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ILHA DO MARAJÓ/PA - O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) informou, na terça-feira (2), que a cheia no Rio Amazonas deve ficar este ano dentro da normalidade e com menor volume de chuvas, após a seca severa que atingiu a região. O SGB divulgou hoje o primeiro Alerta do Amazonas com as previsões para as cotas máximas dos rios Negro, Solimões e Amazonas em 2024,  além de previsões climatológicas para a região.

De acordo com o Serviço Geológico, as estimativas, apresentadas com antecedência de 75 dias para o pico da cheia, têm 80% de confiabilidade.

“O último ano foi de seca severa na região da Amazônia, com grandes prejuízos para a navegação, para o setor produtivo e também para a biota aquática”, disse a diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do SGB, Alice Castilho, ao apresentar as estimativas.

O alerta de hoje integra o Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas, realizado desde 1989 pelo SGB. As áreas monitoradas abrangem os municípios de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins. A antecipação das previsões auxilia estados e municípios da região a salvaguardar a população, sobretudo as populações que vivem às margens dos rios.

Segundo o superintendente da unidade de Manaus do SGB, Marcelo Mota, os dados ajudam órgãos como ao Defesa Civil a dimensionar o volume de trabalhos e recursos necessários para enfrentar as cheias.

“Sabemos que Manaus, pelo fato de concentrar a maior população do estado na sua periferia, no entorno das bacias que são afetadas, tem muitas famílias, e a Defesa Civil e o governo precisam dessas informações para antecipar suas ações e saber o volume de recursos a serem empregados”, explicou Mota.

Previsões

De acordo com a pesquisadora de Geociências do SGB Jussara Cury, em 2024, a cheia não será de grande magnitude, com o pico ocorrendo em junho.

“Para este ano, esperamos que as cotas máximas dos rios do Amazonas fiquem muito próximas das médias históricas em Manaus e Manacapuru. Em Itacoatiara e Parintins, as projeções indicam níveis abaixo do esperado para época e sem ultrapassar a cota de inundação”, informou Jussara.

Para Manaus, a previsão é que o Rio Negro atinja nível de aproximadamente 27,21 metros (m), com a máxima de 28,01m. Nesta terça-feira, a medição do rio indicou cota de 23,73m. Pelo modelo utilizado, a probabilidade de que o rio atinja a cota de inundação em Manaus (27,50m) é de 32%. Para a cota de inundação severa (29,00m), a probabilidade é de 17,3%% e, para a cota máxima (30,02m em 2021), de 0,02%.

“A cota de cheia deste ano é considerada uma cota normal para o período. Vai ficar acima da cota de alerta, mas abaixo da de inundação”, resumiu Jussara.

Para Manacapuru, a previsão do SGB é que o Rio Solimões atinja valor de aproximadamente 18,31m, um pouco acima da cota de inundação, de 18,20m. A probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação em Manacapuru é de 58%. Para a cota de inundação severa (19,60m), a probabilidade é de 6,5%, e para a cota máxima (20,86m em 2021), de 0,02%.

“A cota de hoje é 15,13m. A previsão de cheia média é de 18,31m, acima da cota de alerta de 17,70m e um pouco acima da cota de inundação, que é de 18,20m”, disse a pesquisadora.

Em Itacoatiara, o processo de cheia do Rio Amazonas está abaixo da normalidade. A cota do rio hoje está em 10,37m. A previsão é que o Amazonas atinja um valor de cheia médio de 13,06m e máximo de 13,57m. No município, a cota de inundação é de 14m e a de inundação severa, de 14,2m.

“Não vai chegar na cota de inundação, ficou abaixo da cota de alerta e de inundação severa também. A possibilidade de superar a cota de inundação é de 29% e a de inundação severa é de 4,1%”, informou Jussara, que considera bem baixa a possibilidade de o rio ultrapassar a cota máxima já atingida, que foi 15,20m em 2021.

Em Parintins, a previsão é que o Rio Amazonas atinja valor aproximado de 7,14m, com intervalo máximo de 7,58m. A cota registrada ontem foi de 5,38m. No município, a cota de alerta é de 8m, a de inundação, de 8,43m, e a de inundação severa, de 9,3m.

“Provavelmente não vai superar nem inundação, nem inundação severa”, ressaltou a pesquisadora.

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Fatores

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Renato Senna lembrou a atuação conjunta, no segundo semestre do ano passado, do fenômeno do El Niño e da alta nas temperaturas da superfície no leste do Oceano Atlântico Norte tropical como os principais fatores para a escassez hídrica na região.

Segundo Senna, esses eventos externos geraram grandes alterações no padrão de circulação da atmosfera na Amazônia, em especial nas áreas que mais formavam nuvens na região, reduzindo consequentemente os volumes de precipitação.

“Se El Niño puxou a água do Amazonas em direção ao Oceano Pacífico, o aquecimento do Atlântico tropical Norte levou a água da Amazônia em direção ao hemisfério Norte para o mar do Caribe. Foram dois atores trabalhando e se somando para reduzir a precipitação, de forma extremamente drástica, como ocorreu no segundo semestre do ano passado em uma situação que não tínhamos registro histórico. Tínhamos registro do El Niño seguido de aquecimento do Atlântico no ano seguinte”, disse Senna.

De acordo com o pesquisador, a expectativa que é que “El Niño dê um refresco, uma amenizada” a partir de agora. “Porém, não podemos esquecer que o nosso ator importante, o Oceano Atlântico Norte, está batendo recordes de temperatura [alta]”, completou.

O mesmo prognóstico de declínio do fenômeno El Niño é feito pelo meteorologista Gustavo Ribeiro, do Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). Ribeiro levanta, porém, a possibilidade de intervenção de outro fenômeno, La Niña, que atua na diminuição da temperatura das águas do Oceano Pacífico.

“A previsão indica que El Niño está em declínio, está terminando. A previsão indica uma fase neutra, não teremos nem El Niño, nem La Niña, em uma fase relativamente curta. E os modelos climatológicos indicam um La Niña, que  potencializa as chuvas, favorece a formação de chuvas e, por consequência, mais precipitações sobre a Amazônia”, destacou Ribeiro.

Para o meteorologista, ainda é cedo para afirmar a ação desse fenômeno, que seria a partir do trimestre de junho, julho e agosto. “O prognóstico climático dos meteorologistas do Censipam, para toda a Amazônia, em abril, maio e junho é que a metade sul da região indica chuvas abaixo da normalidade. Na região em que menos chove, vai chover menos. A faixa central está dentro da normalidade e pode haver chuvas acima da média na faixa da Amazônia Oriental e nas regiões oeste e noroeste do Amazonas”, completou.

 

 

Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil

SÃO PEDRO/SP - Vizinhas e potências turísticas no Interior de São Paulo, as estâncias de São Pedro e Águas de São Pedro se uniram para proporcionar um fim de ano com atrações em dose dupla a quem visitar a região. Enfeitadas com cenários de Natal iluminados nas ruas e praças centrais e com extensa programação, as cidades, que ficam a 180 quilômetros de São Paulo e a 10 minutos de distância uma da outra pela Rodovia Geraldo de Barros (SP-304), devem receber mais 1 milhão de turistas no período.

“O turista pode esperar um dos melhores natais e ano novo do Interior de São Paulo. Os últimos meses foram de intensa capacitação conjunta entre as cidades para que toda a rede empresarial se alinhasse. Nossos hotéis e pousadas operarão com 100% da capacidade e muitos terão pacotes de Natal e Réveillon”, pontua Ronaldo Gasparelo, secretário de Turismo de São Pedro.

Localizada na encosta da Serra do Itaqueri, região turística que figura entre as mais belas do Estado, São Pedro terá o calendário da campanha Encanto de Natal aberto oficialmente em 1º de dezembro. A programação segue recheada até 7 de janeiro.  

As atrações culturais e musicais gratuitas ocorrerão no Boulevard Professora Maria do Carmo, em frente ao Museu Municipal. Nas imediações, será possível embarcar para o passeio de trenzinho que circulará pelas estâncias.

No Museu Gustavo Teixeira, os turistas poderão visitar e tirar fotos na Fábrica do Noel e ainda participar de oficinas com temas natalinos.

Presépios

Outra atração gratuita no museu de São Pedro é uma exposição internacional com cerca de 300 presépios, assinada pelo artista piracicabano Carlos Alberto Bueno de Camargo, de 66 anos. Há peças curiosas trazidas de Jerusalém, Marrocos, Espanha, China, Japão e de vários outros países. Na ala brasileira, um presépio oriundo do Amazonas, em que os personagens da Sagrada Família são retratados como indígenas, também chama atenção.

Há ainda uma peça chilena que carrega um dos menores presépios do mundo, entalhado na ponta de um palito de fósforo.

“Com lupa é possível observar melhor, é uma peça que desperta muita curiosidade. Estarão expostos também alguns presépios alternativos que eu mesmo fabriquei, confeccionados, por exemplo, em sucata, tecido, palha, com bolas de meias, cápsulas de café e bijuterias. As peças retratam a simplicidade que remete ao nascimento de Jesus”, completa o artista, que é colecionador desde os seis anos de idade.

A programação completa da Encanto de Natal, com os dias e horários de cada atração em São Pedro, deve ser acessada pelas páginas do Instagram: @encantodenatalsaopedro e @setursaopedro.

Águas de São Pedro

Cidade com o segundo melhor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado de São Paulo, Águas de São Pedro já deu start ao Natal Iluminado, que também segue até 7 de janeiro. Por lá será possível visitar a Casa do Noel, instalada no Centro de Convenções.

Em clima de festa, o município realiza Paradas de Natal com personagens que desfilam fantasiados pelas ruas enfeitadas. Shows musicais diversos também estão programados em espaços públicos.

E há ainda oficinas voltadas às crianças e contação de histórias, atividades que pessoas com deficiência poderão agendar por meio de um WhatsApp cedido pela organização do Natal Iluminado.

O calendário completo das atrações e o telefone para agendamento das visitas e oficinas podem ser acessados por meio das páginas no Instagram: @nataliluminadoaguasdesaopedro e @prefeituraaguassp.

“A ideia é que as pessoas possam participar de uma oficina aqui em nosso Museu no período da tarde e assistir a Parada em Águas no período da noite, por exemplo. Ou que passem pela Vila do Noel de Águas à tarde e assistam o Auto de Natal aqui, à noite. Esse intercâmbio de atividades fortalecerá ainda mais o Turismo em nossas estâncias”, reforça Gasparelo.

Além das programações, a decoração foi planejada em conjunto pelos municípios respeitando as características de cada um.

“Nossas cidades possuem comércios e atrativos que se complementam e isso fará com que os turistas circulem entre as duas cidades, gerando um fluxo que será muito positivo para todo o comércio de São Pedro e de Águas”, finaliza Ronaldo.

Serviço
Para mais informações sobre as atrações turísticas das estâncias ou sobre as programações natalinas, acesse: @encantodenatalsaopedro ou @setursaopedro e @nataliluminadoaguasdesaopedro ou @prefeituraaguassp.

Para se refrescar ou se aventurar, turista encontra diversas cachoeiras, rios, nascentes e piscinas na capital do turismo de aventura

 

BROTAS/SP - A primavera começa já com jeito de verão: muito calor. Em Brotas, destino de turismo de aventura no interior de São Paulo, o início da nova estação marca a abertura da temporada das águas. Afinal, nada melhor do que se refrescar na natureza. Abertas à visitação, com infraestrutura para receber o turista, são onze cachoeiras – a queda da mais alta é de 60 metros – e cada uma com um atrativo e um charme específico. Em algumas, é possível fazer rapel para adicionar emoção ao passeio.

 Além das cachoeiras, há o rio Jacaré-Pepira, um dos mais limpos do Estado de São Paulo, e que corta a área urbana de Brotas formando o Parque dos Saltos, um espaço aberto à visitação gratuitamente. É neste rio que se pratica o rafting, uma das principais atividades de aventura de Brotas, assim como boia cross. Outro ponto turístico do Jacaré-Pepira é no Bairro do Patrimônio, onde suas águas são represadas formando um lago gigante para esportes náuticos, como stand up.

Também opção para se refrescar, mas muito mais para se contemplar, é a nascente Areia que Canta, que é um fervedouro semelhante aos do Jalapão exclusiva aos hóspedes do hotel de mesmo nome.  A sensação é de se estar num oásis! E há diversas piscinas para day use, além de outras atividades turísticas, nos sete ecoparques de Brotas: Cassorova, Recanto das Cachoeiras, Viva Brotas, Poção, Eco Parque Jacaré, Sítio Pantanal e Cachoeira do Martello. Aliás, os ecoparques sempre estão agregando novidades, seja nas atividades oferecidas ou na gastronomia, o que torna o day use ainda mais interessante. O Cassorova e o Recanto das Cachoeiras, por exemplo, inauguraram recentemente novas piscinas.

Atividades na natureza não faltam. Além do rapel, rafting, stand up e boia cross, tem kayak, canoagem, flutuação, tirolesa, arvorismo, cavalgada, bike tour, treeking e quadriciclo.  Com um leque de opções assim, o calor não atrapalha quem quer se aventurar e se exercitar. Ao contrário: motiva. E várias dessas atividades também são oferecidas para as crianças, numa versão mais light, como o minirrafting. Aliás, essa é a melhor época do ano para que elas iniciem nas atividades aquáticas ao ar livre porque não há risco de sentir frio. É a dica para pais, mães, tios e avós escolherem Brotas para comemorar o Dia das Crianças com a molecada.

 

Comer, beber e passear

Quem faz tempinho que não vai a Brotas também encontrará novidades na área urbana. Uma delas é o espaço gastronômico aberto ao lado do Parque dos Saltos, com vista para o rio Jacaré-Pepira. Lá funcionam dois restaurantes – Kanoas Bar Brotas e Santa Cruz – e o Espaço do Pastel. Num ambiente muito descontraído, com árvores e iluminação caprichada, é possível degustar as delícias ouvindo o barulhinho bom das corredeiras do Jacaré-Pepira.

Em Brotas, o centrinho para comer e passear é Avenida Mario Pinoti, que inclusive atravessa o Parque dos Saltos. A via concentra restaurantes, bares, cafés, lojinhas, sorveterias e operadoras de turismo. Lá também fica o Alameda Catharina, o “shopping” de Brotas e que tem tudo para as famílias, e o charmoso Cine São José. Também é nessa via que está o Saint Spa, uma das novidades da cidade e que funciona para day use.

Ainda dentro da cidade, mas no extremo oposto do rio Jacaré-Pepira fica o CEU (Centro de Estudos do Universo), indicação certeira para diversão noturna de adultos e crianças. É considerado um dos observatórios mais completos do Brasil. Pelos potentes telescópios do observatório é possível explorar planetas e nebulosas, além de visitar o museu de astronomia do local.

Para os adultos, outra atração são as cervejarias artesanais. Nos últimos tempos, Brotas tem demonstrado também vocação para a produção deste tipo de bebida. Atualmente, são cinco cervejarias sediadas no município e que conquistam os turistas. Além da tradicional e premiadíssima Brotas Beer, agora o município conta também com a Aventura Líquida, Casa das Minas, Cultiva e Limonis Beer. A Brotas Beer tem, inclusive, um bar anexo onde é servida a cerveja e o chope da marca. Mas a Aventura Líquida, Casa das Minas e Cultiva também abrem para degustação.

IRAQUE - Suas águas foram célebres no jardim do Éden, na Suméria e na Babilônia. Mas no Iraque de hoje, o Tigre está morrendo. Entre as atividades humanas e as mudanças climáticas, a agonia do rio ameaça acabar com a vida que se implantou às suas margens há milhares de anos.

Desde abril, as temperaturas superam os 35 ºC e as tempestades de areia se sucedem, cobrindo com uma fina camada alaranjada máquinas, animais e seres humanos.

O verão é infernal para os iraquianos, quando os termômetros chegam aos 50ºC e há cortes de eletricidade.

O Iraque se tornou um dos cinco países no mundo mais expostos às consequências das mudanças climáticas, segundo as Nações Unidas.

E o Tigre, que corta o Iraque, está ficando sem força, devido à falta de chuvas, mas também às represas, como as da Turquia, onde tem origem.

Um correspondente da AFP percorreu as margens do rio para constatar o desastre que representa para os habitantes mudar sua forma de vida.

 

- Faysh Khabur (norte): com a represa, "a água diminui dia a dia" -

O percurso iraquiano do Tigre começa nas montanhas do Curdistão, no entroncamento entre o Iraque, a Síria e a Turquia. Aqui, as pessoas ganham a vida cultivando batatas e criando ovelhas.

Em Faysh Khabur, "nossa vida depende do Tigre", explica Pibo Hassan Dolmasa, de 41 anos, de pé com suas bombachas empoeiradas.

"Todo o nosso trabalho, nossa agricultura, depende dele", mas "há dois ou três anos", a situação vem piorando. "A água diminui dia a dia", afirma, enquanto "antes, a água saía a cântaros".

As autoridades iraquianas e os agricultores curdos acusam a Turquia de reter a água com as represas construídas rio acima.

As estatísticas oficiais confirmam: o nível da água do Tigre este ano, em sua chegada da Turquia, tem apenas 35% do volume médio que fluiu para o Iraque nos últimos 100 anos.

Quanto mais se retém água, mais diminui sua vazão e menos chega ao Iraque ao longo dos 1.500 km que o rio percorre antes de se unir ao Eufrates para formar o Chatt al-Arab, confluência dos dois rios, e chegar ao Golfo.

Este tema é fonte de atrito entre os dois países: Bagdá pede regularmente a Ancara que libere mais água e, em resposta, o embaixador turco no Iraque, Ali Riza Güney, pediu em julho aos iraquianos que "usem a água disponível de forma mais eficiente".

A água é largamente desperdiçada no Iraque, acrescentou em um tuíte.

Os especialistas lhe dão razão e falam de métodos irracionais: como na época dos sumérios, os agricultores iraquianos continuam inundando seus campos para regá-los, o que provoca enormes perdas de água.

 

- Diyala (centro): De deslocados pela guerra a deslocados pela água -

Em alguns locais, parecem simples poças, mas os pequenos acúmulos de água no leito do rio Diyala são tudo o que resta desta confluência do Tigre no centro do Iraque, sem as quais não é possível nenhum cultivo na província.

Este ano, devido à seca, as autoridades reduziram à metade as áreas cultivadas em todo o país. E como em Diyala não há água suficiente, não haverá cultivos.

"Seremos obrigados a abandonar a agricultura e vender nossos animais", lamenta Abu Mehdi, um fazendeiro de 42 anos com bigode preto e cafetã branco.

"Fomos deslocados pela guerra" contra o Irã, na década de 1980, "e agora seremos deslocados pela água. Sem água, absolutamente não podemos viver nestas áreas", diz.

O homem tentou encontrá-la por seus próprios meios. "Vedemos tudo, nos endividamos para cavar poços. Cavei poços de 30 metros, (mas) foi um fracasso".

Daqui até 2050, "um aumento da temperatura de um grau Celsius e uma diminuição das precipitações de 10% causarão uma redução de 20% da água doce disponível" no Iraque, alertou o Banco Mundial no fim de 2021.

Então, cerca de um terço das terras irrigadas não terão água.

A escassez de água, os desafios para a agricultura e a segurança alimentar fazem parte dos "principais motores das migrações rurais para zonas urbanas" no Iraque, advertiu em junho a ONU e várias ONGs.

No fim de março de 2022, mais de 3.300 famílias tinham sido deslocadas por "fatores climáticos" em dez províncias do centro e do sul do país, segundo um relatório de agosto da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"A migração climática já é uma realidade no Iraque", afirmou a OIM.

 

- Bagdá: "depósitos de areia" e resíduos na margem -

Neste verão, em Bagdá, o nível do Tigre era tão baixo que a AFP filmou jovens jogado voleibol no meio do rio, com a água apenas na altura da cintura.

Isto se deve aos "depósitos de areia", explica o Ministério de Recursos Hídricos. Com uma vazão tão fraca que não consegue arrastá-los curso abaixo, estes depósitos se acumulam no fundo e o rio, onde os moradores da capital lançam suas águas usadas, não consegue desaguar.

Não faz muito tempo, o governo enviava máquinas para dragar a areia dos leitos, mas agora, por falta de recursos, estas funcionam escassamente.

A consciência ambiental do governo e da população é "frágil", mesmo que "todo iraquiano sinta a mudança climática, que se traduz em temperaturas em elevação, uma diminuição das precipitações, uma queda do nível da água, tempestades de areia", diz a militante ambientalista Hajer Hadi.

Com sua ONG, Clima Verde, a jovem percorre escolas e universidades para introduzir os jovens na ecologia e nos efeitos das mudanças climáticas em seu país.

Para ela, é uma necessidade pouco atendida pelo governo iraquiano, que precisa gerir uma crise política e econômica depois de anos de guerra.

 

- Ras al Bisha (sul): terra salgada e palmeiras com sede -

"Você vê essa palmeira? Está com sede", diz Molla al Rashed, apontando para uma dezena destas árvores. "Precisam de água. Vou regá-las vaso a vaso? Com uma garrafa?", pergunta-se este agricultor de 65 anos.

A situação é similar no palmeiral vizinho, onde se vê apenas o esqueleto de árvores decapitadas. "Não há água doce, a vida acabou", diz o homem, com um keffiyeh bege cobrindo-lhe a cabeça.

Ras al Bisha fica nos confins de Iraque, Irã e Kuwait, onde o Chatt al-Arab, o principal canal do delta comum do Tigre e do Eufrates, desemboca no Golfo.

Por causa da baixa vazão, a água do mar engole e escala o curso do Chatt al-Arab. A ONU e os agricultores denunciam o impacto desta salinização no solo e as repercussões sobre os rendimentos agrícolas.

Para dar água para seu gado, Molla al Rashed precisa comprar de caminhões-cisterna. Inclusive os animais selvagens se aventuram nas casas buscando algumas gotas, conta este homem.

"Meu governo não me abastece com água", diz. "Quero água, quero viver. Quero plantar, como meus ancestrais", desespera-se.

 

- Chatt al-Arab (sul): a água salgada dificulta a pesca -

Iluminado pela luz rosada do poente, com os pés descalços em uma barca que empurra como um gondoleiro veneziano com ajuda de um bastão, Naim Haddad volta de um dia de pesca em Chatt al-Arab.

Perto de Basra, a metrópole meridional do Iraque, Naim exibe um saco cheio de peixes.

"De pais a filhos, dedicamos nossas vidas à pesca", resume o homem quarentão de barba grisalha. A pesca é o único sustento para sua família de oito pessoas.

"Sem salário do governo, sem subvenções", diz.

Mas a salinização do entorno provoca estragos. "No verão, temos água salgada, a água do mar sobe e chega até aqui", explica.

No começo de agosto, a taxa de salinidade no Chatt al-Arab, ao norte de Basra, era de 6.800 partes por milhão (ppm), anunciaram as autoridades locais.

A princípio, a água doce não ultrapassa as 1.000 ppm, segundo as normas do Instituto Americano de Geofísica, que descreve como água "moderadamente salgada" entre 3.000 e 10.000 ppm.

Consequentemente, algumas espécies de peixes de água doce, como as carpas, muito apreciadas pelos pescadores, desaparecem do Chatt al-Arab e são substituídas por outras que costumam viver em alto-mar.

"Se a água doce diminui, a pesca e nosso sustento diminuem", lamenta Haddad.

No seu caso, ele não pode migrar para a pesca em alto-mar porque seu barco não é preparado para resistir às ondas do Golfo.

E, sobretudo, já viu pescadores suficientes interceptados por oficiais iranianos e kuwaitianos, argumentando que ultrapassaram ilegalmente suas fronteiras marítimas.

 

 

AFP

BONITO/MS - Se o Centro-Oeste brasileiro não teve a sorte de ter praias bem na porta de casa, o Mato Grosso do Sul fez de seus rios de águas, exageradamente, claras sua atração mais famosa.

A quase 300 km de Campo Grande, as cidades de Bonito e Jardim repousam sobre um mundo subterrâneo de águas que se infiltram por fraturas de rochas e retornam à superfície em forma de nascentes e rios perenes.

Em outras palavras, prepare-se para mergulhos em alta visibilidade, rios que serpenteiam áreas protegidas e até uma lagoa que a gente nem sabe onde vai dar.

 

Bonito (Mato Grosso do Sul)

Considerada uma das capitais nacionais do ecoturismo, essa região na Serra da Bodoquena conta com cerca de 32 modalidades diferentes de atividades turísticas em 40 atrações oficiais.

Mas o que impressiona por ali é a transparência de suas águas.

“No Brasil, dificilmente, você vai encontrar rios com pouca profundidade para mergulho e visibilidade superior a dez metros como em Bonito”, descreve João Gomes da Silva, mergulhador que atua no destino.

A explicação é a localização da própria região, encravada entre rochas calcárias de 550 a 600 milhões de anos que garantem uma cristalinidade à água, “vista em poucos lugares do mundo”, compara o biólogo Thyago Sabino.

O calcário é o responsável pela sedimentação das impurezas presentes nos rios da região, funcionando como uma espécie de filtro natural daquelas águas que seguem por corredores subterrâneos.

“É um lugar extremamente privilegiado, biologicamente, falando. O Planalto da Bodoquena faz a divisa para a Planície do Pantanal, então a gente recebe também influência desse bioma. Isso gera um potencial de diversidade biológica incrível”, descreve Thyago.

O único inconveniente para quem vem de fora é a água mais alcalina da região, o que significa passar alguns dias com a sensação de pele gordurosa.

 

O que fazer em Bonito

FLUTUAÇÃO

Para fazer as famosas flutuações nos rios bonitenses não é preciso saber nadar, muito menos se apavorar. Basta seguir a correnteza da água, equipado com colete, máscara e snorkel.

A mais famosa delas é a da Nascente Sucuri, na antiga sede da fazenda São Geraldo, uma área com mais de oito mil hectares, onde é possível flutuar por 1.800 metros do rio Sucuri, considerado o “mais cristalino do Brasil”.

Já a flutuação mais longa (2,6 km de extensão) é feita em Jardim, cidade a quase 50 quilômetros de Bonito, entre os rios da Prata e Olho d’Água.

Assim como no Sucuri, a experiência no Rio da Prata começa com uma trilha por mata preservada e segue com flutuação em águas, exageradamente, cristalinas.

Em ambas atividades, o visitante é acompanhado por um guia de turismo e um barco de apoio.

 

ABISMO ANHUMAS

Essa atração é uma das mais radicais em todo o destino, localizada em uma caverna alagada com entrada e saída verticais.

Considerada uma das maiores cavernas submersas do Brasil, essa formação tem acesso obrigatório por um rapel negativo (quando os pés não têm ponto de apoio), cujo sistema de elevação com cabos de aço e um motor elétrico não exige nenhum esforço do visitante.

Até seu lago interior são 72 metros de altura, o equivalente a um edifício de 26 andares, onde é possível fazer flutuação com colete e mergulho com cilindro.

 

MERGULHO

Para ver aquilo tudo por mais tempo, o Rio da Prata oferece também mergulhos de cilindro a até sete metros de profundidade.

Os serviços, pagos à parte, incluem batismo (experiência guiada para quem não é certificado) e mergulho para quem tem certificação.

Mas se você quer ter uma das experiências do gênero mais impactantes, a dica é a Lagoa Misteriosa, em Jardim.

Além de flutuações sobre essas águas de profundidade desconhecida, a Lagoa Misteriosa tem mergulhos com cilindro que vão de 8 a 60 metros.

Seja qual for o seu grau de experiência, a sensação por ali é a de despencar em um abismo de águas com fortes tons azulados, cujas copas das árvores do lado de fora podem ser vistas, a 40 metros de profundidade.

 

 

Viagem em Pauta

BRASÍLIA/DF - Foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (17) a Portaria 439/21, do Ministério do Meio Ambiente, que cria o Programa Rios + Limpos, último eixo da Agenda Ambiental Urbana. A partir da disponibilização de dados sobre a qualidade das águas e efluentes em uma plataforma digital, o objetivo do programa é contribuir para a melhoria da gestão de efluentes e saneamento básico em todo o país.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, que lançou a iniciativa ontem no Mato Grosso, esse sistema vai oferecer mais transparência para os usuários e gerar incentivo a melhorias operacionais, além de aprimorar a orientação de ações de fiscalização pelos órgãos ambientais e agências reguladoras, com instrumentos para verificação das metas de desempenho.

A iniciativa vai permitir ações de despoluição dos rios, incentivar a limpeza e coleta de lixo em rios, lagos, lagoas e praias fluviais, além da implementação de sistemas de tratamento descentralizado de efluentes em áreas não atendidas pelos sistemas tradicionais, bem como a promoção de projetos que visem o reuso de efluentes no país.

Ainda segundo o MMA, a plataforma para informatização dos dados de saneamento, inserida entre as ações do Marco Legal do Saneamento Básico, permitirá uma regulação mais robusta e fiscalização mais ágil e, com isso, melhores serviços prestados aos cidadãos. O novo Marco do Saneamento prevê atração de investimentos de R$ 700 bilhões e geração de mais de 700 mil postos de trabalho.

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