fbpx

Acesse sua conta de usuário

Nome de usuário *
Senha *
Lembrar de mim
 

CAMPO GRANDE/MS - O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, sancionou a Lei do Pantanal, voltada para promover a conservação, proteção, restauração e exploração sustentável do bioma. A legislação, sancionada dia 18/12, em Campo Grande, foi elaborada em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e prevê, entre outros pontos, regras para o cultivo agrícola, a produção pecuária e um fundo para programas de pagamentos por serviços ambientais.

A nova lei terá duração de 60 dias, após sua publicação. Com ela o Pantanal fica reconhecido como prioritário para compensação ambiental e de reserva legal. A legislação determina ainda que em propriedades rurais será necessário preservar 50% da área com formações florestais e de Cerrado. Nos locais com formações campestres, o percentual será de 40%.

A autorização para supressão da vegetação nativa dependerá da inscrição e aprovação do Cadastro Ambiental Rural, da inexistência de infrações ambientais nos últimos três anos e da aprovação de estudo e relatório de impacto ambiental para conversões acima de 500 hectares, entre outros.

Cultivos agrícolas exóticos como soja e cana-de-açúcar ficarão vedados, salvo para subsistência e sem fins comerciais. Os cultivos já existentes não poderão ser expandidos.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse na ocasião, que a lei facilitará a preservação dos biomas do Pantanal e do Cerrado para ajudar o desenvolvimento sustentável.

“Podemos ser ao mesmo tempo uma potência hídrica, uma potência agrícola, uma potência florestal, gerar emprego e renda”, afirmou a ministra. “Estamos abrindo um portal para que o Brasil seja ao mesmo tempo um país economicamente próspero, socialmente justo, mas também ambientalmente sustentável”.

A legislação também determina a proibição do confinamento bovino, exceto para criações já existentes e situações excepcionais em períodos de cheia ou emergência ambiental.

Desde que a preservação não seja prejudicada, poderá haver autorização para pastoreio extensivo das Áreas de Proteção Permanente de rios, corixos, salinas e baías e em áreas de Reserva Legal.

“Novos empreendimentos de carvoaria também não serão autorizados, assim como a construção de diques, drenos, barragens e outras alterações no regime hidrológico, além de pequenas centrais hidrelétricas. Haverá proibições a espécies exóticas de fauna”, disse o MMA.

Segundo o MMA, a lei prevê também a criação de um fundo estadual, o Fundo Clima Pantanal, para programas de pagamento por serviços ambientais. A prioridade será para a proteção e recuperação de nascentes e da cobertura vegetal em áreas degradadas e de importância para a formação de corredores ecológicos.

Os recursos para o fundo virão de multas ambientais pagas para o Estado, entre outras fontes. A estimativa do governo de Mato Grosso do Sul é que o aporte seja de R$ 50 milhões em 2024.

“Nós talvez estejamos dando o exemplo de contribuir não só com o Mato Grosso do Sul, mas com todo o planeta, porque este é um bioma único”, discursou Riedel. “A ciência balizou toda a nossa discussão, vários pesquisadores estiveram envolvidos. Quando tivermos dúvidas, vamos recorrer à ela”, disse o governador.

Projeto

De 2016 a 2022 o desmatamento no Pantanal sul-mato-grossense foi 3.517 quilômetros quadrados (km²), crescimento de 25,4% em comparação com os 2.622 km² registrados de 2009 a 2015, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em nota técnica, o MMA constatou que os critérios até então adotados por Mato Grosso do Sul para autorizar a supressão da vegetação nativa não estavam de acordo com o artigo 10 do Código Florestal. A nota recomendou a regulamentação do artigo e a conservação e o uso sustentável do Pantanal, além de medidas para suspender os efeitos das normas do Estado.

Em agosto, o governador suspendeu as licenças e autorizações para supressão vegetal na região e buscou uma solução conjunta com o MMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Um grupo de trabalho foi criado com representantes de MMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ICMBio e governo do Estado para elaborar o anteprojeto de lei apresentado à Assembleia Legislativa e aprovado, na semana passada, por 23 votos favoráveis e um contra.

 

 

Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil

MATO GROSSO DO SUL - Criadores do Pantanal trabalham em várias frentes para diferenciar o gado local daquele criado fora da região. Eles buscam certificações, selos e protocolos com classificações de carne sustentável, carbono zero, carbono neutro, de preservação de fauna e flora e também com identificação geográfica (IG).

A intenção é promover uma carne “diferenciada”, produzida de acordo com padrões ambientais para ampliar sua presença no mercado nacional e conquistar clientes internacionais. A busca pelos vários selos, que vão render preço extra na venda do produto, ocorre em paralelo e une a Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), a Embrapa, a Secretaria Estadual da Agricultura, o Ministério da Agricultura e ONGs como WWF e Instituto Homem Pantaneiro (IHP).

O apelo da sustentabilidade vai ao encontro do movimento global de consumidores preocupados com a preservação ambiental, que querem saber de onde vem seu alimento, como foi produzido e está disposto a pagar mais para compensar boas práticas de produção.

“A ideia é valorizar o gado pantaneiro sustentável, informando aos consumidores que ele é produzido de acordo com questões ambientais de conservação”, afirma Eduardo Cruzetta, presidente da ABPO.

Parte dos bovinos da região já é reconhecida como sustentável e tem direito a pagar metade da alíquota do ICMS na venda no Estado de Mato Grosso do Sul. Mas a carne chega ao mercado praticamente sem qualquer diferenciação de qualidade ou preço, misturada às demais de outras origens.

 

Alimento nativo

A ABPO desenvolveu um protocolo de produção que identifica as práticas tradicionais de produção de gado no Pantanal. Os animais são alimentados apenas com grama nativa na fase de cria e recria (até cerca de 1,6 ano). Em outras regiões, normalmente eles comem ração com produtos transgênicos e químicos após o desmame.

As normas da associação preveem também a rastreabilidade do animal desde o nascimento e cumprimento das legislações ambiental, trabalhista e estatutária.

O produtor precisa passar por um processo de certificação feito por empresas independentes. Segundo Cruzetta, a carne sustentável do Pantanal está no mercado desde 2020, mas ainda não possui um selo de identificação, o que dificulta suas vendas com “prêmio” (acima do valor de produtos sem essa característica).

“Além de estar produzindo uma carne mais saudável, estamos produzindo também biodiversidade”, justifica o presidente da ABPO, que tem 85 associados. Segundo ele, a associação recebe apoio do Instituto Taquari, da Wetlands e do WWF, organizações de preservação do meio ambiente, para “fazer crescer esse movimento da agropecuária sustentável no Pantanal.”

 

Carne Orgânica

Nas fazendas de Mato Grosso do Sul são abatidos atualmente 50 mil a 70 mil cabeças de gado por ano com a certificação de sustentável, número que representa de 5% a 7% dos abates anuais no Pantanal. Outra carne vendida por poucos produtores é a orgânica, cujas regras de certificação são mais rígidas.

Além da identificação desde o nascimento, incluindo quem é a mãe, o gado não pode ser alimentado, em nenhuma fase da vida, com rações que contenham agrotóxicos (milho, soja, sorgo) nem receber antibióticos. O tratamento preventivo só pode ser feito com homeopatia e fitoterapia e o rebanho deve ser criado em áreas sem desmatamento ilegal.

A carne orgânica também é certificada por empresas especializadas e o protocolo de produção é do Ministério da Agricultura. “Para esse gado, o prêmio pago ao produtor varia entre 10% e 15%”, afirma Cruzetta, mas, por enquanto, atende um nicho pequeno de mercado. Em São Paulo, por exemplo, é vendido apenas na rede de lojas da Korin. Antes da pandemia, os criadores abatiam cerca de 500 a 600 cabeças por mês, número que caiu para 250 a 300 e não se recuperou.

Heitor Herrera, proprietário da Fazenda Alegria, no distrito de Nhecolândia – a cerca de 80 km de Corumbá –, tem atualmente 6 mil cabeças de gado no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Segundo ele, normalmente são 8 mil, mas em razão da seca extrema da região o rebanho foi reduzido até o ambiente se recuperar.

“Todo o gado é criado com pastagem nativa, não usamos ração e o rebanho come o que o ambiente oferece”, afirma Herrera, que também é professor de veterinária na Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande.

Para ele, o projeto da Embrapa e da ABDO, de criar uma certificação para o gado pantaneiro, vai agregar valor ao produto. “Hoje a concorrência é desigual, pois recebemos valor igual ao de qualquer outra fazenda”, afirma.

Nos próximos meses, os produtores também devem aderir a uma certificação que será fornecida pela Embrapa, chamada de Fazendas Pantaneiras Sustentáveis (FPS). A instituição criou uma plataforma para mensurar os índices ambiental, social e econômico das propriedades para verificar se operam com manejo adequado, baseado em técnicas, que consiga produzir gado e ao mesmo tempo conservar ativos ambientais do bioma,

 

RAIO X

Thiago Coppola, chefe adjunto de transferência de tecnologias da Embrapa Pantanal, informa que os dados são captados e inseridos no sistema, que faz um “raio X” da fazenda e gera um gráfico com pontuações.

“Com os dados gerados, os pesquisadores fazem uma análise e entregam um documento ao produtor indicando como a fazenda está nos quesitos propostos e quais são as boas práticas que deve executar para melhorar”. A instituição também presta consultoria ao produtor, principalmente na parte tecnológica.

A plataforma já está sendo usada de forma piloto no Pantanal de Mato Grosso e logo vai começar a rodar também em Mato Grosso do Sul. “Na parte ambiental, o mundo hoje está se voltando para a questão do carbono, da relação entre o homem e o ambiente, da conservação, e isso vai valer para pagamentos de serviços ambientais e vai gerar um diferencial para a propriedade, por exemplo para obter certificações de sustentabilidade”, diz Coppola.

O próximo passo do projeto FPS será o desenvolvimento da certificação, que terá validade internacional, favorecendo as exportações.

 

Baixo carbono

A Embrapa também trabalha com a ABPO para fornecer certificados de “carne de baixo carbono” ou “carbono zero”, para sistemas que neutralizam ou reduzem a emissão de metano emitido pelos animais, por meio da integração de lavouras, pecuária e florestas e manejo adequado do solo. “Queremos neutralizar o carbono que os animais emitem com o plantio de árvores nativas”, exemplifica Sílvio Balduíno, diretor executivo da ABDO.

Outra demanda dos produtores de bovinos do Pantanal, a ser oficialmente solicitada até metade do próximo ano, é a Indicação Geográfica (IG), reconhecimento para produtos ou serviços que apresentam uma origem geográfica específica e que possuem qualidades e reputação relacionadas ao local de origem. “A IG é uma forma de proteção da propriedade intelectual onde o bem protegido não é o produto em si, mas o conjunto de fatores que estão associados a ele, ambientais, culturais, históricos e sociais relacionados a um ‘saber fazer único’ em um território”, explica Balduíno.

O órgão responsável pelo Reconhecimento da IG e autorização do uso do selo é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Por se tratar de produto com características exclusivas relacionadas ao meio geográfico, tanto social quanto ambiental, Balduíno acredita que “300 anos de pecuária com 85% da vegetação original preservada, a carne sustentável do Pantanal demonstra possibilidades de reconhecimento via IG, favorecendo o desenvolvimento territorial sustentável de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso”.

Ele cita exemplos como Roquefort para queijo produzido na região de Roquefort, e Champagne, espumante da região de Champagne, ambas na França.

 

Onça preservada

Outra adicionalidade no quesito preservação e diversidade é a parceria da ABPO com o IHP no projeto Felinos Pantaneiros, que tem como objetivo superar o conflito entre fazendeiros e felinos. Por muitas décadas, onças são mortas por atacarem o gado. Somada a essa prática, a caça de onças-pintadas (hoje proibida) colocou o felino típico do Pantanal na lista de animas em risco de extinção.

O programa do IHP propõe a instalação de cercas elétricas ao redor dos berçários nas fazendas – local onde ficam os bezerros – e repelentes, equipamentos que emitem luzes coloridas em várias direções e espantam as onças, em propriedades e áreas onde vivem os ribeirinhos, que perdem seus animais domésticos para os felinos. “A onça-pintada preservada garante receita de turismo para a região”, diz Ângelo Rabelo, presidente do IHP.

A Fazenda Alegria, de Herrera, é uma das dez propriedades do Pantanal sul-mato-grossense que aderiu recentemente ao uso de cercas elétricas para evitar que onças ataquem o gado. A perda de bezerros representa prejuízos para o negócio, mas ele entende que matar os felinos não é a solução. O choque não fere o animal, mas o afasta da área protegida.

Uma das empresas parceiras no projeto é a General Motors, que doou duas picapes S10 para trabalhos de campo da ONG e verba para a aquisição de repelentes e apoio em outros projetos. A fazenda está nas mãos da família Herrera há 122 anos e seus antepassados caçavam onças. “Tenho uma antiga cadeira com encosto feito de pele de onça-pintada, mas eu até escondo para ninguém ver”, revela Herrera, de 61 anos.

 

 

por Cleide Silva / ESTADÃO

Estudo, feito pela UFSCar e USP, levantou comunidades bacterianas desses locais que podem influenciar o efeito estufa

 

SÃO CARLOS/SP - A região do Pantanal sul-matogrossense conhecida como Nhecolândia, de difícil acesso, é pouco explorada e bem conservada. "Um local onde a natureza está praticamente intocada. São áreas de grande interesse para a Ciência e um patrimônio natural", classifica Hugo Sarmento, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que estuda as lagoas salino-alcalinas ali existentes. Estima-se em 600 a 900 o número dessas formações, também chamadas de lagoas de soda, existentes no Pantanal, enquanto, no restante do mundo, são apenas cerca de 60 as lagoas registradas em lista que compreende Europa, Ásia, África, Austrália e América do Norte.
Uma pesquisa recente teve como um de seus objetivos avaliar essas lagoas, para compreender como determinados microrganismos conseguem sobreviver em ambientes tão extremos, com alta salinidade e pH elevado. O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos (LMBP) da UFSCar e do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba. Os levantamentos mostram a influência da pluviosidade nesses locais e, também, a influência que essas lagoas podem ter no ciclo do carbono.
As lagoas salino-alcalinas são ricas em carbonato de sódio e bicarbonato e têm pH muito alcalino, variando entre 9 e 12. São águas bem diferentes da encontrada no mar, por exemplo, em que se concentra o cloreto de sódio. Sarmento, docente no Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar e coordenador do LMPB, explica que essas lagoas são importantes ambientes extremos, uma vez que poucos organismos sobrevivem em pH tão elevado. "A vida nessas lagoas é dominada por microrganismos como as cianobactérias, que formam uma elevada biomassa que faz fotossíntese e acaba tendo um papel importante no ciclo do carbono - ou seja, no ciclo de sequestro e emissão de gás carbônico no Pantanal", afirma o pesquisador, que ressalta a diversidade específica e particular desses locais.
A coleta para a pesquisa foi feita pelas equipes da UFSCar e da USP em seis diferentes lagoas salino-alcalinas da Nhecolândia, com cores e vegetações distintas. O estudo das comunidades microbianas que vivem nessas lagoas é importante porque há genes raros que não aparecem em outros ambientes. Um exemplo conhecido é a enzima usada na técnica PCR, aplicado para diagnóstico da Covid-19. "Essa enzima foi descoberta em um ambiente extremo, quando um pesquisador estava estudando bactérias que suportavam mais de 60°C. A partir desses estudos, foi possível isolar essas enzimas únicas que hoje servem para testes PCR, uma técnica amplamente utilizada na biologia molecular", exemplifica Sarmento. Ele acrescenta que nesses ambientes extremos são sempre encontrados genes e proteínas muito particulares e com alto potencial biotecnológico.

Ciclo hidrológico e efeito estufa
Além de estudar os microrganismos e caracterizar essas lagoas para contribuir com pesquisas futuras, o estudo verificou que as comunidades microbianas são influenciadas pelo ciclo hidrológico. "As cianobactérias que conseguem viver no pH alto dessas lagoas formam as florações. A água é muito verde e com alta densidade de microrganismos. Observamos que, em período com grande evaporação, se concentram mais nutrientes e a biomassa fica mais densa. Em época de chuva, essa floração diminui. Isso tem um papel importante, porque essa biomassa absorve muito carbono atmosférico", relata o professor.
A partir disso, o grupo de pesquisa aponta que a pluviosidade é o grande fator que determina a variação dessas comunidades. "Pequenas alterações nesses ecossistemas do Pantanal, por exemplo devido às mudanças climáticas, podem ter um efeito  considerável no ciclo do carbono", reforça o professor.
A realização do trabalho foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e integrou um projeto temático, coordenado pela USP, que fez a análise dos dados do material coletado com foco no genoma. No LMBP da UFSCar foram feitas as análises para quantificação dos microrganismos, análise dos dados ambientais e a interpretação dos dados de sequenciamento genético. A junção de todas as informações permitiu desenvolver uma tipologia que permite classificar os diferentes tipos de lagoa em função dos processos microbianos que predominam. Os detalhes técnicos dessa classificação e outras informações sobre o estudo podem ser acessados em artigo publicado na Springer, acessível no link https://bit.ly/3S3LeXq.

O último episódio da novela e sua reprise foram responsáveis por quase 10% de todos os Tweets realizados durante os sete meses de Pantanal 

 

RIO DE JANEIRO/RJ - Se você não ouviu falar sobre “pantanar” este ano, “ara”, você estava em outro rio que não no mesmo que o restante dos Tweeteiros do Brasil. O remake do clássico da década de 90 caiu no gosto das pessoas no Twitter que comentaram sobre os personagens e o enredo marcante da novela. Entre março e outubro de 2022, foram feitos mais de 3 milhões de Tweets sobre Pantanal. 

Os três casamentos dos Leôncio e a morte do patriarca, interpretado por Marcos Palmeira, movimentaram o último episódio da trama. Ao todo, foram feitos mais de 277 mil Tweets relacionados ao final de Pantanal (07) e sua reprise (08). O Tweet do ator Silvero Pereira (@silveropereira) celebrando o beijo do seu personagem, Zaqueu, ficou entre os mais Retweetados, segundo levantamento da plataforma. Silvero, junto a Dira Paes (@DiraPaes), foram os artistas mais marcados em Tweets em conversas sobre o capítulo final.

 

https://twitter.com/allmaciel/status/1578553474559930368

https://twitter.com/eumaluma/status/1578563849615478785

https://twitter.com/killsnanav/status/1578566461404094466

https://twitter.com/alltoofavs/status/1578576325656604672

https://twitter.com/novelapantanal/status/1578919013400600576

https://twitter.com/xereutrindy/status/1578549074352955393

https://twitter.com/novelapantanal/status/1578571530300424192

 

Os personagens Zé Leôncio (Marcos Palmeira), Juma (Alanis Guillen) e Filô foram os mais comentados no Twitter durante o último capítulo da novela, enquanto as hashtags #pantanal #pantanar foram as mais Tweetadas. Entre os emojis, ??, e ? foram os mais usados nas conversas.

 

https://twitter.com/ZAMENZA/status/1578570262655557632

https://twitter.com/xereutrindy/status/1578569512345309184

https://twitter.com/ZAMENZA/status/1578552878288904192

https://twitter.com/PaulaMoretii/status/1578571179538849793

https://twitter.com/Itspedrito/status/1578572522161057792

https://twitter.com/tic0lino/status/1578193509386924032

 

“Reiva”, “Querimbora” e “Ocê não é homem, ocê é o meu amor"- o sucesso de Juma no Twitter  

No balanço dos personagens mais mencionados em conversas na plataforma ao longo dos sete meses de exibição de Pantanal, Juma é a mais popular. O casal #Juve, e a construção do romance entre personagens com personalidade e vivências completamente distintas, fez muito sucesso na plataforma e Jove (Jesuíta Barbosa) vem na sequência entre os mais comentados. Maria Bruaca, interpretada por Isabel Texeira (@Isabeltex73), também conquistou o coração das pessoas no Twitter. Apelidada carinhosamente de Mary Bru na plataforma, a personagem foi tema de importantes discussões ao longo da trama e rendeu memes como "Fivela de Respeito" e "Maria Chanaleira". Zé Leôncio completa o TOP 5 personagens mais populares.

 

https://twitter.com/FengjiuBai/status/1533971234085543937

https://twitter.com/spearsxfilms/status/1549567771339624451

https://twitter.com/eu_jai/status/1578577404972277761

https://twitter.com/tvglobo/status/1526737102754529280

https://twitter.com/euisasanto1/status/1527460595502665735

https://twitter.com/novelapantanal/status/1554628159936626691

https://twitter.com/tagrevista_/status/1578562555114442752

https://twitter.com/erreoliveira/status/1516577577099567106

CORUMBÁ/MS - A seca continua que massacra o Pantanal desde 2019 vem impondo uma emergência tão extrema sobre os animais da região que jacarés estão tendo de recorrer ao canibalismo para sobreviver.

Um vídeo recente mostrou centenas de animais aglomerados em uma lagoa quase inteiramente de lama na região do Porto Esperança, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

O vídeo foi registrado por Calixto Andreta Júnior, gerente de fazendas da região, e mostra os animais em posição de alerta, somente com a cabeça para fora da água: segundo especialistas escutados por reportagem do G1, a postura é uma forma de se protegerem de possíveis ataques canibais.

A falta de alimento e a seca pode levar os jacarés a começarem a matar e comer os animais mais fracos e desnutridos do grupo.

O vídeo, registrado em local a cerca de 420 km da capital, Campo Grande, foi enviado para o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (GRETAP-MS), grupo técnico que coordena resgates e atendimentos aos animais silvestres da região.

Os especialistas vêm realizando operação de alimentação e ajuda aos animais em parceria com Polícia Militar Ambiental (PMA-MS), e devem ir ao local.

Os jacarés são adaptados para sobreviver às sazonalidades do Pantanal, com momentos de cheia e seca ao longo do ano: a seca continua que vem ocorrendo na região desde 2019 por conta das mudanças climáticas, porém, ameaça severamente a vida dos animais. Segundo a PMA-MS, se os jacarés não conseguirem chegar a um rio, serão resgatados e transportados por uma força tarefa especial.

 

 

VITOR PAIVA / Hypeness

SÃO PAULO/SP - As gravações de "Pantanal" estão em reta final após o surto de Covid-19 que atingiu os atores da novela. No entanto, o elenco terá mais uma baixa nesta semana. De acordo com a coluna de Patrícia Kogut, do jornal "O Globo", Juliano Cazarré foi liberado dos trabalhos nos próximos dias. O artista dá vida ao personagem Alcides.

De acordo com a publicação, Juliano ganhou a liberação das gravações nesta semana porque está em São Paulo para acompanhar de perto o tratamento de Maria Guilhermina, a quinta filha. A pequena nasceu há 8 dias com uma cardiopatia congênita rara chamada Anomalia de Ebstein. A condição afeta 1 a cada 10 mil bebês e pode acarretar em dificuldades de respirar, cianose e arritmia cardíaca.

Pelas redes sociais, a esposa de Juliano, Leticia Cazarré, agradeceu o carinho e dividiu com os fãs um momento especial. O casal compareceu a uma cafeteria e recebeu o pedido com os dizeres "Melhoras para sua filha" escritos no copo. "O carinho vem de todos os lados, de onde a gente menos espera, né, Cazarré? Obrigada, pessoal, vocês são demais!", escreveu.

 

 

Matheus Queiroz / PUREPEOPLE

SÃO PAULO/SP - Eita lasqueira! Julia Dalavia revelou que levou uma mordida de jacaré no bumbum enquanto aproveitava um descanso das gravações de Pantanal. O que era para ser um momento relaxante, acabou resultando em um ataque do filhote de animal nativo.

Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, a intérprete de Guta contou:

-Era um dia de folga. A gente estava no rio conversando, curtindo esses primeiros dias de Pantanal, quando eu sinto uma mordida na minha bunda.

Em seguida, deu mais detalhes sobre a mordida e disse que ficou com duas marcas nas nádegas.

- Era uma mordida de uma boca que não era de um peixinho nem de um peixe grande. Era uma boca enorme, tipo uma boca de um jacaré. Na hora eu entendi: foi um jacaré. E ele mordeu e soltou. Não doeu. Eu dei um grito e não acreditei. Quando eu fui olhar, tinham dois furos: dois em cima e dois embaixo, enormes. Era a prova.

Julia ainda brincou:

- Mas eu acho que foi um filhote ou um jacarezinho bebê que se perdeu por ali e abocanhou o negócio errado.

Segundo a atriz, encontrar animais nativos já faz parte do dia-a-dia do elenco e da equipe da novela das nove.

- Estou na varanda lendo um livro e, de repente, um sapo enorme pula no meu braço. Isso é normal por aqui.

 

 

ESTRELANDO

CAMPO GRANDE/MS - A Embrapa Pantanal (MS) e a Embrapa Gado de Corte (MS), em parceria com a Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO), avaliaram a dinâmica do desenvolvimento da cadeia produtiva de bovinos criados em sistema orgânico no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Em apenas três anos, de 2013 a 2016, foi registrado aumento acima de 200% no número de animais e na quantidade de carne proveniente dessa cadeia. O número de produtores e abates cresceu mais de 100% no mesmo período. Crescimento exponencial dos abates mensais com certificação de carne sustentável também foi observado no período de junho de 2020 a maio de 2021.  

Segundo os autores do estudo, todas as regiões do Pantanal têm vocação para a produção de carne orgânica. Boas práticas de produção, certificadas, com atendimento a requisitos que vão do tipo de alimento fornecido ao rebanho ao cumprimento de legislação específica (leia nesta matéria), dão direito ao uso de selos de carne orgânica e sustentável.

A pecuária é a principal atividade econômica da região pantaneira e vem sendo desenvolvida de maneira extensiva há mais de 200 anos, com a utilização racional dos recursos naturais, principalmente das forrageiras nativas.  "A crescente produção de carne orgânica e sustentável pode ser uma opção capaz de contribuir para que se mantenham as boas condições de conservação ambiental do bioma”, afirma o pesquisador da Embrapa Urbano Abreu, líder das atividades sobre a temática.

A produção na região atende ainda à demanda do mercado consumidor por produtos obtidos por meio de sistemas de produção ambientalmente corretos e socialmente justos. Isso agrega valor ao produto, além de oferecer uma carne de melhor qualidade ao consumidor. Abreu lembra que uma parcela da população mundial se preocupa com a utilização de compostos químicos na produção animal. Os processos de pecuária orgânica seguem critérios de qualidade que incentivam a conservação ambiental, a saúde humana, os direitos dos trabalhadores e o bem-estar animal”, destaca, afirmando que há muitas oportunidades no mercado de orgânicos. “Em especial, para os certificados premium e gourmet e de vínculo com a origem”, completa, ressaltando que os produtos também ajudam a valorizar o bioma.

Propriedades certificadas

Atualmente, de acordo com o Gerente-Executivo da ABPO, Silvio Balduíno, há fazendas certificadas em produção de carne orgânica e sustentável em todas as regiões pantaneiras do Mato Grosso do Sul (MS). As marcas Korin, Wessel, Malunga, Farmi, Taurinos e Bio Carnes já comercializam o produto nos mercados interno e externo. Há seis indústrias frigoríficas credenciadas para fazer o abate desses animais: Boibrás Ind. Com. Carnes e Sub Produtos Ltda (São Gabriel do Oeste), Frima Frigorífico Marinho Ltda (Corumbá), JBS (Campo Grande), Frigo Balbinos (Sidrolândia), Frizelo Frigoríficos Ltda (Terenos) e Naturafrig Alimentos Ltda (Rochedo).

Pesquisas em Pecuária Orgânica e Sustentável

A produção de carne orgânica no Pantanal iniciou-se com a formação da ABPO, que elaborou um protocolo de produção, no qual foram incorporados os conceitos de qualidade e sustentabilidade nas bases social, ambiental e econômica.  Os pesquisadores da Embrapa, juntamente com parceiros da ABPO e WWF, deram início às pesquisas relacionadas à produção de pecuária orgânica no Pantanal em 2004. Ao longo dos  anos, foram realizados estudos de casos de implantação e desenvolvimento de sistemas orgânicos no Pantanal, com levantamento de custos e análises dos pontos que apresentavam necessidade de pesquisa analítica dos sistemas de produção. Quem organiza e decide sobre os sistemas são os produtores pantaneiros.

O estudo avaliou a quantidade de carne orgânica produzida, número de produtores, reses e lotes abatidos em Mato Grosso do Sul (2013-2016). A análise mostrou a evolução da cadeia produtiva da carne orgânica: gargalos, oportunidades e demandas, além da taxa de crescimento médio. As avaliações mostraram um crescimento acima de 200% no número de animais e da quantidade de carne dessa cadeia produtiva, e acima de 100% no número de produtores e de abates. Os números avaliados em apenas três anos mostram que o interesse do consumidor por esse tipo de carne diferenciada é crescente.

Por outro lado, o peso médio individual das carcaças diminuiu 0,6%, provavelmente refletindo o direcionamento da ABPO em trabalhar com fêmeas mais jovens com melhor acabamento. Esse aspecto é de fundamental importância para a análise da eficiência econômica desses sistemas de produção. Pois a redução da idade do animal ao abate pode levar ao aumento da produtividade por unidade de área pelo uso mais eficiente do espaço das fazendas, com menor tempo e custo de produção. Isso mostra que a adoção de novas tecnologias será necessária para o desenvolvimento das cadeias da carne orgânica e sustentável visando ao aumento da produtividade e redução de perdas. As informações geradas possibilitam direcionar o crescimento dessa cadeia de forma mais eficiente com o objetivo de gerar lucro.

Vários criadores pantaneiros vêm se associando, com o objetivo de se beneficiar desse sistema natural de criação e procurando alternativas tecnológicas para aumentar a produtividade animal. Após o marco legal da Carne Sustentável do Pantanal de MS, ocorrido em novembro de 2018, e, apesar da pandemia, o mercado se organizou. E no período de junho de 2020 a maio de 2021 foi observado um crescimento exponencial (Figura 1) dos abates mensais com certificação de carne sustentável

Modo de produção diferenciado

O pesquisador Urbano Abreu explica que a superação dos desafios da produção diferenciada de alimentos requer harmonizar abordagens tradicionais com adoção de visões sistêmicas, que considerem o funcionamento específico e a integração dos diferentes elementos da cadeia agroalimentar. “As dificuldades próprias do Pantanal como a logística, a falta de estradas e de escolas, o isolamento geográfico, as dificuldades em desenvolver agricultura para alimentação dos animais, o ciclo das cheias e secas, entre outras variantes, são desafios naturais nesse sistema de produção”.

Urbano detalha, em relação ao sistema orgânico, que existem restrições impostas pela legislação, principalmente nas questões nutricionais, uma vez que não se pode utilizar uréia (derivado de petróleo) para melhor aproveitamento da forrageira com fibra grosseira (capim seco). “Além da proibição da utilização de cultivares transgênicas, tais como soja, milho e outras que só podem ser adotadas até determinado limite. Os produtos para formulação das rações de engorda não transgênicas são atualmente escassas no mercado”, completa o pesquisador.

Legislação

Embora a produção pecuária bovina no Pantanal esteja bem próxima a um sistema orgânico de produção, para a sua certificação são exigidos alguns critérios e procedimentos básicos. A legislação da produção orgânica está estabelecida na Lei nº 10.831/03, conhecida como a “Lei dos Orgânicos”, regulamentada pelo Decreto no 6.323, de 27 de dezembro de 2007, bem como na Instrução Normativa nº64/2008 substituída pela IN 46/2011, considerada como uma das principais regulamentações (Brasil, 2008 e 2011), uma vez que visa orientar os processos e as práticas de manejo da produção animal e vegetal brasileira.

O pesquisador ressalta que todas as fazendas certificadas obrigatoriamente necessitam de um Responsável Técnico (RT) treinado - veterinário, zootecnista ou engenheiro agrônomo. Elas são acompanhadas por dois tipos de certificadoras: a primeira direcionada para rastreabilidade dos animais, realizada do nascimento dos bezerros ao abate, ligada ao SISBOV do Ministério da Agricultura; e uma segunda relacionada ao ajuste do sistema de produção (orgânico ou sustentável). 

 

Políticas públicas para a cadeia produtiva

Em 2018, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul aprovou legislação que oficializa o incentivo fiscal para produção de carne orgânica, com a criação do Subprograma “Carne Sustentável e Orgânica do Pantanal”, no âmbito do Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul (Proape), por meio da Resolução conjunta Sefaz/Semagro nº 074, de 22 de novembro de 2018 (Mato Grosso do Sul, 2018).

A certificação de Carne Sustentável da ABPO segue o protocolo registrado junto ao CNA. O Subprograma foi criado junto com a ABPO e tem por objetivo fomentar a competitividade e incentivar a pecuária bovina de baixo impacto ambiental no Pantanal. Essa política estimula a produção baseada no modelo tradicional, com baixo nível de intervenção nos recursos naturais existentes na região para linha de produtos característicos e diferenciados, com maior agregação de valor e devidamente certificados, por empresas independentes de terceira parte acreditadas pelo Inmetro.

Em paralelo, as normas do programa da carne orgânica segue o protocolo nacional de propriedades que se enquadram na lei federal do Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica. O IBD Certificação é que faz a certificação dos dois programas.

Segundo Silvio Balduíno, os pecuaristas da região que se dedicarem à produção de uma proteína orgânica ou sustentável poderão optar por duas premiações, para  receber o plus pela certificação - para o sistema orgânico (devem seguir a legislação de produção orgânica determinada pelo Lei Federal n° 10831), isenção de 67% do ICMS. E para o sistema sustentável (adoção do protocolo da ABPO), com isenção de 50% do ICMS.

Cátia Urbanetz, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pantanal, ressalta que o trabalho da empresa desenvolvido sobre o tema tem favorecido o desenvolvimento da cadeia produtiva na região. “A geração de informações técnicas e análises realizadas pela Embrapa Pantanal em parceria com a ABPO embasaram políticas estaduais de isenção fiscal de 67% do imposto devido em operações com bovinos orgânicos certificados. Isso gerou impacto econômico para os produtores rurais, reafirmando o papel relevante da instituição junto a eles e ao governo do estado do Mato Grosso do Sul”, afirmou Cátia.

Raquel Brunelli d´Avila / Embrapa Pantanal

MATO GROSSO DO SUL - A maior planície úmida do planeta está mais seca. A diferença entre o total da área coberta por água e campos alagados registrada na cheia de 1988/1989 e na de 2018 é de 29%. Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos. Estes e outros dados foram apresentados em um webinar na quarta-feira, 29 de setembro, no canal do MapBiomas no Youtube.

Mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo. De todos os biomas brasileiros, o Pantanal foi o que mais queimou nos últimos 36 anos: 57% de seu território foi queimado pelo menos uma vez no período, ou 86.403 km². Áreas de vegetação campestre e savanas foram as mais afetadas, respondendo por mais de 75% das áreas queimadas. Ao todo, 93% do fogo no período ocorreu em vegetação nativa; apenas 7% ocorreu em área antrópica. Em 2020 foram mais de 2,3 milhões de hectares queimados, desde 1985 esse valor só é menor do que a área queimada de 1999, com 2,5 milhões de hectares.

"A conservação do Pantanal, sua cultura e seu uso tradicional dependem dos ciclos de inundações e dos rios que nascem na região do Planalto, onde ficam as cabeceiras da Bacia do Alto Paraguai", explica Eduardo Rosa, do MapBiomas. Enquanto 83,8% da planície estava coberta por vegetação nativa em 2020, no planalto, isso ocorreu em apenas 43,4% do território. Pastagens degradadas, a falta de florestas que protegem nascentes e rios, a construção de hidrelétricas, afetam o fluxo dos rios, que também sofrem com a deposição de sedimentos que reduzem a vazão da água, no planalto e na planície.

O uso antrópico no Pantanal cresceu 261% entre 1985 e 2020, ganhando 1,8 milhão de hectares. Nesse período, a área de pastagens na Bacia do Alto Paraguai dobrou, de 15,9% em 1985 para 30,9% em 2020. A agricultura, por sua vez, quadruplicou, passando de 1,2% em 1985 para 4,9% em 2020. Já a formação savânica, caiu de 24,4% em 1985, para 18% em 2020. Em 2020, 40% da Bacia do Alto Paraguai possui uso agropecuário.

BRASÍLIA/DF - Parlamentares que integram a comissão temporária externa do Senado criada para acompanhar as ações de enfrentamento aos incêndios no Pantanal realizaram neste último sábado (19) uma visita a Mato Grosso, estado que abriga parte do bioma. O grupo saiu de Cuiabá para Poconé, para uma visita a um espaço de acolhimento de animais atingidos pelo fogo, na Rodovia Transpantaneira. Lá, percorreram cerca de 40 quilômetros (km) da região afetada pelas queimadas. O grupo se reuniu com representantes de proprietários de fazendas e pousadas, de organizações não governamentais (ONGs) e cientistas.

Durante os encontros, os senadores defenderam o Estatuto do Pantanal. “É uma legislação federal, específica para o bioma Pantanal, que possa nortear as legislações estaduais e municipais, tanto de Mato Grosso como de Mato Grosso do Sul para que com essa união possa produzir algo para que o Pantanal tenha seu desenvolvimento sustentável, para que a gente não tenha desequilíbrio, como está acontecendo hoje”, disse o presidente da comissão, senador Wellington Fagundes (PL-MT).

Fagundes classificou como “devastador e desolador” o cenário visto pelo grupo frente à destruição da fauna e da flora pantaneira. “Hoje a situação do Pantanal é um estado de guerra. Brigadistas e voluntários estão trabalhando de forma sobre-humana por causa da falta de planejamento. Não nos calçamos através da ciência e da tecnologia para isso”, acrescentou, atribuindo o problema das queimadas à falta de planejamento do governo federal.

Paralelamente à diligência, outro grupo de senadores que integram a comissão realizou uma reunião remota hoje para discutir a situação. “Nós já saímos da comoção há muito tempo. Não é de hoje que vemos o Pantanal devastado. Mas nunca algo como o que estamos vendo neste momento. O meio ambiente grita por socorro. Nós estamos indignados de estarmos vivendo este momento sem suporte necessário para a prevenção. É tempo de ação e o recado é que esta comissão não vai terminar sem dar uma palavra propositiva”, disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

A comissão criada esta semana vai enviar convites para que os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) participem de uma audiência pública no colegiado para tratar do tema.

A ideia é que sejam ouvidos, na mesma mesa, o homem pantaneiro, um representante da comunidade indígena, ambientalistas e representantes do agronegócio, da agroindústria “Não adianta dialogarmos com os iguais”, ponderou Tebet.

 

Vice-presidente

Também neste sábado o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, saiu em defesa das ações do governo no combate às queimadas na região. Por meio de postagem no Twitter, Mourão garantiu que o governo do presidente Jair Bolsonaro “não compactua com ilegalidades e manterá esforços constantes no sentido de que criminosos ambientais sejam enfrentados de acordo com a lei”.

 

 

*Por Karine Melo - Repórter Agência Brasil

Nosso Facebook

Calendário de Notícias

« Abril 2024 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30          
Aviso de Privacidade

Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.