Jornalista/Radialista
Município recebeu selo do INPI que reconhece a origem e marca nova etapa para a economia local
TORRINHA/SP - O café do município de Torrinha passou a integrar o grupo de regiões brasileiras com Indicação Geográfica (IG). O reconhecimento foi oficializado em solenidade realizada na quarta-feira, 10 de dezembro, com a entrega do certificado de Indicação de Procedência concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O evento reuniu produtores rurais, lideranças locais e representantes das instituições que atuaram na construção do reconhecimento, entre elas o Sebrae-SP, a Prefeitura Municipal e a Associação dos Produtores de Café Natural do Bairro do Paraíso do Alto de Torrinha (Cafenato), entidade responsável pelo selo.
No Brasil, existem 17 microrregiões reconhecidas com Indicação Geográfica para o café arábica, sendo seis no Estado de São Paulo. Com o reconhecimento, Torrinha consolida uma tradição cafeeira iniciada no século XIX e mantida por gerações de agricultores familiares.
Para a gerente regional do Sebrae-SP Ariane Canellas, a Indicação Geográfica representa um marco para o desenvolvimento do município. “Esse reconhecimento é resultado de anos de trabalho coletivo e inaugura uma nova fase, que envolve a manutenção da qualidade do café, o fortalecimento da gestão das propriedades e a integração entre o meio rural e urbano, inclusive com impacto positivo no turismo”, afirmou.
A certificação teve como base o tradicional concurso de qualidade do café promovido pelo Sindicato Rural de Torrinha, referência técnica incorporada ao caderno de especificações do INPI. Neste ano, 83 amostras participaram da avaliação. Destas, apenas 39 atingiram pontuação superior a 80 pontos na tabela da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), requisito mínimo para o uso do selo. Ao todo, 22 amostras cumpriram integralmente as exigências técnicas e documentais e já estão autorizadas a utilizar o Selo da Indicação de Procedência do Café de Torrinha, que deve ser renovado anualmente.
O chefe da Casa da Agricultura de Torrinha e presidente do Sindicato Rural, Ricardo Cassola, destacou que a certificação valorizou o trabalho dos produtores locais. “O selo comprova que o café de Torrinha tem qualidade diferenciada e deixa de ser tratado como commodity, agregando valor à produção da agricultura familiar”, disse.
Ao longo da trajetória, o processo envolveu capacitações técnicas, concursos de qualidade, organização produtiva e fortalecimento da governança local. A coordenadora do Senar e engenheira agrônoma Renata Rodrigues de Almeida Farias Cassola ressaltou o reconhecimento do trabalho desenvolvido no território. “A Indicação Geográfica reconheceu anos de dedicação dos produtores e contribui para garantir renda, permanência no campo e sucessão rural”, afirmou.
O prefeito de Torrinha, Ari Rodolfo Buzato, destacou os impactos econômicos e turísticos do reconhecimento. “A Indicação Geográfica confirma a excelência do nosso café e já traz retorno para o município, tanto na valorização do produto quanto na atração de visitantes que vêm a Torrinha em busca dessa experiência”, declarou.
Presidente da Cafenato, Mateus Spigolon reforçou o papel da associação na construção coletiva do selo. “Esse reconhecimento coroou mais de duas décadas de trabalho dos produtores organizados e fortaleceu a identidade do Café de Torrinha como produto de origem e qualidade reconhecidas”, afirmou.
Entre os cafeicultores, a certificação do INPI foi recebida como oportunidade de expansão e valorização do café no mercado. O produtor Marcelo Dionísio, premiado no concurso de qualidade de 2025, destacou a abertura de novos mercados. “A Indicação Geográfica agrega valor ao café, amplia o acesso a mercados diferenciados e fortalece a renda do pequeno produtor”, disse.
A secretária de Desenvolvimento Econômico e Políticas de Empreendedorismo de Torrinha, Maria Lúcia Baltieri, falou sobre os reflexos em toda a cadeia produtiva. “O selo reconhece 140 anos de história do café no município e impulsiona a agricultura, o comércio, o turismo e os serviços”, afirmou.
A trajetória também contou com forte participação comunitária. O padre Nilton Antônio Marques acompanhou o processo desde os primeiros anos da Cafenato e destacou o caráter coletivo da conquista. “A Indicação Geográfica coroou um trabalho construído com união, associativismo e compromisso comunitário, abrindo caminho para o desenvolvimento do município”, disse.
O Sebrae-SP atuou de forma estratégica desde o diagnóstico do potencial do território até a elaboração e o depósito da documentação junto ao INPI, com apoio técnico e financeiro. Para o consultor de negócios do Sebrae-SP Luís Adriano Alves Pinto, o reconhecimento fortalece a identidade local. “A certificação amplia a visibilidade do território e oferece aos produtores um diferencial competitivo ao reconhecer a história, a qualidade, o saber e o modo de fazer do café de Torrinha”, afirmou.
Com a entrega oficial do certificado, Torrinha inicia uma nova etapa voltada à qualificação contínua dos produtores, à consolidação da governança da Indicação Geográfica e ao fortalecimento do Café de Torrinha nos mercados estadual, nacional e internacional.
SÃO CARLOS/SP - A Santa Casa de São Carlos alerta pacientes e acompanhantes sobre a grande quantidade de documentos e objetos pessoais esquecidos nas dependências do hospital. Os itens mais comuns são documentos, como RG, certidão de nascimento e carteira de habilitação, além de relógios, carteiras e óculos de grau.
Somente ao longo de 2025, foram contabilizados, em média, entre 300 e 400 pertences deixados por pacientes e acompanhantes. Diante desse número expressivo, a instituição reforça a importância de que as pessoas façam a conferência de seus documentos e objetos pessoais ao deixarem o hospital.
A Santa Casa mantém os pertences encontrados devidamente guardados por um período médio de até seis meses. Antes desse prazo, a equipe realiza tentativas de contato com os proprietários, utilizando os dados cadastrais do paciente ou do acompanhante, para informar sobre a localização dos itens, especialmente quando há documentos identificáveis.
Ao perceber a falta de algum documento ou objeto pessoal, a orientação é procurar a Supervisão de Internação, localizada no SMU (Serviço Médico de Urgência). Caso a ausência seja notada posteriormente, já em casa, também é possível entrar em contato com a instituição pelos telefones (16) 3509-1137 ou (16) 3509-1100.
SÃO CARLOS/SP - Uma operação de fiscalização realizada pela Guarda Municipal resultou na prisão de um homem procurado pela Justiça na manhã de quarta-feira (17), na Avenida Trabalhador São-carlense, região da Rodoviária de São Carlos.
Segundo informações oficiais, equipes da Guarda faziam patrulhamento preventivo no local, conhecido pelo grande fluxo de pessoas, quando observaram um grupo em comportamento considerado suspeito. Durante as abordagens, não foram encontrados objetos ilegais com os indivíduos.
No entanto, ao realizar a verificação dos dados de um dos abordados nos sistemas integrados de segurança pública, os agentes constataram que havia um mandado de prisão em vigor contra o homem, de 33 anos, por crime previsto no artigo 33.
Após a confirmação da pendência judicial junto às bases do Sinesp, Muralha Paulista e BNMP, o suspeito recebeu voz de prisão e foi conduzido ao CPJ. A autoridade de plantão ratificou a detenção, determinando o encaminhamento do indivíduo ao Centro de Triagem de São Carlos.
A Guarda Municipal reforçou que ações de patrulhamento e abordagens preventivas continuam sendo realizadas em pontos estratégicos da cidade para garantir a segurança da população.
SÃO PAULO/SP - A Justiça de São Paulo determinou que a USP (Universidade de São Paulo) cancele um concurso para docente em literaturas africanas em língua portuguesa. A vaga foi aberta em 30 de setembro após o edital anterior ter sido anulado por suspeição da banca.
Érica Bispo, aprovada para o posto em novembro de 2024, teve sua nomeação revogada em março deste ano por supostamente manter relação de amizade com duas professoras que avaliaram sua entrada na universidade.
Ela nega a acusação e afirma ter sido alvo de racismo por ser a última candidata preta naquela concorrência. O caso foi levado ao Tribunal de Justiça paulista.
Em decisão de segunda-feira (15), o juiz Marcelo Semer, da 10ª Câmara de Direito Público, entendeu ser necessário suspender o novo processo seletivo porque eventual decisão favorável à Bispo poderia gerar consequências para o novo concurso -já em fase de homologação das inscrições.
A USP argumenta que a decisão pela anulação do primeiro edital foi baseada em provas e passou pelo seu órgão máximo, o Conselho Universitário.
O recurso contra o processo seletivo foi solicitado por um grupo de seis concorrentes. Segundo eles, a mulher seria incapacitada para exercer a função pretendida e teria ganhado notas altas injustificadas pela intimidade com a banca.
Para comprovar sua teoria, eles juntaram fotos nas quais a então aprovada aparecia em grupos com as professoras. Numa dessas imagens, a legenda dizia "entre amigos é muito bom".
Bispo afirma que os especialistas em literaturas africanas no Brasil não são muitos e seria comum o encontro em congressos do tema.
Uma das concorrentes a ter questionado a banca foi Larissa Lisboa, professora da UFLA (Universidade Federal de Lavras). Segundo ela, a seleção foi toda problemática e o desempenho da aprovada foi questionável, sendo as fotos "a prova de que algo estava errado".
Lisboa também questiona a versão compartilhada por Bispo de que o recurso teria viés discriminatório. "Isso me fere profundamente, eu também sou uma mulher negra. No concurso em questão, me autodeclarei assim", diz Lisboa, que não aderiu às cotas para docentes pretos, pardos e indígenas no edital em questão.
Para a Procuradoria da USP, as imagens apresentadas foram o bastante para comprovar a relação íntima entre Bispo e as professoras e anular o concurso.
Em seu parecer, o órgão rechaçou que o desempenho da candidata tenha sido superior por algum favorecimento e não comentou sobre sua capacidade para o cargo, mas disse ter constatado nas imagens analisadas "contexto suficiente para se reconhecer a afetuosidade entre a candidata indicada e as professoras".
A versão foi acatada pelo Conselho Universitário, em 18 de março, com 59 votos a favor e 1 contrário, além de quatro abstenções.
Ocorre que, em meio aos trâmites na USP, o Ministério Público de São Paulo também analisava o caso. Em seu parecer, ele contrariou a universidade e afirmou não ter sido "evidenciada a atuação dolosa de qualquer agente público", citando as docentes.
O documento foi entregue aos membros da banca, à direção da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), responsável pelo concurso, e à reitoria, mas já após a apreciação do caso no Conselho Universitário.
Para Bispo, a versão da Promotoria prova que a anulação do processo seletivo foi injusta. Por isso, ela e seus advogados buscam a reversão da decisão na Justiça.
QUEM É ÉRICA BISPO
Érica Cristina Bispo é graduada em letras pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e doutora em literaturas portuguesa e africanas, com pós-doutorado em literatura guineense. Ela é professora de literatura e língua portuguesa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro desde 2015.
Várias entidades, como a Associação de Escritores da Guiné-Bissau e o Congresso Internacional de Literaturas e Culturas Africanas, publicaram notas em seu apoio.
"Nem se precisa revisar de frente para trás o curriculum lattes de Érica Bispo para se confirmar a sabedoria majestosa em suas falas-conferências, palestras, comunicações orais, sempre pautada em uma seriedade exemplar diante de seu legado como profunda estudiosa das epistemologias africanas no Brasil", afirma o Congresso.
O advogado de Bispo, Raphael de Andrade Naves, diz que a decisão da Justiça de anular o novo edital para professor de literaturas africanas "É um sinal claro de que o judiciário está atento à complexidade do caso".
por Folhapress
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