Arroz e leite recuam; óleo, batata e tomate sobem, mas carnes seguem com maior peso no orçamento, aponta pesquisa do IEMB-Acirp
RIBEIRÃO PRETO/SP - A pesquisa mensal do custo da cesta básica da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) mostrou que o valor médio da cesta em outubro de 2025 foi de R$ 705,74, o que representa queda de 0,55% em relação ao mês anterior.
De acordo com Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB-Acirp), condutor do estudo, a leve redução é resultado da melhora na oferta agrícola. Também é devida a ajustes na demanda doméstica, especialmente em produtos básicos como arroz e leite, cujos preços caíram de forma mais expressiva no período.
Metodologia
O estudo foi conduzido em 16 de outubro de 2025 e a lista de alimentos avaliados tem como base o Decreto Lei nº 399/1938, que define as quantidades mínimas para suprir necessidades nutricionais mensais. Foram coletados preços em 10 supermercados/hipermercados e 4 panificadoras, distribuídas pelas regiões Norte, Leste, Oeste, Sul e Central.
Itens em destaque
O arroz branco tipo I apresentou a maior queda, de -10,15%. Segundo Lucas Ribeiro, economista do IEMB-Acirp, a situação “é reflexo de uma oferta agrícola ainda elevada em um contexto de cotações deprimidas, somada a um consumo doméstico que não acompanhou o ritmo da produção.”
“A valorização do real reduziu a competitividade das exportações e aumentou a disponibilidade interna, mantendo a pressão baixista sobre o mercado doméstico”, aponta Ribeiro.
O leite longa vida também teve uma diminuição significativa, de -9,29%, reflexo da elevação da produção nacional e do aumento das importações de lácteos, que ampliaram a oferta e pressionaram os preços.
Entre as altas, destacam-se o óleo de soja (+8,70%), a batata inglesa (+8,33%) e o tomate italiano (+5,14%), que seguiram o movimento de entressafra.
Comprometimento da renda
As carnes continuam representando o maior peso no orçamento alimentar, respondendo por 44,13% do total da cesta.
Em seguida vêm frutas e legumes (23,10%), farináceos (20,66%), laticínios (5,76%), leguminosas (3,41%), cereais (1,95%) e óleos (0,99%).
Diferenças regionais
O levantamento apontou variações expressivas entre as regiões da cidade. A zona Sul apresentou o maior custo médio (R$ 762,54), com alta de 0,18% em relação ao mês anterior. A cotação mais baixa foi registrada na região Oeste (R$ 659,81), que apresentou queda de 1,41%.
Nas demais áreas, o custo médio foi de R$ 728,63 (+2,43%), na Leste; R$ 710,35 (-9,83%), na Central e R$ 675,91 (+1,01%), na Norte.
Considerando o salário mínimo líquido de R$ 1.403,85, um trabalhador ribeirão-pretano comprometeu 50,27% da renda apenas com a cesta básica em outubro. Para adquirir os produtos, foram necessárias 110,6 horas de trabalho, o que representa redução de cerca de 36 minutos em relação a setembro.
“O resultado aponta para estabilidade, com leve alívio para o consumidor. A boa oferta de grãos e leite contribuiu para conter os preços, enquanto as altas pontuais em hortaliças refletem ajustes sazonais típicos do período”, avalia Ribeiro.
O economista destaca ainda que “o comprometimento da renda das famílias permanece elevado, mas os preços vêm se acomodando gradualmente, ainda sujeitos às variações de safra e às condições de oferta no curto prazo.”
SERVIÇO
Cesta Básica IEMB-Acirp (Outubro/2025)
Região - Variação (Setembro/Outubro) / Custo Médio (Outubro)
- Norte: +1,01% / R$ 675,91
- Leste: +2,43% / R$ 728,63
- Oeste: -1,41% / R$ 659,81
- Sul: +0,18% / R$ 762, 54
- Central: -9,83% / R$ 710,35































