RIO DE JANEIRO/RJ - A safra agrícola de 2023 deve totalizar um recorde de 288,1 milhões de toneladas, 25,3 milhões de toneladas a mais que o desempenho de 2022, um aumento de 9,6%. Os dados são do primeiro Prognóstico para a Produção Agrícola do ano que vem, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de outubro aponta uma safra de 262,8 milhões de toneladas este ano, montante também recorde na série histórica até o momento e 3,8% maior que a de 2021, 9,6 milhões de toneladas a mais. O resultado é 898,911 mil toneladas superior ao previsto no levantamento de setembro, uma alta de 0,3%.
Soja como destaque
A soja puxará o bom resultado esperado para 2023, após a produção do grão ter registrado perdas em 2022 nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
“Tudo indica que vamos recuperar, a soja tem uma estimativa de 142,2 milhões de toneladas, com crescimento de 19,1% em relação a 2022. Também tivemos perdas no milho de primeira safra. O milho terá uma produção de 114,5 milhões com expansão de 3,7%. Tivemos uma segunda safra em 2022 muito boa, com recorde da série histórica”, apontou Carlos Barradas, gerente da pesquisa do IBGE, em nota oficial.
A produção agrícola de 2023 prevê colheitas maiores para a soja (alta de 19,1% ante 2022, ou 22,783 milhões de toneladas a mais), milho 1ª safra (16,8% ou 4,273 milhões de toneladas a mais), algodão herbáceo em caroço (2,0% ou 82.558 toneladas a mais), sorgo (5,7% ou 160.057 toneladas a mais) e feijão 1ª safra (4,9% ou 53.514 toneladas a mais). O IBGE espera declínios na produção de arroz (-3,5% ou -374.380 toneladas), milho 2ª safra (-0,2% ou -163.690 toneladas), feijão 2ª safra (-9,5% ou -124.796 toneladas), feijão 3ª safra (-3,7% ou -24.607 toneladas) e trigo (-12,1% ou -1,155 milhão de toneladas).
A área prevista deve crescer em 2023 ante 2022 para a soja em grão (1,2%) e para o milho em grão 1ª safra (0,9%), mas recuar para o arroz em casca (-4,1%), milho em grão 2ª safra (-0,6%), sorgo (-1,5%), feijão 1ª safra (-1,4%), feijão 2ª safra (-0,1%), feijão 3ª safra (-0,5%), algodão herbáceo em caroço (-0,1%) e trigo (-1,6%).
O IBGE estima aumento na colheita no ano que vem no Paraná (28,4%), Rio Grande do Sul (52,5%), Goiás (1,6%), Mato Grosso do Sul (8,4%), Minas Gerais (2,3%), Santa Catarina (15,2%), Tocantins (7,0%) e Rondônia (4,1%). São esperados recuos no Mato Grosso (-0,3%), São Paulo (-6,5%), Bahia (-3,3%), Maranhão (-2,4%), Piauí (-4,8%), Pará (-3,3%) e Sergipe (-0,1%).
Milho e trigo
A safra agrícola deste ano prevê colheitas recordes de milho e de trigo. Para o milho, a estimativa ficou em 110,4 milhões de toneladas (25,4 milhões de toneladas de milho na 1ª safra e 85,0 milhões de toneladas de milho na 2ª safra), e para o trigo, em 9,6 milhões de toneladas. A produção do arroz foi estimada em 10,7 milhões de toneladas; a do algodão em caroço, 6,7 milhões de toneladas, a de soja, 119,5 milhões de toneladas. Em relação ao desempenho de 2021, ocorreram acréscimos de 15,2% para o algodão, de 22,6% para o trigo e de 25,7% para o milho (decréscimo de 1,1% no milho na 1ª safra e aumento de 36,8% no milho na 2ª safra). A colheita será menor em 11,5% para a soja e em 8,1% para o arroz em casca.
Estoques de grãos
O estoque de produtos agrícolas no País totalizou 65,5 milhões de toneladas ao fim do primeiro semestre de 2022, de acordo com a Pesquisa de Estoques divulgada pelo IBGE. Em relação ao mesmo período de 2021, houve alta de 10,5%.
Houve quedas nos estoques de soja (-4,0%), trigo (-5,7%), arroz (-6,4%) e café (-19,6%) no primeiro semestre de 2021 em relação ao primeiro semestre de 2021. Por outro lado, o estoque de milho cresceu 69,1%. Esses produtos somam 95,8% do total estocado entre os produtos monitorados pela pesquisa, enquanto que os 4,2% restantes são compostos por algodão, feijão preto, feijão de cor e outros grãos e sementes.
Os estoques de soja ainda somaram o maior volume, 35,3 milhões de toneladas estocadas, seguidos pelo milho (19,3 milhões), arroz (5,1 milhões), trigo (2,3 milhões) e café (0,8 milhão).
Armazenamento maior
A capacidade útil disponível no Brasil para armazenamento agrícola foi de 188,8 milhões de toneladas em estabelecimentos ativos no primeiro semestre de 2022, 3,0% maior do que o resultado do semestre anterior. O número de estabelecimentos ativos foi de 8,378 mil locais, um acréscimo de 2,2% ante o segundo semestre de 2021.
Quanto à capacidade útil armazenável, os silos somaram 96,1 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2022, o que representa 50,9% da capacidade útil total. Os armazéns graneleiros e granelizados atingiram 70,0 milhões de toneladas de capacidade útil armazenável, 37,1% de toda a armazenagem nacional, e os armazéns convencionais, estruturais e infláveis somaram 22,6 milhões de toneladas, uma fatia de 12,0% da capacidade total do País.
Problema na coleta de informações
O IBGE alertou que a pesquisa deixou de coletar, excepcionalmente, informações de 305 estabelecimentos localizados em Mato Grosso “devido a dificuldades operacionais”.
“Seus volumes estocados de milho e soja foram imputados com base no volume armazenado desses produtos no 1º semestre de 2021. A soma do volume estocado de milho nesses estabelecimentos representou 810,9 mil toneladas, 8,3% do volume total armazenado no Estado. No caso da soja, a soma do volume estocado nesses estabelecimentos representou 382,1 mil toneladas, 12,3% do volume total armazenado no Estado. Como as safras de milho e soja não apresentaram grandes diferenças nos últimos dois anos, foi utilizado o mesmo valor estocado em 2021 para 2022. Espera-se coletar os dados destes estabelecimentos na próxima edição”, frisou o instituto, em nota.
Daniela Amorim / ESTADÃO
AUSTRÁLIA - Uma pesquisa da Universidade James Cook, na Austrália, concluiu que as mudanças climáticas podem provocar impactos terríveis até mesmo sobre os insetos. De acordo com o estudo, os efeitos da ação humana sobre o meio ambiente reduzirão drasticamente as populações de insetos no planeta.
O “apocalipse” dos insetos também agravará o quadro ambiental da humanidade e da Terra, causando um desequilíbrio extremo na cadeia alimentar, na biodiversidade e no próprio funcionamento da natureza.
A explicação para a potencial extinção que as mudanças climáticas podem impor sobre os insetos está no aumento da temperatura e o fato de esses animais serem ectotérmicos, ou terem pouca capacidade de regular a temperatura corporal. Dessa forma, a elevação do calor na Terra coloca os insetos em situação especialmente ameaçada, diante da previsão de elevação da temperatura entre 2ºC e 5ºC até 2100.
“Um conjunto crescente de evidências mostra que muitas populações de insetos estão diminuindo rapidamente em muitos lugares. Esses declínios são de profunda preocupação, com o termo ‘apocalipse de insetos’ sendo cada vez mais usado pela mídia e até mesmo por alguns cientistas para descrever esse fenômeno”, afirmou William Laurance, da universidade australiana, e um dos autores do estudo. Além da variação de temperatura, o estudo demonstrou que as mudanças climáticas afetam os insetos por outros efeitos, como a poluição, redução dos hábitats e a predação.
O desequilíbrio causado por uma redução ou extinção dos insetos impacta diretamente na saúde do planeta e da humanidade, já que tais animais são determinantes na polinização, no controle de pragas e na reciclagem de nutrientes, em conclusão que agrava ainda mais a urgência de recuperar áreas afetadas e conter o impacto da ação humana.
“As evidências são claras e impressionantes. Precisamos agir agora para minimizar os impactos nas populações de insetos — sabemos como fazê-lo, mas a tomada de decisões e o financiamento necessário continuam sendo empurrados pelo caminho”, concluiu o pesquisador.
Vitor Paiva / HYPENESS
Com apoio de parceiros locais, Concessionária plantará 422 mudas às margens do Córrego do Gouveia
Para o plantio do sábado, a Eixo SP doou 422 mudas de árvores nativas. Essa quantidade completa o total de 2.022 mudas plantadas em diversos municípios da área de cobertura da Concessionária em comemoração ao Dia da Árvore (21 de setembro). Antes de Brotas, foram realizados plantios de mudas em Itirapina, Quatá, Dracena, São Pedro, Marília e São Carlos.
A iniciativa faz parte do Projeto Plantando o Futuro, desenvolvido pela Concessionária com o objetivo de contribuir com a preservação do meio ambiente. “A Eixo SP mantém iniciativas por todo o eixo rodoviário que administra para a preservação da flora e da fauna. Este trabalho produz impactos significativos nas comunidades, a partir do manejo ambiental que reflete na conservação de afluentes e do bioma indispensável à proteção dos animais silvestres”, afirma Gabriel Bispo, coordenador de Meio Ambiente da Eixo SP.
Para o plantio do sábado, a Concessionária contou com a parceria da Prefeitura de Brotas, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Agricultura e Pousada Roda D’Água.
Sobre a Eixo SP
A Eixo SP Concessionária de Rodovias administra mais de 1.221 km de estradas que passam por 62 municípios da região de Rio Claro, no centro do Estado, até Panorama, no extremo oeste, na divisa com o Mato Grosso do Sul. O maior contrato sob supervisão da Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo) terá investimentos na ordem de R$ 14 bilhões em obras de ampliação, conservação, além da modernização de serviços ao usuário. Para mais informações acesse: www.eixosp.com.br.
SANTOS/SP - Pelo menos 33 golfinhos da espécie conhecida como doninha foram encontrados mortos em praias da Baixada Santista no período de pouco mais duas semanas, de 30 de setembro a 15 de outubro. As mortes podem ter relação com o aumento na poluição do mar e também devido à pesca com rede.
Outro motivo apontado por especialistas seria a estação do ano, já que a primavera marca o nascimento de filhotes, o que pode acarretar um maior número de encalhes, já que esses animais acabam ficando mais vulneráveis.
Só neste ano já foram achados mortos 183 animais nas praias do litoral de São Paulo, de acordo com o Instituto Gremar, responsável por trecho do Programa de Monitoramento das Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Como esse tipo de espécie se aproxima da costa para reproduzir, a expectativa dos especialistas é a de que o número deste ano supere o total de perdas do ano passado, quando houve 235 mortes de doninhas. Em 2020, haviam sido 173.
O Instituto Gremar aponta que a toninha é uma das menores espécies de golfinho do mundo e exista apenas na América do Sul, especificamente entre o Espírito Santo, no Brasil, e o Golfo San Matias, na Argentina.
Está criticamente em perigo, segundo a lista oficial das espécies brasileiras ameaçadas. Apelidada de “golfinho invisível” por ser animal raro e muito tímido, ela não salta para fora da água como outros golfinhos.
A presença das doninhas é comum nesta época em águas rasas do litoral, próximas da costa, porque se trata de período de reprodução. Entre os seus alimentos estão peixes como sardinha, pescadinha e manjuba, o que atrai também pescadores adeptos de redes para a prática. Como esse animal tem focinho longo, acaba ficando preso às redes de pesca.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está monitorando a situação das toninhas e diz estar apoiando parceiros que buscam a conservação da espécie.
Francisco Lacerda / ISTOÉ DINHEIRO
ALASCA - Bilhões de caranguejos-das-neves desapareceram das águas do Mar de Bering, no Alasca, preocupando as autoridades locais e interferindo na temporada de pesca da região.
Segundo o Conselho de Pesca do Alasca e o Conselho de Gestão da Pesca do Pacífico Norte, a população do crustáceo ficou abaixo do limite regulamentar para que a pesca seja liberada no Alasca, fazendo com que a colheita dos caranguejos-das-neves fosse cancelada pela primeira vez.
Os números chamam a atenção: segundo o pesquisador do Departamento de Pesca e Caça do Alasca Benjamin Daly, em 2018 cerca de 8 bilhões de crustáceos eram encontrados no Mar de Bering, e em 2021 esse número caiu para 1 bilhão. As informações são da CNN.
A pesca de outra espécie de caranguejo, o caranguejo-real vermelho de Bristol Bay, também foi suspensa pelo segundo ano consecutivo, conforme informaram as agências de notícias locais.
De acordo com as autoridades, a sobrepesca é o que fez as temporadas serem interrompidas. Mais caranguejos do que o permitido estava sendo capturados. No entanto, a pesca excessiva não é suficiente para causar esse impacto no mar do Alasca.
Contudo, este não é o principal motivo do desaparecimento dos crustáceos. A mudança climática provocada pelo homem é o que contribuiu significativamente para a diminuição dos caranguejos-das-neves, que são encontrados nas águas com temperaturas abaixo de 2 graus Celsius.
Cientistas apontam que com o aquecimento global as temperaturas ao redor do Ártico aqueceram quatro vezes mais rápido do que no resto do mundo, desencadeando perda de gelo marinho na região, principalmente no Mar de Bering.
Marina Teodoro / ISTOÉ DINHEIRO
SÃO PAULO/SP - As últimas duas décadas foram marcadas pelo avanço da fronteira agrícola e áreas de pastagens sobre florestas e campos naturais brasileiros, como o Cerrado. Somados os desmatamentos florestais e vegetações campestres nativas, o Brasil perdeu 513,1 mil quilômetros quadrados dessas áreas verdes de 2000 a 2020, o equivalente a 6% do território do País ou o tamanho de quatro Estados juntos: São Paulo, Rio, Paraná e Sergipe.
A perda de área verde, sobretudo na Floresta Amazônica, é a principal origem das emissões de gases de efeito estufa do País. Por causa disso, o Brasil tem sofrido pressão estrangeira para reduzir o desmate e evitar a aceleração do aquecimento global – cientistas alertam que o prazo para evitar uma catástrofe climática está se esgotando.
Só nos últimos dois anos investigados (2019 e 2020), foram perdidos 23.368 km² de campos e florestas naturais, área maior que a do Estado de Sergipe. Do total, foram desmatados 13.527 km² de florestas no biênio: 60,8% disso viraram um mosaico de ocupações em área florestal e outros 32,7% viraram pastagem com manejo, dentre outros usos. Já da vegetação campestre, que inclui o Cerrado, quase a totalidade foi destinada para o cultivo agrícola e pastagens.
Os dados fazem parte dos levantamentos Contas Econômicas Ambientais da Terra e Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil. Esses números foram divulgados nesta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quem ganhou terreno no País foi a agricultura e a pecuária: a área agrícola cresceu 50,1% em duas décadas, 229,9 mil km² a mais, enquanto as áreas de pastagens com manejo tiveram uma expansão de 27,9%, 247 mil km² a mais. A silvicultura – florestas plantadas para abastecer a produção de celulose e madeira – cresceu 71,4%, 36 mil km² a mais. Dados regionais – que usam imagens de satélite, entre outras fontes – mostram que a Amazônia e o Cerrado foram os mais afetados pelo desmatamento.
“Geralmente a floresta é derrubada, é implantado o pasto com manejo, e depois que o pasto com manejo está mais estabilizado, vem a agricultura. Porque é um custo muito alto derrubar a floresta e colocar já a agricultura”, explica Fernando Dias, gerente do Monitoramento e de Pesquisa da Terra do IBGE.
“Nesses 20 anos foi possível observar isso, essa dinâmica de conversão da vegetação nativa em pastagem, e da pastagem para a agricultura”, complementa Ivone Batista, gerente de Contas e Estatísticas Ambientais do IBGE. “A retirada da floresta é mais custosa.”
Em outras regiões do Brasil, como nas áreas de Cerrado, a dinâmica se altera um pouco. Há substituição de vegetação nativa tanto para ocupação com pastagem quanto para ocupação direta da agricultura, explicou Dias.
Nos últimos anos, tem crescido o esforço de implementar soluções sustentáveis para o agronegócio, a exemplo das fazendas que usam a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), técnica desenvolvida pela Embrapa, como alternativa para minimizar impactos ambientais do agronegócio, um dos principais eixos da economia nacional.
A estratégia permite a convivência de diferentes atividades econômicas (como grãos e gado) e áreas preservadas na mesma propriedade, de forma a não cesgotar o solo ou a disponibilidade hídrica. A adoção do método, porém, ainda é tímida frente ao tamanho da área plantada brasileira.
Área do ‘Matopiba’ concentra perdas
Em duas décadas, as mudanças mais intensas na cobertura da terra ocorreram nas bordas da Amazônia e na região chamada Matopiba, formada por áreas majoritariamente de Cerrado nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que vêm registrando expansão da agricultura.
Entre 2000 e 2020, as áreas agrícolas tiveram crescimento de 2,8% no Maranhão, 4,4% no Tocantins, 3,8% no Piauí e 2,7% na Bahia. Mas, no ano de 2020, as maiores extensões de áreas agrícolas estavam em Mato Grosso (124.784 km²), São Paulo (102.913 km²), Rio Grande do Sul (98.302 km²), Paraná (72.152 km²) e Goiás (68.359 km²).
A área mais dinâmica de mudança de cobertura nas duas décadas pesquisadas correspondeu às bordas do bioma Amazônia, passando pelos Estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará, onde predominou o avanço das pastagens sobre a vegetação florestal. “Essa expansão dos estoques de pastagem com manejo revela uma tendência de migração da atividade agropecuária da Região Centro-Oeste para a Região Norte”, frisou o IBGE.
A escalada do desmatamento da Amazônia tem sido motivo de pressão interna e externa contra o governo Jair Bolsonaro, que afrouxou a fiscalização de crimes ambientais. No primeiro ano da gestão (2019), as multas ambientais aplicadas caíram 30%. A queda nas multas pagas foi ainda maior, de 74%. Em 2020, as multas aplicadas recuaram 54%, enquanto as pagas despencaram 89%.
Em 20 anos, o Pará foi a unidade da Federação com a maior expansão de pastagem com manejo, 87,8 mil km² a mais, enquanto sediava também a maior redução de vegetação natural, 123,2 mil km² a menos. Os Estados com as maiores extensões de pastagens em 2020 foram Mato Grosso (com 190.016 km²), Pará (162.000 km²), Goiás (151.588 km²), Mato Grosso do Sul (147.635 km²) e Minas (114.345 km²).
“É uma dinâmica econômica avançando sobre áreas naturais”, explica Ivone Batista. “Por isso a importância de a gente começar a olhar as questões ambientais nesse foco da contabilidade nacional. A gente tem um aumento nessa dinâmica agropecuária nesse país, mas a custa de perda. O que a gente está perdendo? A gente aqui está falando em área e vegetação”, acrescentou.
Houve também mudanças relevantes em duas décadas na cobertura da terra no sul do Rio Grande do Sul, e na faixa que se estende do oeste paulista ao leste de Mato Grosso do Sul e Goiás, apontou o IBGE. Ivone ressalta, porém, que, em meio às áreas verdes degradadas, é possível constatar territórios que conseguiram resistir preservados.
“São exatamente as unidades de conservação ou terras indígenas. Lugares de preservação, áreas especiais. Nos mapas, a gente consegue apontar que essas áreas especiais elas efetivamente limitam essas ações e elas são espaços de manutenção da dinâmica ambiental”, diz ela. “Efetivamente mostra a importância dessas áreas especiais para a manutenção da biodiversidade, dos ecossistemas locais.”
Dados mostram avanço da mineração e Pantanal mais seco
O IBGE também detectou um avanço da mineração em áreas florestais desmatadas e redução de áreas úmidas no Pantanal, tendo a expansão da agropecuária local como uma das possíveis causas. Essa mudança também se reflete no regime de chuvas pantaneiro.
“Nas bordas do Pantanal, as áreas úmidas apresentaram redução, o que pode estar relacionado à variação no regime da precipitação acrescido da expansão da atividade agropecuária na região”, apontou o IBGE. Nos últimos anos, o bioma também tem visto aumento no número de queimadas, com perda de cobertura vegetal e mortes de animais.
Daniela Amorim / ESTADÃO
ALEMANHA - Uma das duas linhas do oleoduto Druzhba que liga a Rússia à Alemanha foi fechada depois que um vazamento foi detectado passando pelo centro da Polônia, anunciou a operadora polonesa PERN na quarta-feira (12).
"As causas do incidente são desconhecidas neste momento. O bombeamento na linha danificada foi paralisado. A linha 2 do oleoduto funciona normalmente", informou a PERN em comunicado, explicado que o vazamento foi detectado na terça à noite.
Druzhba é o principal oleoduto que transporta petróleo russo para a Alemanha.
"Esta parte do oleoduto transporta petróleo destinado a duas refinarias alemãs: PCK Raffinerie GmbH Schwedt e TOTAL Raffinerie Mitteldeutschland GmbH em Spergau", disse a porta-voz da PERN, Katarzyna Krasinska.
A refinaria de Schwedt, essencial para o abastecimento de combustível e gás de Berlim e sua região, processa apenas petróleo russo transportado por Druzhba.
Em meados de setembro, as subsidiárias da Rosneft na Alemanha, que respondem por 12% da capacidade de refino de petróleo daquele país, foram colocadas sob "tutela".
As subsidiárias da Rosneft Germany (RDG) e da RN Refining & Marketing (RNRM) possuem ações em três grandes refinarias no país, incluindo a Schwedt.
O Ministério da Energia alemão indicou na ocasião que esta tutela visava "responder aos riscos que pesam sobre a segurança do abastecimento" de energia no país, sobretudo antes da entrada em vigor do embargo europeu ao petróleo russo, previsto para 5 de dezembro.
"As ações de emergência estão em andamento. Todos os serviços estão funcionando", disse Krasinska, citada pela agência local PAP.
Segundo ela, os bombeiros estão bombeando o petróleo, "o que pode levar várias horas".
O vazamento ocorreu perto da cidade de Zurawice, 180 km a oeste de Varsóvia.
A construção do oleoduto Druzhba, cujo nome significa "amizade", começou na década de 1960. Possui uma rede de 5.500 quilômetros que transporta petróleo dos Urais para refinarias na Polônia e na Alemanha.
Outro ramo do oleoduto transporta petróleo russo para a Hungria, Eslováquia e República Tcheca.
CHINA -- Um novo recorde nacional de produção de soja foi registrado em uma competição de produção de soja de alto rendimento na Província de Heilongjiang, no nordeste da China, que foi avaliada por um painel de especialistas autorizado pelo Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais.
De acordo com os resultados da avaliação disponibilizados no domingo, a 854 Farm Co., Ltd., do Grupo Beidahuang, alcançou 311,2 quilos de produção de soja por mu (0,07 hectares) em um campo contíguo de 100 mu, ocupando o primeiro lugar na competição provincial.
A fazenda plantou "Kennong 34", uma variedade de soja desenvolvida pela Universidade Agrícola Heilongjiang Bayi.
Li Kun, um técnico agrícola da fazenda, disse que o clima deste ano foi adequado para o crescimento da soja, com chuvas suficientes. Enquanto isso, o fornecimento unificado de materiais agrícolas da empresa e a aplicação de medidas técnicas, como a inoculação de rhizobia e o uso de fertilizante orgânico, também contribuíram para a colheita abundante.
Heilongjiang organizou a competição para explorar plenamente o potencial da produção de soja, atraindo cultivadores de 619 lotes agrícolas, cobrindo 385.600 mu de plantação de soja.
A província é a principal base de produção de soja da China, contribuindo para mais de 40% da área total de plantio de soja do país. Este ano, a província atingiu sua meta de acrescentar 10 milhões de mu de plantação de soja, com sua área total de cultivo do grão excedendo 68,5 milhões de mu.
De acordo com o departamento provincial de agricultura e dos assuntos rurais, desde domingo, a soja foi colhida em mais de 34 milhões de mu.
Sun Xiaoyu,Huang Teng,Fang Ning / Xinhua_PT
BRUMADINHO/MG - O namoro das aves e os ninhos com ovos entre as pedras à beira do Rio Paraopeba trazem esperança de que a andorinha-de-coleira, atualmente criticamente ameaçada de extinção, possa voltar a povoar o estado.
Uma população reprodutiva da ave Pygochelidon melanoleuca foi encontrada na bacia do Rio Paraopeba durante expedição de diagnóstico ambiental realizado por biólogos da mineradora Vale e especialistas acadêmicos.
A ocorrência da espécie em Minas Gerais era, até o momento, conhecida de poucos e isolados indivíduos observados nas bacias dos rios São Francisco e Paranaíba. A redescoberta dos indivíduios se deu em um trecho de aproximadamente 60 quilômetros, entre os municípios de Pompéu e Curvelo.
A presença da espécie entre Pompéu e Curvelo apresenta dados inéditos e relevantes sobre o tamanho populacional e a biologia reprodutiva desses animais. Além disso, o diagnóstico tem produzido o mais completo conjunto de dados a respeito da biologia reprodutiva da espécie em todo o mundo.
O diagnóstico ainda descartou a existência de eventuais impactos do rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, sobre a população desses animais.
“Não havia estudos que demonstrassem a existência de uma população reprodutiva da andorinha-de-coleira no rio Paraopeba e é por isso que os dados obtidos neste monitoramento representam um enorme avanço no conhecimento sobre as populações desta espécie”, destaca o biólogo e especialista em aves, Leonardo Lopes, professor da UFV.
Ave é monitorada em áreas próximas ao Rio Paraopeba
Segundo Leonardo, o monitoramento permitiu a documentação, até então inédita, da andorinha-de-coleira em plena atividade reprodutiva.
Estudos anteriores descreveram o ninho da espécie, mas nenhum pesquisador havia até então conseguido investigar detalhes sobre a sua reprodução. Isso porque a andorinha-de-coleira constrói seus ninhos em locais de difícil acesso, mais especificamente no interior de fendas localizadas nos afloramentos rochosos ao longo das corredeiras de rios.
Para chegar aos pássaros, a expedição contou com a experiência e o conhecimento de moradores locais, como o barqueiro Samuel Santos, um dos guias da expedição. “Conheço bem a região, sou ribeirinho, nascido às margens do rio São Francisco, e gosto de “passarinhar” por aí, sair em busca de pássaros. Sobre a expedição é uma alegria encontrar as andorinhas. Estar no meio dos pássaros faz bem para a alma, faz bem para o coração”.
Como os ninhos da andorinha-de-coleira são de difícil acesso, para “visitar a casa das aves” foi necessário o uso de uma microcâmera própria para inspecionar locais com baixa luminosidade. O material que as aves utilizam para a construção do ninho, incluindo penas, folhas secas e fibras vegetais, é geralmente coletado nas margens, no próprio pedral ou nas pequenas ilhas de vegetação encontradas no leito do rio.
O monitoramento da biodiversidade em áreas impactadas e não impactadas pelo rompimento da barragem em Brumadinho, também chamado de Programa de Diagnóstico de Danos Ambientais sobre o Meio Biótico, é parte do Acordo de Reparação Integral assinado em 2021 pela Vale, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, pelos Ministérios Públicos Federal e do Estado de Minas Gerais e pela Defensoria Pública de Minas Gerais.
São monitoradas áreas de biodiversidade aquática e terrestre em 35 pontos do Rio Paraopeba entre Jeceaba e Três Marias, passando por Brumadinho, na confluência com o ribeirão Ferro-Carvão, local mais afetado pelo rompimento da barragem. Todas as atividades de monitoramento são acompanhadas pelos órgãos ambientais competentes.
“Quando monitoramos os locais impactados e não impactados é possível avaliar as condições ambientais de maneira ampla, e como o rompimento pode ou não ter influenciado a ocorrência, riqueza e distribuição da fauna e flora presentes ao longo da bacia do rio Paraopeba. Encontrar uma população saudável dessa espécie, em grande número e em novos pontos no rio Paraopeba é um importante indicativo ambiental e indica que o rompimento não interferiu na qualidade de vida dessas aves”, ressalta Cristiane Cäsar, analista ambiental da Vale.
“Além disso, as expedições e os monitoramentos da Vale realizados em parceria com as instituições de ensino, ficarão como importantes fontes de pesquisas para as próximas gerações”, complementa.
Mateus Parreiras / EM.com.br
ÍNDIA - Primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, soltou guepardos africanos trazidos da Namíbia no Parque Nacional de Kuno, em polêmico projeto. Guepardo asiático foi declarado extinto nacionalmente há 60 anos.
Oito guepardos da Namíbia (cinco fêmeas e três machos) foram levados em um avião de carga especial para a Índia no sábado (17/09), como parte de ambicioso e polêmico projeto para reintroduzir à natureza o animal extinto no país.
Três dos animais foram soltos pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no Parque Nacional de Kuno, perto da cidade indiana de Gwalior. A aparição de Modi no novo santuário ao sul da capital Nova Délhi coincidiu com o 72º aniversário do político.
"Agradeço ao nosso país amigo Namíbia e ao governo de lá, cuja cooperação permitiu que os guepardos retornassem ao solo indiano depois de décadas", disse Modi.
No passado, a Índia era o lar de guepardos asiáticos, mas a espécie foi declarada extinta no país há 60 anos, em 1952. Também conhecido como chita, o guepardo é animal terrestre mais rápido do mundo.
Longa viagem
A viagem dos guepardos da Namíbia foi longa e cansativa. Primeiro, os animais foram transferidos por terra de um parque de caça até a capital Windhoek. De lá, embarcaram em um Boeing 747 fretado e pousaram em uma base aérea militar em Gwalior, na Índia, após um voo de 11 horas. Em seguida foram transportados para Kuno de helicóptero e, finalmente, soltos em um recinto de quarentena, onde serão monitorados.
Os guepardos africanos têm aparência muito semelhante aos asiáticos, mas algumas diferenças genéticas. No entanto, como o guepardo asiático permanece à beira da extinção, seus primos africanos são a melhor esperança para a Índia de reintroduzir o animal no país.
Embora críticos tenham alertado que os guepardos da Namíbia podem ter dificuldades para se adaptar ao habitat indiano, os organizadores do projeto permanecem confiantes.
"Os guepardos são muito adaptáveis e estou assumindo que elas se adaptarão bem a este ambiente. Portanto, não tenho muitas preocupações", disse Laurie Marker, fundadora do Fundo de Conservação dos Guepardos, com sede na Namíbia.
Centenas de animais necessários
A jornada indiana para reintroduzir os guepardos na natureza começou há mais de uma década, com o "Projeto de introdução do guepardo africano na Índia", em 2009. No ano passado, o plano foi adiado devido à pandemia de covid-19.
"Para uma população geneticamente viável na Índia a longo prazo, será preciso ao menos 500 indivíduos", disse Vincent van der Merwe, gerente da Iniciativa de Metapopulação de Guepardos.
le (AFP, DPA)
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