PORTO ALEGRE/RS - A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, confirmou a condenação do senador Fernando Collor de Mello por uso indevido da cota parlamentar, determinando que o ex-presidente devolva dinheiro público usado para cobrir gastos com serviços como segurança, portaria, jardinagem e limpeza em seu imóvel conhecido como Casa da Dinda, em Brasília.
Na avaliação do colegiado, foi comprovado que os serviços contratados possuem relação direta com a vida privada e familiar do senador e não com a atividade parlamentar. A decisão foi proferida nesta quarta-feira, 20, durante julgamento de recurso impetrado pelo senador contra decisão de primeiro grau, dada pela juíza Ana Maria Wickert Theisen, da 10ª Vara Federal de Porto Alegre, em abril de 2019. A sentença declarou a declarou a nulidade dos ressarcimentos por Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) das despesas com serviços prestados em sua casa. Na época, a magistrada julgou procedente ação movida por um advogado de Porto Alegre após reportagem do Estadão mostrar, em novembro de 2017, que um dos principais símbolos do governo do ex-presidente tinha despesas mantidas com verba do Senado. Assim, a juíza determinou que Collor deveria restituir aos cofres públicos os valores recebidos indevidamente a esse título, acrescidos de correção monetária e juros, admitida a compensação dos valores já restituídos administrativamente, tudo a ser apurado em liquidação de sentença.
Conforme informou o Estado em novembro de 2017, o senador por Alagoas gastou cerca de R$ 40 mil mensais de sua cota parlamentar com segurança, conservação, limpeza e jardinagem na propriedade de sua família. Ao TRF-4, Collor sustentou que o caso envolvia questão de regimento interno, devendo ser resolvido internamente no Legislativo, não cabendo ao Judiciário intervir. Segundo o senador, a ingerência sobre a aplicação de norma que fornece os meios necessários ao exercício da função parlamentar pode afetar "a dinâmica do próprio funcionamento do Parlamento".
Ao analisar o caso, o relator, desembargador Rogerio Favreto, ponderou que a questão do ressarcimento de despesas mediante utilização da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar não se trata de mero ato previsto em regimento interno do Senado Federal, mas sim de despesa pública. Assim o tema estaria sujeito ao controle do Poder Judiciário caso verificada ilegalidade ou abuso. Em seu voto, Favreto destacou que a cota parlamentar cobre apenas gastos na locação de imóvel utilizado como escritório de apoio parlamentar e sua segurança patrimonial, e não reembolso de despesas com serviços de vigilância patrimonial de modo autônomo.
"Muito menos, quando prestados no âmbito da residência familiar, em situação totalmente desvinculada do exercício da atividade parlamentar, o que gera ilegalidade pelo desvio de sua finalidade", registrou. Nessa linha, considerando que os serviços foram prestados na Casa da Dinda, o desembargador apontou que não há ligação de tais atividades com o exercício da atividade parlamentar, sendo indevido o seu ressarcimento.
Segundo o magistrado, o autor da ação civil pública, no exercício judicial da soberania popular de fiscalização do Poder Público, demonstrou a ilegalidade e a efetiva lesão do patrimônio público, tanto em sua dimensão material e pecuniária (erário) quanto em sua dimensão imaterial (valores e princípio da imoralidade administrativa).
"Fica evidente que a utilização da verba para fins pessoais e familiares extrapola a previsão normativa do Senado Federal, em especial a finalidade de tal ato administrativo. Logo, o ressarcimento de despesas com as contratações questionadas na presente demanda popular, ferem os princípios constitucionais da legalidade, moralidade e eficiência, merecendo glosa a ser reparada com a devolução ao erário público", ponderou.
A reportagem do Estadão entrou em contato, por e-mail, com o gabinete do senador Fernando Collor de Mello solicitando manifestação. O espaço está aberto.
SÃO CARLOS/SP - A Câmara Municipal de São Carlos vai realizar na próxima segunda-feira, na Sala das Sessões do Edifício Euclides da Cunha, às 19h30, uma solenidade para homenagear a Comunidade Portuguesa em São Carlos. A solenidade foi agendada atendendo uma solicitação do vereador Azuaite Martins de França, através do requerimento nº 1119/2022
“A data celebra a revolta dos militares portugueses, que a 25 de abril de 1974 levaram a cabo um golpe de Estado militar com o objetivo de acabar com a ditadura imposta por Salazar, que durou 48 anos. A Revolução dos Cravos restabeleceu liberdades democráticas, com o intuito de promover transformações sociais no país”, declarou Azuaite.
O evento será aberto à participação da comunidade e terá transmissão ao vivo pelo canal 8 da Net, pelo canal aberto TV Câmara São Carlos 49.3, pela Rádio São Carlos AM 1450, Online via Facebook e canal do Youtube, por meio da página oficial da Câmara Municipal de São Carlos.
PORTO SEGURO/BA - A economia brasileira tem um dos melhores desempenhos no cenário pós-pandemia, disse ontem (22), em Porto Seguro, o presidente Jair Bolsonaro. Em evento para comemorar os 522 anos do descobrimento do Brasil, ele declarou que o país resiste às dificuldades externas, provocadas pela pandemia de covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

“Vocês sabem o que está acontecendo no mundo, por questões até mesmo externas à nossa vontade, com uma guerra a 10 mil quilômetros de distância, mas as consequências vêm para a nossa pátria. O país, não só na pandemia, mas como nesse período de problemas externos, na economia é um dos que melhor se sai no mundo todo. Vamos vencendo obstáculos. Vamos mostrando, cada vez mais, o que o Brasil pode ser”, discursou o presidente.
Em seu discurso, o Bolsonaro pediu união do povo brasileiro para enfrentar as dificuldades. “Não há diferença nenhuma de mim para qualquer um de vocês. Temos realmente o mesmo objetivo, o mesmo sangue, a mesma raça, a mesma nacionalidade. E queremos, cada vez mais, unir os nossos povos. Não queremos pregar a divisão entre nós, entre cor de pele, opções, regiões, entre o que quer que seja”, acrescentou.
Para o presidente, o povo brasileiro é capaz de vender obstáculos num país que chamou de rico. “O evento mais importante é comemorar o aniversário deste jovem Brasil. Apenas 522 anos, mas é um jovem Brasil muito rico, muito próspero, que vence obstáculos e desafios. Em especial, pelo povo valoroso que tem e pela sua fé”, comentou Bolsonaro.
O presidente chega ainda hoje a Brasília. Pela manhã, Bolsonaro esteve no Rio de Janeiro. Ele participou de cerimônia militar na Base Aérea de Santa Cruz, alusiva ao Dia da Aviação de Caça. A solenidade marcou a incorporação das aeronaves suecas F-39 Gripen, recém-chegadas ao Brasil.
EUA - A nova lei acaba com o Reedy Creek Improvement District, criado em 1967, que cobre quase 64 quilômetros quadrados dos condados de Orange e Osceola, abrangendo os parques temáticos e resorts da Disney. O distrito dava grande autonomia e isenção fiscal à empresa.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, promulgou um projeto de lei na sexta-feira (22/4) que dissolve o distrito autônomo da Disney em Orlando, como punição por a empresa ter se oposto à chamada lei “Não diga gay”, que proíbe professores do ensino fundamental do estado de abordarem questões de gênero e dá aos pais o poder de processar escolas por supostas violações.
Em uma entrevista coletiva em Hialeah, DeSantis disse que sua assinatura era uma “provocação”. Reforçando que se tratava de um ato puramente ideológico, ele declarou: “Não me sinto confortável com esse tipo de agenda recebendo tratamento especial no meu estado. Eu simplesmente não aceito. Então a lei aqui define o placar.”
Anteriormente, o político de extrema direita chegou a acusar a Disney de “tentar impor uma ideologia progressista [woke] em nosso estado”.
“Vemos isso como uma ameaça significativa”, disse DeSantis ao programa “Fox & Friends”, da Fox News, no início deste mês. “Este progressismo destruirá este país se o deixarmos continuar ininterruptamente”.
A Disney ainda não se pronunciou publicamente sobre a abolição de seu distrito, que só deve entrar em vigor em 1º de junho de 2023. Mas espera-se que o conglomerado entre com ações legais contra o governo estadual da Flórida.
A disputa deve se estender para além da próxima eleição, na qual a Disney deverá apoiar o candidato de oposição, jogando contra DeSantis a ameaça de deixar o estado.
A conta é muito alta. Caso perca a disputa, a Disney ficará em dívida com os condados de Orange e Osceola num valor que pode passar de US$ 1 bilhão, referente a manutenção de estradas e sistemas de esgoto até seus parques, e pelo fornecimento de outros serviços públicos, como água e luz. Além disso, só Orange County estima faturar US$ 163 milhões por ano em impostos da Disney.
Por outro lado, sem a Disney, a economia do estado da Flórida pode sofrer um abalo significativo.
Pode ser mais barato para a empresa mudar seus parques para outro estado. Não deverão faltar ofertas de incentivos para isso, de olho nos milhões de turistas que o Disney World atrai, para a movimentar a economia de um novo local.
BRASÍLIA/DF - O presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto de graça constitucional ao deputado federal Daniel Silveira, do PTB do Rio de Janeiro.

Ele anunciou a decisão durante transmissão ao vivo nas redes sociais na tarde de quinta-feira (21). Bolsonaro disse que o documento é de extrema importância para democracia e a liberdade.
Na prática, o decreto de indulto perdoa os crimes cometidos pelo parlamentar.
O presidente disse que o documento começou a ser elaborado na quarta-feira (20), quando o Supremo Tribunal Federal condenou Daniel Silveira a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por ameaças e incitação à violência contra ministros da corte.
O decreto foi publicado em edição extra no Diário Oficial.
O STF informou que não vai se manifestar.
EUA - A vice-secretária de Estado dos Estados Unidos, Wendy Sherman, informou na quinta-feira (21) que a Rússia não conseguiu atingir seus principais objetivos na Ucrânia e que parte disso se deve às sanções do Ocidente.
"O que pretendemos aqui é um fracasso estratégico para Vladimir Putin e o Kremlin. E acredito que isso já está acontecendo, que não importa o que aconteça... a Ucrânia vai sobreviver”, disse Wendy em um evento em Bruxelas, na Bélgica.
Apesar disso, a estadunidense não apresentou evidências que comprovassem os comentários.
Diante desse cenário, a Rússia também adotou sanções e incluiu o fundador do Facebook, Marck Zuckerberg, e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em uma lista que proíbe a entrada de autoridades americanas em seu território.
A lista foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia nesta quinta-feira.
Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia
A tensão entre os dois países é antiga. No fim de 2013, protestos populares fizeram com que o então presidente ucraniano Víktor Yanukóvytch, apoiado por Moscou, renunciasse. Na época, os ucranianos debatiam uma possível adesão à União Europeia.
Em 2014, a Rússia invadiu a Ucrânia e anexou o território da Crimeia, incentivando separatistas pró-Rússia desde então. Em 2015, foram firmados os Acordos de Minsk que decretavam um cessar-fogo, entre outros pontos, e proibiam Moscou de apoiar os rebeldes e Kiev deveria reconhecer Donetsk e Luhansk como províncias autônomas.
Apesar disso, o conflito continuou, o cessar-fogo não foi respeitado e cerca de 10 mil pessoas morreram desde então.
Em novembro de 2021, a Ucrânia se movimentou para fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar criada após a Segunda Guerra Mundial. A Rússia se sentiu ameaçada e iniciou exercícios militares na fronteira com o país vizinho, exigindo que a nação nunca se torne um membro.
A tensão se estendeu e se agravou após o presidente russo reconhecer Donetsk e Luhansk como províncias independentes, causando sanções por parte do Ocidente e a invasão de 24 de fevereiro.
SÃO CARLOS/SP - O prefeito Airton Garcia participou na manhã desta quarta-feira (20/04) da solenidade em comemoração aos 70 anos da instalação do Corpo de Bombeiros em São Carlos. A inauguração ocorreu em 21 de abril de 1952 sob o comando o subtenente PM Osvaldo Alves de Souza.
O Tenente Coronel PM Rodrigo Moreira Leal, Comandante do 9º Grupamento de Bombeiros fez a abertura do evento agradecendo a Prefeitura de São Carlos pelo apoio. “Agradeço o prefeito Airton Garcia e seu secretariado em razão do apoio irrestrito manifestado desde o seu primeiro governo. As ações da Prefeitura caminham além das obrigações estipuladas em convênio, de forma que o Corpo de Bombeiros de São Carlos possa oferecer serviços com a mais alta qualidade”, disse o comandante.
Já o Capitão Rangel Moreira Gregório, comandante do 4º GB, ressaltou que os recursos repassados pela Prefeitura são fundamentais para a execução, manutenção e custeio do serviço prestado. “O Corpo de Bombeiros completará amanhã 70 anos de instalação em São Carlos, com excelentes serviços prestados e participação direta no desenvolvimento sócio-econômico do município. Agradeço também as autoridades, imprensa e empresas que ao longo desses 70 anos ajudaram a construir essa história de respeito e admiração e aos bombeiros e às bombeiras da ativa que continuam nessa trajetória de forma perseverante”.
De acordo com o secretário municipal de Segurança Pública, Samir Gardini, em 2022 a Prefeitura vai investir no Corpo de Bombeiros de São Carlos R$ 2,2 milhões.
“Vamos repassar recursos para a aquisição de um moderno caminhão autobomba de salvamento e para um veículo especial, por meio do Fundo Verde, para combate à incêndios. Além disso, todo o repasse para custeio será mantido. É uma honra hoje receber essa homenagem do Corpo de Bombeiro, instituição que faz parte da Polícia Militar na qual prestei serviços por 31 anos”, ressaltou Gardini.
“Ao longo desses 70 anos, o Corpo de Bombeiros de São Carlos cresceu e se tornou referência em resgates, salvamentos e combate a incêndios, além de nos ajudar, juntamente com o SAMU, nas emergências. Acredito que os versos da Canção dos Bombeiros (Nossa vida é lutar pelo povo. No incêndio e no salvamento. Se o destino está sempre em jogo, só Deus nos dá seu alento), definem a trajetória dessa instituição, que salva vidas”, disse o prefeito Airton Garcia agradecendo o trabalho da corporação.
Em 2021, foram realizados pelo Corpo de Bombeiros de São Carlos 3.556 atendimentos solicitados através do telefone de emergência 193, sendo que 1.614 desses atendimentos envolviam vítimas. O ano de 2021 também foi marcado pelas atividades de Educação Pública, pois, atingiu o número expressivo de 41.549 pessoas nas diversas ações com foco principal na prevenção de acidentes em geral. Ainda se tratando da fase preventiva, foram realizadas 10.820 ações do Corpo de Bombeiros para fins de segurança contra incêndio.
O Corpo de Bombeiros também prestou homenagem aos veteranos, autoridades, imprensa e empresas que ao longo desses 70 anos ajudaram a construir essa história de respeito e admiração da corporação.
“É gratificante contribuir e possibilitar o avanço da prática de esportes, das brincadeiras e do entretenimento das 350 crianças e adolescentes que são atendidas pelo projeto”.
SÃO CARLOS/SP - Mais um importante projeto social da cidade de São Carlos recebe o kit esportivo do Vereador Elton Carvalho (Republicanos). Na quarta (20) o parlamentar esteve na ONG Nave Sal da Terra para fazer a entrega do kit conseguido junto a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.
A ONG Nave Sal da Terra, localizada no Jardim Zavaglia, atende 350 crianças e adolescentes no contraturno escolar com aulas de reforço, inclusão digital, musicalização, dança, judô, brincadeiras, esportes, entretenimento e fornece as quatro principais refeições diárias para os participantes dos projetos nos períodos da manhã e tarde.
Com a entrega do Kit Esportivo o projeto agora contará com uniformes para dois times, colete de treino para dois times, meiões, troféu, medalhas e bolas para desenvolvimento das suas atividades.
“A entrega do kit esportivo à ONG Nave Sal da Terra simboliza um pequeno investimento em melhorias em um projeto tão importante para essas 350 crianças e adolescentes que aqui são atendidos, é nosso dever proporcionar diversão, entretenimento, assistência e principalmente acolhimento a cada um deles” finalizou o Vereador Elton Carvalho.
BRASÍLIA/DF - Pesquisas de intenção de voto divulgadas nos últimos três meses mostram um avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL) em intenções de voto e recuperação de popularidade, embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continue na liderança e vença em todos os cenários para o segundo turno.
Em média, o percentual dos que avaliam positivamente o governo Bolsonaro subiu de 30% para 35% nos primeiros três meses deste ano. E nas pesquisas de intenção de voto, o presidente cresceu enquanto Lula se manteve estável.
Levantamento da XP/Ipespe, divulgado no dia 6 de abril, após o ex-juiz Sergio Moro trocar de partido e deixar a disputa para presidente, mostra Bolsonaro com 30% das intenções de voto, e Lula, com 44%. Na pesquisa anterior, do mesmo instituto, o presidente aparecia com 26%, e Lula, com os mesmos 44%.
Outra pesquisa, da Genial/Quaest, também divulgada em abril, mostra movimento semelhante. Bolsonaro aparece com 31% dos votos num cenário sem Moro, um avanço de cinco pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior. Lula se manteve estável, com 45%.
Levantamentos feitos antes da saída de Moro já indicavam uma recuperação de Bolsonaro. Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 24 de março, Bolsonaro obteve 26% das intenções de voto, contra 43% de Lula. No levantamento anterior, de dezembro, o ex-presidente tinha entre 21% e 22% e Lula, entre 47% e 48%.
Com a melhora na popularidade, a consultoria internacional Eurasia calcula que Bolsonaro passou de uma chance de 20% de ganhar a eleição, para 25%. Mas o ex-presidente Lula segue na liderança e, conforme os cálculos da Eurasia, tem, neste momento, 70% de chance de vencer.
"A expectativa é que a disputa fique cada vez mais apertada conforme avança a campanha. Atualmente, as pesquisas mostram Lula vencendo Bolsonaro num segundo turno por uma diferença de 15 a 17 pontos percentuais. Essa margem deve diminuir para algo entre 5 e 10 pontos durante a campanha", calcula a consultoria, com base em metodologias da Ipsos Public Affairs, um dos maiores instituto de pesquisa de opinião do mundo.
Mas o que explica esse avanço de Bolsonaro nas pesquisas? Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil citaram três fatores determinantes para esse cenário:
Saída de Moro da disputa
Para o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria e professor de métodos quantitativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz que a saída do ex-juiz Sergio Moro da disputa foi o fator determinante para o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas.
Depois de ser anunciado candidato pelo partido Podemos, Moro decidiu deixar a legenda e se filiar ao União Brasil (fusão do DEM com o PSL), dizendo que estaria desistindo "momentaneamente" da candidatura à Presidência. Mas, na semana passada o novo partido de Moro decidiu lançar como candidato o deputado federal Luciano Bivar (PE).
Com isso, ao que tudo indica, Moro, que aparecia em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, com cerca de 8%, não vai mais disputar a Presidência. Os dois levantamentos feitos após a desistência do ex-juiz da disputa indicam que Bolsonaro foi quem mais se beneficiou com isso.
"O eleitor que votou em Bolsonaro em 2018, mas estava insatisfeito com o governo, procurou uma terceira via, não encontrou e agora está voltando para Bolsonaro", disse Nunes à BBC News Brasil.
"Chamo isso de 'a volta dos que nunca foram'. São pessoas que tinham uma insatisfação momentânea, que rejeitam o PT, e que, diante da ausência de uma terceira via forte, voltam a considerar o voto em Bolsonaro."
Segundo Nunes, uma das pesquisas Genial/Qauest indicou que a maioria dos eleitores de Moro viam Bolsonaro como segunda alternativa, e vice-versa.
"Há dois meses ou três meses a gente fez uma pergunta que era: se o seu candidato não puder/quiser ser candidato em quem você votaria? O eleitor do Lula tem Ciro Gomes como segunda opção, enquanto o eleitor de Moro tem Bolsonaro como segunda opção", diz.
"A saída do Moro da disputa foi determinante para o crescimento de Bolsonaro."
'Pacote de bondades'
Já a cientista política Carolina de Paula, especialista em comportamento eleitoral, aponta o Auxílio Brasil e demais promessas ou benefícios concedidos por Bolsonaro a populações de baixa renda como fator determinante do crescimento dele nas pesquisas de opinião.
A pesquisadora, que é diretora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, lembra que é comum que candidatos a reeleição passem a conceder isenções ou benefícios sociais capazes de elevar a sua popularidade. Esse conjunto de medidas em ano eleitoral costuma ser chamado de "pacote de bondades".
No caso de Bolsonaro, três medidas do governo teriam contribuído especialmente para a melhora na sua avaliação. Segundo Carolina de Paula, a primeira foi a criação, no final do ano passado, do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que o governo instituiu para substituir o Bolsa Família e que paga cerca de R$ 400 por mês a cerca de 18 milhões de famílias. A criação do programa foi alvo de controvérsia, com muitos críticos afirmando que ele teria caráter eleitoreiro.
Outras medidas que podem ter rendido maior popularidade a Bolsonaro foram a autorização de saque de até R$ 1.000 do FGTS no final do ano passado e a antecipação do 13° salário dos aposentados.
"Quando você olha de fevereiro para cá, os dados realmente dão um salto. Um dos fatores concretos são algumas medidas que o governo colocou de pé, como o Auxílio Brasil, o saque do FGTS, a antecipação do 13° salário dos aposentados. Tem uma série de ações que o governo costuma fazer no último ano de mandato, que a gente chama de 'pacote de bondades' e que costuma render esse crescimento no início do ano eleitoral", diz Carolina de Paula.
A consultoria Eurasia Group também atribui a melhora na avaliação de Bolsonaro "à modesta recuperação do poder de renda" da população mais pobre nos primeiros meses deste ano devido a medidas pontuais.
"No segundo semestre de 2021, a renda real no Brasil caiu 11%, impulsionada por um aumento inflacionário maior do que o previsto, que atingiu duramente as famílias de baixa renda. Mas no início de 2022 essas famílias recuperaram parcialmente a renda perdida com o reajuste anual de 10% do salário mínimo nacional, 13º salário para aposentados e algumas medidas tomadas pelo governo - como o perdão da dívida estudantil e liberação de saques do FGTS", diz a consultoria.
Apesar dessa leve recuperação na renda, a situação econômica do país continua ruim, com alta nos preços dos alimentos e combustíveis. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 1,62%, a maior taxa em 28 anos. No acumulado de 12 meses, a inflação já chegou a 11,30%.
Segundo a Eurasia, a principal preocupação do eleitor nessas eleições será "renda e emprego", e Bolsonaro precisaria de avanços mais substanciais nos indicadores econômicos para continuar crescendo nas pesquisas.
"Para Bolsonaro continuar a se recuperar, a economia terá que superar as expectativas do mercado para esse ano", avalia a consultoria.
Fase melhor da pandemia
Carolina de Paula cita ainda um terceiro fator que pode ter contribuído para a subida de Bolsonaro nas pesquisas: a atual fase da pandemia de covid-19. O Brasil é o segundo país com mais mortes pela covid, atrás dos Estados Unidos - foram mais de 662 mil óbitos. No pico da doença, o número de mortos pela doença num único dia chegou perto 4 mil. Atualmente, com o avanço da vacinação, esse número está abaixo de cem.
Embora Bolsonaro tenha minimizado a gravidade da pandemia, demorado a comprar vacinas, e se oposto ao uso de máscaras e a medidas de isolamento social, o atual estágio de maior controle das infecções gera um ambiente de "otimismo" entre parcela dos eleitores, o que acaba beneficiando o governante que está no poder, diz a pesquisadora da UERJ.
"O número não tão alto de mortes por covid e a liberação das máscaras geram um efeito, uma sensação de otimismo. Não acho que as pessoas esqueceram o que aconteceu, mas no estágio atual da pandemia, elas tentam ver o lado bom das coisas. A gente trabalha com pesquisa de opinião qualitativa e as pessoas falam muito disso, de uma sensação de otimismo."
Mas Carolina de Paula destaca que as pessoas "não esqueceram" o sofrimento e o elevado número de mortes por covid-19. "A pandemia acabou ficando em segundo plano com a visibilidade dada pela imprensa à guerra na Ucrânia. Mas não houve um esquecimento por parte da população. Essa memória ainda pode ser ativada. As campanhas eleitorais ainda não começaram oficialmente e esse tema vai ser explorado."
EUA - Mais de 20 congressistas dos EUA pediram ao diretor geral da gigante da tecnologia Meta que tome medidas contra a "desinformação em espanhol" em canais "de propriedade russa" sobre a guerra na Ucrânia, informou nesta quarta-feira um dos senadores envolvidos, todos do Partido Democrata.
"Desde o começo do ano, a mídia controlada pelo Estado russo faz um esforço para atingir as comunidades hispânicas, a fim de divulgar discursos falsos antes e depois da invasão à Ucrânia", escreveram em carta enviada a Mark Zuckerberg, segundo comunicado de Bob Menendez, presidente do Comitê de Relações Exteriories do Senado. "Os canais de propriedade do Kremlin estão vencendo a guerra da informação com os hispânicos."
A "propagação viral" do conteúdo contrasta "com as garantias que a Meta deu à opinião pública e aos membros do Congresso de que prioriza as necessidades prementes das comunidades hispânicas nos Estados Unidos", protestaram na carta.
O RT en Español, canal de propriedade russa, "engana seus mais de 18 milhões de seguidores no Facebook com desinformação e propaganda apoiando a falsa justificativa de Putin para a sua invasão não provocada e injustificada da Ucrânia", acrescenta o comunicado.
A Meta, empresa controladora das gigantes das redes sociais Facebook e Instagram, proibiu a transmissão do RT na União Europeia, mas o serviço segue ativo na América do Norte.
"Essas mentiras são elaboradas para minar uma resposta global decisiva necessária para se opor à agressão do governo russo", afirma o texto dos congressistas, que acusa a Meta de "não ver o problema da desinformação em espanhol nos Estados Unidos como prioridade crítica para a saúde" da democracia.
Congressistas americanos e espanhóis acusaram em março "agentes" que se dedicam "ativamente" à desinformação em espanhol "a partir do território da Federação Russa ou com o apoio do governo russo".
Os gigantes digitais afirmam que atuam contra a desinformação excluindo contas de usuários.
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