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ARARAQUARA/SP - O Grupo HEINEKEN anunciou um investimento de R$ 80 milhões para ampliar sua capacidade produtiva de Heineken 0.0 na cervejaria de Araraquara. O anúncio oficial será realizado na tarde de quinta-feira (10), em cerimônia no parque fabril.

Em 2021, o Brasil se tornou o mercado que mais consome a versão zero álcool da marca Heineken® no mundo, o que reflete a boa aceitação do consumidor brasileiro ao produto. “Temos registrado um forte crescimento no país e, por isso, sabemos da nossa responsabilidade em garantir que a relação com o nosso produto seja equilibrada e consciente. Até 2025, nossa expectativa é ter 100% dos nossos pontos de venda abastecidos com Heineken 0.0 para que os consumidores tenham a opção de tomar uma cerveja zero álcool sem abrir mão de qualidade e sabor, fomentando o consumo responsável”, explica o vice-presidente de Produção, Rodrigo Bressan.

A operação de Araraquara tem forte comprometimento com a agenda ESG do Grupo HEINEKEN, com metas alinhadas à estratégia global da companhia de garantir seu crescimento pautado nos compromissos socioambientais no país e recebeu no último ano investimentos para implementação de novas tecnologias para ganho de eficiência hídrica e energética, a exemplo das caldeiras de biomassa e redução no consumo de água por hectolitro produzido.

 

 

Luis Antônio / PORTAL MORADA

BRASÍLIA/DF  - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campo Neto, afirmou, na quinta-feira (10), que a autarquia estuda o fim do crédito rotativo de cartão de crédito. Essa é uma das modalidades de crédito mais caras do mercado, com juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho.

Campos Netos participou hoje de uma sessão plenária no Senado Federal para explicar decisões de política monetária e estabilidade financeira tomadas pelo BC no semestre anterior.

O rotativo é aquele crédito contratado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. No caso do cartão de crédito parcelado, os juros ficaram em 196,1% ao ano em junho.

Campos Neto disse que, em até 90 dias, o BC deve apresentar uma solução para o “grande problema” que é o cartão de crédito. E a solução que está se encaminhando é o fim do rotativo, com o crédito indo direto para o parcelamento, com uma taxa ao redor de 9% ao mês. 

“Ou seja, extingue-se o rotativo, quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9%. E que a gente crie algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longos. Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que eles fiquem um pouco mais disciplinados, numa forma bem faseada, para não afetar o consumo”. Campos Neto ressalta que cartão de crédito hoje representa 40% do consumo no Brasil.

Uma das situações que faz os juros do cartão serem tão altos, segundo o presidente do BC, é a grande utilização do parcelamento de compras por prazos mais longos. Isso aumenta o risco do crédito para as instituições financeiras e, consequentemente, os juros.

“A gente tem um parcelado sem juros, que ajuda muito o comércio, que ajuda muito a atividade, mas que tem aumentado muito o número de parcelas, de três para cinco, para sete, para nove, para onze. Hoje, o prazo médio são 13 parcelas. Então, é como se fizessem um financiamento de longo prazo sem juros. A pessoa que toma a decisão de dar os juros não é a mesma que paga pelo risco, isso gera uma assimetria”, explicou Campos Neto.

 

Facilidades

Além disso, o Brasil teve um grande aumento no número de cartões nos últimos anos e facilidades de crédito, o que fez crescer a inadimplência na modalidade. “Os bancos, novos entrantes e varejistas acabaram usando o cartão de crédito como um instrumento de fidelizar o cliente. Então, nós saímos de cento e poucos milhões de cartões de crédito para 215 milhões de cartões de crédito num período de dois anos e meio, isso é uma alta bastante grande”, disse. “O resultante disso foi uma inadimplência no rotativo de 52%. Não tem nenhuma inadimplência, nem parecida, em nenhum outro lugar do mundo, que eu tenha olhado, no cartão de crédito”, acrescentou.

Outra solução seria simplesmente limitar os juros de cartão, mas segundo o presidente do BC, isso acarretaria na retirada dos cartões de circulação. “Para as pessoas que têm mais risco os bancos não ofereceriam aquele cartão, devido a uma relação de risco e retorno ineficiente. O problema de cortar o número de cartões é que se sabe como começa, mas não se sabe como termina. Então, isso pode gerar um efeito muito grande na parte de consumo, na parte de varejo”, disse.

 

Política monetária

Campos Neto afirmou aos senadores que sua mensagem principal é que, na condução da política monetária, o BC “fez um bom trabalho em termos de pouso suave”, de “trazer a inflação para baixo com o mínimo de custo possível”. Ele destacou que as previsões para o crescimento da economia subiram e que o desemprego vem recuando.

“O que é o pouso suave? É a gente ter conseguido trazer a inflação muito alta para um nível muito mais baixo, com quase nenhum custo ou muito pouco custo, tanto de crescimento, quanto de emprego, quanto de contração de crédito. Quando a gente faz uma comparação relativa, o Brasil atingiu ou está atingindo um pouso suave. É importante mencionar que a gente ainda tem uma luta com a inflação pela frente, mas a gente está atingindo um pouso suave de forma bastante eficiente”, disse.

Diante da forte queda na inflação, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a Selic, a taxa básica de juros, de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte de juros em três anos. A taxa Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A última vez em que o BC tinha reduzido a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

A decisão da manutenção da Selic nesse patamar, por esse prazo, vinha sendo motivo de críticas do governo federal e de alguns setores produtivos. Isso porque o aumento da Selic causa reflexos nos preços, encarecem o crédito e estimulam a poupança, o que também pode dificultar a expansão da economia.

Como em outras apresentações, Campo Neto destacou que as decisões do BC sobre a Selic são técnicas e consideraram a expectativa de inflação (12 a 18 meses a frente), o hiato de produto (capacidade de crescer sem gerar inflação) e a inflação corrente. Ele ainda defendeu a autonomia do Banco Central e apresentou dados apontando a uma relação entre o grau de autonomia dessas instituições pelo mundo e a inflação. 

“Ela [a autonomia] garante um ganho institucional, ele separa o ciclo político do ciclo econômico, ele facilita a obtenção de inflação baixa e menores juros estruturais na economia e alinha o Brasil às melhores práticas internacionais”, disse.

O presidente do Banco Central afirmou ainda que as atuais boas avaliações e previsões para a economia brasileira também são mérito da atuação do BC. Ele citou a elevação das notas de crédito do Brasil por agências de classificação de risco internacionais e avaliações de outras instituições reconhecidas e até da imprensa especializada. 

“Quando a gente olha todos esses índices de termômetro, todos eles, 100% deles, mencionam a autonomia do Banco Central e mencionam a política de juros do Banco Central como um fator decisivo”, disse. “Isso foi atingido aqui, com a ajuda do Congresso, em termos de colocar a autonomia do Banco Central e essa capacidade do Banco Central de gerir a crise de forma autônoma e técnica, tem mostrado grandes e grandes frutos. Então acho que, por trás de cada comemoração que a gente tem feito recentemente no Brasil, tem também um pedaço que foi a atuação do Banco Central. Eu gostaria que isso não fosse esquecido”, acrescentou.

 

 

 

Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil

ARGENTINA - O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, afirmou que agirá com rigor contra o mercado paralelo de dólar. "Parecia que estava caindo, mas depois reapareceram os mesmos bandidos que estavam brincando", disse o ministro em evento com sindicalistas na última terça-feira (8), segundo informações do jornal Clarín.

Pré-candidato à presidência, Massa ameaçou os especuladores em seguida. "Amanhã (quarta-feira), vamos fazer com que eles sintam o rigor com todos os instrumentos que a UIF (Unidade de Investigação Financeira tem", afirmou. O ministro não especificou quais seriam essas medidas.

Porém, na quarta-feira (8), a cotação no mercado paralelo chegou a 598 pesos para um dólar, um valor recorde e que representa uma desvalorização de 17,5% da moeda argentina em um mês.

Um sistema de controle de divisas vigora na Argentina desde 2019, e diversas taxas de câmbio funcionam paralelamente à oficial, que fechou a 297,82 pesos por dólar na quarta-feira.

Embora o mercado do chamado "dólar blue" seja considerado pequeno, sua cotação reflete as expectativas do mercado, em um país que enfrenta uma inflação de 115% ao ano.

Os argentinos apostam historicamente no dólar para se protegerem da desvalorização de sua moeda, comportamento que ganha força às vésperas de processos eleitorais, que será realizada no domingo (13).

Há meses, as reservas internacionais diminuem a cada dia. Na terça-feira, fecharam em US$ 24,1 bilhões, segundo o Banco Central do país. Analistas econômicos, no entanto, estimam que as de livre disponibilidade se encontrem praticamente em zero.

 

 

por FERNANDO NARAZAKI / FOLHA de S.PAULO

BRASÍLIA/DF - O Banco do Brasil (BB) bateu recorde de ganhos nos seis primeiros meses do ano. De janeiro a junho, a instituição financeira teve lucro líquido ajustado de R$ 17,3 bilhões, crescimento de 19,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em nota, o BB informou que a melhoria dos lucros decorreu do crescimento da carteira de crédito com uma composição que diminui o risco de inadimplência. O banco também cita a diversificação das receitas (principalmente de serviços) e o controle dos gastos.

Apenas no segundo trimestre, o lucro líquido ajustado alcançou R$ 8,8 bilhões, resultado 11,7% acima do mesmo trimestre de 2022 e 2,8% acima do trimestre anterior. O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) chegou a 21,4%, o que, segundo o BB, representa um índice semelhante ao dos bancos privados.

A carteira de crédito ampliada encerrou junho em R$ 1,045 trilhão, 13,6% acima do registrado em junho de 2022 e 1,2% acima do observado no fim do primeiro trimestre. A expansão ocorreu mesmo com a manutenção da Taxa Selic (juros básicos da economia) em 13,75% ao ano nos seis primeiros meses do ano.

De acordo com o BB, parte da melhoria decorre do crescimento do crédito com a manutenção do índice de inadimplência abaixo da média do Sistema Financeiro Nacional. O índice de operações de crédito com mais de 90 dias de atraso atingiu 2,73%, nível mais baixo que a média do Sistema Financeiro Nacional, segundo o banco.

Segmentos

Na distribuição por segmentos de crédito, a carteira pessoa física ampliada cresceu 10% em relação a junho do ano passado e 0,6% em relação a março deste ano. O destaque foi o crédito consignado (+2% no trimestre e +9,3% em 12 meses).

Em relação ao crédito para empresas, a carteira pessoa jurídica ampliada expandiu-se 10,4% em 12 meses e 2,5% no trimestre. Os melhores desempenhos foram registrados na carteira para micro, pequenas e médias empresas, com avanço de 1,4% no trimestre e de 21,8% em 12 meses e para as grandes empresas, com crescimento de 2,9% no trimestre e de 9,3% em 12 meses.

O crédito para o agronegócio encerrou junho com saldo de R$ 321,6 bilhões, alta de 22,7% sobre junho do ano passado. Somente no Plano Safra 2022/2023 (de julho do ano passado a junho deste ano), foram emprestados R$ 190 bilhões, alta de 23,3% em relação à safra anterior.

No primeiro semestre, o crédito para o agronegócio e a agricultura familiar somou R$ 75 bilhões, alta de 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Os destaques foram linhas de investimentos (+46,8% em 12 meses) e de custeio (+30,6% em 12 meses). Ao considerar apenas os agricultores familiares, foram emprestados R$ 7,8 bilhões para 106 mil produtores, crescimento de 18,4% em relação aos seis primeiros meses de 2022.

As operações de crédito sustentáveis, que respeitam parâmetros sociais e ambientais, atingiram R$ 321,6 bilhões no fim do primeiro semestre, com alta de 10% em 12 meses.

Receitas e despesas

As receitas de prestação de serviços no primeiro semestre subiram 6,8% em comparação com o mesmo período de 2022. O crescimento foi influenciado pelos segmentos de consórcios, seguros, previdência e capitalização

As despesas administrativas aumentaram 7,4% na mesma comparação. De acordo com o BB, a alta decorreu do reajuste de 8% aos funcionários previsto no último acordo coletivo.

Projeções

O Banco do Brasil também revisou as projeções para 2023. A estimativa de lucro ajustado foi mantida num intervalo entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões. A previsão de crescimento do volume de crédito neste ano foi elevada, passando de 8% a 12% para uma faixa entre 9% e 13%. O crescimento das receitas com serviços, que estava entre 7% e 11%, foi reduzido para 4% a 8%. A previsão para as despesas administrativas foi mantida, com alta de 7% a 11% neste ano.

 

 

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

EUA - A greve em Hollywood é a faceta mais evidente (e glamourosa) de um movimento sindical que vem ganhando força e produziu em 2023 o verão com maior número de trabalhadores dispostos a cruzar os braços nos últimos 50 anos nos Estados Unidos.

Entre roteiristas, atores e trabalhadores sindicalizados de Hollywood, cerca de 175 mil pessoas aderiram à greve desde meados de julho e deixaram de promover dois blockbusters, Barbie e Oppenheimer.

Por sua vez, os 340 mil funcionários do serviço postal americano, o UPS, aprovaram uma paralisação total com início marcado para 1º de agosto.

Sozinho, o movimento representaria a maior greve no país em 63 anos. Dez dias de interrupção nos serviços de entrega de correspondências custariam cerca de US$ 7 bilhões (R$ 34 milhões) à empresa.

Mas uma semana antes de os trabalhadores abandonarem seus postos, os patrões voltaram à mesa de negociações e ofereceram um aumento que suspendeu, ao menos temporariamente, o início da paralisação.

Em julho, o sindicato dos metalúrgicos, o United Auto Workers, anunciou que está pronto para iniciar uma greve dos seus 150 mil associados caso as chamadas Big Three de Detroit (as montadoras Ford, Stellantis e General Motors) não concordem com os termos pleiteados para as renovações de contratos em setembro. As negociações estão em curso.

Em todo o país, de acordo com o mapeamento da Escola de Relações Laborais e Industriais da Universidade Cornell, estavam em curso, no início de agosto, quase 900 greves — mais de 300 delas na Califórnia, o Estado responsável por quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) americano.

Segundo especialistas em mercado de trabalho dos Estados Unidos ouvidos pela BBC News Brasil, 2023 representa um ápice no histórico recente de reavivamento do sindicalismo no país.

A tendência já havia sido notada em 2022. Um relatório de fevereiro do centro de estudos Economic Policy Institute notou aumento de quase 50% no número de trabalhadores envolvidos em grandes greves entre 2021 e o ano passado.

O ano de 2023 deve ser marcado por um novo salto. Enquanto o país contabilizou 23 grandes mobilizações (com adesão ao menos alguns milhares de empregados) em 2021, houve até agora, em 2023, 44 paralisações com esse mesmo perfil.

O vigor dos movimentos — e o temor de seus efeitos — levaram o presidente americano, Joe Biden, que se autodeclara “orgulhosamente pró-trabalhadores”, a apelar ao Congresso em dezembro passado para desarmar um movimento que ameaçava paralisar 115 mil ferroviários do país.

Nos Estados Unidos, o Parlamento tem o poder de impor acordos laborais e impedir greves de alguns serviços essenciais. Biden argumentou que a greve de trabalhadores das estradas de ferro poderia devastar a economia do país.

 

Auge nos anos 1970 e queda a partir dos 1980

“O nível de atividades grevistas que estamos vendo agora se equiparam ao que tínhamos nos anos 1970”, diz à BBC News Brasil Nelson Lichtenstein, diretor do Centro de Estudos do Trabalho, Emprego e Democracia da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara.

“Nos anos 1980 e 1990, os sindicatos viam as greves como atividades muito perigosas, que poderiam resultar em sua dissolução e que seria melhor fazer concessões, uma posição mais passiva. Agora, sindicatos entraram no modo ofensivo, o que não víamos há muito, muito tempo.”

Segundo Lichtenstein, fenômenos como a globalização, que transferiu empregos fabris dos Estados Unidos para países como México ou China, o aumento de empregos em serviços, historicamente menos organizados em termos sindicais, e condições econômicas desfavoráveis explicam o enfraquecimento dos sindicatos naquele período.

Um episódio em 1981, durante o governo de Ronald Reagan, exemplifica — e, para alguns, determina — a fragilidade do movimento sindical, que se manteria nas décadas seguintes.

Na ocasião, Reagan demitiu 11 mil controladores de tráfego aéreo que entraram em greve por melhores condições de trabalho.

“Eles perderam o emprego, o sindicato foi destruído. Foi um desastre, e muitos outros empregadores, vendo o modelo Reagan, se deram conta de que podiam fazer o mesmo, o que levou a uma espiral de perda de direitos”, diz Lichtenstein.

Curiosamente, o mesmo Reagan que produziu o que os especialistas consideram o maior golpe contra o movimento sindical da história recente do país foi o líder dos sindicatos dos atores de Hollywood que, na década de 1960, fizeram a última grande paralisação da indústria antes da greve atual.

O modelo Reagan não só desarmou as táticas dos sindicatos, mas os tornou instituições impopulares nos Estados Unidos.

A taxa de aprovação popular à atividade foi diminuindo até que, em 2009, menos da metade dos americanos a apoiavam.

Uma tendência que foi revertida na mesma velocidade em que as greves ressurgiram na economia americana nos últimos anos.

Uma pesquisa de opinião feita pelo Instituto Gallup, em agosto de 2022, apontou que os sindicatos eram aprovados por 71% da população, o maior patamar desde 1965.

 

O que explica o retorno do sindicalismo à cena?

Os próprios sindicalistas creditam à pandemia — e seus efeitos sobre os trabalhadores — o ressurgimento das greves.

“Durante a covid, os trabalhadores na linha de frente fizeram um trabalho incrível. Mas, quando eles foram pedir aumento, folga e licença maternidade remuneradas, a resposta dos presidentes de empresas é de que não há recursos para isso", diz Catherine Feingold, diretora internacional do AFL-CIO, maior federação sindical dos Estados Unidos, que representa 10 milhões de trabalhadores.

"Mas todos sabemos que há dinheiro, porque os presidentes de empresas nos Estados Unidos ganham 360% do salário médio de um trabalhador do país. Os trabalhadores estão cheios, as coisas precisam mudar, e fazer greve é ​​uma ferramenta poderosa que garante que eles tenham um lugar à mesa.”

Para os economistas, porém, a explicação está menos nos sentimentos dos trabalhadores e mais nas condições do mercado de trabalho.

“O aperto no mercado de trabalho explica o tipo de poder de barganha que os trabalhadores estão experimentando agora. Uma das maneiras de medir isso é verificar quantas vagas anunciadas há e quantas pessoas estão desempregadas no momento", afirma Jagadeesh Sivadasan, professor da Escola de Negócios da Universidade de Michigan.

"Durante a Grande Recessão de 2008, eram seis trabalhadores e meio para cada vaga disponível. De lá pra cá, isso vem caindo e agora há 1,5 vagas disponíveis para cada desempregado.”

A consequência lógica disso é que, se há mais demanda por trabalho do que oferta de trabalhadores, empregados estão em situação melhor para negociar salários e condições de trabalho.

Não à toa, os salários no país têm crescido em níveis eventualmente superiores ao da inflação.

Segundo Sivadasan, o pleno emprego também o que explica um fenômeno batizado pelos economistas como “A Grande Demissão”.

Entre 2021 e 2022, mais de 90 milhões de pessoas se demitiram nos Estados Unidos.

Para o economista da Universidade de Michigan, isso se explica pelo fato de que os trabalhadores trocaram de emprego por outro que consideravam melhor, quando a demanda por profissionais estava em alta, e não por um abandono em massa do mercado de trabalho.

“Durante a pandemia, muitos trabalhadores descobriram novas habilidades, mudaram de setores, se adaptaram”, diz Sivadasan.

Por fim, fatores demográficos também parecem ter seu peso. Desde a pandemia, restrições do governo americano reduziram drasticamente a migração ao país, o que reduziu também o número de trabalhadores disponíveis.

“Além disso, os babyboomers [pessoas nascidas entre 1946 e 1964] estão deixando [o mercado de trabalho], se aposentando, e vemos que o perfil dos trabalhadores mudou, com menos americanos jovens dispostos a desempenhar funções como a de motorista de caminhão, por exemplo”, diz Sivadasan.

Do mesmo modo, a força de trabalho de remuneração mais baixa tem se tornando crescentemente latina.

Economistas e sindicalistas sugerem que esses trabalhadores trazem referências culturais de seus países, que, frequentemente, têm um forte histórico sindical.

Isso pode estar contribuindo, em alguma medida, para o ressurgimento do sindicalismo nos Estados Unidos, segundo os especialistas.

Há ainda a articulação direta entre federações americanas e movimentos latinos, como o brasileiro.

Durante o período em que o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) ficou preso em Curitiba, no Paraná, lideranças da AFL-CIO o visitaram.

Lula teve um novo encontro com os sindicalistas em Washington D.C. em fevereiro durante uma visita oficial ao país.

“Temos uma forte relação histórica e atual com o movimento sindical brasileiro", afirma Catherine Feingold, da AFL-CIO, que esteve com Lula em fevereiro.

"Precisamos ter relações fortes com os movimentos trabalhistas no Brasil e em toda a América Latina. Fazemos parte da Confederação Sindical das Américas, que é como coordenamos as políticas do Canadá até o Chile. Isso é muito importante para nós.”

Ela menciona ainda uma agenda trabalhista comum entre Lula e Biden, cuja candidatura à reeleição tem o apoio da AFL-CIO.

Em setembro, às margens da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, os dois presidentes devem conversar sobre regulações trabalhistas para serviços por aplicativos.

A ascensão dos sindicatos deve inclusive acirrar a disputa pelo voto dos trabalhadores nas eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos.

Biden tem uma relação histórica com movimentos trabalhistas e defende a reindustrialização do país, com a repatriação de cadeias produtivas.

Seu principal rival, o republicano e ex-presidente Donald Trump, tem se esforçado em demonstrar que defende os trabalhadores americanos e suas demandas, privilegiando a produção nacional e impondo barreiras protecionistas na política econômica exercida em seu mandato, entre 2017 e 2021, e que ele tenta reeditar.

"Acredito muito nos trabalhadores. E parte do nosso trabalho tem sido atrair democratas e sindicalistas para a nossa causa. Então, tem coisas que Lula defende nas quais nós acreditamos", disse à BBC News Brasil Steve Bannon, principal ideólogo do trumpismo.

Lichtenstein nota que existe uma disputa entre direita e esquerda pela arena sindical.

“Há uma revolta moral da classe trabalhadoras contra promessas que se mostraram vãs, como as grandes melhorias de vida que deveriam vir a partir das inovações do Vale do Silício, e que não aconteceram, e um senso comum de que as elites são corruptas ou falidas”, afirma o professor.

"Por vezes, esse sentimento é encampado por movimentos de direita, movimentos de cunho fascista, que se apoiam precisamente no apelo às classes trabalhadoras."

 

Os limites do movimento sindical

Apesar desse evidente ressurgimento do sindicalismo, especialistas alertam para o fato de que alguns indicadores seguem baixos e apontam limites para a onda de greves.

“Só 6% dos trabalhadores do setor privado são sindicalizados e só tem havido greves entre trabalhadores sindicalizados”, diz Lichtenstein.

Sivadasan vai na mesma direção ao apontar que o aumento da aprovação aos sindicatos e do número de greves não foi acompanhado de um salto no número de uniões trabalhistas ou de trabalhadores sindicalizados.

“Em 1979, havia 21 milhões de trabalhadores em sindicatos e, hoje, há 14,3 milhões. Verificamos um leve aumento no número entre 2021 e 2022, e temos ouvido sobre o primeiro galpão de estocagem da Amazon com trabalhadores sindicalizados, ou a primeira loja da Starbucks com sindicato, mas ainda é pouco em relação à força de trabalho", diz o economista.

"Se os sindicatos tiverem sucesso nessas grandes empresas, acho que aí sim poderá ter uma chance de vermos um efeito dominó, com sindicalização em massa.”

Ao contrário do que acontece no Brasil, onde sindicatos são estabelecidos por categorias profissionais nos Estados, nos Estados Unidos, cada fábrica ou loja precisa aprovar uma instituição própria.

Segundo Feingold, isso facilita constrangimentos dos empregadores para impedir a organização dos trabalhadores e limita as possibilidades de acordos coletivos, enfraquecendo o poder de barganha de funcionários frente a patrões.

Um projeto de lei para permitir sindicatos setoriais tramita no Congresso americano, mas não há qualquer perspectiva de que seja aprovado até o momento.

Por fim, o aprofundamento ou estancamento da tendência sindical nos Estados Unidos deve depender de outros dois fatores, segundo especialistas.

O fluxo de imigrantes é um deles. Se aumentar, a pressão sobre o mercado de trabalho tende a diminuir, porque haveria mais gente para assumir postos de trabalho, fragilizando a condição de barganha dos trabalhadores.

Enquanto isso, a continuidade da escalada de juros do banco central americano, o FED, que vem tentando assim conter a inflação do país ao esfriar a atividade econômica, pode ter influência direta na força dos trabalhadores para negociar melhores salários e condições de trabalho.

 

 

por Mariana Sanches - Da BBC News Brasil

Dados da FecomercioSP apontam que setor faturou quase R$ 58 milhões por dia; setor hoteleiro beira a 70% da ocupação

 
SÃO PAULO/SP - O turismo paulistano segue em franco crescimento pós-pandemia. O índice mensal de atividade do setor (IMAT), produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) em parceria com o Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris, mostra que o último mês de junho foi o melhor da série histórica, iniciada em 2020.
 
As altas na pontuação foram de 21,4%, na comparação com junho de 2022 — que já havia sido positivo à época — e de 7,5%, em relação ao mês de maio. Para ambas as entidades, é um momento de comemorar os bons resultados.
 

IMAT – Junho de 2023

FecomercioSP e Observatório do Turismo da SPTuris
 


 

Esses números se devem, principalmente, à variável de faturamento do turismo, que quase dobrou em comparação ao mesmo mês do ano passado (aumento de 72%). Em média, os players do setor arrecadaram R$ 56,7 milhões por dia na cidade, em junho.
 
Para a FecomercioSP, dois motivos explicam isso: em primeiro lugar, o fim do período de feiras e eventos corporativos na capital paulista, que costuma ser mais intenso antes do início do segundo semestre. Em segundo lugar, as atrações da cidade, que vão desde festivais de música a opções gastronômicas, trazem muitas famílias de outras regiões do Estado ou mesmo de outras partes do País.
 
Essa análise pode ser corroborada pelos dados de chegadas: em junho, cerca de 167,5 mil pessoas circularam pelos aeroportos de São Paulo, número 26% maior do que o registrado em junho do ano passado e 2,6% maior do que maio. Com isso, a ocupação dos hotéis da cidade bateu na casa dos 68%. Nas rodoviárias, houve queda nos desembarques em relação a maio, mas uma alta de quase 3 mil passageiros diários se comparados a junho passado.
 
Na comparação com junho do ano passado, outro dado que salta aos outros é a alta de 14 mil empregos diretos e indiretos no setor em comparação a junho de 2022. A perspectiva é que essa tendência continue de agora em diante, já que os empresários encontram dificuldades para satisfazer as demandas das várias vagas ainda abertas.
 
A Entidade ainda espera que essa situação permaneça no segundo semestre, refletindo a melhora da economia nacional, o que faz, por consequência, com que os empresários invistam mais nos negócios e, com isso, gerem mais empregos.

CUBA - "Sem chance! Não se pode dar nada ao banco", diz Lisandra Pupo, uma engenheira mecânica cética quanto à "bancarização" das operações econômicas anunciada pelo Banco Central de Cuba, que tenta reduzir o número de cédulas em circulação no país.

A nova medida, que entrou em vigor na última quinta-feira (3), obrigará tanto a população quanto as empresas a realizarem, por seis meses, a maior parte de suas transações financeiras através de canais eletrônicos. No entanto, os cubanos acreditam que esta solução dificultará a obtenção de seu próprio dinheiro, devido à limitação tecnológica da ilha.

"Isso é impossível. Agora o caixa automático não tem dinheiro ou não tem conexão", disse a engenheira de 30 anos, denunciando o limite de saque de 5.000 pesos (cerca de US$ 28 ou R$ 137, na cotação atual).

Desde que o governo cubano implementou a reforma monetária em janeiro de 2021, é cada vez mais comum a população carregar maços de notas para pagar uma simples conta de restaurante ou um serviço em uma oficina mecânica.

"Hoje há um nível significativo de dinheiro que está fora do sistema bancário. Esse dinheiro não circula nos circuitos lógicos da economia e só é negociado entre pessoas físicas", o que está "incentivando a espiral inflacionária", explicou Joaquín Alonso, presidente do Banco Central, na segunda-feira (7), em um programa da televisão estatal.

Quando a reforma monetária foi aplicada, o Banco Central cubano injetou uma boa quantidade de capital de giro para "dar poder de compra à população", dada a expectativa de aumento de preços que acompanhou um aumento salarial médio de 450%.

No entanto, as autoridades reconhecem que enfrentam desafios significativos diante da falta de recursos para instalar e atualizar terminais de pagamento com cartão em todos os estabelecimentos do país.

Para Rossel Garcés, um tipógrafo de 32 anos que trabalha por conta própria, colocar o dinheiro no banco é um problema.

Sabendo "que só posso sacar 5.000 pesos, que esperei três horas na fila, vou para outro banco esperar em outra fila para sacar mais 5.000. Vou passar uma semana para tirar 20.000 pesos?" questiona, adicionando que muitas pessoas na ilha não têm acesso a smartphones para fazer transferências.

 

- "Escassez" e "inflação" -

O economista independente cubano Omar Everleny Pérez considera que "os preços tão elevados e a inexistência de notas de alto valor" tornaram "necessária esta bancarização".

A inflação interanual chegou a 45,8% em maio, comparada aos 39% registrados em 2022, de acordo com dados oficiais, mas analistas indicam que este número já atingiu os três dígitos.

O anúncio também coincide com as cotações recordes do dólar (240 pesos ou R$ 4,90) e do euro (245 ou R$ 5,38) no mercado informal, segundo o portal independente El Toque.

As micro, pequenas e médias empresas, licenciadas há apenas dois anos, também foram afetadas, já que agora terão de fazer todos os seus negócios eletronicamente. Estes empreendimentos precisam de dólares para realizar suas importações e têm dificuldade de adquiri-los no mercado oficial.

Para o consultor de empresas privadas Oniel Díaz, estas empresas vão perder a capacidade de importar "em um ambiente de escassez e inflação", disse em uma publicação no seu perfil no Facebook.

O governo cubano afirmou recentemente que 100% de sua cesta básica é importada, em meio à pior crise econômica em três décadas.

 

 

AFP

BRASÍLIA/DF - O coordenador do Real Digital, agora chamado Drex, no Banco Central, Fabio Araujo, reconheceu que o uso da CBDC (sigla em inglês para Moeda Digital de Banco Central) brasileira deve ter um custo como um serviço financeiro. Mas Araujo ponderou que a tendência é que seja muito mais barato do que hoje.

“O real digital está sempre associado a um serviço financeiro. É natural que o custo da plataforma seja parte desse serviço”, disse ele, em live semanal do BC, que esta semana está tratando do real digital.

Segundo o coordenador da iniciativa, a vantagem do real digital é que ele vai diminuir os intermediários.

“Não precisa mais ter advogado, tem um pedaço de código garantindo que os valores estão de acordo com o que foi registrado no contrato. Baixa muito o custo”, disse ele. “Hoje, toda vez que eu contrato um advogado, tenho um custo da pessoa, mas a partir da construção de um smart contract, o próximo uso tem custo zero. Tem um custo, mas parece que será mais barato do que o que temos hoje. Estamos trabalhando para construir essa tecnologia para que seja muito mais barata.”

 

 

ESTADÃO CONTEÚDO

ALEMANHA - Ministério alemão da Economia alerta que não há sinais de melhora em curto prazo. Queda nos dados de junho foi pior do que o previsto. Quadro atual pode ser sinal de futuras más notícias para o PIB do país. A produção industrial alemã caiu pelo segundo mês consecutivo, segundo dados de junho publicados na segunda-feira (07/08) pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis). O setor registrou queda de 1,5%, bem superior ao mês anterior, de 0,1%.

O Ministério alemão da Economia afirmou que, apesar de um aumento na demanda, a alta dos preços de energia e da taxa de juros puxaram a economia para baixo.

O tombo foi maior do que o esperado pelos analistas, segundo uma pesquisa da empresa de análise de dados financeiros Factset, que havia previsto queda de 0,5%.

A tradicionalmente forte indústria automobilística alemã teve uma queda significativa de 3,5%, após um aumento na produção de 5,8% no mês anterior. O setor da construção civil registrou baixa de 2,8%, o que também contribuiu para o desempenho ruim de junho.

"A perspectiva para a economia industrial permanece sombria apesar das demandas crescentes, uma vez que estas são afetadas pelas flutuações nos pedidos de grande porte", informou a pasta.

"Dada a contenção nos negócios e as expectativas de exportação por parte das empresas, não há atualmente sinais de uma recuperação perceptível."

 

"Letargia persistente"

O analista do banco digital ING Carsten Brzeski avalia que os dados mais recentes seriam "mais uma ilustração da estagnação contínua do país", acrescentado que esse quadro pode ser um sinal de futuras más notícias para o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.

"Com os números de hoje, aumenta o risco de que a estimativa provisória do crescimento estagnado do PIB no segundo trimestre ainda possa ser revista para baixo", afirma Brzeski.

"O clima ruim entre as empresas indica uma letargia persistente", avalia Alexander Krüge, economista chefe do banco privado Hauck Aufhäuser Lampe.

Enquanto cresciam os efeitos da crise iniciada pela invasão russa da Ucrânia, que geraram altas na inflação e na taxa de juros, a maior economia da Europa caiu de maneira inesperada em uma recessão no final de 2022 e início de 2023.

O banco alemão Bundesbank prevê que a economia do país deverá se contrair em 0,3% em 2023.

Um aspecto positivo dos dados mais recentes é a recuperação da produção da indústria farmacêutica, que evitou uma queda maior no resultado geral com um crescimento de 7,9%, após cair 13,3% em maio.

 

 

rc (AFP, Reuters)

ISTOÉ

ÍNDIA - O que acontece quando a Índia proíbe a exportação de um alimento básico e essencial para a dieta de bilhões de pessoas em todo o mundo?

Em 20 de julho, a Índia proibiu as exportações de arroz branco não-basmati em uma tentativa de acalmar os preços internos em alta.

Após a decisão, surgiram relatos e vídeos de compradores em pânico e prateleiras de arroz vazias em mercearias indianas nos Estados Unidos e no Canadá, elevando preços com esse processo.

No Brasil, o arroz acumula alta de preços ao consumidor de quase 11% em 12 meses até junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase o triplo do avanço da inflação geral, que foi de pouco mais de 3% no mesmo período.

No atacado, o valor da saca de 50 kg no Rio Grande do Sul (maior produtor de arroz do país) chegou a R$ 87,88 ao fim de julho, segundo o Indicador Cepea/Irga-RS, alta de 7% em relação ao mês anterior, impulsionada por restrições de oferta e aquecimento das exportações.

 

Índia responde por 40% do comércio global de arroz

Existem milhares de variedades de arroz que são cultivadas e consumidas no mundo, mas quatro grupos principais são comercializados globalmente.

O arroz Indica, de grãos finos e longos, compreende a maior parte do comércio global, enquanto o restante é composto de arroz perfumado ou aromático como o basmati; o Japônica, de grão curto, usado para sushi e risotos; e o arroz glutinoso ou pegajoso, usado para doces.

A Índia é o maior exportador mundial de arroz, respondendo por cerca de 40% do comércio global do alimento. Tailândia, Vietnã, Paquistão e Estados Unidos são os outros principais exportadores.

Entre os maiores compradores de arroz estão China, Filipinas e Nigéria.

Existem "compradores flutuantes", como Indonésia e Bangladesh, que intensificam as importações quando há escassez de oferta doméstica.

O consumo de arroz é alto e crescente na África. Em países como Cuba e Panamá, ele é a principal fonte de calorias.

No ano passado, a Índia exportou 22 milhões de toneladas de arroz para 140 países. Desse total, 6 milhões de toneladas eram de arroz branco Indica, relativamente mais barato. O comércio global estimado de arroz foi de 56 milhões de toneladas em 2022.

 

Preços globais podem subir até 15%

O arroz branco Indica domina cerca de 70% do comércio global, e a Índia agora cessou sua exportação.

Isso se soma à proibição no ano passado das exportações de arroz quebrado e a um imposto de 20% sobre as exportações indianas de arroz não-basmati.

Como seria esperado, a proibição de exportação instaurada em julho provocou preocupações sobre os preços globais descontrolados do arroz.

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas, avalia que, com a proibição, os preços globais do cereal podem subir até 15% este ano.

Além disso, a proibição de exportação da Índia não veio em um momento particularmente favorável, diz Shirley Mustafa, analista do mercado de arroz da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Por um lado, os preços globais do cereal têm subido constantemente desde o início de 2022, com um aumento de 14% desde junho passado.

Em segundo lugar, a oferta está sob pressão, uma vez que a chegada da nova safra aos mercados ainda está a cerca de três meses de distância.

O mau tempo no sul da Ásia – chuvas de monção irregulares na Índia e inundações no Paquistão – afetou o abastecimento. E os custos do cultivo do arroz também aumentaram devido à alta dos preços dos fertilizantes.

A desvalorização das moedas levou ao aumento dos custos de importação para vários países, enquanto a alta inflação elevou os custos dos empréstimos comerciais.

"Temos uma situação em que os importadores enfrentam limitações. Resta saber se esses compradores estarão em condições de lidar com novos aumentos de preço", disse Mustafa.

A Índia tem um estoque de impressionantes 41 milhões de toneladas de arroz – mais de três vezes o estoque de emergência exigido.

Esse estoque fica armazenado em celeiros públicos para a reserva estratégica do país e para o Sistema de Distribuição Pública (PDS), que dá a mais de 700 milhões de pessoas pobres acesso a alimentos baratos.

 

Pressão política às vésperas das eleições

Ao longo do último ano, a Índia tem lutado contra uma incômoda inflação dos alimentos – os preços do arroz subiram mais de 30% desde outubro passado –, resultando em pressão política crescente sobre o governo, às vésperas das eleições gerais do ano que vem.

Além disso, com uma série de eleições estaduais nos próximos meses, o aumento do custo de vida representa um desafio para o governo.

"Suspeito que a ação para proibir as exportações do arroz não-basmati é em grande parte preventiva, e espero que seja temporária", diz Joseph Glauber, do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (Ifpri).

Devinder Sharma, especialista em política agrícola na Índia, diz que o governo está tentando se antecipar a um esperado déficit de produção, com as regiões de cultivo de arroz no sul também expostas a riscos de seca, à medida que o padrão climático El Niño se estabelecer até o fim do ano.

Muitos acreditam que a Índia deveria evitar as proibições de exportação de arroz, pois são prejudiciais à segurança alimentar global.

Mais da metade das importações de arroz em cerca de 42 países têm origem na Índia e, em muitos países africanos, a participação de mercado indiana nas importações de arroz ultrapassa 80%, de acordo com o Ifpri.

Nos principais países consumidores da Ásia – Bangladesh, Butão, Camboja, Indonésia, Tailândia e Sri Lanka, por exemplo –, a participação do arroz na ingestão total diária de calorias varia de 40% a 67%.

"Essas proibições prejudicam mais as pessoas vulneráveis, porque elas dedicam uma parcela maior de sua renda à compra de alimentos", diz Mustafa.

"O aumento dos preços pode obrigá-las a reduzir a quantidade de alimentos que consomem, mudar para alternativas que não são nutricionalmente boas ou cortar despesas em outras necessidades básicas, como moradia e alimentação."

Mas é preciso destacar que a proibição da Índia permite algumas exceções, com remessas para países com base em questões de segurança alimentar.

 

Proibições de exportação estão mais frequentes

As proibições de exportação de alimentos não são uma novidade.

Desde a invasão russa à Ucrânia no ano passado, o número de países que impõem restrições à exportação de alimentos aumentou de três para 16, segundo o Ifpri.

A Indonésia proibiu as exportações de óleo de palma; a Argentina proibiu as exportações de carne bovina; e a Turquia e o Quirguistão proibiram as vendas externas de uma série de grãos.

Durante as primeiras quatro semanas da pandemia de covid, cerca de 21 países implementaram restrições à exportação de uma variedade de produtos.

Mas especialistas dizem que a proibição de exportação da Índia representa riscos maiores.

Isso "certamente deve causar um aumento nos preços globais do arroz branco" e "afetar adversamente a segurança alimentar de muitas nações africanas", alertam Ashok Gulati e Raya Das, do Conselho Indiano de Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais (Icrier), um instituto com sede em Delhi.

Gulati e Das acreditam que, para que a Índia se torne um "líder responsável do Sul Global no G-20", ela deve evitar tais proibições abruptas.

"Mas o maior dano", dizem eles, "será que a Índia será vista como um fornecedor pouco confiável de arroz."

 

 

*Com a colaboração da BBC News Brasil para preços no Brasil

por Soutik Biswas* - Correspondente da BBC News

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