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Foco é o Português como segunda língua, além da Libras

 

SÃO CARLOS/SP - Uma publicação inédita da aluna surda Talita Nabas, no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), propõe novas estratégias no ensino do Português como segunda língua (PL2). O artigo é fruto de sua pesquisa de mestrado, na qual ela analisou as práticas docentes com base em sua própria experiência em sala de aula.  
"Os surdos têm a Libras [Língua Brasileira de Sinais] como primeira língua, mas o uso do ensino bilíngue para surdos auxilia na compreensão e na aquisição de novos conhecimentos e conceitos em Português e outras áreas do conhecimento. O ensino bilíngue é importante pois garante um acesso igualitário e uma maior equidade na oferta de ensino para o público surdo, uma vez que o ensino de surdos é visto como uma diferença linguística e não como um viés clínico ou deficiente", ressalta a pesquisadora, que atualmente é professora substituta do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, no curso de bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras (TILSP).
Nesse contexto, o artigo tem como objetivo principal discutir estratégias de ensino e a aplicabilidade dos Materiais Didáticos Bilíngues para Surdos(as) (MDBS) no ensino de PL2. "Os MDBS são slides bilíngues de ensino de gramática e gêneros textuais do Português ensinados em Libras. Podem ser materiais impressos, scrapbooks (livros de recortes) e outros recursos didáticos", explica Talita Nabas, que desenvolveu a terminologia de MDBS durante a sua pesquisa de mestrado no PPGL, entre 2021 a 2024.  
A pesquisa é de natureza ação-reflexiva, que integra a metodologia da pesquisa-ação, na qual o pesquisador também é ator ativo da pesquisa, refletindo sobre sua própria prática - no caso do professor, o ensino, explica a autora do estudo. "Na prática, a pesquisa aconteceu a partir da minha experiência e vivência na escola bilíngue de surdos em São Paulo, e surgiu da necessidade encontrada na ausência de materiais didáticos voltados para surdos, com metodologias e práticas bilíngues, ou seja, com o uso da Libras como língua de instrução". 

Contrastes entre teoria e prática
No estudo, a mestre em Linguística pela UFSCar - hoje doutoranda pelo mesmo Programa - propõe uma relação contrastiva entre as teorias do ensino de línguas e as práticas pedagógicas voltadas para surdos, contribuindo para um ensino de PL2 mais eficaz e visualmente acessível. 
Segundo ela, há um contraste significativo entre as teorias do ensino e as práticas pedagógicas voltadas para surdos. "Enquanto as teorias defendem a valorização da Libras como primeira língua e o ensino do Português como segunda língua (PL2), na prática ainda predominam metodologias oralistas e materiais pensados para ouvintes. Além disso, a formação de professores raramente contempla as especificidades do ensino bilíngue, o que compromete a mediação pedagógica eficaz", avalia. "As práticas muitas vezes desconsideram o uso de recursos visuais e acessíveis, fundamentais para a aprendizagem do aluno surdo. Também há um descompasso entre os currículos e a avaliação, que ainda seguem modelos padronizados. Isso revela a urgência de políticas que aproximem teoria e prática na educação bilíngue de surdos", completa.

Artigo
O artigo na íntegra, com acesso aberto, é voltado a professores e estudantes das licenciaturas e Linguística, aos alunos dos cursos da Saúde e Educação Especial, e a todos aqueles preocupados com a acessibilidade e a igualdade de oferta de uma educação mais justa e igualitária. 
A publicação "O ensino de Português como segunda língua (PL2) na educação bilíngue para surdos: estratégias e materiais didáticos bilíngues" faz parte da Revista Espaço, periódico do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), e pode ser acessado através do link https://bit.ly/3GDmWnd.
A segunda autora do artigo é Nanci Araujo Bento, professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Juntas, as autoras atuam no grupo de pesquisa Entre Vistas, investigando o ensino e aprendizagem de Português para surdos como segunda língua.

Pesquisa de mestrado
O conteúdo do artigo faz parte da pesquisa de mestrado de Talita Nabas, com orientação da professora Camila Höfling, do Departamento de Letras (DL) da UFSCar, que também orienta Nabas no doutorado do PPGL.
A dissertação de mestrado "O letramento visual em materiais didáticos bilíngues para surdos (Libras Língua Portuguesa): escolhas e práticas pedagógicas do professor surdo" está disponível na íntegra no Repositório Institucional da UFSCar (https://bit.ly/4kDXStZ). Mais informações podem ser consultadas com a professora Talita Nabas em seu perfil do Instagram (@talita.nabas) e pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Publicação foi feita a partir de programa de pesquisa #CasaLibras, da UFSCar

 

SÃO CARLOS/SP - As crianças surdas têm menos acesso a conteúdos culturais que as ouvintes. Isso ocorre, entre outros fatores, por conta da falta de materiais literários produzidos na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Para ajudar a preencher essa lacuna, foi desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) o programa #CasaLibras, coordenado pela professora Vanessa Regina de Oliveira Martins, docente do Departamento de Psicologia (DPsi). As atividades do programa, iniciadas na pandemia da Covid-19, são voltadas a crianças surdas e contam com a produção de materiais literários em Libras, bem como eventos virtuais interativos e em apoio às escolas. A partir dessa iniciativa, foi lançado, em formato digital, o livro "#CasaLibras - Educação de surdos, Libras e infância: ações de resistências educativas na pandemia da Covid-19". A obra reúne a produção de materiais em Libras, desenvolvidos pelo programa #CasaLibras, da UFSCar, com narrativas advindas de histórias infantis populares.
O objetivo do programa é ampliar o conhecimento cultural das crianças surdas por meio da democratização da cultura popular literária, explicam os organizadores da publicação, os professores Vanessa Martins e Guilherme Nichols e a servidora técnico-administrativa Regina Célia Torres, todos do DPsi da UFSCar.  A obra é gratuita e pode ser acessada em https://bit.ly/3z0eaYD.  
"As narrativas voltadas a crianças surdas levam em consideração a especificidade visual que a modalidade linguística da Libras traz", detalha a coordenadora do programa #CasaLibras. Ela conta que, para chegar até as crianças surdas, essas narrativas também consideram a produção discursiva com escolhas de vocabulários, na língua de sinais, que expandem a gestualidade e alguns recursos imagéticos (verbais e não verbais), de modo que seja favorecida a apropriação do conteúdo das histórias também por crianças surdas que estão em aquisição tardia de linguagem. "Mais de 90% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e acabam tendo contato com a Libras apenas na escola. Portanto, pelo desconhecimento e não uso dessa língua por seus familiares, a criança adentra à escola com um restrito uso de gestos caseiros, com uma aquisição de conteúdo e conhecimento de mundo aquém do esperado, isso por conta da aquisição tardia da Libras pela falta de interlocutores em potencial para tal desenvolvimento", relata a professora.   

O livro
O livro recebeu o nome de "#CasaLibras - Educação de surdos, Libras e infância: ações de resistências educativas na pandemia da Covid-19", porque divulga os dados e resultados de produção de ensino, pesquisa e extensão do programa, que enfoca a criação de narrativas literárias em Libras para crianças surdas. 
As atividades do programa são voltadas para a educação de surdos, produção de materiais literários em Libras e apoio às escolas inclusivas com programas bilíngues, por meio da oferta de formação e atividades lúdicas dirigidas às crianças surdas. O #CasaLibras nasceu durante a pandemia da Covid-19 por conta do isolamento social e a falta de materiais didáticos em Libras. Desde então, seus materiais têm sido usados de forma ampla e gratuita em escolas públicas de todo o Brasil, conta Martins. 
A obra é composta por artigos de professores que trabalham com o conceito de "Educação na Diferença", numa perspectiva filosófica de abordagem francesa, explica a coordenadora do programa.   
O trabalho apresenta quatro áreas de discussão. A primeira é formada por capítulos de autores que compõem a rede de estudo no campo da diferença em diálogo com as questões de inclusão, infância e surdez. No segundo tópico, o leitor encontra ações e pesquisas interligadas a crianças surdas e ao #CasaLibras. O terceiro eixo apresenta análises da abrangência nacional do programa; por fim, o livro reúne relatos de experiências da equipe da iniciativa, composta por docentes, estudantes de graduação e pós-graduação e técnico-administrativos da UFSCar. A ilustração da capa foi criada por Anderson Marques da Silva e Regina Célia Torres, ambos técnico-administrativos da UFSCar.  
"Os textos teóricos são base para o constructo epistemológico que pauta nosso programa e que pode ser material importante para docentes de alunos surdos, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação da área da filosofia da diferença, mesmo aos que trabalham com outras temáticas voltadas à infância e as ações inclusivas a grupos minoritários, bem como a gestores de escolas que precisam lidar com concepções voltadas a práticas educativas a crianças surdas e às diferenças. Além disso, o livro traz capítulos mais ensaísticos e relatos de experiência que abordam práticas desenvolvidas pela equipe do #CasaLibras, de modo que tais relatos poderão contribuir com estudantes em formação nas áreas de tradução e interpretação Libras/Língua portuguesa, Educação Especial, Imagem e Som e outras áreas transversais à Educação", detalha Martins. 

Trabalho inovador
Vanessa Martins explica por que o trabalho é inovador: "Primeiro porque não temos repositórios midiáticos livres, de grande porte, voltado a crianças surdas. Segundo porque temos poucas produções literárias com narrativas em Libras de pessoas de toda parte do Brasil, representando a comunidade surda como as construídas neste programa. E, por fim, porque temos hoje no #CasaLibras um repositório variado culturalmente e de uso gratuito, com ampla circulação e que vem sendo usada por instituições de ensino públicas do Brasil todo".
Esses materiais estão compilados no canal do #CasaLibras no Youtube (https://bit.ly/3PQotVF). "A necessidade de instrumentalizar as escolas com conteúdos literários e também de entretenimento às crianças surdas, no isolamento social, fez com que a ação ganhasse urgência de desenvolvimento", avalia a coordenadora. "Esperamos que a obra ‘viralize’ mais ações voltadas aos estudos sobre surdez, infância e diferenças", complementa. 
O livro, disponível gratuitamente no site Pedro e João Editores (https://bit.ly/3z0eaYD), recebeu financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação Especial (PPGEEs) - por estar vinculado a pesquisas da primeira organizadora, Vanessa Martins, docente do Programa. O #CasaLibras é vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

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