SÃO CARLOS/SP - Depois de conquistar o ouro no Ciclismo de Velocidade Olímpica (em equipe) no último sábado (17), o atleta Armando Camargo Filho, de Indaiatuba, levou o ouro na prova de Critérios por Pontos na tarde desta segunda-feira (19), na 82ª edição dos Jogos Abertos do Interior, em São Carlos. A disputa foi realizada no Parque Eco-Esportivo Damha, numa tarde fria, chuvosa e de muito vento. Prata e bronze ficaram com São José dos Campos no masculino e no feminino da 1ª Divisão.
“Na pré-competição nós visávamos a chuva, que estava forte, e o intuito era apenas ficarmos em pé, porque sabemos que um circuito molhado é perigoso e não depende só de nós, às vezes algum adversário cai e nos derruba. Mas logo no início da prova, notamos que a chuva tinha reduzido, então mudamos um pouco a estratégia e decidimos deixar a cautela de lado e nos meter na frente. Outra estratégia era neutralizar nossos adversários, que eram de São José dos Campos, Santos e Ribeirão Preto”, contou Camargo Filho.
A prova de Critério por Pontos tem início com duas voltas neutras. A partir da terceira passagem começa a pontuação: o primeiro ciclista que cruza o pórtico recebe dois pontos e o segundo recebe um. No total, são 20 voltas para os homens e 10 para as mulheres, em um percurso de 2 Km. Na última volta, quem chegar primeiro recebe 8 pontos, com contagem decrescente para os atletas seguintes. A classificação final é definida pela somatória de pontos acumulados pelo ciclista durante as chegadas, sendo vencedor aquele que obtiver o maior número de pontos.
“Essa é uma característica dessa prova, você poder ver o que está acontecendo primeiro e definir a vitória só no final; porque quando você começa a se destacar muito antes, acaba ficando visado e precisa combater com todos os adversários. Então é uma estratégia tentar virar o jogo no último sprint. E foi o que eu fiz. Claro que para isso você tem que estar com certos pontos já. Eu sabia que estava entre os três primeiros e que precisaria vencer a última chegada. E minha equipe ajudou muito, trabalhou para isso, e graças a Deus deu tudo certo”, comemorou o campeão.
Em geral, os ciclistas levam cerca de uma hora para concluir o percurso de 40 quilômetros. Segundo Camargo Filho, muita coisa passa pela cabeça durante a disputa. “É muito sofrido. Tem horas que pedimos pelo amor de Deus para diminuir o ritmo porque dá a impressão que não vamos conseguir. É realmente uma pressão muito grande, mas eu sempre penso que lá na frente vai melhorar. Acho que o sofrimento faz parte da vitória”, observou o ciclista, que chegou a atingir 70 quilômetros por hora na prova.
Embora a vitória seja individual, essa é uma prova que exige equipe e estratégias. Para o técnico de Indaiatuba, Armando Reis Costa Camargo, os atletas se saíram muito bem. “Essa é uma prova de elite, que só tem ciclistas da elite, é uma prova muito técnica, então temos que trabalhar olhando os adversários na pontuação, e tem que estar preparado, porque sem preparo você perde, por exemplo, num sprint final. E nossos meninos treinaram bastante”, afirmou.
E mais uma vez, o atleta campeão fez questão de registrar seu agradecimento à Prefeitura de Indaiatuba e à Secretaria Municipal de Esportes. “Quando vemos um problema na política, nós reclamamos, e quando algo está bom, temos que elogiar. Em Indaiatuba eles sempre nos incentivam muito e só posso agradecer”, disse.
FEMININO – Rio Claro venceu as favoritas de São José dos Campos, que já conquistaram ouro e bronze na prova de Velocidade Individual da 1ª Divisão no domingo (18) e são campeãs da prova de Velocidade Olímpica (em equipe) realizada no sábado (17).
A campeã da prova de Critérios por Pontos, Daniela Lionço, disse que tem trabalhado duro para conquistar essa vitória. “Nós sofremos muito durante a prova porque viemos com um número reduzido de atletas. A chuva e o frio também influenciam no nosso resultado. Mas, graças a Deus, venho numa boa performance o ano inteiro e consegui chegar no meu máximo para essa prova, o que me favoreceu. E mesmo com um número menor de atletas, conseguimos trabalhar em equipe para conseguir esse ouro”, relatou.
Há dez anos, ela participa de provas como essa e reconhece que o nível está forte. Para encontrar forças e superar as favoritas, recorreu aos pensamentos positivos durante a disputa. “Na hora em que eu me sentia em dificuldade, pensava: ‘eu aguento um pouco mais, eu aguento’. Teve um momento em que meu coração batia muito forte, eu já estava dando meu máximo, então pensei: ‘respira, Daniela, você tem que abaixar um pouco seu batimento, porque você precisa continuar’. Eu acabei a prova e não tinha mais perna para voltar para a barraca. Tinha dor no estômago, mal conseguia respirar, mas aos poucos fui ficando bem”, contou.
Daniela só comemorou quando anunciaram o resultado oficial. “É muito gratificante saber que estou voltando para o alto nível, especialmente depois de passar por uma gravidez no ano passado, então essa medalha de ouro, não só para mim, mas para Rio Claro, que sempre me apoia e incentiva, significa muito”, finalizou.
SÃO CARLOS/SP - São José dos Campos foi a cidade campeã na 1ª Divisão das disputas da Malha que terminaram nesta segunda-feira (19) nos 82º Jogos Abertos do Interior de São Carlos. O placar foi de 220 a 136 contra Mogi das Cruzes, que ficou em segundo e, em terceiro, São Sebastião. As disputas foram na Cancha do Palestra. Já na 2ª divisão, na Cancha da Santa Felícia, o ouro, a prata e o bronze ficaram, respectivamente, com Matão, Pindamonhangaba e Mogi Guaçú.
Na equipe de São José dos Campos havia uma particularidade que chamava a atenção: pai e filho na mesma cancha. Luís Antônio Soares, de 37, e Luís Soares, de 17, formam duas gerações de apaixonados pela modalidade que representam a cidade da região do Vale do Paraíba. “Uma medalha de ouro no peito e um troféu com a equipe, e ao lado do filho, é emoção demais para um pai. Tomara que o garoto continue nessa toada, e que esse título seja motivo de novas conquistas para ele”, disse o pai. Já o filho, com a alegria estampada pelo feito e pela ocasião, comemorou: “Puxa vida, é um sonho viver esse momento ao lado do meu pai, que foi e é quem me incentiva sempre. Mas toda a nossa equipe, claro, está de parabéns”.
O que também despertou curiosidade nas disputas de Malha foi o perfil dos atletas, muito diferente do que muitos imaginam. O time de São Sebastião, por exemplo, que ficou com bronze na 1ª Divisão, tem média de idade de 33 anos: o mais velho 60 e o mais novo 17. O caçula da equipe, Carlos Alexandre Nunes da Silva, começou a frequentar as canchas aos 7 anos e, aos 12, já participava de pequenas competições na cidade dele e da região. “Eu fico muito contente em saber que todo o esforço, e ajuda da família e de amigos, não foram em vão. Hoje, me despeço de São Carlos com uma medalha, e nossa equipe com um troféu. O lugar, no pódio, é detalhe”.
A Cancha Municipal do Palestra, no bairro Cidade Jardim, em São Carlos, tem 40 metros de comprimento por 2,5 metros de largura. Questionados sobre as condições do espaço, atletas das três cidades presentes no pódio disseram que é considerada muito boa. A malha é um disco confeccionado em aço ou ferro fundido, entre 9 e 11 centímetros de diâmetro, com espessura aproximada de 13,5 milímetros, e com peso que varia de 600 a 800 gramas.

RIO DE JANEIRO/RJ - Neste dia 20 de novembro comemora-se novamente o Dia da Consciência Negra em todo o Brasil. Se bem que eu não sei se "comemorar" é a palavra certa. Atualmente, ouve-se das mais altas instâncias do poder que o ativismo não é mais visto com bons olhos – querem até mesmo que ele acabe. Por outro lado, isso só deverá valer a partir de janeiro – e, com isso, ainda não afeta a data comemorativa no final deste novembro.
Seja como for – a história do surgimento do Dia Nacional da Consciência Negra é extremamente interessante. Há 40 anos, no dia 4 de novembro de 1978, ativistas do Movimento Negro Unificado (MNU) se reuniram no ICBA em Salvador. Lá entraram em acordo para, a partir daquele momento, celebrar o Dia da Consciência Negra em 20 de novembro.
O dia da morte de Zumbi dos Palmares deveria lembrar que os escravos sequestrados e levados para o Brasil não aceitaram seus destinos calados, mas se rebelaram contra a dominação de seus corpos e almas por estranhos.
E quem poderia culpá-los? Nós, hoje em dia, mal suportamos quando alguém não tem a mesma opinião que a nossa. Imagine só como nos sentiríamos se alguém nos escravizasse à força e nos sequestrasse e levasse através dos oceanos. Mas, por sorte, o mundo evoluiu – se tivéssemos armas, poderíamos até matar a tiros o escravagista numa situação de emergência dessas, em legítima defesa. E todos nos parabenizariam por isso.
A sigla ICBA, aliás, reúne as iniciais do Instituto Cultural Brasil-Alemanha – ou, em outras palavras, o Instituto Goethe em Salvador. Nos anos 1970, ele ofereceu proteção ao MNU contra funcionários da ditadura. Naquela época, estes temeram realizar prisões num instituto cultural alemão. Fora isso, porém, ativistas do movimento negro eram alvos de perseguição, já que falavam sobre "racismo", apesar de isso ser proibido na época. Não o racismo, mas falar sobre ele.
Com a Lei de Segurança Nacional de 29 de setembro de 1969, uma discussão sobre racismo havia ficado praticamente impossível. E, naturalmente, desnecessária, já que, segundo os ditadores militares, o Brasil era, afinal, uma "democracia racial". O termo soa estranho hoje em dia, mas aquele era um decreto sério. Provavelmente, já soava esquisito naquela época.
A própria Lei de Segurança Nacional é, em si, realmente interessante. Em várias partes, tive que sorrir: o artigo 16 diz "Divulgar, por qualquer meio de comunicação social, notícia falsa, tendenciosa ou fato verdadeiro truncado ou deturpado, de modo a indispor ou tentar indispor o povo com as autoridades constituídas: Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos". Ou seja: as notícias falsas, ou fake news, também já eram problema naquela época.
Mas, provavelmente, ninguém teria tido coragem de ameaçar fechar o Supremo Tribunal Federal. Segundo o artigo 26, era proibido "impedir ou tentar impedir, por meio de violência ou ameaça de violência, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados: Pena: reclusão, de 4 a 10 anos". Mas eram outros tempos.
Hoje de manhã, uma mulher negra puxou conversa comigo no elevador. "O Brasil está cada vez mais racista", disse. "Fui comprar uma boneca de presente numa loja, mas só tinha bonecas loiras e brancas. Estranho, já que nós, pardos, somos a maioria, não é?", comentou, me desejando um bom dia.
O ICBA, aliás, voltou às manchetes há apenas alguns meses – e, novamente, foi por causa de um movimento pró-libertação. Dessa vez, o Movimento Brasil Livre convocou protestos na frente do instituto porque, aos olhos do MBL, havia uma exposição fotográfica obscena no local. Mas a polícia estava presente – com o objetivo de proteger o ICBA dos manifestantes do movimento pela liberdade.
É. Os tempos mudaram.
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© Arquivo Pessoal Thomas Milz é colunista e correspondente da DW Brasil no Rio de Janeiro[/caption]
Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como jornalista e fotógrafo para veículos como o Bayerischer Rundfunk, a agência de notícias KNA e o jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há quatro anos.
Texto Escrito Por: Thomas Milz (rk)/DW.com
SÃO PAULO/SP - O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), segundo colocado na eleição presidencial deste ano, virou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em ação judicial que apura se ele recebeu repasses da empreiteira UTC Engenharia entre maio e junho de 2013 para pagamento de dívidas de sua campanha à prefeitura paulistana em 2012.
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público de São Paulo e aceita nesta segunda-feira, 19, pela Justiça. O valor envolvido nos repasses chegaria a R$ 2,6 milhões. Haddad nega a acusação e afirma que a UTC teve interesses contrariados durante sua gestão.
A acusação foi apresentada pelo promotor Marcelo Mendroni com base em depoimento do empresário Ricardo Pessoa, presidente da UTC, em delação premiada na Operação Lava Jato e foi aceita pelo juiz Leonardo Barreiros, da 5ª Vara Criminal da Barra Funda.
“As declarações de Ricardo Pessoa já foram rejeitadas em diversos casos no STF pelas falhas e contradições, e acreditamos que a Justiça paulista levará isso em consideração”, afirmou em manifestação anterior o advogado do ex-prefeito, Pierpaolo Bottini.
(Com Estadão Conteúdo)
*Por: VEJA.com
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