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Banqueiros britânicos optam por um caminho 'verde'

Escrito por  Dez 17, 2021

EDIMBURGO - Os ativistas foram às ruas de Glasgow durante a 26ª cúpula climática das Nações Unidas, realizada em novembro, para exigir que os bancos e outras instituições financeiras sejam mais responsáveis em relação ao clima, mas um deles, a menos de cem quilômetros a leste da cidade, já mostra como isso pode acontecer.

O NatWest, que antes era o Banco Real da Escócia, fez a transição das mais improváveis – de grande financiador da indústria de petróleo e gás para líder das finanças "verdes", reduzindo sua exposição a combustíveis fósseis e prometendo investir cem bilhões de libras em projetos de energia sustentável nos próximos quatro anos.

Com sede em Edimburgo, ele pode servir de exemplo na enorme mudança necessária para que o setor bancário e de investimento britânico se torne, nas palavras do governo, "o primeiro centro financeiro Net Zero do mundo".

Desde o Brexit, o setor financeiro britânico perdeu um pouco do brilho, já que Londres não pode mais ser usada como centro de negócios europeus. O Tesouro, determinado a manter a proeminência do país, está explorando outras formas de atrair investidores, inclusive afrouxando as regras para atrair startups de tecnologia e apoiando empresas financeiras tecnológicas, mas as finanças "verdes" também podem ser uma resposta.

A transformação do NatWest até ganhou elogios cautelosos de alguns manifestantes. Johan Frijns, cofundador do BankTrack, organização neerlandesa que pressiona os bancos a pararem de financiar projetos de combustíveis fósseis, afirmou que a instituição pode estabelecer um novo padrão no processo de transformação dos grandes bancos em prol de uma economia de baixo carbono. "Queremos muito ver o NatWest como um farol de esperança, como um banco que mostra que pode se transformar. E essa é uma grande mudança. Seu orgulho era ser o banco do petróleo e do gás", disse Frijns.

A transição do NatWest foi facilitada pela diminuição de sua estatura global. Por um curto período antes da crise financeira de 2008, ele chegou a ser o maior banco do mundo em ativos, mas, enfrentando enormes perdas com a diminuição do crédito global, foi resgatado pelo governo britânico e teve de frear as ambições. Agora, refletindo o foco doméstico, quase metade de seus empréstimos é de financiamentos imobiliários.

Porém, na última década – primeiro em um ritmo lento, e depois mais rapidamente –, começou a zelar mais por seus objetivos relacionados ao clima. Em 2012, reservou 200 milhões de libras para empresas que desenvolvessem projetos de eficiência energética; nos anos que se seguiram, ajudou a financiar mais planos de energia renovável, incluindo parques eólicos; em 2017, informou que não financiaria diretamente nenhum novo projeto de mineração e de geração de energia a carvão; em 2018, divulgou que investiria dez bilhões de libras em financiamento climático sustentável nos próximos dois anos.

Contudo, as maiores mudanças vieram sob a liderança de Alison Rose, que assumiu como executiva-chefe no final de 2019. Além de mudar o nome do banco e distanciá-lo de seu passado de crise, ela declarou que quer administrar um "banco guiado por propósitos", com foco na "ajuda ao enfrentamento do desafio climático".

Em outubro, o banco anunciou o investimento de cem bilhões de libras para financiamento de iniciativas "verdes" e sustentáveis até o final de 2025. Além disso, deixaria de emprestar e apoiar grandes produtores de petróleo e gás que não tivessem estabelecido, até o final deste ano, um plano de transição alinhado com a restrição do aquecimento global em 1,5º C acima dos níveis pré-industriais (a meta do Acordo de Paris). O banco também se comprometeu com uma "eliminação completa" de investimentos no carvão até o início de 2030, mesmo ano em que pretende reduzir pela metade as emissões de carbono de todos seus financiamentos antes de chegar ao zero líquido em 2050.

Mas a transformação do banco não está completa: no final de setembro, a exposição do NatWest às grandes empresas de petróleo e gás, principalmente com empréstimos, foi de um bilhão de libras, e 600 milhões de libras para empresas nas quais mais de 15 por cento da atividade se refere ao carvão. Contudo, suas prioridades seguem o caminho traçado pelo governo, que estabeleceu uma meta vinculando legalmente o país à redução de mais de 75 por cento das emissões de carbono até 2035 em comparação com os níveis de 1990, e a atingir as emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050. Os legisladores estão tentando encontrar uma maneira de alcançar esses objetivos.

Rishi Sunak, que como chanceler do Tesouro é o diretor financeiro de maior destaque do Reino Unido, apresentou um plano que primeiro pede, e depois exige, que as instituições financeiras – incluindo gestores de ativos e fundos de pensão – e as empresas com acionistas expliquem como vão adaptar suas atividades e investimentos para ajudar o país a cumprir suas metas de Net Zero. Esses planos de transição se somariam aos requisitos existentes de publicar informações financeiras sobre os riscos climáticos de suas operações comerciais e investimentos.

"É um indicador realmente positivo de que o Reino Unido reconhece que precisa levar em conta as emissões associadas a seu setor financeiro. É algo que não aconteceu nos EUA. Mas os planos de transição ainda não são obrigatórios, e o governo britânico declarou que permitirá ao mercado decidir se os planos são adequados ou críveis, embora ainda não tenha se mostrado bom juiz em muitas coisas sobre o clima", disse Alison Kirsch, da Rainforest Action Network, principal autora do relatório anual da entidade sobre o financiamento de combustíveis fósseis pelos bancos.

O Reino Unido pode ter dificuldade de cumprir seus objetivos sob outros aspectos. Antes que os planos de transição se tornem obrigatórios, o governo está montando uma força-tarefa para definir o que seria "um bom plano". A conclusão desse relatório pode demorar mais um ano, atrasando a notificação obrigatória, embora alguns grupos internacionais já tenham dado orientações sobre estratégias de transição. E o governo afirmou explicitamente que esses planos não foram projetados para proibir investimentos em atividades com uso intenso de carbono.

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"As regras são todas sobre divulgação, o que é muito útil, mas que sozinha não vai resolver nada. Mas é um primeiro passo importante para que ocorram mais ações posteriores", afirmou Chris Stark, CEO do Comitê de Mudanças Climáticas, grupo financiado pelo governo britânico para aconselhar legisladores sobre políticas ambientais, e que recomendou o Reino Unido a se comprometer a ser um centro financeiro alinhado ao Net Zero.

 

 

 

c. 2021 The New York Times Company.

Ivan Lucas

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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