de lavas solidificadas. Composta por cinco vulcões, a Big Island se formou justamente com suas erupções ao longo de milhões de anos. E, a cada nova grande erupção, a ilha ganha mais território.
A combinação de altas montanhas com esse solo especial deu origem a um tipo de café que só pode ser cultivado aqui, o café Kona, em pequenas fazendas nas encostas dos vulcões Hualalai e Mauna Loa.
O preço é exorbitante, mas muitas fazendas oferecem tour com degustação ao final. A Mountain Thunder Coffee Plantation, a 15 quilômetros do aeroporto, oferece passeio gratuito para explicar a magia do café Kona. Para comprar o autêntico, preste atenção nas embalagens: se não disser "100% kona coffee", é mistura de outras variedades.
Para curtir as praias de Big Island, não tem como errar. Há praias de areia preta, branca e até verde. Há praias para a família, com diversos serviços, como aluguel de pranchas e banheiro, praias para surfistas e também aquelas mais difíceis de chegar. Em quase todas, dá para fazer um bom snorkel, ver muitos peixinhos e, com sorte, tartarugas.
Dizem que o melhor snorkel de todos está na baía de Kealakekua, onde só se chega de barco ou por uma trilha de 40 minutos (a descida é fácil, mas a subida é pesada).
Além da vida marinha excepcional, a baía guarda uma boa história de Big Island. Foi aqui que o famoso explorador britânico James Cook, primeiro europeu a estabelecer contato com as ilhas havaianas, foi assassinado em 1779, em sua terceira viagem pelo Pacífico. Após ter um de seus barcos roubados, Cook tentou em vão sequestrar o rei havaiano para ter a embarcação de volta, mas o erro acabou custando sua vida.
Um monumento a Cook foi levantado na baía, da onde os visitantes saem para entrar na água. Quem for caminhando, é bom chegar bem cedo ou no fim de tarde para evitar o "congestionamento" de barcos que poluem a vista no final das manhãs.
Outra aventura aquática e um clássico de Big Island é "nadar com as raias mantas" num mergulho noturno, com uma das diversas empresas autorizadas (cerca de R$ 700). Conhecidas também como arraias-jamanta, elas podem chegar a mais de quatro metros, embora não possuam ferrão como as temidas arraias.
As mantas se alimentam de plâncton, que é atraído pelas luzes dos barcos que levam os turistas. A viagem até uma das baías das mantas leva uma hora e acontece bem no pôr do sol. Se entrar à noite nas águas do meio do Pacífico não assustar, a experiência pode ficar ainda mais surreal.
As mantas se aproximam lentamente no fundo do mar, como criaturas alienígenas que parecem voar. Ao subir à superfície, a surpresa tira o fôlego dos desavisados: curiosas, elas podem chegar bem perto do visitante de snorkel, raspando levemente na nossa roupa de neoprene. Porém, como as lavas incandescentes do Kilauea, é proibido tocá-las, preservando assim mais um dos mistérios da Big Island.
por FERNANDA EZABELLA / FOLHA de S.PAULO
VENEZUELA - Uma operação militar realizada pelo governo da Venezuela busca expulsar mais de 10.000 garimpeiros ilegais da Amazônia, afirmou o presidente Nicolás Maduro nesta terça-feira (4), reconhecendo que essa atividade tem "destruído" ecossistemas vitais do país.
"Estamos desalojando mais de 10.000 ilegais com a presença física em território da nossa Força Armada Nacional Bolivariana" (FANB), indicou o mandatário durante uma cerimônia de promoção de oficiais em Caracas.
O avanço da mineração ilegal "tem destruído a Amazônia da América do Sul (...) e da Venezuela", enfatizou Maduro, referindo-se aos desdobramentos militares para "libertar" a Amazônia e os parques nacionais da Venezuela.
Durante o fim de semana, "1.281 pessoas" foram desalojadas de forma "voluntária", informou na segunda-feira o general Domingo Hernández Lárez, à frente das operações.
A FANB está executando a "Operação Autana 2023" em Yapacana, o maior parque nacional do país, com 320.000 hectares, onde foi ativado um "canal humanitário" para evacuar garimpeiros e suas famílias.
Na região, localizada no sul da Venezuela, há presença de garimpeiros locais e de outros países, como Colômbia, Brasil e Equador, alguns deles detidos em diferentes operações.
Imagens compartilhadas por autoridades militares mostram os danos, em alguns casos irreversíveis, em áreas florestais e rios, praticamente devastados pela mineração ilegal.
Moradores da Amazônia entrevistados pela AFP semanas atrás denunciaram o avanço da mineração ilegal em seus territórios, assim como a crescente presença de indígenas nas minas, o que marca uma mudança dramática em seus hábitos ancestrais.
Além disso, proliferam doenças como o câncer devido à ingestão de peixes que vivem em rios contaminados pelo mercúrio utilizado na extração de ouro.
A ONG SOS Orinoco denunciou que 2.227 hectares em Yapacana (cerca de 3.200 campos de futebol) foram devastados pela mineração ilegal em 2020, de acordo com um relatório acompanhado por imagens de satélite.
MANAUS/AM - Agentes da Polícia Federal (PF), com servidores do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), desarticularam uma estrutura de extração ilegal de cassiterita em uma região de divisa entre os estados de Rondônia e do Amazonas. No local, foi encontrada uma área de devastação de 118 hectares, equivalente ao tamanho de 118 campos de futebol.
O delegado da Superintendência da Polícia Federal em Rondônia, Thiago Peixe explicou que o local foi localizado por meio do sistema de monitoramento via satélite, associado às denuncias da população local. “É uma região distante tanto das unidades de policiamento de Rondônia, quanto do Amazonas, uma espécie de zona cinzenta, onde só conseguimos chegar com a ajuda das aeronaves”, diz sobre os dois equipamentos disponibilizado pelo ICMBio.
Segundo o delegado, com a aproximação das aeronaves ao local, os garimpeiros fugiram e se esconderam na mata para evitar o flagrante. O garimpo ilegal atuava em uma área do Parque Nacional Campos Amazônicos e da Terra Indígena Tenharim Marmelos.
A operação, chamada pela PF de Retomada, contou com a participação 20 policiais federais, além de oito servidores do ICMBio, que atuaram na região entre os dias 29 de junho e 2 de julho. No local, foram identificadas a extração ilegal de cassiterita, de onde é extraído estanho.
Segundo Thiago Peixe, esse tipo de garimpo ilegal causa graves prejuízos ambientais. Além do desmatamento, há ainda o risco de contaminação por combustível e substâncias tóxicas usadas na resumidora, equipamento que separa o minério da terra. “Na região há rios de menor volume que alcançam rios maiores e os próprios buracos escavados na mineração representam um risco à contaminação do lençol freático”, explica.
Na estrutura utilizada pelos garimpeiros havia dez áreas de acampamento, onde foram encontradas duas escavadeiras hidráulicas, 11 motores de dragagem, quatro geradores de energia elétrica, oito veículos, entre motocicletas e caminhonetes. Toda a estrutura foi destruída pela polícia, que estima um prejuízo de R$ 8 milhões à organização criminosa.
Por Fabiola Sinimbu – Repórter da Agência Brasil
SÃO CARLOS/SP - A Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria Municipal de Comunicação e com o apoio de diversas secretarias municipais, lançou oficialmente o site “Ecológica”, voltado à destinação correta dos resíduos sólidos, na manhã desta terça-feira (27/06). O evento inaugural, com apresentação da plataforma e demonstração dos serviços envolvidos, aconteceu no auditório do Paço Municipal e contou com a participação de agentes de áreas como meio ambiente, saneamento, educação, saúde e tecnologia da informação.
A iniciativa para criação do “Ecológica” partiu de uma conversa entre a Prefeitura de São Carlos, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Ministério Público Estadual. Com o tempo, novos agentes foram incorporados à causa, contribuindo com ideias e informações capazes de aprimorar a página e proporcionar um serviço ainda mais eficiente para busca e pesquisa pela população.
Por meio da plataforma http://ecologica.saocarlos.sp.gov.br/coleta_seletiva/ o munícipe realiza buscas na aba “o que deseja descartar?” e verifica a relação completa de locais públicos, privados e do terceiro setor que recebem aquele tipo de material e tratam corretamente sua destinação. No site, todos os locais contam com endereço e a possibilidade de visualização em mapa para facilitar o acesso à localização. Além disso, o portal também dispõe de campos como informações sobre logística reversa e publicações de leis e decretos que normatizam o descarte de resíduos sólidos.
O Promotor de Justiça do Meio Ambiente de São Carlos, Dr. Flávio Okamoto, recordou as conversas para formulação do site e a contribuição ambiental que a página acarreta. “Este era um desejo antigo que tínhamos de informar a população quanto ao descarte adequado de resíduos, pois a cidade sofre muito com isso, principalmente na periferia, então a gente pediu para que a Prefeitura, em conjunto com a UFSCar, elaborasse um site para que a população pudesse fazer a busca do descarte adequado de qualquer tipo de resíduo. Com o “Ecológica”, o site já aponta o local. É mais um esforço de educação ambiental e que acreditamos ser o caminho para melhorar a sustentabilidade da nossa cidade”, salienta o promotor.
Debora Costa Blanco, dirigente regional de ensino, destacou a importância do trabalho integrado para os projetos de educação ambiental. “Para desenvolver um site, precisa-se de contribuições e vários setores colaboraram com o “Ecológica”, como a Promotoria, a Prefeitura e os embaixadores ambientais. A educação ambiental é fundamental para que essas políticas tenham sucesso, pois a intenção é que a população, através das informações deste site, consiga aplicar e praticar a educação ambiental”, disse Debora.
O presidente do SAAE, engenheiro Mariel Olmo, relatou que a gestão de resíduos sólidos de São Carlos passou para a autarquia que hoje preside, saindo da Secretaria de Serviços Públicos, pasta que ele coordenou por aproximadamente 6 anos. “O planejamento é o principal foco para reduzir a produção de resíduos e destinar adequadamente o que realmente for gerado. Dentre as etapas está a identificação, a classificação, o acondicionamento, tratamento adequado, transporte e destino final dos resíduos. Tenho certeza que o site vai nos ajudar a conscientizar os munícipes do destino certo de cada resíduo. Vai ajudar na prática a população com informações atualizadas e corretas”, finalizou Olmo.
Nino Mengatti, secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, ressalta as melhorias possíveis de serem executadas com a nova página. “A defesa do meio ambiente é a defesa da vida e da humanidade. São Carlos sai mais uma vez na frente com a criação deste site, porque muitas vezes as pessoas querem fazer o descarte regular de várias coisas que estão em suas casas e estabelecimentos e não sabem a forma correta, então esta é uma parceria importante e a demonstração de preocupação que o prefeito Airton Garcia tem com o desenvolvimento da cidade, com a criação de empregos e com a qualidade de vida. Hoje, tivemos um avanço indispensável para que São Carlos recicle e melhore a gestão de seus resíduos sólidos”, comenta o secretário.
ESPANHA - Destino de muitos brasileiros nas férias de julho, a Espanha está imersa em uma onda de calor. Na segunda-feira, 26, por exemplo, os termômetros ultrapassaram os 44ºC na região da Andaluzia, no sul do país. A Agência Meteorológica Estatal chegou a decretar alerta em várias regiões.
Na semana passada, teve início o verão no hemisfério norte. Outros países europeus e também da América do Norte, como Estados Unidos e Canadá, podem ser atingidos por fortes ondas de calor e registrar recordes de temperatura máxima nos próximos meses, como aconteceu no ano passado.
No último dia 19, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o serviço de mudança climática europeu Copernicus publicaram relatório mostrando que a Europa apresenta um ritmo de aquecimento duas vezes mais rápido do que a média mundial desde a década de 1980, e que a temperatura no continente foi 2,3ºC superior em 2022 na comparação com a era pré-industrial (1850-1900).
“Tivemos duas ondas de calor na Índia e no México. Não é improvável termos alguma onda de calor na Europa também”, diz o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
De acordo Seluchi e outros especialistas ouvidos pelo Estadão, o retorno de um verão intenso na Europa pode ocorrer em razão de dois fatores principais: as mudanças climáticas provocadas pelo aumento do efeito estufa - e que podem tornar os eventos extremos, como ondas de calor, mais frequentes -, e a elevação das temperaturas ocasionadas pelo El Niño, fenômeno que se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e o desencadeamento de alterações climáticas em todo o mundo. Em anos de El Niño, as temperaturas tendem a ser acima da média.
Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, que também é membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), destaca que a Europa já apresenta um aumento da temperatura entre 2,2ºC e 2,4ºC, enquanto a média mundial gira em torno de 1,2ºC. “Isso faz com que a frequência de eventos climáticos extremos naquela região, em particular, como ondas de calor, seja mais intensa por conta da questão do aumento das temperaturas e do aquecimento global.”
Em 2021, o ano mais recente com uma série completa de dados, a concentração dos três principais gases do efeito estufa (carbono, metano e óxido de nitrogênio) atingiu níveis recordes e continuou aumentando em 2022, apontou o relatório da ONU e do Copernicus.
Os efeitos já estão se manifestando. Tradicionalmente frios, os países escandinavos Dinamarca, Suécia e Finlândia começam a sofrer com as altas temperaturas e com uma seca incomum, que interfere negativamente na agricultura. Em Helsinque, na capital finlandesa, os termômetros bateram 30ºC antes mesmo do início do verão. E, segundo dados do Copernicus, 89,5% do território dinamarquês já se encontrava em situação de seca no final de maio.
Mudanças climáticas também estão interferindo na frequência e intensidade do El Niño
Marcelo Seluchi, do Cemaden, diz que, por causa do aumento das emissões de gases poluentes e o consequente aumento do efeito estufa, a temperatura do planeta já aumentou 1,1º C. “Parece pouco, mas é muito”, diz o meteorologista. “O aumento de um grau não significa que (a temperatura) aumente de forma uniforme, mas sim a variabilidade, ou seja, aumentam o frio extremo e o quente extremo.”
Seluchi diz ainda que pode haver uma relação do aquecimento do planeta e também da frequência do fenômeno do El Niño, responsável por uma série de mudanças climáticas no mundo, como alterações em regimes de chuvas, que elevam as temperaturas da Terra de forma geral. Segundo o especialista, o aquecimento do planeta, além de causar mais eventos extremos e em intervalos curtos de tempo, está diminuindo as distâncias da ocorrência de El Niños.
“O que se tem observado é que uma forma do planeta devolver esse calor para a atmosfera é a partir da água dos oceanos, como o Pacífico, que se aquece com El Niño”, explica. “E a frequência dos fenômenos do El Niño tem também aumentado nas últimas décadas. Não apenas em número, mas também na sua intensidade.”
Por isso, diz ainda o Coordenador do Cemaden, por 2023 ser um ano de El Niño, “diversas ondas” de calor, como as presenciadas na Índia e no México, são esperadas ao redor do mundo, inclusive na Europa. “Porém, não é possível prever e saber quando, onde e em qual intensidade elas vão acontecer”, afirma.
O El Niño deverá se formar por completo nos próximos meses e aparecer, de forma mais evidente, entre os meses de setembro e outubro, segundo o climatologista Carlos Nobre, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), e especialista em estudos sobre o aquecimento global. Estatísticas indicam que há 80% de chances de a intensidade do fenômeno ser de moderada a alta e 56% de ser alta.
“Nos anos de 2015 e 2016, tivemos o El Niño mais forte em 120 anos. A temperatura do planeta chegou a subir 1,28ºC. Em 2022, foi é um ano La Niña (quando as temperaturas na Terra tendem a ser mais frias) e o mundo estava 1,15ºC grau mais quente. Isso já é um indicativo de que, neste ano, devemos ter um El Niño de moderado a forte”, explicou Nobre.
Calor extremo na Europa também foi sentido em 2022
Em 2022, países como Inglaterra, Itália, França, Alemanha, Holanda e Polônia registraram máximas extremamente altas. Portugal, Espanha e Grécia, por exemplo, sofreram com diversos incêndios florestais.
O Corpo do Bombeiros de Londres, que em julho do ano passado teve a maior temperatura registrada de sua história (40,2ºC), viveu um dia comparável ao da Segunda Guerra Mundial em termos de número de chamados e ocorrências. Ainda no Reino Unido, trens tiveram que ser suspensos porque o calor foi tão elevado que danificou os trilhos do sistema ferroviário.
Também em 2022, a França sofreu a pior seca já registrada no país desde 1976 entre janeiro e setembro, enquanto o Reino Unido teve o período mais seco entre janeiro e agosto do ano passado.
De acordo com uma base de dados da Organização Meteorológica Mundial, os fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos que atingiram a Europa em 2022 afetaram diretamente 156 mil pessoas e causaram 16.365 mortes, quase todas por conta das ondas de calor. A Espanha registrou mais de 4.600 mortes vinculadas ao calor extremo entre junho e agosto do ano passado.
Ondas de calor na Índia e México não estão relacionadas com El Niño, diz climatologista
Entre os dias 17 e 18 deste mês, a Índia registrou 96 mortes em decorrência das ondas de calor de até 44ºC que atingiram o país asiático. O México, por sua vez, somou oito óbitos causados pelas altas temperaturas.
De acordo com o climatologista Carlos Nobre, o calor intenso que vitimou mais de cem pessoas nos dois países “não está relacionado com o El Niño” porque o fenômeno ainda não está formado por completo. Ele diz que as altas temperaturas estão sendo provocadas por sistemas meteorológicos estacionários de alta pressão que pararam sobre os dois países, bloqueando a chegada de frentes frias.
“As altas pressões podem permanecer por três semanas no México e um pouco menos na Índia”, diz Nobre. “Essas ondas de calor só permanecerão nessas regiões enquanto os sistemas de alta pressão continuarem. Depois que ele desaparecer, os sistemas de baixa pressão, que são associados com frentes frias, podem atingir esses países - ainda que no verão isso aconteça com menos frequência”, acrescenta.
por Caio Possati / ESTADÃO
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