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RÚSSIA - A guerra na Ucrânia se tornou um conflito de resistência, uma lenta queda de braço entre os dois lados. Pouco mais de um ano depois do início da invasão russa, Moscou parece ter encontrado sua estratégia: vencer pelo cansaço dia após dia as forças de Kiev, menos numerosas e pouco equipadas. Frustrados, os artilheiros ucranianos enfrentam um persistente inimigo.

Em um bosque da região de Velyka Novosilka, no Donbass, o soldado ucraniano Ivan, ex-bibliotecário, conta que foi convocado em maio de 2022. Desde o final do ano passado, ele brinca de gato e rato com a artilharia russa.

"Temos certeza de que eles sabem que estamos aqui. Mas eles não conhecem nossa posição exata", diz Ivan.

A reportagem da RFI se aproxima da artilharia ucraniana quando um militar chega em uma caminhonete para avisar que um drone russo está rastreando o local. O aviso deixa as unidades em alerta e todos correm para um abrigo próximo.

"Neste bosque estamos a seis ou sete quilômetros da linha do fronte. É muito simples para um drone ir e vir e para nós é difícil vê-los com sistemas antiaéreos convencionais", explica Ivan. "Se tiver radar tudo bem, mas a olho nu... É bem problemático", reitera.

O soldado conta à RFI que há cerca de 15 dias um bombardeio russo foi realizado na área. "Eles registraram a posição de nossos vizinhos, uma outra brigada que não está longe daqui. Eles foram vistos por um drone e, graças a ele, os russos encontraram as boas coordenadas", diz. "A guerra na Ucrânia é uma guerra de drones e artilharia. O objetivo é um encontrar o outro para atacar", ressalta.

 

Dias à espera para o ataque

O grupo do qual faz parte Ivan construiu um abrigo subterrâneo, que pode ser acessado por alguns degraus de escada. No local, há algumas cadeiras e um fogão a lenha. Não há grande coisa a ser feita dentro deste cômodo, mas muitas vezes os combatentes passam o dia inteiro esperando.

Com o distanciamento do drone, a brigada autoriza a equipe da RFI a sair do abrigo. O trajeto é retomado até uma clareira, onde Ivan mostra com orgulho seu instrumento de trabalho: um velho lançador soviético de obus, modelo 2S3 Akatsya.

Longe é possível ouvir foguetes atirados pelas tropas russas. Mas quando será a vez de Ivan atirar? "Impossível dizer. Esperamos e nos contentamos em executar ordens", responde.

O soldado descreve à RFI um cenário de incertezas. "Não temos nenhuma ideia de nosso alvo e da distância dele. Apenas os superiores ou os operadores de drones podem saber o que estamos visando", explica.

Apesar de frustrado, o ex-bibliotecário diz compreender que essa é a sua missão. "Não sabemos jamais quando a infantaria vai precisar da gente. Parece que a brigada vizinha começou a trabalhar, pode ser que seja uma resposta após o bombardeio russo. Eles têm mais munições e podem atirar mais longe que a gente", conclui.

 

Batalha em torno de Bakhmut

Se em algumas localidades do leste o ritmo da guerra ocorre a conta-gotas, a Rússia não esconde que, nesse momento, seu objetivo principal é a cidade de Bakhmut, cenário de meses de combates violentos. As duas partes admitiram grandes perdas humanas, mas não divulgam números.

De seu lado, a Ucrânia promete continuar defendendo a cidade, embora muitos considerem que a queda da localidade é inevitável. Algumas unidades já começaram inclusive a se retirar.

"Esta cidade é um importante centro de defesa para as tropas ucranianas no Donbass. Capturá-la permitirá novas operações ofensivas, invadindo as linhas de defesa das forças armadas ucranianas", disse o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, nesta terça-feira (7), durante uma reunião com comandantes militares.

Nas últimas semanas, os russos, liderados pelo grupo paramilitar Wagner, avançaram pouco a pouco e parecem já controlar os acessos norte, leste e sul da cidade. Mas, noite de segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que pediu ao Estado-Maior para "encontrar as forças adequadas" para continuar defendendo Bakhmut.

O conselheiro da presidência, Mikhailo Podoliak, também afirmou que no exército ucraniano existe um "consenso" sobre "a necessidade de continuar defendendo a cidade e esgotar as forças inimigas". Mas fora de Bakhmut, alguns soldados ucranianos acreditam que nada mais pode ser feito para não deixar a cidade cair nas mãos da Rússia.

 

 

por RFI

UCRÂNIA - Amostras de solo mostram altas concentrações de metais pesados cancerígenos e fundo do Mar Negro está repleto de explosivos. Acredita-se que essas substanciâncias nocivas podem chegar ao homem por alimentos e pela água. A dada altura, espera-se que a guerra na Ucrânia termine e, com ela, as explosões mortíferas de mísseis e bombas. No entanto, mesmo depois do término, as armas de guerra não terão esgotado o seu potencial destrutivo.

Isso porque os cartuchos, as minas e outros projéteis explosivos destroem edifícios e libertam amianto. Atingem refinarias e, assim, petróleo e produtos químicos infiltram-se no solo e em corpos de água. Mas não apenas isso: as próprias munições estão cheias de produtos químicos tóxicos. E elas vão permanecer por muito tempo no ambiente.

De acordo com a agência de notícias Reuters, pelo menos 10,5 milhões de hectares de terras agrícolas na Ucrânia estão contaminados com produtos químicos. Uma vez na água ou no solo, mais cedo ou mais tarde, esses produtos nocivos chegam ao homem através de plantas, animais ou da água potável. É o que afirmam os toxicólogos.

 

Munições contêm metais pesados

Em muitos lugares, ainda existem poucos dados sobre como as substâncias se comportam no solo e qual a sua influência na saúde humana.

"Só agora estamos começando a olhar para as munições no mar", explica o professor Edmund Maser, diretor do Instituto de Toxicologia do Hospital Universitário de Kiel, no norte da Alemanha.

Apesar de ainda existirem muitas perguntas sem resposta, estas investigações já permitem concluir que esses produtos químicos prejudicam os seres vivos.

Só nas partes alemãs do fundo do mar, mais precisamente dos mares do Norte e Báltico, 1,6 milhões de toneladas de munições de guerra estão enferrujando, diz Maser. A decomposição liberta um coquetel tóxico na água que põe em perigo o ecossistema marinho e acaba indo para os pratos daqueles que comem peixe e frutos do mar.

As substâncias mais perigosas nas munições são principalmente os explosivos e metais pesados. Entre os explosivos está o TNT (Trinitrotolueno), que pertence ao grupo dos nitroaromáticos. "Sabemos através de estudos de alimentação com ratos e ratazanas que o TNT é muito tóxico", explica Maser.

"O TNT afeta a reprodução, o crescimento e o desenvolvimento dos animais marinhos", destaca. "Também sabemos por estudos com animais que o TNT e outros explosivos são cancerígenos".

 

Problemas de desenvolvimento e aborto

Isto também se aplica a alguns metais pesados, como arsênico e cádmio, que também são cancerígenos. "Metais pesados como o mercúrio são encontrados principalmente em detonadores, na forma de fulminato de mercúrio, para fazer um explosivo como o TNT explodir mais rapidamente", explica Maser.

O mercúrio é do grupo dos metais pesados e causa danos às células nervosas. "Ele também pode causar deformidades em crianças por nascer", ressalta Maser, acrescentando que o chumbo pode ter um efeito semelhante e levar a desordens de desenvolvimento e abortos.

Kateryna Smirnova, do Instituto Sokolovskyi de Ciência do Solo e Agroquímica da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, uma das principais instituições científicas dessa área no país, diz que amostras de solo da região de Kharkiv já mostraram concentrações elevadas de metais pesados cancerígenos, como chumbo e cádmio.

A colega de Smirnova, Oksana Naidyonova, microbiologista do Instituto Sokolovskyi, explica que os metais pesados afetam negativamente a atividade das bactérias no solo. "Eles inibem o desenvolvimento das plantas e o fornecimento de micronutrientes, o que contribui para distúrbios fisiológicos e reduz sua resistência às doenças".

Entretanto, os produtos químicos não permanecem necessariamente somente no solo. O TNT, por exemplo, pode ser levado pelo vento e se espalhar, explica Maser.

Já as substâncias mais profundas no solo podem ser levadas pelas chuvas e ir parar as águas superficiais, acabando por contaminar riachos, rios e lagos, destaca o toxicologista.

Através de suas pesquisas nos mares do Norte e Báltico, Maser suspeita que as substâncias químicas se acumulam ao longo da cadeia alimentar. "Estamos preocupados que os seres humanos estejam em risco como consumidores finais se comerem tais peixes contaminados".

Ou a chuva pode escoar e se infiltrar em lençóis freáticos, colocando também agua potável em risco. Além disso, a água com mercúrio e similares infiltrada pode se espalhar pelo solo ser absorvida pelas plantas. Desta forma, poderia acabar no corpo humano através do consumo de plantas e cereais.

 

Terra contaminada para sempre?

Maser calcula que, após a guerra na Ucrânia, o Mar Negro provavelmente estará em um estado semelhante ao Mar do Norte e Báltico: cheio de munições tóxicas que são facilmente esquecidas.

O toxicologista e sua equipe estão procurando soluções para remover o TNT do mar. "Temos esperança de que as bactérias possam fazer isso". Entretanto, os pesquisadores ainda não encontraram uma que possa ser usada sistematicamente.

Maser explica que seria possível tentar remover as camadas superiores do solo para extrair os metais pesados e o TNT usando vários métodos para tornar o solo um pouco mais utilizável. Entretanto, tais medidas são caras e demoradas.

De acordo com estimativas do Instituto Sokolovskyi, os danos e perdas ao fundo agrário e aos solos da Ucrânia totalizam mais de 15 bilhões de dólares. Mas podem ser maiores.

No caso de metais pesados, "eliminação" significa apenas armazenar as substâncias perigosas em um local considerado mais seguro. Porque, como diz o toxicologista Maser, o metal pesado continua sendo um metal pesado. "Você não pode se livrar dele".

 

 

ISTOÉ Independente.

UCRÂNIA - O Exército russo tentava neste domingo um cerco completo a Bakhmut, cidade do leste da Ucrânia que se converteu no epicentro da guerra, onde as tropas de Kiev se esforçavam para resistir.

"Gostaria de prestar uma homenagem especial à bravura, força e resiliência dos soldados que combatem no Donbass (região onde fica Bakhmut)", disse o presidente Volodymyr Zelensky em seu discurso diário. Ele chamou de "dolorosa e difícil" a batalha pelo Donbass e agradeceu a seus soldados, que "repeliram ataques, destruíram o ocupante, enfraqueceram as posições e a logística do inimigo e protegeram nossas fronteiras e cidades".

O estado-maior ucraniano informou que repeliu "mais de 130 ataques inimigos" nas últimas 24 horas em vários locais do front, incluindo Liman, Bakhmut, Kupiansk e Avdiivka. "O inimigo ainda tenta cercar a cidade de Bakhmut", acrescentou, sem dar detalhes.

Serhiy Cherevaty, porta-voz do Grupo de Forças do Leste das Forças Armadas Ucranianas, afirmou que cidades ao norte e oeste de Bakhmut foram atacadas. Pouco antes, ele havia afirmado que a situação em Bakhmut era "difícil", mas "sob controle".

O Exército dos separatistas pró-Rússia de Donetsk divulgou hoje um vídeo em que supostos combatentes do grupo Wagner afirmam que conquistaram a estação ferroviária de Stupky, no subúrbio do norte de Bakhmut. A batalha por essa cidade, que já dura meses, ganhou um valor simbólico para ambos os lados.

Neste sábado, o Instituto de Estudos da Guerra (ISW), um think tank americano, observou que as forças russas ganharam posições em Bakhmut que poderiam permitir que os soldados contornassem algumas defesas ucranianas.

 

- 13 mortos em Zaporizhzhia -

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, realizou uma inspeção de um posto de comando no front leste da Ucrânia, na "direção Donetsk-Sul", informou o Ministério da Defesa no sábado, sem especificar o local ou a data exata da visita.

Para o ISW, a visita de Shoigu foi "aparentemente destinada a avaliar as baixas perto de Vugledar e a possibilidade de continuar uma ofensiva nessa direção".

Segundo imagens divulgadas no sábado pelo Exército russo, o ministro também participou de uma reunião com o alto comando encarregado da ofensiva na Ucrânia, incluindo o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov.

Nas últimas 24 horas, foram registrados tiroteios em áreas residenciais, nos quais cinco pessoas morreram do lado ucraniano, segundo as autoridades.

A promotoria de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, anunciou a abertura de uma investigação de crimes de guerra sobre a morte de um casal de civis em um ataque russo que atingiu seu veículo neste domingo na cidade de Budarky.

O balanço do ataque contra um edifício residencial em Zaporizhzhia (sudeste), na noite de quarta-feira, subiu para 13 mortos, incluindo uma criança.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou a "tomada de reféns" da usina de Zaporizhzhia, a maior da Europa, e pediu aos países ocidentais que sancionem a indústria nuclear russa.

Em entrevista à AFP, o prefeito da cidade de Energodar - onde fica a central nuclear - disse que a usina foi fechada e transformada em "base militar" russa.

 

 

AFP

UCRÂNIA - O grupo paramilitar russo Wagner, que está na linha de frente no conflito na Ucrânia, afirmou na sexta-feira (3) que a cidade de Bakhmut, leste do país, está "praticamente cercada" e pediu ao presidente Volodimir Zelensky que ordene a retirada das tropas.

A batalha de Bakhmut, uma cidade industrial com uma importância estratégica questionável, começou em meados do ano passado e provocou muitas baixas dos dois lados.

A cidade virou um símbolo da guerra, por ser o epicentro dos combates entre russos e ucranianos há vários meses.

As forças russas avançaram nas últimas semanas para o norte e sul de Bakhmut. Em seguida cortaram três das quatro rodovias utilizadas para o abastecimento das tropas ucranianas na cidade.

As unidades Wagner têm Bakhmut praticamente cercada, resta apenas uma rodovia para sair da cidade", declarou o fundador e comandante do grupo paramilitar, Yevgueny Prigozhin, em um vídeo publicado no Telegram.

Prigozhin pediu a Zelensky - que havia prometido defender Bakhmut "pelo maior tempo possível - que ordene a retirada das tropas ucranianas da cidade, em grande parte destruída.

"Se antes enfrentávamos um exército ucraniano profissional, que lutava contra nós, hoje vemos cada vez mais velhos e crianças. Eles lutam, mas a vida deles em Bakhmut é curta, um ou dois dias”, alertou Prigozhin.

"Dê a oportunidade para que abandonem a cidade, está praticamente cercada", acrescentou o comandante do grupo Wagner.

O vídeo mostra em seguida três pessoas, um idosos e dois jovens, que pedem a Zelensky permissão para deixar a região.

 

- Combates intensos -

O comando militar ucraniano admitiu na terça-feira uma situação "extremamente tensa" em Bakhmut diante dos ataques russos.

No mesmo dia, Zelensky citou um aumento da "intensidade dos combates" ao redor da cidade, que tinha quase 70.000 habitantes antes do conflito. Atualmente restam 4.500, segundo as autoridades locais.

O Estado-Maior ucraniano não revelou detalhes sobre a situação em Bakhmut nesta sexta-feira e limitou-se a destacar que o exército impediu 85 ataques russos no país nas últimas 24 horas.

Na quarta-feira, o porta-voz do comando leste do exército ucraniano, Serguii Cherevaty, negou à AFP as versões de que uma retirada estava em curso em Bakhmut.

 

- Incursão na Rússia -

O fundador do grupo Wagner fez as afirmações um dia após um incidente na região russa de Briansk, perto da fronteira, que segundo Moscou foi uma incursão de "sabotadores" ucranianos.

De acordo com as forças de segurança da Rússia, o grupo abriu fogo contra um carro e matou dois civis, além de ter deixado uma criança ferida, na localidade de Lyubechane.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que "medidas serão adotadas para evitar eventos semelhantes no futuro". Ele também disse que "conclusões serão tiradas após a investigação" sobre o suposto ataque.

A presidência ucraniana desmentiu as acusações e afirmou que o incidente foi uma "provocação deliberada" da Rússia para justificar a invasão.

O Comitê de Investigação russo anunciou que enviou uma equipe ao local e que a situação está "sob controle das forças de segurança". O Serviço Federal de Segurança (FSB) afirmou que encontrou uma "grande quantidade de explosivos" na região.

As autoridades russas reportaram esta semana vários ataques com drones ucranianos na Crimeia, uma península anexada pela Rússia em 2014. Pela primeira vez, um drone caiu na região de Moscou, sem provocar danos ou vítimas.

Nesta sexta-feira, fontes das forças de segurança citadas pela agência TASS relataram a explosão de um drone na região Kolomna, 100 km ao sudeste de Moscou.

 

- Biden recebe Scholz em Washington -

Na frente diplomática, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebe nesta sexta-feira em Washington o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz.

O porta-voz do chanceler alemão disse que a reunião terá o objetivo de debater a evolução do conflito na Ucrânia e o apoio que os aliados podem oferecer a Kiev.

Peskov fez um alerta contra novas entregas de armas ocidentais à Ucrânia.

O fornecimento de armas "não terá um impacto decisivo no resultado da ofensiva (na Ucrânia), mas é óbvio que prolongará este conflito, com tristes consequências para o povo ucraniano", disse.

 

 

AFP

UCRÂNIA - Na Ucrânia, combates intensos continuam a travar-se na região do Donbass e, em particular, na província de Donetsk. Bakhmut e Avdiivka são alguns dos pontos críticos, onde os combates não poupam os civis que não querem deixar as suas casas.

A cidade de Avdiivka, ainda nas mãos da Ucrânia, fica a 15 quilómetros de Donetsk, capital da região com o mesmo nome, mas controlada pelos russos. Na cidade, viviam 30 mil pessoas, mas hoje permanecem apenas 2500 pessoas, incluindo 44 crianças que vivem sob constantes bombardeamentos.

Muitos habitantes não querem deixar as suas casas, apesar de não haver eletricidade há 10 meses.

“Não há condições de segurança para tentar reparar a rede, alguns operacionais ficaram feridos quando tentaram fazê-lo”, explica o chefe da administração militar da cidade. Não há água nem gás. A ajuda humanitária chega por via militar, com caixas para um mês de sobrevivência providenciadas por ONGs estrangeiras e pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.

Em declarações à RFI, Vitali Barabash revela que a situação se deteriorou muito nas últimas duas semanas.

“Não sabemos exactamente o que está na cabeça deles, mas sabemos quais são os seus objetivos - querem tomar toda a região de Donetsk e Luhansk. Por isso, precisam de tomar Avdiivka. Mas, além disso, precisam de controlar Karlivka que é um reservatório de água para metade da região. Na guerra é impossível atravessar algo tão grande. O maior problema que temos é que se tomarem Avdiivka, vão ficar com o controlo de Karlivka. E não haverá fornecimento de água aos civis da região”, explica o responsável militar.

Se tomarem Karlivka, a cidade de Prokovsk estará ao alcance da artilharia do inimigo. Para esta cidade, ponto de entrada e saída do Donbass, têm convergido muitos dos que foram saindo das zonas ocupadas de Donetsk, como Avdiivka ou Bakhmut, situada mais a leste, onde os combates prosseguem num raio de 10 a 15 quilómetros.

Bakhmut tornou-se um símbolo para ambas as partes na guerra. Ucranianos e russos empenharam aqui enormes recursos humanos com muitas baixas entre os soldados. Todos os relatos que vêm de Bakhmut utilizam adjetivos provavelmente incapazes de descrever a situação: catastrófica, assustadora, inumana, infernal.

Os russos pretendem avançar o mais possível na região de Donetsk. Os ucranianos fazem questão de resistir, mas consideram que deixar cair Bakhmut não é militarmente relevante para conter a ofensiva russa. Vários analistas militares sugerem que a Ucrânia está propositadamente a obrigar a Rússia a gastar muitos recursos numa pequena franja de território.

José Pedro Frazão, em serviço especial para a RFI, descreve a situação em que vivem os civis sujeitos aos efeitos dos combates nalgumas das cidades da linha da frente desta guerra.

 

 

por José Pedro Frazão / RFI

FINLÂNDIA - A Finlândia começou a construir um muro de 200 km de extensão em um trecho de sua fronteira com a Rússia.

O objetivo é aumentar a segurança na região e impedir a entrada em massa de imigrantes russos, segundo autoridades finlandesas.

A Finlândia divide com a Rússia a maior fronteira de toda a União Europeia - no total, são 1.340 km. Atualmente, a fronteira é delimitada em grande parte por cercas de madeira destinadas a impedir a passagem de gado.

No entanto, dado o aumento do número de russos entrando na Finlândia para escapar do recrutamento militar (pelo qual seriam forçados a lutar na guerra na Ucrânia), a Finlândia decidiu construir uma barreira.

A Guarda da Fronteira da Finlândia explicou à BBC News que o muro, erguido na zona mais densa e arborizada da fronteira será de metal e terá três metros de altura, com arame farpado no topo.

Nos setores considerados mais delicados, também serão instaladas câmeras de visão noturna, fontes de luz e alto-falantes.

 

Barreira de metal

O trabalho de construção começou na terça-feira (28/2) perto de Imatra, uma cidade de 26 mil habitantes no sudeste do país.

Ali, a mata começou a ser derrubada para construir uma estrada e instalar a barreira de metal, informou a Guarda Fronteiriça em comunicado. Este projeto-piloto de 3 km está previsto para terminar em junho.

Nesta seção, as autoridades farão um experimento para avaliar se a cerca resiste às geadas do inverno, ao peso da neve ou ao fluxo de pessoas que podem vir do leste, informou o The Odessa Journal.

A construção de outros 70 km (também no sudeste) ocorrerá entre 2023 e 2025.

O custo total dos 200 km de muro é estimado em US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

 

Mudanças

Embora a fronteira entre a Rússia e a Finlândia tenha "funcionado bem" no passado, o brigadeiro-general finlandês, Jari Tolppanen, disse à agência de notícias AFP que a guerra na Ucrânia mudou "fundamentalmente" a situação de segurança da região.

A Finlândia aprovou novas emendas à sua Lei de Guarda de Fronteira em julho de 2022 para permitir a construção de barreiras mais fortes.

Em setembro daquele mesmo ano, muitos russos começaram a chegar ao país depois que o presidente do país, Vladimir Putin, ordenou a mobilização de reservistas para lutar na Ucrânia.

Estônia, Letônia e Polônia, que também fazem fronteira com a Rússia, também aumentaram a segurança em suas fronteiras ou estão considerando fazê-lo.

 

Ingresso na Otan

Após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado, tanto a Finlândia quanto a Suécia decidiram ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) o mais rápido possível, depois de permanecerem neutros por anos.

Na quarta-feira (1/3), o Congresso finlandês aprovou por larga maioria a sua entrada na Otan, por 184 votos a favor a 7 contra.

O país enfrenta menos dificuldades diplomáticas do que a Suécia, e o governo quer continuar avançando mesmo antes das eleições gerais, em abril.

Enquanto isso, Finlândia e Suécia já contam com o apoio de quase todos os países membros da Otan, exceto dois.

Turquia e Hungria ainda não aprovaram sua entrada na aliança militar.

 

 

- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c10ey51lr4go

PROVÍNCIA DE DONETSK – Forças russas intensificaram nesta terça-feira sua campanha para cercar a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde o comandante das forças terrestres ucranianas descreveu a situação como “extremamente tensa”.

As forças russas, incluindo combatentes mercenários do Grupo Wagner, estão tentando cortar as linhas de abastecimento dos defensores ucranianos para a cidade, cenário de algumas das batalhas mais sangrentas da guerra, e forçá-los a se render ou se retirar.

Isso daria à Rússia sua primeira grande conquista em mais de meio ano e abriria caminho para a captura dos últimos centros urbanos remanescentes na região de Donetsk, que Moscou afirma ter anexado junto com outras três regiões ucranianas.

“Apesar das perdas significativas, o inimigo lançou as unidades mais preparadas da Wagner, que estão tentando romper as defesas de nossas tropas e cercar a cidade”, disse o coronel-general Oleksandr Syrskyi da Ucrânia em uma plataforma de mensagens militares.

A agência de notícias russa RIA divulgou um vídeo que disse mostrar caças russos Su-25 voando sobre Bakhmut. “Estamos felizes por eles serem nossos”, disse um homem no clipe identificado como um combatente de Wagner, acrescentando que os jatos os ajudaram “psicologicamente”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que descreveu Bakhmut como “nossa fortaleza” que precisa ser defendida até o fim, afirmou em seu discurso de rádio noturno que as forças russas “estão constantemente destruindo tudo o que pode ser usado para proteger nossas posições de fortificação e defesa”.

Os militares da Ucrânia disseram que a Rússia também estava bombardeando assentamentos em torno de Bakhmut, que tinha uma população pré-guerra de cerca de 70.000, mas agora está em ruínas após meses de intensa guerra de trincheiras.

“No último dia, nossos soldados repeliram mais de 60 ataques inimigos”, disseram os militares no início da terça-feira, referindo-se a Bakhmut e áreas próximas do leste, acrescentando que as forças ucranianas repeliram os ataques russos às vilas de Yadhidne e Berkhivka, nas proximidades ao norte de Bakhmut.

O analista militar ucraniano Oleh Zhdanov disse que as forças russas abriram uma barreira entre essas vilas.

“A parte sul de Bakhmut é a única área que pode ser descrita como sob controle ucraniano. Em todos os outros distritos, a situação é imprevisível… É impossível dizer onde está a linha de frente”, declarou ele em um comentário em vídeo.

 

YELLEN EM KIEV

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, tornou-se a mais recente autoridade ocidental graduada a visitar a capital ucraniana, prometendo assistência e mais medidas para isolar a Rússia após reuniões com Zelenskiy e outras autoridades.

O chefe dela, o presidente norte-americano, Joe Biden, foi lá há uma semana para marcar o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia.

 

“A América ficará com a Ucrânia o tempo que for necessário”, disse Yellen ao primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, na segunda-feira.

 

 

Por Leonardo Benassatto / REUTERS

RÚSSIA - A Rússia afirmou nesta segunda-feira (27) que o plano proposto na semana passada pela China para soluciona o conflito na Ucrânia "merece atenção", mas que as condições necessárias para uma solução "pacífica" não estão reunidas no momento.

"Consideramos o plano de nossos amigos chineses com grande atenção (...) É um processo longo. No momento, não vemos as premissas para que o assunto possa seguir uma via pacífica", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"A operação militar especial (na Ucrânia) continua", acrescentou.

Na sexta-feira, quando a ofensiva russa completou um ano, a China publicou um documento de 12 pontos que pede a Moscou e Kiev o início de negociações de paz.

Enquanto a China busca o espaço de mediação no conflito, sua posição de aliada da Rússia a desqualifica aos olhos das potências ocidentais, que apoiam a Ucrânia.

Rússia e Ucrânia não demonstraram até o momento nenhuma vontade séria de iniciar negociações e reagiram com prudência à proposta chinesa.

Ao mesmo tempo, o Kremlin chamou nesta segunda-feira de "absurdo" o novo pacote de sanções imposto pela União Europeia (UE) à Rússia na sexta-feira, que afeta 121 indivíduos e instituições.

"Tudo isto é absurdo. Vemos que impõem sanções a qualquer um (...) apenas para elaborar novas listas", afirmou Peskov, antes de acrescentar que as medidas não devem afetar as pessoas citadas.

 

 

por AFP

UCRÂNIA - Em pronunciamento à população ucraniana na sexta-feira (24), dia em que a invasão russa completa um ano, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que “derrotará todos” e que fará o possível para dar fim ao conflito em 2023.

“Somos fortes. Estamos preparados para tudo. Derrotaremos todos, porque somos a Ucrânia”, disse o ucraniano. “Nunca os perdoaremos. Nunca descansaremos até que os assassinos russos sejam punidos. Pelo tribunal internacional, pelo julgamento de Deus ou por nossos soldados.”, completou.

Ainda nesta sexta-feira, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, anunciou através do Facebook que prepara uma contraofensiva ao exército russo.

"Atacaremos com mais força e a partir de distâncias maiores, no ar, em terra, no mar e no ciberespaço. Nossa contraofensiva vai acontecer. Estamos trabalhando duro para prepará-la”, escreveu.

 

 

REDE TV!

UCRÂNIA - A história do mundo é praticamente indistinguível da história da guerra. Após um hiato de 75 anos em que as nações desenvolvidas evitaram confrontos, a guerra voltou à Europa, o crisol das duas guerras mundiais. Vai esta guerra humilhar Vladimir Putin e desencorajar outros agressores, forjando uma nova paz? Ou intensificará os atritos entre potências, consolidando uma nova guerra fria que pode escalar para uma guerra quente e finalmente uma nova guerra mundial?

Em favor da primeira opção, o assalto de Putin produziu o inverso de seu intento inicial: o mito do poderio russo desmoronou; as nações ocidentais reagiram com uma solidariedade sem precedentes, galvanizaram a Otan e isolaram como nunca a Rússia; os ucranianos estão mais inclinados a integrar o Ocidente e fortalecer sua democracia, e sua contraofensiva recuperou amplos pedaços de seu território.

Por outro lado, se o desempenho do exército russo foi pior do que o esperado, o de sua economia foi melhor. Suas exportações foram canalizadas para grandes mercados como China, Índia e outros na Ásia, África e América Latina. Já a economia ucraniana agoniza e depende de um Ocidente que dá sinais de dissensos sobre até onde deve manter seu apoio. O tempo está a favor da Rússia.

Como já dissemos nesta página em junho do ano passado: “Idealmente, Ucrânia e Rússia estariam provendo o mundo com energia e alimento abundantes. A Ucrânia seria uma ponte entre a Europa e a Rússia, a qual seria uma ponte entre o Ocidente, a China e o Oriente, em um mundo seguro e economicamente aberto. Mas esse ideal de paz, justiça e prosperidade nunca esteve tão distante”. Hoje, está ainda mais.

Idealmente, o conflito deveria terminar com paz e justiça. Mas essa combinação é impraticável por uma dissonância entre o poder e a legitimidade: as ambições de Putin são ilegítimas, mas ele tem poder para ferir a Ucrânia e ameaçar o mundo. Se a platitude esposada por muitos, como o presidente Lula, de que “quando um não quer, dois não brigam”, é equivocada ante uma invasão criminosa, o fato é que uma guerra só termina quando as duas partes querem. E não há sinal dessa disposição por parte da Rússia – e tampouco da Ucrânia, que, a exemplo do que faria qualquer país soberano, não aceitará passivamente a pilhagem de seu território por um regime delinquente.

Há um limite nos objetivos dos adversários dos russos: assegurar a soberania e a democracia da Ucrânia e restaurar as fronteiras pré-2022 – no máximo as de 1991. Os objetivos de Putin são ilimitados: retomar a Ucrânia e outras partes do império russo. Ele está mobilizando a Rússia para um confronto civilizacional contra o Ocidente que pode durar toda uma geração. Para tanto, busca o apoio da China e conta com o esmorecimento da resolução ocidental – meta que poderia ser atingida com uma eventual eleição de Donald Trump em 2024.

O Ocidente precisa se preparar para essa guerra longa, de imediato fornecendo mais armas para que a Ucrânia ganhe posições na batalha. Com tanques e eventualmente caças, isso é possível. Ainda assim, será preciso se preparar para as retaliações de Putin. Isso implica modernizar arsenais para dissuadi-lo de uma escalada e concertar meios de financiar e armar a Ucrânia para garantir sua resiliência, eventualmente integrando-a à União Europeia e mesmo à Otan. Mais do que isso, terá de vencer a batalha da opinião pública em seus países e no mundo. A resiliência ocidental pode afinal virar a mesa, levando o povo russo a se dar conta de que não pode vencer a guerra e a forçar o Kremlin a uma solução de compromisso.

Os dilemas atuais foram resumidos por Henry Kissinger: “A busca pela paz e a ordem tem dois componentes que são por vezes tratados como contraditórios: a busca de elementos de segurança e a exigência de atos de reconciliação. Se não pudermos conquistar ambos, não atingiremos nenhum”. Manter o equilíbrio desses elementos, balanceando a força e a diplomacia, é crucial neste momento em que o mundo está numa posição equidistante e volátil entre uma nova paz e uma nova guerra mundial.

 

 

por Notas & Informações

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