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PARIS - Todos os anos, os incêndios florestais na Europa são mais violentos e se estendem por um período mais longo, como na ilha grega de Rodes, onde desencadearam uma operação de evacuação de turistas sem precedentes.

Em 2018, 117.356 hectares, mais de dez vezes a área de Paris, viraram fumaça na União Europeia. Em 2019 foram 295.835, em 2020 chegaram a 339.824 e em 2021 subiram para 470.359.

No ano passado, em 2022, mais de 785 mil hectares foram destruídos, segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis) e do programa europeu de mudanças climáticas Copernicus.

O ano de 2017, no entanto, continua sendo o mais devastador na UE desde a criação do Effis (no ano 2000), com 988.087 hectares de vegetação destruídos. Estes são os maiores incêndios recentes:

 

- 2023: Incêndios na região de Estremadura, Espanha -

No final de maio, quando o verão ainda não havia chegado, uma área de quase 12 mil hectares (mais que a de Barcelona) já estava reduzida a cinzas na região da Estremadura, no oeste da Espanha.

Além da acentuada falta de chuvas, a temperatura atingiu um recorde absoluto para o mês de abril na Espanha continental (38,8 ºC).

 

- 2022, pinheiros queimados em Gironde (França) -

Grandes incêndios devoraram 30 mil hectares de florestas em La Teste-de-Buch e na região de Landiras e Hostens, no sudoeste da França, no verão. No total, houve cerca de 600 incêndios e 48.000 pessoas tiveram que ser retiradas.

A Espanha foi afetada no ano por quase 500 incêndios e mais de 300.000 hectares queimados (mais do que a área do Luxemburgo), segundo o Effis.

 

- 2021, incêndios na Grécia e Itália -

No início de agosto, a Grécia registrou temperaturas escaldantes. Em duas semanas, mais de 46.000 hectares de florestas viraram fumaça na ilha de Evia, 80 quilômetros a leste de Atenas.

Juntamente com os incêndios no Peloponeso e nos arredores da capital, um total de mais de 100.000 hectares queimou durante um verão. Centenas de casas, florestas de pinheiros e olivais foram queimados, assim como centenas de animais.

Paralelamente, uma onda de calor causada pelo anticiclone "Lúcifer" afetou toda a Itália. Na Calábria e na Sicília houve centenas de incêndios. Mais de 150.000 hectares foram destruídos na península ao longo do ano.

 

- 2017, ano sombrio em Portugal -

No dia 17 de junho, em meio a uma intensa onda de calor, ocorreu um gigantesco incêndio florestal em Pedrógão Grande, na região de Leiria, no centro de Portugal. As chamas, alimentadas por ventos muito fortes, arrasaram cerca de 24.000 hectares de serras de pinheiros e eucaliptos durante cinco dias.

Foi o incêndio mais mortal da história de Portugal, com 63 mortos, a maioria pessoas que ficaram presas em seus veículos quando tentaram fugir.

Após uma nova onda de incêndios em meados de outubro, o número de mortos em incêndios florestais subiu para um total de 117 naquele ano.

 

- 2010, incêndios em Moscou -

Em julho e agosto, mais de um milhão de hectares foram devastados por incêndios na região de Ryazan (200 km a sudeste de Moscou), na própria Moscou e em Nizhny Novgorod, além da república da Mordóvia.

A capital russa estava coberta de fumaça. No total, cerca de 60 pessoas morreram e quase 200 cidades foram destruídas.

 

 

AFP

RIO DE JANEIRO/RJ - O primeiro Congresso Nacional de Manguezais (ConMangue) começou na segunda-feira (17), em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, com alertas sobre as condições do mar e da necessidade de estancar o processo de degradação das águas. Na abertura do encontro, o coordenador Nacional da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos e Comunidades Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem), Flávio Lontro, disse esperar que o somatório de vozes faça um coro para que empresários e governos consigam ouvir o apelo de que o mar está morrendo.

“A previsão de futuro que a gente projeta são as piores possíveis, porque se a coisa for do jeito que está, a Terra vai virar um deserto e o mar vai ser inavegável. Para nós que dependemos do mar para trabalhar e fazer o nosso dia a dia vai ser muito ruim”, alertou.

Lontro adiantou que pretende encaminhar uma proposta ao prefeito de Niterói, Axel Grael, para que seja criada uma matéria nas escolas que ensine os conceitos de preservação ambiental aos estudantes. Ele sugere ainda que o prefeito encaminhe a proposta a outros prefeitos do país.

“Tomara que o ConMangue start [comece] essa coisa toda. Vou reforçar com o prefeito para ver se consigo sensibilizá-lo para inserir a grade de meio ambiente nas escolas para formar as crianças para podermos mudar um pouco o panorama futuro, também tenho filhos e netos e não é isso que quero deixar para eles”, disse.

O presidente da Guardiões do Mar e coordenador-geral do Projeto Do Mangue ao Mar, Pedro Paulo Belga, lembrou que a ONG foi criada para provar que a Baía de Guanabara estava viva, e ao longo do tempo vem realizando ações para garantir a qualidade dos manguezais da região.

“É intenção com este congresso que nos próximos dias possamos ver o quanto os manguezais [são resilientes], mas nós também somos resilientes. Precisamos juntar nesses quatro dias a academia, o poder público, as unidades de conservação, as ONGs e os povos da pesca. Acho que daqui vão sair grandes ideias, porque estamos trabalhando e falando com todos que vivem no manguezal e do manguezal.

Pedro Belga informou que em uma década, de 2013 a abril de 2023, em projetos desenvolvidos pelas instituições, foram plantadas 120 mil árvores nos mangues da Baía de Guanabara. “Nós plantamos 33 árvores por dia, mil árvores por mês, 12 mil árvores por ano e chegamos a marca de 120 mil árvores plantadas na Baía de Guanabara”, revelou.

O biólogo lembrou que a preservação dos mangues influencia até a socioeconomia. “A gente não plantou só para a Baía de Guanabara, plantamos para o mundo, porque os mangues são sequestradores de carbono, geram sociobiodiversidade, fomentam a socioeconomia, então, a minha gratidão a todos vocês que estão aqui hoje”.

Segundo Pedro Belga, a maior faixa contínua de manguezais conservados do estado do Rio de Janeiro está na Baía de Guanabara. “São milhares de famílias de pescadores artesanais, de catadores de caranguejo e quilombolas que vivem neles e deles, e, por isso, nós cuidamos deles há tanto tempo. Nos últimos 25 anos, a Guardiões do Mar dedicou boa parte de seus trabalhos na conservação e na recuperação desses ambientes. Além disso, trabalhamos a educação ambiental para que as pessoas entendam a real importância dos manguezais, e que mesmo estando longe deles, morando na serra, por exemplo, elas podem de forma positiva ou negativa impactar esse ecossistema”, disse.

A diretora do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ana Paula Prates, informou que entre as prioridades da pasta para a política que trata da mudança de clima no Brasil está a formulação de medidas de conservação dos manguezais.

“Trabalhar fortemente com ações de conservação para os ambientes mais vulneráveis à mudança do clima e ao mesmo tempo os ambientes que nos auxiliam no combate a essas mudanças, como é o caso dos manguezais e recifes de corais. Dentro das nossas prioridades está a construção de uma estratégia nacional para conservação e uso sustentável dos manguezais do Brasil. Queremos completar até o ano que vem, e contamos muito com esses espaços como o Congresso e com toda essa participação, principalmente, dos movimentos sociais como a Confrem que está aí representada”, disse por meio de vídeo.

A gerente setorial de Responsabilidade Social da Transpetro, Juliana Assis, disse que a participação dela no encontro reafirma o diálogo da empresa com comunidades tradicionais relacionadas à pesca da região. “Participar do primeiro Congresso Nacional de Manguezais é reafirmar nosso diálogo e relacionamento com as comunidades tradicionais de pescadores artesanais, caiçaras, catadores de caranguejo e quilombolas. Temos várias ações previstas, o que inclui atividades de limpeza nas baías de Guanabara e Sepetiba e outras iniciativas que vão além da pesca, como as oficinas de turismo, previstas para começarem no ano que vem, e a formação de multiplicadores adolescentes para replicar conhecimento sobre educação ambiental”, disse ao apresentar as linhas de atuação socioambiental da companhia, voltadas ao desenvolvimento humano e social das comunidades onde atua.

O prefeito de Niterói, Axel Grael, comemorou o fato do ConMangue ocorrer na cidade. “Realizar o Congresso Nacional de Manguezais em Niterói é uma iniciativa que tem tudo a ver com nossas políticas públicas que ajudam a preservar nosso meio ambiente e nosso ecossistema. Vamos incluir a sociedade no debate em torno desses ambientes que estão em constante modificação e integram importantes berçários de nossa fauna”, disse em mensagem.

O prefeito não participou da abertura do encontro porque viajou a Cabo Frio por causa da morte do prefeito da cidade José Bonifácio, 78 anos de idade, vítima de câncer de fígado.

Certificado

Antes de começar, o ConMangue, que é produzido pela ONG Guardiões do Mar, por meio do Projeto Do Mangue ao Mar, em convênio com a Transpetro, recebeu o Selo Prima Consciência Climática. “A certificação de neutralização de carbono resulta de um levantamento de todas as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa, previstas durante o evento, bem como garante, a partir de um cálculo seguro, a compensação ambiental do carbono emitido”, informaram os organizadores.

Para reduzir os impactos gerados, a Guardiões do Mar plantará mudas de mangue em uma área de um hectare da APA de Guapi-Mirim.

 

 

Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil

BIG ISLAND - Os mistérios de Big Island, a maior ilha do Havaí, começam logo na descida do avião. Da janelinha, avistamos a pista de aterrissagem cercada por rochas vulcânicas gigantes. E já em terra firme, desembarcamos no charmoso aeroporto da cidade de Kona, praticamente construído ao ar livre.

A ilha no Pacífico parece mesmo um mundo à parte. A quase 4 mil quilômetros da Califórnia, o voo de Los Angeles leva cinco horas. Aqui, pouco se escuta "thank you" ou "hello". É "mahalo" e "aloha". Os locais também veneram Pele e isso não tem nada a ver com futebol. Pele é a deusa dos vulcões e está, neste exato momento, em plena atividade.

Uma erupção no cume do Kilauea começou antes do nascer do sol numa quarta-feira de junho, no dia 3, após pequenos terremotos abaixo do vulcão. Um lago de mais de 120 hectares de lava derretida foi formado, e jatos jorravam a centenas de metros de distância.

Mas ninguém saiu às pressas da ilha, muito pelo contrário. Milhares de pessoas foram correndo para ver a erupção no Parque Nacional dos Vulcões, uma das atrações mais populares do Havaí. E, segundo funcionários do parque, não tem problema nenhum.

O parque tem espaços com vistas espetaculares para o fenômeno, mesmo com o lago de lava formado numa área de acesso proibido aos turistas.

"É seguro ver a erupção dos pontos de parada ao longo da trilha Crater Rim", diz Jessica Ferracane, assessora do parque. "Toda a lava está confinada a uma cratera apenas. Só pedimos aos visitantes para ficar fora das áreas fechadas. Gases vulcânicos, penhascos, rachaduras na terra são alguns dos perigos associados aos vulcões."

Aberto 24 horas, o parque sugere visitas depois das 21h e antes das 5h para evitar as multidões e estacionamentos lotados.

Ninguém sabe ao certo quanto tempo irá durar o espetáculo. A última erupção semelhante durou de janeiro a março deste ano. "Mas também tivemos um lago de lava entre 2008 e 2018", disse Ferracane. "Não saber a duração faz parte da maravilha e do mistério de se viver em um dos vulcões mais ativos do planeta."

Mesmo sem erupção à vista, vale muito a pena visitar o parque. Afinal, quem não quer atravessar um lago de lava solidificado no fundo de uma cratera, a Kilauea Iki? A cratera é uma depressão de 120 metros que também faz parte do vulcão Kilauea, o mesmo que cospe lava no momento, mas através de outra cratera, a Halmemaʻumaʻu.

Ferracane diz que "há muito pouco risco" na trilha de Kilauea Iki ("iki" é pequeno em havaiano), já que os vulcões do Havaí são os mais monitorados e estudados do mundo.

Para descer até sua lava solidificada, resultado de uma erupção em 1959, é preciso atravessar uma floresta tropical exuberante, repleta de samambaias e passarinhos, como os nativos de plumagem vermelha iiwi e apapane. Já na base da depressão, onde fica o lago solidificado, flores vermelhas chamadas ohia, endêmicas da ilha, praticamente brilham no cenário árido de rochas pretas vulcânicas.

Esse clima desértico acompanha toda viagem pela Big Island, com estradas cortando campos de rochas vulcânicas e montanhas manchadas por rios de lavas solidificadas. Composta por cinco vulcões, a Big Island se formou justamente com suas erupções ao longo de milhões de anos. E, a cada nova grande erupção, a ilha ganha mais território.

A combinação de altas montanhas com esse solo especial deu origem a um tipo de café que só pode ser cultivado aqui, o café Kona, em pequenas fazendas nas encostas dos vulcões Hualalai e Mauna Loa.

O preço é exorbitante, mas muitas fazendas oferecem tour com degustação ao final. A Mountain Thunder Coffee Plantation, a 15 quilômetros do aeroporto, oferece passeio gratuito para explicar a magia do café Kona. Para comprar o autêntico, preste atenção nas embalagens: se não disser "100% kona coffee", é mistura de outras variedades.

Para curtir as praias de Big Island, não tem como errar. Há praias de areia preta, branca e até verde. Há praias para a família, com diversos serviços, como aluguel de pranchas e banheiro, praias para surfistas e também aquelas mais difíceis de chegar. Em quase todas, dá para fazer um bom snorkel, ver muitos peixinhos e, com sorte, tartarugas.

Dizem que o melhor snorkel de todos está na baía de Kealakekua, onde só se chega de barco ou por uma trilha de 40 minutos (a descida é fácil, mas a subida é pesada).

Além da vida marinha excepcional, a baía guarda uma boa história de Big Island. Foi aqui que o famoso explorador britânico James Cook, primeiro europeu a estabelecer contato com as ilhas havaianas, foi assassinado em 1779, em sua terceira viagem pelo Pacífico. Após ter um de seus barcos roubados, Cook tentou em vão sequestrar o rei havaiano para ter a embarcação de volta, mas o erro acabou custando sua vida.

Um monumento a Cook foi levantado na baía, da onde os visitantes saem para entrar na água. Quem for caminhando, é bom chegar bem cedo ou no fim de tarde para evitar o "congestionamento" de barcos que poluem a vista no final das manhãs.

Outra aventura aquática e um clássico de Big Island é "nadar com as raias mantas" num mergulho noturno, com uma das diversas empresas autorizadas (cerca de R$ 700). Conhecidas também como arraias-jamanta, elas podem chegar a mais de quatro metros, embora não possuam ferrão como as temidas arraias.

As mantas se alimentam de plâncton, que é atraído pelas luzes dos barcos que levam os turistas. A viagem até uma das baías das mantas leva uma hora e acontece bem no pôr do sol. Se entrar à noite nas águas do meio do Pacífico não assustar, a experiência pode ficar ainda mais surreal.

As mantas se aproximam lentamente no fundo do mar, como criaturas alienígenas que parecem voar. Ao subir à superfície, a surpresa tira o fôlego dos desavisados: curiosas, elas podem chegar bem perto do visitante de snorkel, raspando levemente na nossa roupa de neoprene. Porém, como as lavas incandescentes do Kilauea, é proibido tocá-las, preservando assim mais um dos mistérios da Big Island.

 

 

por FERNANDA EZABELLA / FOLHA de S.PAULO

RIO DE JANEIRO/RJ - Morreu no último sábado (8) mais uma girafa de um grupo de 18, importadas ilegalmente da África do Sul, no final de 2021, pelo Bioparque do Rio.

Essa é a quarta morte registrada desde novembro de 2021, quando o grupo de animais veio para o Brasil sob os cuidados da empresa. 

Dias após chegarem ao país, seis girafas tentaram fugir e três delas morreram durante a captura. Em março, a Justiça aceitou denúncia contra quatro pessoas envolvidas na importação dos animais.

Em nota, o Bioparque informou que análises de rotina constataram a presença de uma bactéria em seis animais. Cinco responderam ao tratamento, mais uma delas apresentou resistência e foi a óbito. 

Segundo a instituição, a causa da morte será confirmada após a necropsia, com o acompanhamento dos órgãos competentes.

As girafas, que deveriam ficar em um terreno em Mangaratiba apenas por um período de quarentena, já estão no local há mais de um ano e meio.

Petição

No final de semana, uma petição on-line ganhou força, após a divulgação da morte do animal. Organizado pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), o documento pede que as autoridades providenciem um espaço maior que sirva como um santuário, longe da exposição pública, para que possam viver com dignidade.

O pedido já conseguiu a adesão de mais de 25 mil apoiadores. A meta é chegar a 35 mil. Só nas primeiras horas desta segunda-feira (10), mais de 240 pessoas tinham assinado a petição.

Clique aqui para assinar a petição.

 

 

*Com informações de Solimar Luz, repórter da Rádio Nacional do Rio de Janeiro

AGÊNCIA BRASIL

 

 

 

VENEZUELA - Uma operação militar realizada pelo governo da Venezuela busca expulsar mais de 10.000 garimpeiros ilegais da Amazônia, afirmou o presidente Nicolás Maduro nesta terça-feira (4), reconhecendo que essa atividade tem "destruído" ecossistemas vitais do país.

"Estamos desalojando mais de 10.000 ilegais com a presença física em território da nossa Força Armada Nacional Bolivariana" (FANB), indicou o mandatário durante uma cerimônia de promoção de oficiais em Caracas.

O avanço da mineração ilegal "tem destruído a Amazônia da América do Sul (...) e da Venezuela", enfatizou Maduro, referindo-se aos desdobramentos militares para "libertar" a Amazônia e os parques nacionais da Venezuela.

Durante o fim de semana, "1.281 pessoas" foram desalojadas de forma "voluntária", informou na segunda-feira o general Domingo Hernández Lárez, à frente das operações.

A FANB está executando a "Operação Autana 2023" em Yapacana, o maior parque nacional do país, com 320.000 hectares, onde foi ativado um "canal humanitário" para evacuar garimpeiros e suas famílias.

Na região, localizada no sul da Venezuela, há presença de garimpeiros locais e de outros países, como Colômbia, Brasil e Equador, alguns deles detidos em diferentes operações.

Imagens compartilhadas por autoridades militares mostram os danos, em alguns casos irreversíveis, em áreas florestais e rios, praticamente devastados pela mineração ilegal.

Moradores da Amazônia entrevistados pela AFP semanas atrás denunciaram o avanço da mineração ilegal em seus territórios, assim como a crescente presença de indígenas nas minas, o que marca uma mudança dramática em seus hábitos ancestrais.

Além disso, proliferam doenças como o câncer devido à ingestão de peixes que vivem em rios contaminados pelo mercúrio utilizado na extração de ouro.

A ONG SOS Orinoco denunciou que 2.227 hectares em Yapacana (cerca de 3.200 campos de futebol) foram devastados pela mineração ilegal em 2020, de acordo com um relatório acompanhado por imagens de satélite.

 

 

AFP

MANAUS/AM - Agentes da Polícia Federal (PF), com servidores do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), desarticularam uma estrutura de extração ilegal de cassiterita em uma região de divisa entre os estados de Rondônia e do Amazonas. No local, foi encontrada uma área de devastação de 118 hectares, equivalente ao tamanho de 118 campos de futebol.

O delegado da Superintendência da Polícia Federal em Rondônia, Thiago Peixe explicou que o local foi localizado por meio do sistema de monitoramento via satélite, associado às denuncias da população local. “É uma região distante tanto das unidades de policiamento de Rondônia, quanto do Amazonas, uma espécie de zona cinzenta, onde só conseguimos chegar com a ajuda das aeronaves”, diz sobre os dois equipamentos disponibilizado pelo ICMBio.

Segundo o delegado, com a aproximação das aeronaves ao local, os garimpeiros fugiram e se esconderam na mata para evitar o flagrante. O garimpo ilegal atuava em uma área do Parque Nacional Campos Amazônicos e da Terra Indígena Tenharim Marmelos.

A operação, chamada pela PF de Retomada, contou com a participação 20 policiais federais, além de oito servidores do ICMBio, que atuaram na região entre os dias 29 de junho e 2 de julho. No local, foram identificadas a extração ilegal de cassiterita, de onde é extraído estanho.

Segundo Thiago Peixe, esse tipo de garimpo ilegal causa graves prejuízos ambientais. Além do desmatamento, há ainda o risco de contaminação por combustível e substâncias tóxicas usadas na resumidora, equipamento que separa o minério da terra. “Na região há rios de menor volume que alcançam rios maiores e os próprios buracos escavados na mineração representam um risco à contaminação do lençol freático”, explica.

Na estrutura utilizada pelos garimpeiros havia dez áreas de acampamento, onde foram encontradas duas escavadeiras hidráulicas, 11 motores de dragagem, quatro geradores de energia elétrica, oito veículos, entre motocicletas e caminhonetes. Toda a estrutura foi destruída pela polícia, que estima um prejuízo de R$ 8 milhões à organização criminosa. 

 

 

Por Fabiola Sinimbu – Repórter da Agência Brasil

ESPANHA - Destino de muitos brasileiros nas férias de julho, a Espanha está imersa em uma onda de calor. Na segunda-feira, 26, por exemplo, os termômetros ultrapassaram os 44ºC na região da Andaluzia, no sul do país. A Agência Meteorológica Estatal chegou a decretar alerta em várias regiões.

Na semana passada, teve início o verão no hemisfério norte. Outros países europeus e também da América do Norte, como Estados Unidos e Canadá, podem ser atingidos por fortes ondas de calor e registrar recordes de temperatura máxima nos próximos meses, como aconteceu no ano passado.

No último dia 19, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o serviço de mudança climática europeu Copernicus publicaram relatório mostrando que a Europa apresenta um ritmo de aquecimento duas vezes mais rápido do que a média mundial desde a década de 1980, e que a temperatura no continente foi 2,3ºC superior em 2022 na comparação com a era pré-industrial (1850-1900).

“Tivemos duas ondas de calor na Índia e no México. Não é improvável termos alguma onda de calor na Europa também”, diz o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

De acordo Seluchi e outros especialistas ouvidos pelo Estadão, o retorno de um verão intenso na Europa pode ocorrer em razão de dois fatores principais: as mudanças climáticas provocadas pelo aumento do efeito estufa - e que podem tornar os eventos extremos, como ondas de calor, mais frequentes -, e a elevação das temperaturas ocasionadas pelo El Niño, fenômeno que se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e o desencadeamento de alterações climáticas em todo o mundo. Em anos de El Niño, as temperaturas tendem a ser acima da média.

Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, que também é membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), destaca que a Europa já apresenta um aumento da temperatura entre 2,2ºC e 2,4ºC, enquanto a média mundial gira em torno de 1,2ºC. “Isso faz com que a frequência de eventos climáticos extremos naquela região, em particular, como ondas de calor, seja mais intensa por conta da questão do aumento das temperaturas e do aquecimento global.”

Em 2021, o ano mais recente com uma série completa de dados, a concentração dos três principais gases do efeito estufa (carbono, metano e óxido de nitrogênio) atingiu níveis recordes e continuou aumentando em 2022, apontou o relatório da ONU e do Copernicus.

Os efeitos já estão se manifestando. Tradicionalmente frios, os países escandinavos Dinamarca, Suécia e Finlândia começam a sofrer com as altas temperaturas e com uma seca incomum, que interfere negativamente na agricultura. Em Helsinque, na capital finlandesa, os termômetros bateram 30ºC antes mesmo do início do verão. E, segundo dados do Copernicus, 89,5% do território dinamarquês já se encontrava em situação de seca no final de maio.

 

Mudanças climáticas também estão interferindo na frequência e intensidade do El Niño

Marcelo Seluchi, do Cemaden, diz que, por causa do aumento das emissões de gases poluentes e o consequente aumento do efeito estufa, a temperatura do planeta já aumentou 1,1º C. “Parece pouco, mas é muito”, diz o meteorologista. “O aumento de um grau não significa que (a temperatura) aumente de forma uniforme, mas sim a variabilidade, ou seja, aumentam o frio extremo e o quente extremo.”

Seluchi diz ainda que pode haver uma relação do aquecimento do planeta e também da frequência do fenômeno do El Niño, responsável por uma série de mudanças climáticas no mundo, como alterações em regimes de chuvas, que elevam as temperaturas da Terra de forma geral. Segundo o especialista, o aquecimento do planeta, além de causar mais eventos extremos e em intervalos curtos de tempo, está diminuindo as distâncias da ocorrência de El Niños.

“O que se tem observado é que uma forma do planeta devolver esse calor para a atmosfera é a partir da água dos oceanos, como o Pacífico, que se aquece com El Niño”, explica. “E a frequência dos fenômenos do El Niño tem também aumentado nas últimas décadas. Não apenas em número, mas também na sua intensidade.”

Por isso, diz ainda o Coordenador do Cemaden, por 2023 ser um ano de El Niño, “diversas ondas” de calor, como as presenciadas na Índia e no México, são esperadas ao redor do mundo, inclusive na Europa. “Porém, não é possível prever e saber quando, onde e em qual intensidade elas vão acontecer”, afirma.

O El Niño deverá se formar por completo nos próximos meses e aparecer, de forma mais evidente, entre os meses de setembro e outubro, segundo o climatologista Carlos Nobre, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), e especialista em estudos sobre o aquecimento global. Estatísticas indicam que há 80% de chances de a intensidade do fenômeno ser de moderada a alta e 56% de ser alta.

“Nos anos de 2015 e 2016, tivemos o El Niño mais forte em 120 anos. A temperatura do planeta chegou a subir 1,28ºC. Em 2022, foi é um ano La Niña (quando as temperaturas na Terra tendem a ser mais frias) e o mundo estava 1,15ºC grau mais quente. Isso já é um indicativo de que, neste ano, devemos ter um El Niño de moderado a forte”, explicou Nobre.

 

Calor extremo na Europa também foi sentido em 2022

Em 2022, países como Inglaterra, Itália, França, Alemanha, Holanda e Polônia registraram máximas extremamente altas. Portugal, Espanha e Grécia, por exemplo, sofreram com diversos incêndios florestais.

O Corpo do Bombeiros de Londres, que em julho do ano passado teve a maior temperatura registrada de sua história (40,2ºC), viveu um dia comparável ao da Segunda Guerra Mundial em termos de número de chamados e ocorrências. Ainda no Reino Unido, trens tiveram que ser suspensos porque o calor foi tão elevado que danificou os trilhos do sistema ferroviário.

Também em 2022, a França sofreu a pior seca já registrada no país desde 1976 entre janeiro e setembro, enquanto o Reino Unido teve o período mais seco entre janeiro e agosto do ano passado.

De acordo com uma base de dados da Organização Meteorológica Mundial, os fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos que atingiram a Europa em 2022 afetaram diretamente 156 mil pessoas e causaram 16.365 mortes, quase todas por conta das ondas de calor. A Espanha registrou mais de 4.600 mortes vinculadas ao calor extremo entre junho e agosto do ano passado.

 

Ondas de calor na Índia e México não estão relacionadas com El Niño, diz climatologista

Entre os dias 17 e 18 deste mês, a Índia registrou 96 mortes em decorrência das ondas de calor de até 44ºC que atingiram o país asiático. O México, por sua vez, somou oito óbitos causados pelas altas temperaturas.

De acordo com o climatologista Carlos Nobre, o calor intenso que vitimou mais de cem pessoas nos dois países “não está relacionado com o El Niño” porque o fenômeno ainda não está formado por completo. Ele diz que as altas temperaturas estão sendo provocadas por sistemas meteorológicos estacionários de alta pressão que pararam sobre os dois países, bloqueando a chegada de frentes frias.

“As altas pressões podem permanecer por três semanas no México e um pouco menos na Índia”, diz Nobre. “Essas ondas de calor só permanecerão nessas regiões enquanto os sistemas de alta pressão continuarem. Depois que ele desaparecer, os sistemas de baixa pressão, que são associados com frentes frias, podem atingir esses países - ainda que no verão isso aconteça com menos frequência”, acrescenta.

 

 

por Caio Possati / ESTADÃO

Programa da Eletronuclear e Uerj garante bem-estar e sobrevivência dos animais

 

ANGRA DOS REIS/RJ - Emoção e alívio. Os sentimentos descrevem o momento em que duas tartarugas são devolvidas ao oceano pelo Programa Tartaruga Viva, na quinta-feira (22). Loirinha e Paçoca, como são conhecidas, foram resgatadas e reabilitadas pela iniciativa, promovida pela Eletronuclear e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) desde 2018. O evento reforça a importância da preservação das espécies e contribui para a manutenção do equilíbrio marinho. 

A primeira a ser localizada foi Loirinha. A tartaruga, que passou cerca de três meses sob os cuidados de profissionais do projeto, foi resgatada boiando e não conseguia se alimentar sozinha, após grande ingestão de lixo. O material foi completamente eliminado, depois de longo tratamento, e agora ela está saudável. Paçoca também pôde voltar ao mar recuperada,  permanecendo menos de um mês com a equipe para tratamento de uma infecção que provavelmente causou a baixa mobilidade.

Durante o processo de recuperação, as tartarugas receberam os cuidados para que pudessem retornar ao habitat natural. Medicações, vitaminas, alimentação adequada por sonda, por introdução direta e indireta, e uma série de exames foram necessários para identificar e tratar os problemas de saúde dos animais.

“De 2021 a 2030 existe uma agenda global em prol da conservação e o uso sustentável dos oceanos. O Tartaruga Viva é alinhado totalmente a esse objetivo. Para isso, contamos com o comprometimento da equipe e o apoio da Eletronuclear, que abraçou a causa e demonstra uma preocupação genuína com a biodiversidade local”, conta o coordenador do programa e diretor da faculdade de oceanografia da Uerj, Marcos Bastos. 

Todo o tratamento foi realizado pela equipe de especialistas da Uerj, formada por veterinários, biólogos e técnicos em biologia, além de estagiários, que trabalharam para garantir o bem-estar e sobrevivência dos animais. Para finalizar a missão, entretanto, foi preciso aguardar as condições ideais do mar, além de outras precauções e protocolos de segurança para soltura das tartarugas. 

“Para nós é uma felicidade enorme realizar essa soltura. Loirinha e Paçoca chegaram muito debilitadas. Graças a nossa equipe, que trabalhou incansavelmente, as tartarugas estão bem. Se pensarmos que a cada mil tartarugas, apenas uma chega a fase de reprodução para manter a espécie ocorrendo, entendemos a importância da recuperação das duas”, celebra a co-coordenadora do programa, Mônica Dias. 

Loirinha e Paçoca foram encontradas na região da Piraquara de Fora, em Angra dos Reis, por colaboradores da Eletronuclear que acionaram o programa. Pertencentes à espécie Caretta caretta e com cerca de 15 a 20 anos de idade, as tartarugas, agora recuperadas, chamam atenção para a responsabilidade de todos em proteger e cuidar do meio ambiente.

“As tartarugas marinhas não sabem distinguir o lixo da comida, então se alimentam de tudo que estiver boiando. Infelizmente, nossos mares estão cheios de plásticos. Assim como a Loirinha, cerca de 80% das tartarugas chegam no programa mortas ou defecando lixo”, explica a bióloga do programa, Naiara Tessaro.  

Além da poluição dos oceanos, a interação com resíduos de pesca e o atropelamento por embarcações também colocam em risco a proteção dos animais. Por isso, é possível encontrar tartarugas mortas ou vivas, boiando e encalhadas na praia. Nessas situações, é preciso acionar ajuda especializada, como o programa Tartaruga Viva, que conta com o apoio da população através do telefone 0800-204-4041.

O projeto realiza o monitoramento dessas populações marinhas na área de influência das usinas nucleares de Angra dos Reis, na Baía de Ilha Grande. Além do resgate e atendimento veterinário das tartarugas, as atividades da iniciativa também incluem educação ambiental na região, coleta de dados, monitoramento da saúde dos animais, registro da ocorrência de encalhes e determinação da causa da morte de algumas espécies. 

“Esse programa é mais uma frente de trabalho da Eletronuclear para atender às necessidades socioambientais de Angra dos Reis e cidades vizinhas à Central Nuclear. Em parceria com a Uerj, temos a oportunidade de colaborar na preservação da vida marinha local e incentivar a educação ambiental na Costa Verde Fluminense, e quem sabe, em todo o Rio de Janeiro”, pontua Eduardo Grand Court, presidente da Eletronuclear. 

Ao todo, entre 2018 e 2023, o projeto realizou a captura de 121 tartarugas marinhas para fazer a amostragem populacional e averiguar o estado de saúde dos animais. Além disso, foram recebidos 192 acionamentos para auxiliar animais encalhados. Destes, 160 já estavam mortos, com destaque para infecções ligadas a ingestão de lixo, afogamento, traumatismo causado por atropelamento e interação por pesca entre as principais causas. Com a soltura da Loirinha e da Paçoca, sobe para 13 o número de tartarugas reabilitadas e soltas pela iniciativa no período mencionado. 

ISLÂNDIA - O governo da Islândia suspendeu a caça às baleias, na terça-feira (20), até o final de agosto, em nome do bem-estar animal, abrindo o caminho para o fim dessa polêmica tradição agora praticada em apenas três países.

Além da Islândia, Noruega e Japão são os únicos que permitem a prática.

Os grupos de defesa dos animais e do meio ambiente aplaudiram a decisão. Para a Humane Society International, trata-se de "uma guinada na conservação compassiva das baleias".

"Tomei a decisão de suspender a caça às baleias" até 31 de agosto, disse a ministra da Alimentação, Svandis Svavarsdottir, depois do relatório de uma comissão governamental estabelecer que a caça de cetáceos não cumpre as leis de bem-estar animal da Islândia.

Esse relatório elaborado pelas autoridades veterinárias destaca que a matança dos cetáceos leva tempo demais. Nos últimos vídeos divulgados por essas autoridades, vê-se a espantosa agonia de cinco horas de uma baleia caçada no ano passado.

"Se o governo e aqueles que têm permissão (de caça) não podem garantir os requisitos de bem-estar, esta atividade não tem futuro", acrescentou a ministra, dando a entender que a prática está chegando a seu fim.

"Não há nenhuma maneira 'humana' de matar uma baleia no mar e, por isso, exigimos da ministra que a proíba permanentemente", declarou o diretor da Humane Society International, Ruud Tombrock, em um comunicado.

Para Robert Read, diretor da Sea Shepherd UK, a decisão também representa um "duro golpe" para os países que ainda defendem a prática.

"Se a caça de baleias não pode ser praticada 'humanamente' aqui [...], não pode ser praticada 'humanamente' em lugar algum", afirmou.

A licença de pesca da última empresa de caça de baleias no país, a Hvalur, expira em 2023. A companhia já havia anunciado que esta temporada seria a última, porque a atividade perdeu rentabilidade.

As cotas anuais permitem a caça de 209 baleias-comuns — o segundo maior mamífero marinho depois da baleia-azul — e 217 baleias-anãs. Nos últimos anos, porém, as capturas foram muito mais baixas, devido à diminuição na demanda de carne de baleia.

A temporada de caça às baleias na Islândia vai de meados de junho a meados de setembro, mas é pouco provável que seja retomada após 31 de agosto.

A oposição a essa prática é, agora, maioria entre a população islandesa. Do total de entrevistados, 51% se opõem, contra 42% há quatro anos, conforme pesquisa feita pelo Instituto Maskina. A sondagem foi divulgada no início de junho.

 

 

AFP

SALVADOR/BA - Comunidades da floresta, periferias rurais e regiões do interior do Brasil estão cada vez mais conectadas nas redes nacionais e internacionais do crime organizado. A ponto de não fazer mais sentido diferenciar violência urbana da rural.

A conclusão é do estudo “Além da floresta: crimes socioambientais nas periferias”, divulgado nesta segunda-feira (19) pela Rede de Observatórios da Segurança. O projeto reúne pesquisadores do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. 

Nessa perspectiva, ganha destaque o processo de dominação de territórios no norte e nordeste por facções criminosas do sudeste. O que inclui tanto as áreas de fronteiras, quanto as cidades pequenas, os centros urbanos, os quilombos e as aldeias indígenas. Nos últimos anos, houve crescimento e diversificação de atividades ilegais. Além das microcriminalidades, como roubos de motos e celulares, há conflitos armados entre grupos rivais, tráfico de drogas e exploração ilegal de insumos florestais. 

A pesquisa reúne dados obtidos via Lei de Acesso à Informação com as secretarias de segurança pública de sete estados: Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Ela mapeia tanto os crimes cometidos contra populações tradicionais, como quilombolas e indígenas, quanto os crimes ambientais (grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e garimpo em áreas não autorizadas). 

Guerra às drogas

Apesar da variedade e da complexidade desses problemas nos estados, os pesquisadores indicam que as autoridades insistem em um modo único de ação: o modelo de segurança pública baseado na guerra às drogas. O que acaba produzindo o mesmo cenário de racismo e encarceramento da juventude negra. 

“É necessário fugir do modelo bélico do combate às drogas e às ilegalidades. E, principalmente, estabelecer contenções ao tipo de desenvolvimento que destrói a vida na floresta. Mostra-se importante fortalecer os órgãos de prevenção da destruição e incluir no centro do diálogo organizações indígenas, rurais e ribeirinhas, além dos movimentos de periferia urbanos que lutam por direitos sociais”, defende Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança. 

O caso do Pará 

A pesquisa aponta o Pará como uma região emblemática das novas configurações do crime no país. As redes do narcotráfico - lideradas por facções do Rio de Janeiro e São Paulo - chegaram em diferentes municípios do interior. Altamira, Marabá, Parauapebas, Jacareacanga, Floresta do Araguaia e Senador José Porfírio são exemplos citados como rotas importantes de drogas, mas também de exploração de madeira, contrabando de manganês e cassiterita, grilagem de terras e avanço do garimpo ilegal. As atividades estão intimamente conectadas por meio da ação dessas organizações criminosas e do uso dos mesmos portos e vias de escoamento. 

No caminho, comunidades tradicionais do estado sofrem com a violência gerada por essas atividades ilegais. Os dados obtidos com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará mostram aumento a cada ano dos crimes contra povos indígenas e quilombolas entre 2017 e 2022. No total, foram 474 vítimas de crimes contra a vida, violações sexuais e patrimoniais. 

Dados por estado 

No Ceará, pesquisadores criticam a forma como o governo estadual produz os dados. Só foram disponibilizadas informações genéricas sobre crimes ambientais, que totalizaram 6.995 ocorrências entre 2017 e 2022. Mas não foi possível analisar os tipos criminais, os grupos atingidos ou perfil das vítimas. 

No Maranhão, os principais problemas verificados foram as violações aos biomas nativos da região e exploração dos territórios de comunidades tradicionais para fins lucrativos. Entre 2020 a 2022, o estado teve aumento de 28,93% nos registros de crimes ambientais, com 2.568 ocorrências. E os principais tipos são relacionados à exploração ilegal de madeira e à devastação de floresta nativa. 

Em Pernambuco, crimes socioambientais cresceram nos últimos dois anos. Foram de 800 casos por ano para uma média de mais de mil. As principais ocorrências referem-se a incêndios florestais e maus tratos contra animais. Dados sobre quilombolas, indígenas e outros povos tradicionais não foram enviados pela Secretaria de Defesa Social. 

No Rio de Janeiro, há destaque para a exploração das milícias e redes do tráfico de animais silvestres. Dados do Instituto de Segurança Pública mostram 21.476 casos de crimes ambientais 2017 e 2022. A capital do estado do Rio teve o maior número de casos (4.783), com aumento de 52,23% entre 2017 e 2022. Os números são sete vezes maiores do que a segunda colocada, a cidade de Maricá, com 684 registros. O terceiro lugar ficou com Duque de Caxias (613 casos). 

Em São Paulo, há destaque para a expansão da degradação de territórios verdes ligados ao tráfico de animais e construções imobiliárias, além do caso peculiar de guerra política contra as pichações como principais crimes socioambientais. Entre 2017 e 2022, foram 34.772 ocorrências. Os crimes cometidos especificamente contra animais, florestas e pichações concentraram mais da metade dos registros (56,70%).

 

 

Por Rafael de Carvalho Cardoso - Repórter da Agência Brasil

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