BRASÍLIA/DF - Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm defendido cautela na avaliação da possibilidade de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprimento de medidas cautelares.
A análise foi consolidada após integrantes do tribunal observarem a repercussão do despacho do ministro Alexandre de Moraes no qual ameaçava prender Bolsonaro caso não explicasse sua declaração a jornalistas contra a obrigação de usar tornozeleira eletrônica.
Políticos e empresários sinalizaram ao Supremo que os impactos de uma prisão preventiva seriam negativos para o esforço diplomático de derrubar o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros e poderia tumultuar o processo sobre a trama golpista, em fase final, que pode culminar na condenação definitiva do ex-presidente.
Os editoriais publicados pelos principais jornais com opinião contrária à proibição de Bolsonaro conceder entrevistas foram recebidos no Supremo como uma repercussão negativa da opinião pública sobre a escalada da crise com Bolsonaro neste momento.
Cinco ministros ouvidos pela Folha de S.Paulo destacam que é preciso ter cautela diante de um cenário conturbado. Eles rechaçam, porém, que a liberdade de Bolsonaro signifique uma interferência do governo Donald Trump sobre a corte.
As estratégias para pacificar a situação são as mais variadas. Um ministro do Supremo chegou a sugerir um pacto de silêncio entre Bolsonaro e o tribunal como forma de acalmar os ânimos.
Outros argumentam que não há razão para uma prisão preventiva considerando que o processo sobre a tentativa de golpe de Estado está em sua fase final, com julgamento próximo.
Moraes tem tido respaldo da maioria dos ministros do Supremo nas decisões que toma em processos que miram o bolsonarismo. A imposição de medidas cautelares contra Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica, foi referendada pela Primeira Turma do STF.
Há, porém, uma avaliação que a decisão que impediu o ex-presidente de dar entrevistas, com ameaça de prisão por ter falado às câmeras no Congresso Nacional na segunda-feira (21), pode ter tensionado o clima além do necessário.
O acirramento poderia prejudicar ainda mais a relação com Estados Unidos, o que prejudicaria as negociações para impedir a sobretaxa de 50% em produtos brasileiros, marcada para entrar em vigor em 1º de agosto.
Um dos principais interlocutores do mundo político com o tribunal, o ex-presidente Michel Temer (MDB) gravou um vídeo pedindo pacificação diante das interferências de Trump no Brasil.
Temer chamou o tarifaço de "despropositado" e a revogação dos vistos de ministros do Supremo de ato "injustificável e inadmissível".
"São inadequações que não se resolvem, contudo, com bravatas, com ameaças, com retruques, com agressões. Resolve-se pelo diálogo que se faz entre as nações, especialmente as nações parceiras", disse o ex-presidente.
Dentro do Supremo, a revogação dos vistos de 8 dos 11 ministros é entendida como uma medida de pequeno impacto. Torna-se importante mais pelo símbolo da agressão inédita ao tribunal do que pela proibição dos integrantes da corte de entrar nos Estados Unidos.
Por mais que o caso seja minimizado no STF, ministros que foram poupados pelo Departamento de Estado contaram à Folha que há certo constrangimento na situação.
Não foi por acaso que o ministro Luiz Fux, ao votar contra as medidas cautelares de Bolsonaro na segunda-feira, decidiu iniciar o voto criticando as ações do governo Trump, com um manifesto sobre a "soberania nacional como fundamento da República Federativa do Brasil".
"Os juízes devem obediência unicamente à Constituição e às leis de seu país. No exercício de seu mister, devem arbitrar conflitos tanto quanto possível em prol de sua pacificação, calcados nos consensos morais mínimos de uma sociedade plural e complexa", disse Fux no voto.
"Na seara política, contextos e pessoas são transitórios. Na seara jurídica, os fundamentos da República Federativa do Brasil e suas normas constitucionais devem ser permanentes", completou.
O sentimento de cautela na Corte chegou ao entorno do ex-presidente, e o clima nesta quarta-feira (23) foi de uma temperatura bem abaixo dos dias anteriores. Chegaram a Bolsonaro relatos de conversas de lideranças políticas a magistrados, além de um entendimento de que não há respaldo unânime às ações de Moraes no STF nesta semana.
O ex-presidente foi acordado às 5h30 com helicópteros e imprensa na sua casa, o que gerou temor de uma eventual prisão. Mas, ao longo do dia, seus aliados foram repassando relatos de distensionamento. Ainda que Moraes não tenha respondido aos seus advogados nos autos até 20h30 desta quarta, a avaliação era de que não há risco iminente de uma preventiva.
O ex-mandatário passou o dia na sede nacional do partido, onde recebeu visitas de alguns poucos aliados que continuam em Brasília. Foi organizado um esquema entre eles para que o ex-presidente esteja sempre acompanhado nesses dias.
A preocupação com a saúde, neste momento, passou. Segundo relatos, ele não está mais soluçando. Bolsonaro estava afastado de agendas públicas até o fim do mês, por recomendação médica. Aliados temiam que o quadro piorasse diante do aumento de estresse com as medidas cautelares.
Bolsonaro esteve com os deputados federais Evair de Melo (PP-ES), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), além do senador Magno Malta (PL-ES), entre outros. Ao chegar e sair do partido, ele disse a jornalistas apenas que "infelizmente, não pode falar".
Aliados afirmam que ele será obediente às cautelares. E que, apesar de já considerarem que ele, na prática, está preso, ele não vai violar as normas estabelecidas por Moraes, aguardando um detalhamento maior, sobretudo no que diz respeito às entrevistas.
por Folhapress
BRASÍLIA/DF - Na manhã de sexta-feira (18), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação onde aponta que Jair Bolsonaro teria financiado uma operação destinada a atacar a soberania nacional e interferir na independência dos Poderes. As ações do ex-presidente tiveram efeitos concretos no tarifaço determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.
Entre as acusações contra Bolsonaro, está o fato do ex-presidente ter admitido publicamente que financiou, com R$ 2 milhões, a operação que seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está fazendo nos Estados Unidos para adotar medidas contra o Brasil e contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro, neste novo inquérito, é acusado de coação no curso do processo, obstrução da Justiça e ataque à soberania nacional, para tentar interromper o processo que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), pela tentativa de golpe de 8 de janeiro.
O ex-presidente é reu e foi acusado pela Procuradoria Geral da República por Organização criminosa armada, Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e Deterioração de patrimônio tombado.
A Polícia Federal encontrou na casa do ex-presidente um pen-drive, que tinha sido escondido em um banheiro, mais 14 mil dólares (cerca de R$ 78 mil) e R$ 8 mil em espécie.
Por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, o ex- presidente também ficará submetido a "medidas restritivas", incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, segundo apurou o Estadão. O ex-presidente também está proibido de acessar as redes sociais.
Além disso, Bolsonaro precisará cumprir o recolhimento domiciliar de 19 horas às 7 horas e também nos fins de semana; não poderá se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros nem com outros réus e investigados pelo STF.
por Rafael Damas
SÃO PAULO/SP - Enquanto seu entorno trabalha para reduzir a resistência de Jair Bolsonaro (PL) a indicá-lo para concorrer ao Palácio do Planalto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) repetiu o slogan eleitoral do ex-chefe e cedeu a pedido dele para reproduzir um grito que o ex-presidente costuma dar ao fim de discursos.
Na terça-feira (17), em evento em Presidente Prudente (SP) no qual enfileirou elogios a Bolsonaro, Tarcísio convocou a plateia a gritar "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
O ex-mandatário então lhe fez um pedido fora do microfone, e o governador respondeu: "Eu fazer 'ihuuu'? Tem direito autoral, presidente". Bolsonaro insistiu, proferiu a onomatopeia e cedeu o microfone a Tarcísio, que a repetiu.
Os dois estiveram juntos nesta terça-feira (17) na Feicorte (Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne), em Presidente Prudente, em evento que se tornou um ato de desagravo a Bolsonaro, inelegível e réu sob acusação de liderar uma trama golpista em 2022.
Em sua fala, Tarcísio afirmou que Bolsonaro é uma referência para ele e que a missão do ex-presidente ainda não acabou. "O senhor ainda vai contribuir muito para o Brasil, o senhor vai fazer a diferença", declarou.
O governador declarou ainda que Bolsonaro "entregou o Brasil crescendo, entregou o Brasil gerando emprego, entregou o Brasil com superávit, entregou o Brasil onde as estatais davam lucro, entregou o Brasil que nos permitiu sonhar, fez a diferença, mostrou como a seriedade, como o zelo, são importantes".
Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. Na pasta, endossou a postura negacionista do então presidente sobre a Covid. Estava ao lado de Bolsonaro na live em que o ex-presidente ri ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, bolsonaristas acomodados pelo governador no Palácio dos Bandeirantes mudaram de postura e passaram a admitir a possibilidade de candidatura do governador à Presidência, com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice.
Na semana passada, Tarcísio negou em depoimento ao STF conhecer qualquer articulação golpista de Bolsonaro.
Enquanto ocupou o Palácio do Planalto, o ex-presidente acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.
Saudosista da ditadura militar (1964-1985) e de seus métodos antidemocráticos e de tortura, já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é réu no STF sob a acusação de ter liderado a trama golpista de 2022. Hoje está inelegível ao menos até 2030.
Caso seja condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, a pena pode passar de 40 anos de prisão.
por Folhapress
BRASÍLIA/DF - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (14) que, se for condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de integrar a trama golpista de 2022, é "game over", por não ter mais para onde recorrer.
Bolsonaro, que tem um histórico de ataques e críticas à corte, disse ainda que não fica feliz em desgastar o Supremo.
"Não tem para onde recorrer mais ali. Se eu for condenado, pronto, acabou, é 'game over'. Vamos ver como vai ser, se vai ter reação da população. Fora do Brasil, isso está tomando corpo. Como disse, Romênia, França, EUA sofreu essa questão também do lawfare, isso tudo gera desgaste ao Supremo", disse, em entrevista ao UOL.
"Não fico feliz em desgastar Supremo. Se fazem pesquisa sobre a popularidade do Supremo, está abaixo do Legislativo quem diria. Não entendo porque essa perseguição brutal em cima de mim", completou.
Apesar da declaração, Bolsonaro manteve durante a entrevista o discurso de que não anunciar qualquer tipo de sucessor. E, quando foi questionado sobre o prazo para que governadores se desincompatibilizassem do cargo para disputar eleição, em abril, disse que ainda falta muito. Foi elogioso a Tarcísio de Freitas, chefe do Executivo em São Paulo, mas não apontou-o como sucessor.
O ex-presidente também minimizou encontro que teve com o general Mário Fernandes no Palácio da Alvorada no fim do seu governo. Fernandes está preso, por ter planejado o assassinato de Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no plano que ficou conhecido como Punhal Verde e Amarelo.
Bolsonaro disse que muitos iam vê-lo para prestar solidariedade, ver como ele estava de saúde, e disse que a Polícia Federal precisa ouvir depoimento do general para questionar sobre o plano -que poderia ser uma "roteiro de novela, filme, algo qualquer", minimizou o ex-presidente.
Questionado sobre o seu ex-ajudante de ordens, Mauro César Cid, que fez delação premiada, evitou dizer se ele mentiu às autoridade, mas afirmou que foi torturado e alvo de "pau de arara do século 21". O termo foi utilizado para cunhar uma forma de tortura da ditadura militar.
O ex-presidente é defensor deste período da história e já chegou a chamar o coronel Brilhante Ustra, notório torturador do regime, de herói nacional.
"Pode fazer delação nessa circunstância? Não, até Lava Jato falou que [é] pau de arara do século 21. Isso foi feito com Cid. Delação subentende o quê? Espontaneidade, verdade e prova. Deixou de existir na delação do Cid. Ele foi torturado, não vou falar que ele mentiu", afirmou.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em abril, Bolsonaro foi questionado se uma eventual prisão significaria o fim da sua carreira política e disse: "É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos". Bolsonaro é acusado de cinco crimes, cujas penas somadas superam 40 anos.
No final de março, a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu, por unanimidade, a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) e tornou réus Bolsonaro e outros sete acusados de integrar o núcleo central da trama golpista de 2022.
A decisão do Supremo abre caminho para julgar o mérito da denúncia contra o ex-presidente até o fim do ano, em esforço para agilizar o julgamento e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026.
O recebimento da denúncia também impacta a situação política de Bolsonaro, declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2023. Com o avanço no Supremo do processo que pode levá-lo à prisão, aliados do ex-presidente se dividem sobre a antecipação da escolha de um candidato para a corrida eleitoral do próximo ano.
A entrevista agora ao UOL se dá em meio a um imbróglio entre a Câmara dos Deputados e o STF. Na véspera, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu à decisão do Supremo de derrubar a manobra da casa a favor do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), e que beneficiaria outros réus, como Bolsonaro.
Motta anunciou uma ação para levar o caso ao plenário da corte. Em rede social, afirmou que ingressou com uma ADPF "para que prevaleça a votação pela suspensão da ação penal contra o deputado Delegado Ramagem".
Em paralelo, integrantes da cúpula da Câmara dos Deputados dizem que a Casa deve avançar com a PEC (proposta de emenda à Constituição) que limita decisões monocráticas de ministros do STF em uma resposta política à corte.
A PEC foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa em outubro do ano passado. Ela fazia parte de pacote que mirava a atuação do STF, diante da insatisfação de parlamentares com a decisão da corte em suspender a execução de emendas parlamentares.
Oriunda do Senado, a proposta restringe o poder de os magistrados do tribunal derrubarem por decisão monocrática (individual) leis aprovadas pelo Congresso.
por Folhapress
SÃO PAULO/SP - O MPF (Ministério Público Federal) arquivou o inquérito que apurava se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) importunou uma baleia jubarte no litoral paulista.
De acordo com a procuradora Maria Rezende Capucci, que assina o documento, a investigação deixou claro que Bolsonaro se aproximou do animal mais do o permitido, mas não que não foi demonstrada intenção de incomodá-lo.
"Esta intenção no caso em análise, ainda que possa ter existido, não foi suficientemente demonstrada pelos elementos colhidos na investigação a justificar o início da persecução penal", afirmou.
Com isso, a procuradora determinou o arquivamento do caso, que foi frequentemente compartilhado por apoiadores do ex-presidente para ilustrar o que dizem ser perseguição política a ele.
"[As razões da linha de defesa] evidenciaram, a um só tempo, o absurdo daquela apuração e a mobilização da máquina estatal na direção de um episódio nitidamente sem qualquer repercussão jurídica, mas que, no entretanto, foi amplamente explorado pelo ambiente político", disse no X o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno.
Bolsonaro publicou uma charge na rede social, ao repostar a declaração de seu advogado. Na imagem, há uma baleia em um tribunal, de terno.
O ex-presidente prestou depoimento à PF sobre esse caso em fevereiro do ano passado. À época disse à Revista Oeste que avistou um grupo de embarcações, aproximou-se, viu a baleia a "15, 20 ou 30 metros" na sua frente, mas deixou seu jet ski em ponto morto e saiu do local. "Não tenho nenhum prazer em ver baleia por aí", afirmou, dizendo esperar arquivamento do inquérito.
A investigação apurou possíveis crimes ambientais previstos em lei, sobre "molestamento intencional" de baleias. A ação foi aberta após circularem nas redes vídeos do jet ski com motor ligado se aproximando da jubarte.
O Ministério Público Federal diz que a moto aquática teria ficado a 15 metros da baleia. Vídeos e fotos divulgados em redes sociais comprovariam a informação, segundo a procuradora Marília Soares Ferreira Iftim. O condutor pilotava o veículo a uma distância inadequada e ainda gravava com o celular, segundo o MPF.
Bolsonaro se tornou réu na semana passada no STF (Supremo Tribunal Federal) por integrar trama golpista. O ministro Alexandre de Moraes, dois dias depois, na sexta-feira (28), arquivou o inquérito que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e apura a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
O relator do caso acolheu pedido feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, na quinta-feira (27) sob argumento da ausência de elementos suficientes para justificar a responsabilização do ex-presidente.
Ainda pesa contra o ex-presidente o caso das joias, que está sob análise da PGR. Bolsonaro foi indiciado pela PF sob suspeita dos crimes de associação criminosa (com previsão de pena de reclusão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos).
FOLHAPRESS
BRASÍLIA/DF - O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 6 de dezembro o julgamento do recurso no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro pretende afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria do inquérito do golpe.
O plenário da Corte vai julgar um recurso da defesa do ex-presidente para derrubar a decisão do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, que, em fevereiro deste ano, negou pedido feito pela defesa do ex-presidente para que Moraes seja impedido de atuar no processo.
Após a decisão, os advogados recorreram ao plenário para reafirmar que Alexandre de Moraes figura como vítima nas investigações. Segundo a defesa, pelas regras do Código de Processo Penal (CPP), o juiz não pode atuar no processo em que ele próprio for parte ou diretamente interessado.
Na semana passada, Bolsonaro e mais 36 aliados foram indiciados pela Polícia Federal (PF) pela tentativa de golpe. De acordo com as investigações, Bolsonaro tinha conhecimento do plano para matar Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
O caso será julgado pelo plenário virtual da Corte. Na modalidade eletrônica, os votos são inseridos no sistema de votação e não há deliberação presencial dos ministros.
AGÊNCIA BRASIL
SÃO PAULO/SP - Cotados a concorrer pela direita ao Palácio do Planalto em 2026, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, não responderam se leram o relatório da Polícia Federal a respeito da trama golpista de 2022, que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de mais 36 pessoas.
Segundo a PF, o ex-presidente planejou, atuou e teve domínio sobre o plano arquitetado para uma ruptura institucional no país, em uma ação que incluiria assassinato de autoridades e envolveria 12 militares da ativa.
A reportagem indagou a Tarcísio, Zema, Ratinho Jr. e ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), se eles haviam lido o relatório com a conclusão de dois anos de investigação sobre o caso. Os três primeiros não responderam, e Caiado disse que não leu.
A Secretaria de Comunicação de São Paulo disse que Tarcísio não comentaria o caso. Presente na inauguração de uma metalúrgica em Mogi Guaçu (SP) na manhã desta quarta-feira (27), ele foi questionado por jornalistas sobre o relatório, mas se recusou a responder, e a coletiva de imprensa foi encerrada em seguida.
Zema não respondeu até a publicação deste texto.
O governador Ratinho Jr. (PSD-PR) declarou que "indiciamento não é sinônimo de condenação". "É preciso aguardar até mesmo para que o trabalho de investigação não seja comprometido, e os acusados não sejam vítimas de qualquer juízo de valor precipitado", afirmou.
Em resposta à reportagem, a assessoria de Caiado afirmou que o chefe de Estado ainda não teve tempo para se aprofundar no relatório e, por isso, não faria comentários sobre o tema.
Os quatro governadores são aliados políticos do ex-presidente.
Durante os dois anos de governo, o governador de São Paulo procurou projetar uma imagem de moderação, chegando a atrair insatisfação da ala bolsonarista, embora tenha colocado um indicado da família do ex-presidente para comandar a pasta de Segurança. O estado vive um aumento no número de mortes por policiais.
Após o indiciamento, Tarcísio passou a defender Bolsonaro. Na semana passada, foi às redes sociais e afirmou que a investigação da PF "carece de provas" e não comentou a descoberta pela PF de um plano para matar Lula, o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
No último fim de semana, Caiado também comentou o indiciamento. Em resposta a uma indagação da imprensa, respondeu: "E daí? A vida continua". Declarou ainda que não poderia se preocupar com "pequenas coisas", caso contrário, não teria tempo para governar.
A relação de Bolsonaro com os governadores de Goias e Paraná chegou a estremecer durante as eleições municipais.
Em Goiânia, Bolsonaro apoiou Fred Rodrigues (PL) contra o candidato de Caiado, Sandro Mabel (União Brasil). Em Curitiba, o PL do ex-presidente estava na chapa de Eduardo Pimentel (PSD), apoiado pelo governador, mas, ainda assim, Bolsonaro chegou a gravar vídeo dizendo torcer por Cristina Graeml (PMB).
Em uma eventual disputa em 2026, porém, tanto Caiado como Ratinho Jr. mirariam o eleitorado bolsonarista.
Bolsonaro nega tentativa de golpe e, assim como outros indiciados, já disse ser alvo de perseguição.
O ex-presidente foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 em razão de ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e da instrumentalização política das comemorações do Bicentenário da Independência.
FOLHAPRESS
SÃO PAULO/SP - O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), declarou que "a vida continua" após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito da Polícia Federal sobre trama golpista.
Até o sábado (23), o governador, que é aliado do ex-presidente e quer disputar o Palácio do Planalto em 2026, tinha ignorado o episódio.
"E daí? A vida continua. Agora tem dois anos que é só essa discussão no Brasil. O governo não tem uma proposta. Eu sou governador do estado. Se eu fosse ficar preocupado com as pequenas coisas, eu não governaria", afirmou.
A declaração de Caiado foi dada para jornalistas durante o jantar de abertura da 55ª Convenção da Conib (Confederação Israelita do Brasil), no Clube A Hebraica, em São Paulo.
Caiado aproveitou a oportunidade para reforçar que será candidato à Presidência. O governador disse que lançará a candidatura depois do Carnaval, em Salvador, e que já em janeiro começará a visitar cidades do interior.
Perguntado pela Folha como ficaria a relação com o ex-presidente no caso de se lançar candidato, Caiado disse que não tem problema algum com Bolsonaro, a quem sempre prestou apoio, e que o aliado é quem deveria ser questionado sobre isso.
"Todos sabem que eu sempre apoiei mesmo ele lançando um candidato contra mim em Goiânia, mas nós fomos vitoriosos", afirmou.
Na eleição municipal na capital de Goiás, Bolsonaro apoiou Fred Rodrigues (PL) contra o candidato de Caiado, Sandro Mabel (União Brasil), que acabou se elegendo prefeito. Em Curitiba, o PL do ex-presidente estava na chapa de Eduardo Pimentel (PSD), apoiado por Ratinho Jr, mas, ainda assim, Bolsonaro gravou vídeo dizendo torcer por Cristina Graeml (PMB).
Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, também esteve no evento da Confederação Israelita e falou sobre o indiciamento de Bolsonaro. Castro afirmou não acreditar em golpe de Estado e disse que tudo será esclarecido pela Justiça.
"O que eu acredito é que tinham pessoas baderneiras fazendo baderna, e que esses têm que ser punidos", disse.
O governador do Rio ainda declarou confiar na PGR (Procuradoria-Geral da República) e que o órgão será muito criterioso no tratamento com o ex-presidente, por se tratar de um chefe de Estado.
O presidente da Conib, Claudio Lottenberg, disse em discurso que não convidou o atual presidente da República, mas que o futuro presidente estava na sala da cerimônia.
Também participaram do evento na capital paulista o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o senador Carlos Viana (Podemos-MG).
O governador Tarcísio tem evitado a imprensa desde sua declaração no dia da votação do segundo turno, quando afirmou, sem apresentar provas, que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) havia orientado voto em Guilherme Boulos (PSOL).
No jantar, ele afirmou aos jornalistas que não daria entrevistas.
FOLHAPRESS
BRASÍLIA/DF - O general da reserva Mário Fernandes, um dos alvos da Operação Contragolpe deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (19), declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria dado aval para um plano golpista até o dia 31 de dezembro de 2022, último dia de seu mandato. A operação busca prender cinco militares suspeitos de planejar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin.
Segundo relatório da PF, Mário Fernandes revelou, em áudio enviado ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que o ex-presidente teria afirmado que ações poderiam ocorrer até o final de seu governo. "Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro", disse Fernandes na mensagem de voz, em referência à diplomação de Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fernandes, que durante o governo Bolsonaro foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, é apontado pela PF como autor de um documento intitulado "Punhal Verde e Amarelo", que supostamente detalhava um plano de sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de Lula e Alckmin. A PF afirma que o documento foi impresso no Palácio do Planalto e posteriormente levado ao Palácio da Alvorada, residência oficial de Bolsonaro.
Embora as investigações mencionem o envolvimento de Bolsonaro no contexto dos relatos, o ex-presidente não é formalmente investigado no caso. "A investigação identificou que o documento contendo o planejamento operacional denominado 'Punhal Verde Amarelo' foi impresso pelo investigado Mário Fernandes no Palácio do Planalto e levado ao Palácio da Alvorada", detalhou a Polícia Federal em comunicado.
O ex-presidente ainda não se manifestou publicamente sobre a operação. No entanto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, saiu em defesa nas redes sociais. "Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver tentativa, é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes", declarou. Flávio citou ainda um projeto de lei de sua autoria que busca criminalizar atos preparatórios de crimes graves.
O caso segue sob investigação e reforça a tensão em torno das alegações de conspiração golpista durante o período de transição presidencial no Brasil.
NOTÍCIAS AO MINUTO BRASIL
SÃO PAULO/SP - A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou em rede social que o artigo sobre democracia assinado por Jair Bolsonaro (PL) neste domingo, 10, é como o de "um assassino defendendo o direito à vida".
"É como apagar da memória do País que o inelegível chefiou uma tentativa de golpe armado contra o presidente eleito, com gente que planejava o sequestro dos presidentes da República e do STF; que tentou sabotar o processo eleitoral e fraudar o resultado", escreveu Gleisi nesta segunda-feira, 11, sobre o texto publicado pelo jornal Folha de S.Paulo.
A deputada também disse que a tentativa de reabilitar Bolsonaro no debate público é uma estratégia perigosa que pode normalizar comportamentos extremistas. "Ele é o chefe de uma extrema direita que prega o ódio e pratica a violência contra qualquer opositor, até mesmo em seu campo", afirmou.
No artigo, intitulado "Aceitem a democracia", Bolsonaro argumentou que a direita está em ascensão global, citando as vitórias eleitorais recentes nos Estados Unidos e na Argentina como exemplos de uma "onda conservadora". Ele defendeu que esses movimentos são impulsionados pelo desejo popular por ordem, progresso, liberdade econômica e respeito aos valores familiares e religiosos. Sob as acusações de envolvimento em atos antidemocráticos, o ex-presidente tenta se reposicionar como defensor da democracia.
A publicação do artigo ocorre em um momento delicado para Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) está prestes a apresentar uma nova denúncia contra o ex-presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF), imputando a ele participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
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