Jornalista/Radialista
PUERTO IGUAZÚ - Os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez, criticaram a exclusão de opositores nas eleições na Venezuela durante a cúpula do Mercosul na terça-feira (4) e cobraram uma posição clara do bloco em relação ao regime do ditador Nicolás Maduro, suspenso do grupo desde 2016.
"Todos sabemos o que pensamos sobre o regime venezuelano, todos temos opinião clara. É preciso que sejamos objetivos", disse o líder uruguaio. "Está claro que a Venezuela não vai virar uma democracia saudável e quando há um indício de possibilidade de uma eleição, uma candidata como María Corina Machado, que tem um enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, não jurídicos."
Ele seguiu: "Alguém pode dizer: o que isso tem a ver com o Mercosul? Tem a ver porque os distintos blocos e associações do mundo alçaram sua voz a favor da democracia. [...] Tem que haver um sinal claro para que o povo venezuelano possa se encaminhar a uma democracia plena, o que hoje claramente não tem."
Os principais nomes da oposição venezuelana foram inabilitados a exercer cargos públicos na última sexta-feira (30) por decisão da Controladoria-Geral do país, o que na prática sepultou as perspectivas de eleições livres e democráticas que Maduro disse que faria em 2024.
María Corina Machado, hoje a principal opositora, ficou inelegível por 15 anos. Henrique Capriles, duas vezes candidato à Presidência, e Juan Guaidó, que chegou a ser reconhecido como presidente interino em 2019, por mais de 50 países, tampouco poderão disputar o pleito no ano que vem, o que gerou preocupação na União Europeia.
O autoritarismo na Venezuela remonta aos tempos do ex-presidente Hugo Chávez, mas foi depois que ele morreu de câncer, em 2013, que Maduro, seu vice, passou a mostrar a face mais autoritária do regime. Ele criou uma Assembleia Constituinte para neutralizar a oposição, dominou o Tribunal Supremo de Justiça e se reelegeu em 2018 sob eleições muito questionadas, sem observadores internacionais.
Antes da fala de Lacalle Pou no Mercosul, o paraguaio Abdo Benítez, que está de saída da Presidência e colocou seu sucessor Santiago Peña ao seu lado na reunião, discursou na mesma linha. "O único limite razoável [para a integração dos países] deve ser o respeito à democracia e aos direitos humanos", declarou.
Benítez diz que está vendo os últimos eventos na Venezuela "com muita preocupação" e que "a coerência não pode ser deixada de lado no último minuto". "Este problema não é pela visão ou obsessão do presidente do Paraguai, é um feito que choca de frente e escandalosamente com os direitos humanos", acrescentou.
Após ouvirem as críticas, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto seu aliado argentino Alberto Fernández se esquivaram de comentar a exclusão de candidatos venezuelanos, dizendo que não estão a par dos detalhes da decisão, e voltaram a defender que haja diálogo com o regime.
"Todos os problemas que a gente tiver de democracia, a gente não se esconde, a gente enfrenta. Não conheço os pormenores dos problemas com os candidatos, mas pretendo conhecer", afirmou o petista em discurso mais moderado do que tem costumado adotar.
"No que a gente puder contribuir, dar um toque, temos que conversar [...] O que não pode é a gente isolar", disse.
Ele vem recebendo conselhos de pessoas próximas nos últimos dias para deixar de comentar o assunto, como a Folha mostrou. A avaliação de interlocutores é que a relação com Caracas virou a principal fonte de desgaste em seu terceiro mandato, e, de fato, não é a primeira vez que o tema causa desconfortos entre líderes sul-americanos.
No encontro que reuniu os 12 presidentes da região em Brasília em maio quando Lula se referiu às acusações contra o regime de Maduro como parte de uma "narrativa", Lacalle Pou abriu uma live nas redes sociais para dizer que o pior a ser feito era "tapar o sol com a mão". O esquerdista Gabriel Boric, do Chile, também fez coro: "Não é uma construção narrativa, é uma realidade", declarou a jornalistas.
Mais à direita, o atual presidente uruguaio já vem destoando do Mercosul há tempos, principalmente porque discorda das restrições do bloco a acordos externos. Montevidéu insiste há dois anos na ideia de firmar um entendimento bilateral com a China, o que Brasil e Argentina veem como uma violação às normas do grupo que pode destruir a Tarifa Externa Comum hoje em vigor.
Nesta segunda (3), o chanceler Francisco Bustillo chegou a dizer que o país cogita deixar o Mercosul como Estado-membro caso o bloco não "se flexibilize". Assim como na cúpula de dezembro passado, o país vizinho foi o único que não assinou o comunicado conjunto da reunião desta terça. Membros dos outros governos, porém, minimizaram o fato, dizendo que o Uruguai tem participado ativamente do grupo.
Esta foi a primeira vez que os quatro presidentes do Mercosul se sentaram juntos, após quatro anos sem que todos se reunissem presencialmente devido à pandemia de Covid e a diferenças ideológicas de presidentes como Jair Bolsonaro (PL), que não foi à última cúpula semestral em dezembro passado.
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e tem como associados os outros sete sul-americanos, exceto a Venezuela, suspensa há sete anos por violar a cláusula democrática do bloco.
Já a Bolívia está desde 2012 em processo de adesão, que depende da aprovação do Legislativo brasileiro. "Temos urgência para o acesso da Bolívia como membro pleno, e trabalharei pessoalmente por sua aprovação no Congresso", afirmou Lula na cúpula, que contou com a presença e o discurso do presidente boliviano, Luis Arce. Depois de um hiato de 13 anos, o Brasil voltou a assumir a presidência do bloco.
por JÚLIA BARBON / FOLHA de S.PAULO
EUA - Ataques a tiros na Filadélfia, em Baltimore e em Fort Worth, no Texas, mataram 10 pessoas e feriram quase 40 outras em meio às festividades do feriado de 4 de julho, disseram autoridades, um lembrete sombrio do fracasso de décadas em conter a violência armada nos Estados Unidos.
Em Fort Worth, três pessoas foram mortas e oito ficaram feridas em um atentado após um festival local para marcar o feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos, informou a polícia nesta terça-feira.
Em um outro atentado na Filadélfia na noite de segunda-feira, cinco pessoas foram mortas e duas ficaram feridas, incluindo um menino de 2 anos e um menino de 13 anos, ambos baleados nas pernas, quando um suspeito armado com um AR-15 abriu fogo contra desconhecidos, de acordo com a polícia local.
O tiroteio na noite de segunda-feira ocorreu um dia depois que duas pessoas foram mortas a tiros e outras 28 ficaram feridas, cerca de metade delas crianças, em uma saraivada de tiros em uma festa ao ar livre em um bairro de Baltimore.
Os motivos em todos os três incidentes recentes permaneceram obscuros.
O presidente norte-americano, Joe Biden, condenou a violência e renovou seus apelos pelo endurecimento das permissivas leis de armas dos Estados Unidos.
"Nossa nação mais uma vez suportou uma onda de atentados trágicos e sem sentido", disse o presidente em comunicado divulgado na terça-feira. Biden pediu aos parlamentares republicanos "que venham à mesa sobre reformas significativas e de bom senso".
Citando proteções constitucionais para a posse de armas, os republicanos no Congresso geralmente impediram as tentativas de reformar significativamente as leis de segurança de armas e se opuseram à pressão de Biden para restabelecer a proibição de armas de assalto.
Autoridades da Filadélfia pediram aos legisladores estaduais e federais que agissem.
"Estamos implorando ao Congresso para proteger vidas e fazer algo sobre o problema das armas nos Estados Unidos", disse o prefeito da Filadélfia, Jim Kenney, em entrevista coletiva.
O promotor distrital da cidade Larry Krasner pediu aos parlamentares estaduais da Pensilvânia uma "legislação razoável" do tipo encontrado nos Estados vizinhos Nova Jersey e Delaware.
"Parte dessa legislação poderia ter feito diferença aqui", disse Krasner no mesmo briefing.
A polícia da Filadélfia disse que o suspeito era um homem de 40 anos que portava um fuzil semiautomático AR-15 e uma pistola 9mm que usava colete à prova de balas e uma máscara de esqui.
Os mortos tinham entre 15 e 59 anos.
A polícia de Fort Worth disse que nenhuma prisão foi feita no ataque.
"Não sabemos se isso está relacionado com a vida doméstica, se está relacionado com gangues. É muito cedo para dizer neste momento", disse Shawn Murray, um alto oficial da polícia.
Enquanto isso, em Baltimore, a polícia disse que está procurando vários suspeitos.
Os Estados Unidos têm lutado com um grande número de atentados a tiros e incidentes de violência armada. Houve mais de 340 ataques em massa até agora em 2023 no país, segundo dados coletados pelo Gun Violence Archive, que define um atentado a tiros como um incidente em que pelo menos quatro pessoas são baleadas, excluindo o atirador.
Reportagem de Kanishka Singh, Gabriella Borter e Daniel Trotta / REUTERS
VENEZUELA - Uma operação militar realizada pelo governo da Venezuela busca expulsar mais de 10.000 garimpeiros ilegais da Amazônia, afirmou o presidente Nicolás Maduro nesta terça-feira (4), reconhecendo que essa atividade tem "destruído" ecossistemas vitais do país.
"Estamos desalojando mais de 10.000 ilegais com a presença física em território da nossa Força Armada Nacional Bolivariana" (FANB), indicou o mandatário durante uma cerimônia de promoção de oficiais em Caracas.
O avanço da mineração ilegal "tem destruído a Amazônia da América do Sul (...) e da Venezuela", enfatizou Maduro, referindo-se aos desdobramentos militares para "libertar" a Amazônia e os parques nacionais da Venezuela.
Durante o fim de semana, "1.281 pessoas" foram desalojadas de forma "voluntária", informou na segunda-feira o general Domingo Hernández Lárez, à frente das operações.
A FANB está executando a "Operação Autana 2023" em Yapacana, o maior parque nacional do país, com 320.000 hectares, onde foi ativado um "canal humanitário" para evacuar garimpeiros e suas famílias.
Na região, localizada no sul da Venezuela, há presença de garimpeiros locais e de outros países, como Colômbia, Brasil e Equador, alguns deles detidos em diferentes operações.
Imagens compartilhadas por autoridades militares mostram os danos, em alguns casos irreversíveis, em áreas florestais e rios, praticamente devastados pela mineração ilegal.
Moradores da Amazônia entrevistados pela AFP semanas atrás denunciaram o avanço da mineração ilegal em seus territórios, assim como a crescente presença de indígenas nas minas, o que marca uma mudança dramática em seus hábitos ancestrais.
Além disso, proliferam doenças como o câncer devido à ingestão de peixes que vivem em rios contaminados pelo mercúrio utilizado na extração de ouro.
A ONG SOS Orinoco denunciou que 2.227 hectares em Yapacana (cerca de 3.200 campos de futebol) foram devastados pela mineração ilegal em 2020, de acordo com um relatório acompanhado por imagens de satélite.
ALEMANHA - Um estudo realizado no University Hospital Magdeburg, na Alemanha, com dados de mais de 5.800 pessoas com câncer de estômago revelou que o tipo sanguíneo pode ter ligação com o risco aumentado da doença.
A equipe de pesquisa de analisou dados de dez estudos de genoma em toda a Europa.
Resultados
A análise confirmou que os processos moleculares ligados ao câncer gástrico variam muito, dependendo da gravidade do subtipo de câncer. No entanto, é possível estabelecer parâmetros concretos ao determinar o perfil de risco genético.
Estudos anteriores já tinham descoberto que cinco seções de DNA no genoma humano estão associadas a subtipos de câncer gástrico. O estudo alemão confirmou isso e identificou mais duas seções de DNA associadas a um risco aumentado de câncer gástrico.
A análise também revelou que o tipo de sanguíneo também desempenha um papel na suscetibilidade à doença. O tipo sanguíneo A foi associado ao maior risco. O grupo sanguíneo O, por outro lado, apresentou menor risco desse tipo de câncer.
Outros fatores de risco para câncer gástrico
Não são apenas os fatores de risco genéticos que desempenham um papel no desenvolvimento do câncer gástrico. O avanço da idade e a inflamação da mucosa gástrica causada pelo patógeno bacteriano Helicobacter pylori também aumentam o risco de formação de tumores.
A alta ingestão de sal e o excesso de carne também podem contribuir. Também há evidências de que azia crônica aumenta o risco de certos tipos de tumores na área entre o estômago e o esôfago.
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